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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO TRABALHO DA 13ª VARA DO

TRABALHO DE CURITIBA – ESTADO DO PARANÁ.

ATOrd 0000532-89.2022.5.09.0013
AUTOR: NATALLI SCHULTZ GOMES
RÉU(S): PRS SEGURANCA LTDA e TONI SEGURANCA LTDA - EPP

PRS SEGURANCA LTDA e TONI SEGURANÇA LTDA, já


qualificada nos autos em epígrafe, de Reclamação Trabalhista que lhe move NATALLI
SCHULTZ GOMES igualmente qualificado, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, por seu(s) procurador(es) judicial, inconformada com a sentença, interpor
com fulcro no art. 895, alínea “a” da CLT, RECURSO ORDINÁRIO requerendo desde já a
remessa ao Tribunal “ad quem”, para o recebimento e consequente provimento do
presente recurso, o que comprova também sua tempestividade e devidamente
recolhidas suas custas processuais e comprovantes de depósito recursal, conforme
documentos em anexo, bem como requer a intimação do Recorrido para, querendo,
apresente suas contrarrazões.

Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Curitiba, 25 de janeiro de 2022.

ALLISON DE OLIVEIRA
OAB/PR 59.617

CRISTIANO CHUMOVSKI DE MARIA


OAB/PR 82.279
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR FEDERAL DO TRABALHO, PRESIDENTE
DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 09ª REGIÃO.

RECORRENTE: TONI SEGURANÇA LTDA e PRS SEGURANCA LTDA


RECORRIDO: NATALLI SCHULTZ GOMES
PROCESSO Nº. 0000532-89.2022.5.09.0013
ORIGEM: 13ª VARA DO TRABALHO DE CURITIBA

RAZÕES RECURSO ORDINÁRIO

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara

Os Recorrentes vem mui respeitosamente a presença desta


Colenda Câmara, ante o inconformismo com a r. sentença proferida pelo juízo “a quo”,
da qual julgou PROCEDENTES EM PARTE os pedidos formulados na Reclamação
Trabalhista proposta por NATALLI SCHULTZ GOMES, requerer a reforma da r. sentença,
por ser medida de justiça, conforme passo a expor:

A sentença condenou a Recorrente nos seguintes termos:

DISPOSITIVO

Ante o exposto, nos autos da reclamatória trabalhista


ajuizada
por NATALLI SCHULTZ GOMES, reclamante, em face de PRS
SEGURANÇA LTDA, TONI SEGURANÇA LTDA, COMPANHIA
BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO e ATACADÃO S.A., reclamadas,
JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos para
condenar as reclamadas, sendo as duas primeiras de forma
solidária, e as demais de maneira subsidiária (pelos períodos
em que foram as tomadoras dos serviços) ao pagamento das
verbas anteriores, nos termos da fundamentação supra que
passa a integrar este dispositivo.
Juros e correção monetária conforme decisão do STF na ADC
nº 58, observando-se, quanto à indenização por danos morais,
a previsão da Súmula 439 do TST.

As reclamadas recolherão as contribuições previdenciárias


incidentes sobre as parcelas de natureza salarial deferidas na
sentença, parte do empregado e do empregador, no prazo do
Decreto nº 3.048/99, devendo comprovar nos autos o
recolhimento, sob pena de notificação do INSS e execução ex
officio, na forma preceituada pela Constituição Federal e pelo
Decreto nº 3048/99.

Autoriza-se, quando da liquidação da sentença, a retenção


pelas reclamadas das parcelas devidas pela reclamante a
título de contribuições previdenciárias, uma vez que o
recolhimento ficará a cargo das reclamadas.

Para tanto, na liquidação da sentença, os valores devidos a


título de contribuições previdenciárias, de ambas as partes,
deverão apresentar-se identificados separadamente.

Ressalvo a incompetência da Justiça do Trabalho para apurar


e
executar contribuições previdenciárias devidas a terceiros, nos
termos do item XXVI da OJ EX SE 24 do TRT da 9ª Região.

