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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ...

ª VARA DO TRABALHO DE
...

Proc. nº. ...


Reclamante: JOSÉ MARIA
Reclamado: VAREJISTA LTDA

VAREJISTA LTDA (“Recorrente”), pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ (MF) sob o nº. ... estabelecida na Rua ..., na Cidade de ... –
CEP nº..., , comparece, por meio de seu advogado, infra-assinad0, com o devido
respeito à presença de Vossa Excelência, não se conformando, , com a sentença meritória
exarada às fls. ..., para interpor, tempestivamente (CLT, art. 895, inc. I), o presente

RECURSO ORDINÁRIO

tendo como Recorrido JOSÉ MARIA (“Recorrido”), nacionalidade..., estado civil...,


profissão..., inscrito no CPF(MF) sob o nº. ..., com RG n. ... e CTPS nº. ..., residente e
domiciliado na Av. ...., na Cidade ... – CEP nº. ..., o que faz alicerçado nos art. 895, inc.
I, da Consolidação das Leis do Trabalho, em virtude dos argumentos fáticos e de direito
expostas nas RAZÕES, ora acostadas.

Dos Pressupostos recursais

O presente recurso é tempestivo, uma vez que interposto no


octídio legal. (CLT, art. 895, inc. I)

Observa-se que a Reclamada-Recorrente fora intimada da


sentença combatida em 11/22/0000. Desse modo, tem-se que o recurso em espécie é
manejado após a publicação do decisum em liça, não havendo, pois, falar-se em
extemporaneidade. (TST, Súmula 434 e OJ 357, SDI-I)

Destaca-se que foram recolhidas as custas processuais,


impostas na sentença guerreada (CLT, art. 789), sem qualquer diferença em relação ao
quantum fixado (OJ 140, SDI-I). (doc. 01)

Outrossim, tendo-se em conta que a decisão combatida é


de natureza declaratória e condenatória (TST, Súmula 161), necessário ressaltar que a
Recorrente fizera o depósito recursal junto a banco credenciado (IN 26/04 do TST e TST,
Súmula 217). Assim, fora obedecido o teto (CLT, art. 899, § 2º). Para tanto, traz à
colação a respectiva guia, consoante reza a TST, IN 18/98, TST, Súmula 245 e OJ 264
SDI-I). (doc. 02)
A Recorrente, ex vi legis, por fim, solicita que Vossa
Excelência determine que o Recorrido se manifeste/seja intimado acerca do presente
recurso (CLT, art. 900).

Depois de cumpridas as formalidades legais, seja ordenada


a remessa desses autos, com as Razões do Recurso, ao Egrégio Tribunal Regional do
Trabalho da ...ª Região.

Respeitosamente,
pede deferimento.

Local/Data

Advogado –
OAB/... N ...
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RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 00ª REGIÃO

Processo nº. ...


Originário da ...ª Vara do Trabalho da Cidade
Recorrente: VAREJISTA LTDA
Recorrido: JOSÉ MARIA

Em que pese à reconhecida cultura do eminente Juízo de origem e à proficiência


com que o mesmo se desincumbe do mister judicante, há de ser reformada a decisão ora
recorrida, porquanto proferida em completa dissonância para com as normas aplicáveis à
espécie, inviabilizando, portanto, a realização da Justiça.

1 - Síntese do processado

1.1. Objetivo da ação em debate

A presente querela trouxe à tona argumentos que,


absurdamente, o Recorrido tivera vínculo de emprego com a Recorrida.
Na exordial, o Recorrido sustenta que:

