09/01/2023 Professor Jean Castelo
CONSTRANGIMENTO ILEGAL
ART. 146 DO CP
Art. 146 - Constranger alguém,
mediante violência ou grave ameaça,
ou depois de lhe haver reduzido, por
qualquer outro meio, a capacidade de
resistência, a não fazer o que a lei
permite, ou a fazer o que ela não
manda:
Pena - detenção, de três meses a um
ano, ou multa.
MAJORAÇÃO
Aumento de pena
§1º - As penas aplicam-se
cumulativamente e em dobro, quando,
para a execução do crime, se reúnem
mais de três pessoas, ou há
emprego de armas.
LESÃO CORPORAL NÃO FICA
ABSORVIDA
§2º - Além das penas cominadas,
aplicam-se as correspondentes à
violência.
NÃO HÁ CRIME(Exclusão do Crime)
§ 3º - Não se compreendem na
disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica,
sem o consentimento do paciente ou
de seu representante legal, se
justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir
suicídio.
O CRIME DE CONSTRANGIMENTO É
ACESSÓRIO, SUBSIDIÁRIO
PORQUE PODE CONSTITUIR CRIME
MAIS GRAVE, COMO POR
EXEMPLO, PARA ALGUNS
DOUTRINADORES, CRIME DE
ROUBO E O DE EXTORSÃO.
Nos casos especiais de aumento de
pena, o mínimo de pessoas exigidas
são de 4(quatro) porque a norma penal
fala “EM MAIS DE TRÊS PESSOAS”.
Quanto as armas, a omissão do
legislador em dizer quais poderiam ser
só faz crer que pode ser tanto a arma
de fogo quanto a arma branca.
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AMEAÇA
ART. 147 DO CP
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra,
escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de causar-lhe mal injusto e
grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou
multa.
Parágrafo único - Somente se procede
mediante representação.
CUIDADO: No crime de ameaça, é
necessário observar que é necessária a
manifestação de vontade do ofendido para
que ocorra o preenchimento de
procedibilidade exigida pela lei – Ação
Penal Pública Condicionada à III - se a privação da liberdade dura mais
representação.
CRIME SUBSIDIÁRIO
São tipos que tem a ameaça como meio,
os contidos nos seguintes artigos do
Código Penal: 157, 158, 161, §1º, II, 163,
parágrafo único, I, 197, 198, 199, 213, 227,
§ 2º, 228, §2º, 230, § 2º, 231, § 2º, IV, 231-
A, § 2º, IV, 329, 335, 344 e 358.
Trata-se de uma clássica hipótese de
subsidiariedade tácita, pois não vem
expresso no tipo, mas o crime só existe se
não estiver configurado delito mais grave.
OBSERVAÇÃO:
O mal deve ser injusto e grave. Injusto
significa que não tenha respaldo legal, não
haverá ameaça se a pessoa diz que irá
processar alguém, representar contra ela
na corregedoria, p.ex.
PARA REAL CONFIGURAÇÃO DO
CRIME DE AMEAÇA
Para que configure crime, a ameaça deve
ter aptidão para causar medo na vítima.
Por isso, deve ser verossímil, ou seja,
deve ter aparência de realizável. Não é
necessário que o agente seja capaz ou
que queira concretizar o mal prometido,
basta que tenha possibilidade de intimidar.
Um sujeito franzino e pusilânime pode não
ter coragem ou não querer concretizar o
que ameaçou, mas por telefone pode
proferir uma ameaça capaz de intimidar.
Assim, posição acertada é verificar se a
ameaça proferida tem capacidade de
intimidar. Obviamente, em certos casos o
estado de embriaguez, assim como a
cólera, pode fazer com que a ameaça
proferida soe como uma bravata, sem
capacidade de intimidar, não se
configurando o crime. Contudo, o simples
fato de o agente estar embriagado ou
encolerizado não desconfigura o crime, se
tiver aptidão de intimidar.
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SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
ART. 148 DO CP
Art. 148 - Privar alguém de sua
liberdade, mediante seqüestro ou cárcere
privado:        
Pena - reclusão, de um a três anos.