Descontos fiscais conforme o disposto no art. 12-A, caput e


parágrafos, da Lei nº 7.713/1988, e nos termos do item II da
Súmula 368 do TST.

Ressalvo não haver incidência de imposto de renda sobre a


importância que corresponder à atualização pelos juros e/ou
Taxa Selic, consoante exegese da OJ 400, da SDI-1, do c. TST.

Observe-se, também, o disposto na OJ 363, da SDI-1, do TST.

A execução deverá seguir os trâmites previstos pelos arts. 880


e seguintes da CLT, sendo inaplicável, portanto, a multa do
art. 523, § 1º, do CPC.

Honorários de sucumbência na forma da fundamentação.

Deverão ser abatidos os valores comprovadamente pagos sob


mesmo título, na forma da OJ 415, da SDI-1, do TST,
autorizando-se a juntada de comprovantes pelas partes para
esta finalidade, na fase de liquidação e execução de sentença.

Custas pelas reclamadas, no importe de R$ 1.000,00,


calculadas sobre o valor provisoriamente arbitrado à
condenação, de R$ 50.000,00.

Em que pese o grande saber jurídico do Ilustre MM Juiz a quo,


o mesmo equivocou-se ao condenar os Recorrentes nas verbas anteriormente
descritas

Os fundamentos da condenação utilizados pelo Magistrado a


quo estão totalmente contrários à legislação, jurisprudência e as provas contidas nos
autos conforme passo a expor:

 DAS DIFERENÇAS SALARIAIS – PISO DA CATEGORIA

Conforme a sentença o MM Juízo a quo condenou a Recorrente


declarando pagamento a diferenças salarias do piso da categoria.

Nesses termos fundamentou:

Ante a prova oral produzida, reputo evidenciado que o posto de


trabalho em que a reclamante se ativou a partir de abril/2019
(Atacadão) se tratava de “centro de distribuição” daquela
empresa, sem atendimento ao consumidor final, não se
constituindo, desta maneira, em “supermercado”, a ponto de
configurar o enquadramento no item “3.3” da cláusula 3ª das
normas coletivas – como era observado pela empregadora.
Conclui-se, portanto, que a partir de abril/2019 a reclamante
esteve enquadrada no item “3.1” da mesma cláusula
normativa, fazendo jus, assim, ao pagamento das diferenças
salariais pleiteadas.
Logo, defiro o pagamento das diferenças salariais requeridas, a
partir de abril/2019, a serem apuradas a partir da subtração
entre o piso salarial devido (item 3.1 da cláusula 3ª das CCTs), e
o que foi quitado sob mesmo título nos contracheques,
autorizando-se, desde logo, a juntada de documentos
complementares para esta finalidade, em sede de liquidação e
execução de sentença.
Defiro, ainda, o pagamento dos reflexos em adicional de
periculosidade, horas extras, aviso prévio, 13º salário, férias
mais 1/3 e FGTS mais a multa de 40%.
Deverão ser abatidos os valores comprovadamente pagos sob
mesmo título, na forma da OJ 415, da SDI-1, do TST.
O Douto Magistrado a quo equivocou-se em sua decisão.

Conforme fundamentação o MM Juiz entendeu que o local de


labor da Recorrida não se enquadrava na categoria vigilante 3.3 (supermercados)
sendo o mesmo local para vigilante categoria 3.1 (centro de distribuição)

Todavia, restou comprovado que o local de trabalho SIM É


CONSIDERADO UM SUPERMERCADO, vejamos o depoimento da 4º reclamada
(atacadão) a qual era a tomadora de serviços do Recorrente.

Depoimento da preposta da 4ª ré (ATACADÃO S.A.): que a


autora laborou para a 4ª reclamada de 2019 a 2022; que o
Atacadão, local de trabalho da autora no Atacadão, é um
centro de distribuição; que também atendem consumidor
final, apenas para Pessoa Jurídica em atacado por meio de
representante no local – grifo nosso

Corroborando com os fatos trazidos à baila pela 4º Reclamada


o preposto da 1º e 2º Reclamada afirma sem eu testemunho sobre o posto de labor da
Recorrida, vejamos:

Depoimento do preposto da 1ª e 2ª reclamada: que ao que


sabe, a autora laborou um pequeno período inicial no Extra (3ª
reclamada) e posteriormente no Atacadão; que não sabe
precisar até quando a autora ficou no Extra; que os locais de
prestação de serviços constam nos controles de jornada; que no
Atacadão também há atendimento ao consumidor final; que o
Atacadão vende tanto em atacado quanto para o consumidor
final; que não sabe informar se o consumidor final pode
adentrar no atacadão para efetuar compra.