( i ) o Recorrido fora admitido no dia 00 de março de 2222, ocasião em que, unicamente


com o propósito de para mascarar o vínculo de emprego, esta impôs àquele a celebração
de Contrato de Representação Comercial;
( ii ) destacou, mais, que por todo o trato laboral, o Recorrido atuou unicamente na venda
de produtos alimentícios da Recorrente nesta Capital, percebendo remuneração
equivalente a 7%(sete por cento) sobre o valor das vendas mensais, percebendo uma
média mensal de R$ 0.000,00;
( iii ) outrossim, que trabalhava pessoalmente para a Recorrente de segunda-feira ao
sábado, no horário das 08:00h às 20:00h, não recebendo o adicional de horas
extraordinárias;
( iv) aduziu, ademais, que recebera notificação extrajudicial da Recorrente pondo fim à
relação contratual, cuja data o Recorrido tomara como referência para o fim da relação
laboral;
( v ) pediu, portanto, a procedência dos pedidos, com o reconhecimento do vínculo
empregatício e, por consequência, o pagamento de verbas trabalhistas e rescisórias
descritas na peça inaugural, além de condenação ao pagamento de honorários
advocatícios contratuais e de sucumbência;
( vi ) pleiteou, em arremate, a condenação da Recorrente ao pagamento de indenização
por danos morais, pela ausência de assinatura da CTPS e, mais, a inversão do ônus fiscal.

1.2. Contornos da sentença

O d. Juiz de Direito da 00ª Vara do Trabalho da Cidade (PP)


julgou parcialmente procedentes os pedidos, motivo qual, à luz do quanto disposto em
seus fundamentos e na parte dispositiva, deliberou-se que:

( a ) Declarou nulo de pleno direito o contrato celebrado entre as partes, o qual dormita
com esta peça vestibular, uma vez que referido trato contratual configura propósito de
desvirtuar e fraudar as disposições da Consolidação das Leis do Trabalho, com o
reconhecimento do vínculo empregatício do período de 00 de março de 0000 até 00 de
setembro de 0000; (CLT, art. 9º)
( b ) condenou a Recorrente a proceder ao registro do pacto trabalhista na CTPS, devendo
a mesma ser as seguintes verbas trabalhistas e rescisórias:
(1) saldo de salário, apurado na forma do art. 487, § 3º, da CLT;
(2) aviso prévio indenizado, levando-se em conta o adicional de horas extras;
( 3 ) décimo terceiro integral e proporcional, de todo o vínculo;
( 4 ) férias dobradas, referente aos anos de 0000 e 1111, acrescidas do terço constitucional;
( 5 ) férias simples, referente aos anos de 2222 e 3333, acrescidas do terço constitucional;

( 6 ) férias proporcionais, acrescidas do terço constitucional;


( 7 ) pagamento dos valores correspondentes ao FGTS, com acréscimo da multa de 40%,
com incidência sobre todas verbas de caráter remuneratório;
( 8 ) indenização do seguro-desemprego, equivalente a 00 remunerações mensais;
( 9 ) contribuição previdenciária de todo o vínculo, incidente sobre as verbas
remuneratórias;
( 10 ) indenização dos vales-transporte, correspondente ao pagamento de todas as
despesas apuradas com o transporte público de deslocamento do Recorrido;
( 11 ) adicional de horas extras, calculadas sobre o valor-hora das comissões percebidas
ao mês, com os seus reflexos;
( 12 ) descanso semanal remunerado, pelo todo o período do vínculo;
( 13 ) anotação e baixa da CTPS, tendo como data de admissão em de 00 de março de
0000 e baixa 00 de outubro de 0000, esta correspondente ao término do prazo do aviso-
prévio indenizado;
( 14 ) atualização monetária dos valores, na forma das Súmulas 220 e 381 do TST, assim
como da Lei 8.177/91 (art. 39);
( 15 ) honorários advocatícios de sucumbência de 10% sobre o valor apurado em
liquidação de sentença, tocante ao proveito econômico obtido pelo Reclamante;
( 16 ) indenização de danos morais de R$ 10.000,00.

3 – Da Reforma
Error in judicando

3.1. Ausência de vínculo empregatício (CLT, arts. 2º e 3º)

Extrai-se do art. 3º da Consolidação das Leis do


Trabalho que “considera-se empregado toda e qualquer pessoa física que prestar
serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário. “
Como consabido, desse conceito surgem os requisitos que
devem estar concomitantemente presentes para a caracterização do contrato de trabalho,
quais sejam: continuidade, subordinação jurídica, onerosidade e pessoalidade.