§1º - A pena é de reclusão, de dois a
cinco anos:
I – se a vítima é ascendente,
descendente, cônjuge ou companheiro
do agente ou maior de 60 (sessenta)
anos;        
II - se o crime é praticado mediante
internação da vítima em casa de saúde
ou hospital;
de quinze dias. 1
IV – se o crime é praticado contra menor
de 18 (dezoito) anos; 
V – se o crime é praticado com fins
libidinosos.         
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de
maus-tratos ou da natureza da detenção,
grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
CUIDADO NO CONCURSO!
O crime de sequestro e cárcere privado
não se confunde com a extorsão
mediante sequestro.
ART. 148 X 159
No crime de sequestro e cárcere privado
ocorre a mera privação da liberdade.
Em contraposição, no crime de extorsão
mediante sequestro ocorre a privação da
liberdade com o fim de obter vantagem
como condição ou preço do resgate.
Observe o que dispõe o art. 159 do CP:
Art. 159 – Sequestrar pessoa com o fim
de obter, para si ou para outrem,
qualquer vantagem, como condição ou
preço do resgate
Subsidiariedade do crime em relação
ao roubo(restrição de liberdade) e
sequestro relâmpago
No crime de roubo, há a previsão de
uma causa de aumento de pena, se o
autor mantiver a vítima “em seu poder,
restringindo sua liberdade”. Nessa
hipótese, a privação de liberdade da
vítima é menos intensa e é feita com a
finalidade exclusiva de efetivar a
subtração e no sequestro relâmpago é
condição a obtenção da vantagem para
sua liberdade.
Sequestro x cárcere privado
A conduta é privar, no sentido de tolher,
restringir a liberdade. Pode ser feita
mediante detenção ou retenção.
Detenção se dá com o deslocamento da
vítima de um lugar para outro, onde
ficará com a liberdade privada, como no
caso em que a pessoa está na rua e é
levada em um veículo até determinado
lugar.
Já a retenção é a privação da liberdade
da vítima no lugar onde ela já se
VENCER É SE COMPROMETER !!!

EM DECORRÊNCIA DO PRINCÍPIO
DA LEGALIDADE(II, ART. 5, DA CF)
Nesses termos, somente a lei pode
obrigar alguém a adotar determinado
comportamento, ou então proibi-lo de
agir ao seu livre alvedrio.
Qual é o objeto jurídico do crime?
Objeto material é a pessoa sobre a
qual recai a conduta criminosa.
Núcleo do tipo
Constranger equivale a coagir alguém
a fazer ou deixar de fazer algo.
Consiste, em suma, no comportamento
de retirar de uma pessoa a sua
liberdade de autodeterminação. Há
crime, uma vez que somente ao
Estado, não de modo arbitrário, mas
exclusivamente por meio de lei,
confere-se a tarefa de disciplinar a
obrigação ou a proibição de condutas
por seres humanos.
O delito pode ocorrer em duas
hipóteses:
a) quando a vítima é compelida a fazer
alguma coisa (conduta comissiva ou
positiva).
Exemplos: beber um copo de cerveja,
andar sem sapatos em via pública etc.;
e ativo
b) quando a vítima é compelida a
deixar de fazer algo (conduta omissiva
ou negativa), que também engloba a
situação em que ela é coagida a
permitir que o agente faça alguma
coisa.
Exemplos: não fumar em local
permitido, não correr em um parque
público etc. Mas não basta o agente
obrigar a vítima a fazer ou deixar de
fazer qualquer coisa. Precisa impor à
vítima um comportamento certo e
determinado.
Sobre a conduta ser ilegal
Além disso, o constrangimento há de
ser ilegal, isto é, a ação ou omissão
pretendida pelo sujeito ativo deve estar
em desconformidade com a legislação
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09/01/2023
PERSEGUIÇÃO
Art. 147-A.  Perseguir alguém,
reiteradamente e por qualquer meio,
ameaçando-lhe a integridade física ou
psicológica, restringindo-lhe a capacidade
de locomoção ou, de qualquer forma,
invadindo ou perturbando sua esfera de
liberdade ou privacidade.