Portanto retou devidamente comprovando que o contrato de


trabalho e o local de labor da Recorrida encaixa na categoria de vigilante 3.3.

Dito isto, pede-se reforma do ponto afastando a condenação


de diferenças salariais.

 DAS FÉRIAS

Conforme a sentença o MM Juízo a quo condenou a Recorrente


declarando pagamento da dobra correspondente a 7 dias de férias por cada um dos
períodos aquisitivos.

Para tanto fundamentou nos seguintes termos:


“Logo, não há que se falar do pagamento da dobra pretendida
pelo suposto atraso no pagamento do valor das férias.
Também entendo que a testemunha ouvida em audiência de
instrução não se presta à comprovação robusta de que a
reclamante tivesse laborado integralmente ao longo de todas
as férias que teriam que ser usufruídas, já que se ativava em
contraturno no regime 12x36 - o que autoriza a presunção de
que não mantivesse contato habitual que lhe permitisse a
comprovação pretendida.
Contudo, e ante o depoimento do preposto das duas primeiras
rés, reputo comprovado que era praxe o labor no período de
férias, quando se dava pagamento “por fora”, por cada dia
trabalhado nessas condições – o que estabeleço como sendo ao
longo de uma semana a cada período de descanso anual.
Logo, e a partir da exegese do art. 137 da CLT, defiro o
pagamento da dobra correspondente a 7 dias de férias por
cada um dos períodos aquisitivos (2018/2019, 2019/2020 e
2020/2021), acrescidas de 1/3.

Nobre Julgador, que não houve qualquer comprovação da


parte Recorrida frente a labor em período de férias, sendo que todo período a mesma
gozou das férias.
No depoimento da Recorrida, a mesma alega que não tirou
férias e laborou no período mencionado recebendo por fora.

Entretanto, não restou comprovando qualquer tal fato, se quer


a testemunha corroborou com tais fatos da Recorrida, restando incontroverso as
alegações de labor em férias.

Nesse sentido o juízo a quo entendeu que:

“Também entendo que a testemunha ouvida em audiência de


instrução não se presta à comprovação robusta de que a
reclamante tivesse laborado integralmente ao longo de todas
as férias que teriam que ser usufruídas, já que se ativava em
contraturno no regime 12x36 - o que autoriza a presunção de
que não mantivesse contato habitual que lhe permitisse a
comprovação pretendida”

Portanto não restou devidamente comprovando que a


Recorrida laborou em período de férias para a Recorrente.

Pede-se reforma do ponto.

 DA CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS – DECLARAÇÃO DE


NULIDADE DA JORNADA 12X36 – INTERVALO INTRAJORNADA
Conforme a sentença o MM Juízo a quo condenou a Recorrente
declarando inválido o regime de compensação de jornada 12x36.

Para tanto fundamentou nos seguintes termos:

“Assim sendo, declaro a nulidade do regime de jornada 12x36,


e,
por consequência, defiro o pagamento das horas extras
laboradas em excesso à 8ª diária e à 44ª semanal, de forma
não cumulativa, observando-se o divisor 220, adicionais legais,
e a média remuneratória informada pelos contracheques, como
base de cálculo, conforme parâmetros de jornada
estabelecidos.
Defiro o pagamento pela dobra relativa aos domingos e
feriados
trabalhados (assim considerados os previstos na legislação
federal, estadual, municipal e/ou convencional), quando se
constatar a ocorrência de labor em tais dias sem a concessão
de folga compensatória na mesma semana (Súmula 146 do
TST).
Defiro o pagamento indenizado do tempo suprimido do
intervalo intrajornada, acrescido de 50%, o que não gera
reflexos sobre as demais parcelas salariais.
Em relação às parcelas reconhecidas (exceto as horas
intrajornada), defiro o pagamento dos reflexos sobre DSR, 13º
salário, férias mais 1/3 e FGTS mais a multa de 40%, observada
a OJ 394, da SDI-1, do TST.
Deverão ser abatidos os valores pagos sob mesmo título, o que
inclui as horas extras e os valores pagos a título de “HRS
INTRAJORNADA” e “DSR intrajornada” nos contracheques, bem
como o valor de R$ 120,00 por cada dobra de jornada que era
realizada pela reclamante”.

O MM Juiz declarou a nulidade da jornada especial 12x36, em


razão de ter entendido a violação do regime em razão da realização de dobras.

O Douto Magistrado a quo equivocou-se em sua decisão.

Conforme fundamentação o MM Juiz entendeu pela violação


em 02 (duas) oportunidades por mês.

Primeiramente as provas da realização de 02 (duas) dobras são


totalmente frágeis vez que nenhuma das testemunhas foram firmes em seu
depoimento de modo a comprovar a realização de dobras.
A própria testemunha do Recorrido informa em seu
depoimento, ainda que de forma tímida, a ocorrência de dobra eventual quando
algum colaborador faltava.

Ora, difícil acreditar que por todo o período laboral em um


posto onde há 4 trabalhadores para cumprir escala existiam 2 faltas de colaboradores
semanalmente.

As faltas dos colaboradores Excelências são eventuais.

A testemunha claramente afirma em seu depoimento que a


dobra ocorrida seria uma ou outro sendo 02 mensais e apenas muda quando induzido
pela pergunta do magistrado a quo quanto ser semanalmente.

A recorrente conforme se infere em sua defesa jamais solicitou


a realização de dobras (trabalhar em 02 turnos) de modo a querer violar a jornada,
contudo, a fundamentação para invalidar a jornada é carente e está em desacordo
com as decisões do TST.

Não há como se admitir no caso em apreço a violação do


regime de compensação de jornada, mas, no máximo uma eventual realização de hora
extra.

Nesse sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM FACE


DE DECISÃO PUBLICADA A PARTIR DA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014. JORNADA 12 X 36. PRESTAÇÃO EVENTUAL DE
HORAS EXTRAS. NULIDADE NÃO CONFIGURADA . O Tribunal
Regional, soberano na análise do conjunto probatório, registrou
que "os cartões-ponto disponíveis indicam a realização de
horas extras e a prática, esporádica, de dobras" . Concluiu,
assim, que "eventuais dobras ou extrapolamentos não são
gênese de invalidação do sistema de horas, justamente
porque eventuais, motivo pelo qual se afigura válida a adoção
do regime 12x36 pela ré" . Os arestos colacionados pela autora
desservem à comprovação de dissenso pretoriano, nos termos
da Súmula nº 296, I, do TST, por não refletirem as premissas
fáticas das quais partiu o acórdão recorrido. Isso porque ou
tratam de situações em que havia prestação habitual de horas
extras ou não abordam o fundamento central da decisão
impugnada, qual seja, a periodicidade do sobrelabor a ensejar
a invalidade do regime "12 x 36". Agravo de instrumento a que
se nega provimento. (TST - AIRR: 12772020135090002, Relator:
Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento:
20/09/2017, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/09/2017)
EMENTA: REGIME DE DURAÇÃO DO TRABALHO POR ESCALAS
DE 12 (DOZE) HORAS DE TRABALHO POR 36 (TRINTA E SEIS)
HORAS DE DESCANSO (12X36). TEMPO À DISPOSIÇÃO DE
TROCA DE UNIFORME. "DOBRAS" DE JORNADA EVENTUAIS.
VALIDADE. No âmbito desta 7a Turma prevalece o
entendimento de que, havendo o reconhecimento judicial de
tempo à disposição não registrado nos cartões de ponto, como
o acréscimo de minutos destinados à troca de uniforme, apesar
de ensejar na condenação em horas extras, não tem o condão,
por si, de descaracterizar o regime 12x36. Da mesma forma,
não invalidam o regime 12x36 elastecimentos ínfimos da
jornada de trabalho e "dobras" de jornada eventuais. Recurso
ordinário da reclamada conhecido e provido. (TRT-9 - RO:
09949201500909008 PR 09949-2015-009-09-00-8, Relator:
ALTINO PEDROZO DOS SANTOS, Data de Julgamento:
14/06/2017, 7A. TURMA, Data de Publicação: DEJT em 23-06-
2017)