Na hipótese o Recorrido não preenche – e nem poderia ser


diferente – os requisitos legais acima assinalados, padecendo, desse modo, de qualquer
direito na seara trabalhista em face de pretenso vínculo laboral.

3.1.1. Subordinação jurídica

O Recorrido jamais atuou na forma dos arts. 2º e 3º da


CLT, mas, em verdade, somente desempenhou suas atividades nos moldes da Lei nº
4.886/65, ou seja, na qualidade de representante comercial.

As provas constantes dos autos, em especial a documental,


remetem à regularidade da contratação do pretenso obreiro como representante comercial.

Ao contrário do que afirmado na peça exordial, inexistiu


qualquer espécie de submissão do Recorrido ao poder diretivo da Recorrente. Ao revés,
existiu a plena autonomia na execução das duas atividades, assumindo, assim, os riscos
da própria prestação de serviços.

3.1.1.1. Prova documental


Outras circunstâncias revelam, ainda, que o Recorrido
detinha autonomia. Por exemplo, existiam auxiliares em seu escritório, havia ajustamento
de representação com outras empresas (fls. 317), pagamento de impostos, cópia do
contrato social da firma do Recorrido (fls. 355/359), mantida a atividade econômica de
representação comercial, bem como o registro no Conselho Regional dos Representantes
Comerciais – CORE. (fls. 360/361)

No mais, percebe-se pelos documentos colacionados (fls.


362/364) que o Recorrido percebia comissões em meses alternados e descontínuos e de
percentual a título del credere, além de clientela variada. Outrossim, o Recorrido tinha
estrutura empresarial própria, totalmente diversa de um obreiro com vínculo de emprego.
Tudo isso, obviamente, comprovam que se trata de autônomo.

O Recorrido, ademais, acostou documentos que, no seu


sentir, emprestavam a visão de subordinação jurídica.

Tratam-se, em regra, de correspondências trocadas entre


ambos, onde a Recorrente direcionava algumas orientações de desenvolverem-se
melhores vendas no mercado. Significa dizer, então, que não existia uma relação de
subordinação entre o representante e a representada, mas tão só indicação de melhorias
nas vendas.

Irretorquivelmente a prestação laborativa do Recorrido não


se deu com animus contrahendi, ou seja, com ânimo de se vincular à Recorrente de forma
empregatícia.

É consabido que, para que se descaracterize a figura do


prestador de serviços autônomo, caracterizando-se a do empregado, é necessária,
especialmente, a configuração da pessoalidade na prestação dos serviços pactuados e da
subordinação à empresa tomadora dos serviços.

3.1.1.2. Prova Testemunhal

De outro compasso, a prova oral colhida apontou para


elementos que afastam o vínculo laboral.

No depoimento de José das Quantas, o qual dormita às fls.


304/306, o mesmo asseverou que:

“que não havia obrigatoriedade do comparecimento diário do reclamante à empresa.”


(...)
“que a empresa não fixava metas; que os cheques com insuficiência de fundos que haviam
sido apresentados pelo cliente eram objeto de cobranças efetuadas pelos empregados do
setor administrativo da reclamada;”
(...)
“que não havia cobrança de resultados para o reclamante, pois não lhe era fixado meta a
cumprir;”
(...)
“que o reclamante era registrado como autônomo e a empresa orientou acerca do modo
menos oneroso para fazer o recolhimento do ISS, pelo que o reclamante procedeu a sua
inscrição na Prefeitura;”
(...)
“que nunca presenciou o reclamante sendo advertido por faltas ao serviço;”
( os destaques são nossos )

Já a testemunha Francisco de Tal, cujo depoimento


encontra-se à fl. 307, afirmou que:

“que na reclamada existia um local que era disponibilizado ao reclamante para que este
contatasse seus clientes, mas isto era raro de acontecer; que o reclamante ia na empresa
de um a dois dias na semana;
(...)
“não viu o reclamante efetuando serviços administrativos em substituição a um
empregado da empresa; que não tem conhecimento da existência de metas fixadas pela
empresa para o reclamante;
(...)
“não havia determinação de horário a cumprir pelo reclamante; que o reclamante não
possuía subordinados;
(...)
“que nunca presenciou advertências ao reclamante acerca de faltas ao serviço ou alcance
de resultados; “
( destacamos)

O elemento primordial que distingue a relação de autônoma


de trabalho da relação de emprego está justamente na presença do elemento subordinação,
conforme dispõe o art. 3º, da CLT.