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2
(dois) anos, e multa.       além do sofrimento inerente à privação
MAJORAÇÃO DA PENA NO CRIME DE
PERSEGUIÇÃO
§ 1º A pena é aumentada de metade se o
crime é cometido:
I – contra criança, adolescente ou
idoso;      violência, privação de alimentos ou de
II – contra mulher por razões da condição
de sexo feminino, nos termos do § 2º-A do
art. 121 deste Código;
III – mediante concurso de 2 (duas) ou
mais pessoas ou com o emprego de
arma.        amásia com corrente, algemas e
§ 2º  As penas deste artigo são aplicáveis
sem prejuízo das correspondentes à
violência.
AÇÃO PENAL
§ 3º  Somente se procede mediante
representação.
A conduta, conhecida por stalking, é a
perseguição persistente, na qual o sujeito
pratica, reiteradamente,
comportamentos ameaçadores sob o
aspecto físico ou psicológico, contra
alguém, ou ainda condutas invasivas e
perturbadoras à esfera da liberdade ou
privacidade da vítima.
HÁ ESPECIALIZANTES QUE A DIFEREM
DA AMEAÇA
Perseguir, no sentido do tipo penal,
significa importunar, causar
constrangimento. O tipo penal contempla
três formas de caracterização do delito:
a) ameaçando-lhe a integridade física ou
psicológica: nesse particular, a figura
revela-se um tipo especial com relação ao
crime de ameaça, previsto no art. 147 do
Código Penal, vez que agrega, além da
ameaça, a perseguição, isto é, a reiteração
99340-1085
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encontrava, como no exemplo do marido
que priva a liberdade da esposa,
impedindo-a de sair da própria casa.
Pode ser feito com qualquer meio,
violência, grave ameaça, fraude ou
substância que impeça a reação da
vítima (drogas, soníferos).
A diferença entre sequestro e cárcere
privado é que no sequestro a privação
da liberdade é menos intensa. Existe o
enclausuramento, que pode ser em uma
chácara, casa ou ilha deserta. Já o
cárcere privado contém uma restrição à
liberdade mais intensa, havendo o
confinamento em um cubículo, quarto,
banheiro ou porta-malas de um veículo.
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DOS MAUS TRATOS SOFRIDO PELO
SUJEITO PASSIVO
Grave sofrimento
Se houver “grave sofrimento físico ou
moral”, decorrente de maus-tratos ou da
natureza da privação da liberdade, a
pena será de 2 a 8 anos. É a hipótese
em que o sofrimento é extraordinário,
de liberdade, ou seja, é preciso que se
demonstre que o sofrimento foi além
daquele que, ordinariamente, resulta do
crime.
Maus-tratos ocorre com o uso de
cuidados.
“O crime de cárcere privado, com grave
sofrimento (físico e moral) para a vítima,
está plenamente configurado pela
circunstância de ter o agente prendido a
cadeado, infligindo-lhe sofrimento. Não
tem procedência a pretensão de
desclassificar-se tal infração para a
definida no art. 146 do CP, porque
são essentialia deste último delito, a
imposição de fazer ou não fazer algo que
a lei respectivamente não manda, ou ao
revés, permite; a efetiva consecução do
fim do agente: o dolo específico”
VENCER É SE COMPROMETER !!!
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em vigor. E, nesse contexto, a do comportamento como meio de causar
ilegitimidade da pretensão pode ser: temor físico ou psicológico, sendo,
a) absoluta: quando o agente não tem portanto, delito complexo.
direito à ação ou omissão. Exemplo: b) restringindo-lhe a liberdade de
obrigar a vítima a cantar uma música; locomoção: a restrição da locomoção,
e prevista no tipo penal, não se confunde
b) relativa: quando o agente tem direito com a efetiva privação da liberdade da
à ação ou omissão, mas a vítima não vítima, vez que tal comportamento
pode ser compelida a comportar-se da caracteriza o crime de sequestro ou
forma por ele visada. cárcere privado (art. 148 do CP). In casu,
Exemplo: obrigar o ofendido a quitar previu o legislador que somente a
uma dívida resultante de jogo de perseguição apta a causar restrições à
azar. capacidade de locomoção caracteriza o
Consequentemente, não há crime tipo penal, a exemplo do ex-namorado que
quando o constrangimento objetiva diariamente monta campana defronte à
impedir a realização de ação ou residência da vítima, causando-lhe
omissão proibida pela lei. transtornos para deixar o domicílio.