NO caso em apreço, se houve alguma realização de dobra, fora


de forma eventual, o que não invalida o regime de compensação de jornada.

Desta forma, requer-se à Este Egrégio Tribunal Regional do


Trabalho que se digne em reformar a r. sentença no que tange ao ponto específico, a
fim de declarar a legalidade da jornada 12x36 laborada pelo Recorrido, e
consequentemente, afastar a condenação ao pagamento de horas extras, adicional e
reflexos.

 DO SEGURO DE VIDA - DESCONTO ILEGALDAS, MULTAS


CONVENCIONAIS.

Conforme a sentença o MM Juízo a quo condenou a Recorrente


ao pagamento da multa convenial, nos seguintes termos:

“Logo defiro o pagamento da multa convencional prevista por


cada um dos instrumentos normativos anexados aos autos, a
qual deverá ser a puradanos exatos termos ali transcritos,
inclusive no que se refere às “cláusulas” que ensejariam o
pagamento da respectiva penalidade.”

Conforme expressamente explanado na contestação


apresentada pela Recorrida, nunca houve qualquer desconto indevido por parte desta,
para que acarreta-se qualquer multa convencional.
Diante dos fatos narrados em fase de contestação pede-se
reforma a este ponto

 DA MULTA NORMATIVA - MORA SALARIAL


Conforme a sentença o MM Juízo a quo condenou a Recorrente
ao pagamento da mora salarial, nos seguintes termos:

“Logo, defiro o pagamento dos valores pela “mora salarial”, a


partir de novembro/2021, nos exatos termos das previsões
normativas, estabelecendo, para fins de liquidação, que para os
meses nos quais os recibos de pagamento não possuem data,
ou na eventual falta do recibo referente a algum mês, deve-se
considerar o atraso médio apurado nos demais meses.
Observe-se o limite do art. 412 do Código Civil.”

Restou devidamente comprovante e vastamente comprovando


que o Recorrente, não tem nenhum habito em realizar os pagamentos salarias em
atrasos.
Neste sentido, ocorreu um caso isolado e penas umas vez com
1 dias de atraso ao pagamento das verbas salarias da Recorrida.

Portanto, não há que se falar em mora salarial realizada pelo


Recorrente, como alegado nos autos.

Pede-se a reforma da sentença proferida pelo juízo a quo.

 DANO MORAL

Conforme a sentença o MM Juízo a quo condenou a Recorrente


ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 1.000,00, nos seguintes
termos:

“Da indenização por danos morais - mora salarial


Postula a autora a condenação das reclamadas ao pagamento
de indenização por danos morais em razão do atraso reiterado
no pagamento dos salários.
Pois bem.
O item II da Súmula 33, do TRT da 9ª Região, dispõe que “O
atraso reiterado ou o não pagamento de salários caracteriza,
por si, dano moral, por se tratar de dano in re ipsa”.
Destarte, caracterizado o atraso reiterado no pagamento dos
salários – ao menos a partir de novembro/2021 - e sopesando-
se os critérios elencados pelo art. 223-G da CLT, defiro o
pagamento de indenização por danos morais no importe de R$
1.000,00..”

Em que pese a fundamentação do Juízo a quo esta não merece


prosperar conforme passamos a expor:

Nobre Julgador, resta cristalino que não existiu qualquer


conteúda lesiva da Recorrente para que o houvesse prejuízo efetivo
caracterizado por sofrimento e lesão à honra, à vida privada, à intimidade ou à
imagem.
Conforme narrado na exordial e em audiência de
instrução e a vasta e robustas provas de que a Recorrente nunca agiu de forma
lesiva ou costumeira em atrasos salariais.