De fato, como ressaltado pela doutrina e jurisprudência, a


análise deste tipo de relação costuma ser árdua, pois está inserida em uma zona grise. É
dizer, há um pequeno limite entre a relação de emprego e a representação comercial, já
que a primeira possui como característica essencial à subordinação e a segunda à
autonomia.

3.1.2. Onerosidade

O trabalhador autônomo quando recebe contrapaga pela


execução do serviço ajustado da pessoa que contrata os seus serviços, tal procedimento
não deriva em subsunção fática ao artigo 3º, da CLT, no que respeita à onerosidade e
subordinação. Na realidade, tão somente revela cumprimento do ajustado, permanecendo,
outrossim, incólume à autonomia na prestação de serviço do trabalhador autônomo.
Não há que falar-se, por conseguinte, em salário. Houve,
sim, pagamento de comissões pelos préstimos de serviço autônomo, na qualidade de
representante comercial, o que se comprovou pelas notas fiscais acostadas aos autos. (fls.
378/388)

3.1.3. Pessoalidade

No caso em ênfase, sequer de longe há o registro do


requisito da pessoalidade nos préstimos, em que pese vários Tribunais entendem que este
não se faz importante uma vez que assente nas hipóteses de condutas na zona grise:

Em regra, fazia-se substituir por sua esposa Marli das


Quantas, assim como de seu subordinado Wellington, quando do trato contratual entre
Recorrido e Recorrente. Inclusive várias vendas foram efetuadas pelos mesmos, o que se
depreende pelo depoimento de fls. 319.

De outro importe, vários dos pagamentos das comissões


foram efetuadas à pessoa de Marli das Quantas, maiormente quando se apresentava como
sócia do daquele. (fls. 378/381)

O Recorrido, mais, não tinha qualquer controle de horário


(tanto que apenas absurdamente alegou), qualquer dever de permanecer ou ir à empresa
Recorrente e, inclusive, inexistia qualquer compromisso de metas a cumprir.

3.1.4. Não-Eventualiade

Urge asseverar, por conseguinte, que as atividades de


vendas desenvolvidas pela empresa do Recorrido não eram essenciais ao desempenho
natural da Recorrente. Vale ressaltar que essa tem como pilastra de trabalho a captação
de trabalho na área de marketing de vendas. Portanto, a atividade de venda não é serviço
essencial à Recorrente.

É de concluir, à luz dos fundamentos acima destacados, que


não houve relação de emprego, porquanto ausente, in casu, os requisitos dos arts. 2º e 3º
da CLT.

4. Prescrição bienal
(CF, art. 7º, inc. XXIX c/c CPC art. 487, inc. II)

Não bastassem as considerações supra, temos que a


pretensão em ensejo foi fulminada pela prescrição.
É consabido que o marco inicial da prescrição, nesses casos,
é a data da demissão, ou seja, a extinção do contrato de trabalho. (CF, art. 7º, inc.
XXIX) Não se deve confundir, pois, com o pedido de demissão, que é a hipótese dos
autos.

Nesse azo, importa ressaltar que, em face da demissão


enfrentada pelo próprio Recorrido, não há que se falar em projeção do aviso prévio
indenizado no cômputo do prazo prescricional. Afasta-se, por conseguinte, a aplicação da
Orientação Jurisprudencial nº. 83 da SDI-I do TST.

Ora, se o Recorrido traduz esse pacto como relação de


trabalho, deveria ter observado o prazo prescricional a contar do pedido de demissão (fim
da relação contratual), o qual, registre-se, não exige ato solene.