Quem assim age está acobertado no c) ou, de qualquer forma, invadindo ou 1
exercício regular do direito, causa perturbando sua esfera de liberdade ou
excludente da ilicitude prevista no art. privacidade: a hipótese contempla a
23, inciso III, do Código Penal. situação da perseguição típica do stalking,
como no caso do paparazzi que
Todavia, estará caracterizado o delito reiteradamente persegue a vítima em seus
de constrangimento ilegal na hipótese vários momentos de privacidade, subindo
em que o sujeito, valendo-se de em árvores e muros para tirar fotos da
violência (própria ou imprópria) ou vítima na piscina, ou a perseguindo em
grave ameaça, busca evitar a todos os eventos públicos que essa
realização de um ato meramente comparece, abordando-a de forma
imoral pela vítima. Ressalte-se, porém, perturbadora.
que, se o comportamento da vítima
puder ser exigido por meio de ação
judicial, o crime será o de exercício O TIPO PENAL EXIGE QUE A CONDUTA
arbitrário das próprias razões (CP, art. SE DÊ DE FORMA REITERADA
345). O crime de perseguição, em razão da
Também estará configurado este delito elementar reiteradamente, é habitual, pois
sempre que o agente, embora exige a reiteração dos atos por parte do
incidindo em erro, acreditar ser sujeito ativo. Assim, não se consuma o
legítima sua pretensão. delito com a mera prática de um ato,
Para realizar qualquer das condutas havendo a necessidade de habitualidade
previstas no tipo penal, o sujeito pode no comportamento a ponto de criar o temor
se valer dos seguintes meios de ou perturbação da vítima.
execução: violência, grave ameaça e
qualquer outro meio que reduza a
capacidade de resistência da vítima.
a) Violência: Violência própria, ou
física, é o emprego de força bruta
sobre a vítima. A violência pode ser
direta ou imediata, quando dirigida
contra a vítima, ou indireta ou mediata,
quando dirigida a pessoa ou coisa
ligada ao ofendido.
b) Grave ameaça: Também chamada
de violência moral, consiste na
promessa de realização de mal grave,
futuro e sério contra a vítima ou
pessoa que lhe é próxima. Pode ser
transmitida ao ofendido oralmente ou
por escrito. Note-se que, ao contrário
do crime de ameaça (CP, art. 147),
não precisa ser injusta.
c) Qualquer outro meio que reduza a
capacidade de resistência da vítima: o
legislador previu a violência imprópria,
valendo-se da interpretação analógica.
Depois de estabelecer uma fórmula
casuística (violência ou grave
ameaça), recorreu a uma fórmula
genérica.
Constitui-se, portanto, meio de
execução do crime de constrangimento
ilegal qualquer outra conduta, ainda
que não prevista em lei, mas análoga à
violência própria e à grave ameaça,

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idônea a tolher a liberdade de
autodeterminação da vítima.
Exemplos: uso de narcóticos,
hipnose, embriaguez etc.

VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A

MULHER  
Art. 147-B.  Causar dano emocional à
mulher que a prejudique e perturbe seu
pleno desenvolvimento ou que vise a
degradar ou a controlar suas ações,
comportamentos, crenças e decisões,
mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento,
chantagem, ridicularização, limitação do
direito de ir e vir ou qualquer outro meio
que cause prejuízo à sua saúde
psicológica e autodeterminação:     ) 1
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2
(dois) anos, e multa, se a conduta não
constitui crime mais grave.  

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