A jurisprudência não deixa dúvidas:

TRT-PR-06-12-2011 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES


TRABALHISTAS. DANO MORAL. INOCORRÊNCIA. Para a
configuração do ato ilícito, apto a ensejar o dever de
indenizar, é indispensável o concurso de três elementos:
conduta humana -comportamento voluntário ou culposo
causador de prejuízo-; nexo causal -vínculo que une o agente
ao prejuízo causado-; e o dano propriamente dito -lesão a um
interesse jurídico material ou moral-. A par destes elementos,
para um dano ser indenizável, necessária a conjugação de três
requisitos, quais sejam, a violação de um interesse jurídico
material ou moral, a subsistência do dano e a certeza (não pode
ser abstrato ou hipotético). O descumprimento das obrigações
trabalhistas por parte da primeira Ré ensejou a busca de tutela
jurisdicional específica, com parcial acolhida da pretensão
preambular, abrangente das mesmas parcelas que embasam o
pedido indenizatório. Imprescindível prova robusta e
inequívoca de ato lesivo à honra e dignidade do Autor,
notadamente porque o dano moral impõe prova cabal de sua
existência, não bastando para tanto o simples sentimento
pessoal de agressão a sua integridade subjetiva, sendo
necessária a ocorrência de fato que, pela sua gravidade,
resulte em ofensa real a valores abstratos do trabalhador. Se
o pedido indenizatório sustenta-se no próprio direito usurpado,
já inserido na condenação das Rés pela procedência parcial da
demanda trabalhista, sem que o Reclamante comprovasse
ofensa ou humilhação por perda de crédito ou mesmo por
contas não pagas, denotando, efetivamente, repercussões
patrimoniais e morais, indevida é a indenização postulada.
Recurso ordinário do Autor a que se nega provimento.
TRT-PR-00190-2011-660-09-00-0-ACO-50202-2011 - 1A.
TURMA
Relator: UBIRAJARA CARLOS MENDES
Publicado no DEJT em 06-12-2011

DANO MORAL. AUSÊNCIA DE PROVA. Não restando provado


que o empregado tenha sofrido qualquer constrangimento
moral, sofrimento físico, dor ou estado vexatório, não se
vislumbrando a ocorrência de qualquer ato ou fato atentatório
à sua integridade moral, que o tenha atingido em sua honra ou
imagem pessoal ou profissional, improcede a pretensão de
indenização por danos morais.

A reparação do dano moral cumpre, portanto, uma função de


justiça corretiva ou sinalagmática, por conjugar, de uma só vez, a natureza satisfatória
da indenização do dano moral para o lesado, tendo em vista o bem jurídico danificado,
sua posição social, a repercussão do agravo em sua vida privada e social e a natureza
penal da reparação para o causador do dano, atendendo à sua situação econômica, a
sua intenção de lesar (dolo ou culpa), a sua imputabilidade, etc.

Logo há de se concluir que não há qualquer dano lesivo a


Recorrida para que venha ser a Recorrente condenada em danos morais.

Assim, merece reforma a sentença nesse ponto para afastar a


condenação por danos morais.

 DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - SUCUMBÊNCIAIS

Conforme a sentença o MM Juízo condenou o Recorrido ao


pagamento honorários advocatícios de sucumbência.

Para tanto fundamentou a sua nos seguintes termos:

“Não alcançou, assim, a previsão de que “as obrigações


decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas
se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da
decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de
existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo,
tais obrigações do beneficiário”.
Destarte, e sendo a reclamante beneficiária da justiça gratuita,
observe-se referida condição suspensiva, bem como os efeitos e
consectários daí decorrentes.”
Em que pese a fundamentação do MM Juiz a quo a sentença
merece reforma nesse ponto.