Dessarte, em verdade, o Recorrido pediu, verbalmente, a


resilição do contrato na data base de 00 de março de 0000. Nessa ocasião, conversou com
o Gerente Geral Marcos das Quantas e relatou suas motivações (fls. 117). Demonstrou
que não restariam mais motivos para continuar a relação contratual, haja vista que os
valores das vendas das mercadorias eram exacerbados, frente ao mercado. Por conta
disso, suas vendas haviam caído bastante. ( fl.118)

Portanto, há de ser declarada a prescrição bienal, uma vez


que ação em liça fora promovida após o biênio legal.

5 Prescrição quinquenal
(CF, art. 7º, inc. XXIX, c/c CPC, art. 487, inc. II)

A Recorrente, mais, fora condenada ao pagamento das


seguintes verbas trabalhista e rescisórias: (a) a condenação no pagamento das referidas
verbas “a contar da extinção do contrato” e; (b) levando-se em conta a prescrição
trintenária com respeito ao FGTS não depositado.

Merece reforma, emérito Relator.

A prescrição, de fato, na seara trabalhista, inicia-se com a


extinção do contrato. Todavia, e aí reside o erro do Reclamante, esse somente terá direito
aos direitos trabalhistas referentes aos últimos cinco anos, a contar do ajuizamento da
reclamação trabalhista. Equivocada, pois, a premissa de que faz jus a direitos trabalhistas,
contados da extinção do contrato.

É o que resulta, ademais, da leitura da Súmula 308 do


Egrégio Tribunal Superior do Trabalho:
TST - Súmula 308. Prescrição quinquenal.

I - Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista


concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do
ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao quinquênio da data da extinção do
contrato.

II - A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5


(cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pretensões já alcançadas pela prescrição
bienal quando da promulgação da CF/1988.

De outro bordo, no tocante à pretensão do Fundo de


Garantia Sobre o Tempo de Serviço (FGTS), o anseio do Recorrido também merece ser
refutado.

Almeja o Recorrido, pretensamente alicerçado na Súmula


362 do TST, o pagamento de FGTS, com prescrição trintenária, o que é um grave
equívoco.

A Súmula expressa pelo Recorrido, ratificada na sentença


meritória em apreço, no entanto, necessita ser avaliada à luz da Súmula 206 do Tribunal
Superior do Trabalho. O FGTS, em verdade, como acessório, segue a mesma sorte do
principal, aqui as parcelas remuneratórias. Se estas estão prescritas, mesmo que
parcialmente, o FGTS também será alcançado pela prescrição. Vejamos o teor da
mencionada súmula:

TST – Súmula 206. FGTS. Incidência sobre parcelas prescritas.

A prescrição da pretensão relativa às parcelas remuneratórias alcança o respectivo


recolhimento da contribuição para o FGTS.

Não se perca de vista, igualmente, que a reclamação fora


ajuizada após 13/11/2014, data em que o Supremo Tribunal Federal, nos autos do ARE
709212, delimitou-se o entendimento acerca do tema.

Assim, tendo em vista o ajuizamento da reclamação


trabalhista em 00/11/2222, incide na hipótese a prescrição parcial quinquenal, a contar
dessa data, estando prescritos os créditos anteriores a 22/00/3333.

6 Quanto às parcelas salariais e rescisórias

6.1. Saldo de Salário


Todas as faturas das vendas realizadas pela empresa do
Recorrido foram devidamente quitadas, inclusive a do mês em que ele rescindiu o
contrato de representação, o que se comprova pelo depósito realizado na conta corrente
nº. 334455-66, da agência 7777-8, do Banco Xista S/A, no dia 11/33/4444. (fls. 77/79)

Ainda que comprovada a quitação de todos os valores da


relação contratual, destaque-se que o aquele – se relação de emprego fosse – não cumpriu
o período de aviso prévio. Nesse azo, despropositada a pretensão de pagamento desta
verba rescisória.

6.2. Descanso Semanal Remunerado

Não se tem qualquer prova de quanto e qual(is) dia(s) o


Recorrido tenha prestado serviços à Recorrente. Até porque, urge asseverar, sequer havia
controle de horário.