O simples fato do Recorrido ser benificiário da justiça gratuita


não se deve afastar os honorários de sucumbência, vez que a lei prevê sucumbência
reciproca. Vejamos:
PROCESSO Nº TST-RR-12170- 70.2019.5.18.0241
A C Ó R D Ã O - 4ª Turma GMALR /ACMV
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nº
13.015/2014 E 13.467/2017. RITO SUMARÍSSIMO. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS POR SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. PEDIDO DE DANOS
MORAIS PARCIALMENTE DEFERIDO. CABIMENTO. BENEFICIÁRIO DA
JUSTIÇA GRATUITA. POSSIBILIDADE. AÇÃO AJUIZADA APÓS A
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA
RECONHECIDA PARA FIXAR O ENTENDIMENTO NO SENTIDO DE SER
COMPATÍVEL O DISPOSTO NO ART. 791- A, § 4º, DA CLT COM A
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. CONHECIMENTO E PROVIMENTO. VI. A
sucumbência recíproca e parcial deve ser analisada em relação a cada
pedido, não podendo ser afastada pelo acolhimento parcial da
pretensão. No caso dos autos, o pedido de indenização por danos
morais no valor de R$ 4.000,00 atende ao disposto no art. 292, V, do
CPC/2015. Tendo havido acolhimento parcial da pretensão, com o
deferimento de indenização no valor de R$ 3.000,00, há sucumbência
recíproca das partes no âmbito do pedido deduzido, de forma a
incidir honorários para o advogado do reclamante, sobre o valor
obtido, e para o advogado da reclamada, sobre a diferença rejeitada.
VII. Sob esse enfoque, fixa-se o entendimento no sentido de que, em
se tratando de reclamação trabalhista ajuizada após a vigência da Lei
nº 13.467/2017, como no presente caso, deve ser aplicado o disposto
no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, sujeitando-se a parte reclamante
à condenação em honorários de sucumbência recíproca, quando o
pedido de danos morais é parcialmente acolhido, mesmo sendo
beneficiária da gratuidade de justiça. VII. Recurso de revista de que
se conhece e a que se dá provimento.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 85, § 14, DO CPC. VERBA


ALIMENTAR PERTENCENTE AO ADVOGADO, COM OS MESMOS
PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRABALHISTA. ART. 791-A, § 4º, DA CLT.
DEDUÇÃO DE CRÉDITOS. DESINCENTIVO A LITIGÂNCIA ABUSIVA.
CONSTITUCIONALIDADE. Os honorários advocatícios possuem
natureza alimentar, sendo devido ao advogado pela atuação no
processo, pelo que não há que se falar em inconstitucionalidade da
dedução de eventuais créditos obtidos em juízo. O direito à
gratuidade de justiça pode ser regulado de forma a desincentivar a
litigância abusiva, inclusive por meio da cobrança de honorários
advocatícios. (Processo nº 1000028-96.2018.5.02.0467, 17ª Turma,
Relatora Maria de Lourdes Antônio, DEJT: 04/10/2018).
O MM Juiz não aplicou a legislação vigente, qual seja, 791-A da
CLT para os procuradores da Reclamada, havendo distinção quanto ao trabalho
realizado pelos procuradores da Recorrida e Recorrente.

Por tal fato, requer a reforma da sentença nesse ponto para ser
arbitrados honorários de sucumbência no percentual máximo previsto no art. 791-A da
CLT sobre os pedidos julgados improcedentes.

Dito isto, requer que sejam deduzidos do credito do reclamante


os honorários advocatícios dos pedidos que restarem improcedentes, com a efetiva
dedução dos valores que por ventura vierem a ser recebidos.

 DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS FINAIS

Posto isso, a Recorrente pede a Vossas Excelências que


conheçam e deem provimento ao presente para reformar a respeitável sentença
conforme fundamentação.

Reformar a sentença para condenar o Recorrido ao pagamento


de honorários de sucumbência no percentual máximo previsto no art. 791-A da CLT,
nos termos da fundamentação;

Requer, por fim, a juntada das inclusas guias de pagamento


(depósito recursal + GRU das custas processuais) devidamente quitadas.

Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Curitiba, 25 de janeiro de 2022.

CRISTIANO CHUMOVSKI DE MARIA


OAB/PR 82.279

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