É consabido que cabia ao Recorrido comprovar,


satisfatoriamente, a quantidade de dias laborados, maiormente quando se trata de prova
de fatos constitutivos do Autor. (CPC, art. 373, inc. I c/c art. 818 da CLT)

Leve-se em conta, mais, que o empregado somente faz jus


à remuneração atinente ao Descanso Semanal Remunerado quando preenchidos os
requisitos da frequência e pontualidade.

6.3. Horas Extras

A exceção do inciso I do artigo 62 da CLT aplica-se ao


Recorrido.

Delimitou-se, com a inicial, que o Recorrido, como pretenso


empregado externo. As atividades descritas como desempenhadas, portanto, são
totalmente incompatíveis com a fixação de horário, ou seja, sem ingerência da Reclamada
em sua jornada informada.

In casu, jamais fora submetido a qualquer espécie de


controle de jornada de trabalho.

De outra banda, considere-se que a sentença, ao destacar a


condenação da Recorrente ao pagamento de verba de prestação de serviços em horário
extraordinário e seus reflexos, justificou que “. . . o Reclamante trabalhava sempre em
horários além do labor previsto em Lei. “ Percebe-se, destarte, um vazio completo nessa
delimitação.
Inexistindo a habitualidade na percepção de horas extras,
não há que falar-se em reflexos nas demais verbas trabalhistas e rescisórias. A propósito,
vejamos o conteúdo da Súmula 376 do TST:

Dessa sorte, se por absurdo for reconhecida a relação de


emprego, deve ser afastado o pagamento dessa verba trabalhista, seja pela ausência de
controle de horário, seja pela ausência de habitualidade nesses préstimos.

6.4. Aviso prévio indenizado e multa de 40% sobre o FGTS

Não merece ser acolhida a condenação ao pagamento de


aviso prévio indenizado, assim como multa sobre o depósito de FGTS, na forma como
estipulado na sentença guerreada.

Em verdade, o Recorrido (por sua empresa), ao invés do


quanto descrito no quadro fático inserto na exordial, rescindiu, unilateralmente, o contrato
entabulado entre as partes.

Como afirmado, por acreditar que a média de comissões


estava aquém daquelas pagas pelo mercado, declinou aquele que sua empresa não tinha
mais interesse em ofertar préstimos à Recorrente.

De outro importe, há evidências que o Recorrido ofertou (e


ainda oferta), logo após a rescisão do contrato, os préstimos de sua empresa a uma
concorrente da Recorrente denominada Distribuidora de Alimentos Presta Ltda.(fls. 379)

Não fosse o entendimento, se levado em conta que o


Recorrido tão só avisou do seu intento de romper o contrato, esse, nesse diapasão, trouxe
à tona a figura do abandono de emprego. Isso se relação de trabalho fosse, registre-se
novamente.

Dessarte, é evidente que não faz jus às parcelas rescisórias


ora em debate, uma vez que afrontam à diretriz fixada no art. 487, § 1º, da CLT, assim
como do art. 18, da Lei nº. 8036/90. É dizer, não houve dispensa sem justa causa, muito
menos relação de emprego.

6.5. Indenização substitutiva do vale-transporte

O Recorrido, na peça vestibular, apresentou argumentos de


que sempre necessitou dos vales-transporte para conduzir-se à Recorrente, o que, segundo
suas colocações, nunca foram entregues. Delimitou, mais, a base de cálculo seria o salário
básico, importando dizer sobre o valor do último “salário” recebido. Pediu, mais, que os
valores pagos, a título de condenação substitutiva dos vales-transporte, refletissem na
parcela do
7. Dos Pedidos
Desta forma, requer a reforma da respeitável sentença de
folhas __, excluindo o recorrente do pagamento no que tange as horas in itinere.

Por fim, requer que o presente recurso seja conhecido e


provido pelos mais puros motivos da JUSTIÇA!

Endereço do advogado....
Local e data.

Nome e assinatura do advogado.


OAB/_ nº ______

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