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AO JUIZO DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO/RJ

AUTOS NÚMERO:
1

JULIANE YASMIN MONTEIRO, solteira, profissão vendedora, portadora do CPF nº


158.302.357-73, RG 2747300050 RJ, residente e domiciliado na Rua João Sant Clair, nº
2, casa 03, bairro Itanhanga, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20.531-571, vem, por meio de seus
procuradores (procuração em anexo), propor

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

em face de APPLE COMPUTER BRASIL LTDA, inscrita no CNPJ sob o número


00.623.904/0001-73, com endereço na Rua Leopoldo Couto Magalhaes Junior, número
700, andar 7 e 8 conjunto 71, 72, 81 e 82, Itaim Bibi, São Paulo/SP, CEP: 04.542-000,
pelos fatos e fundamentos expostos a seguir, pelos fatos e fundamentos expostos a seguir

DOS FATOS

A autora, adquiriu em 02 de maio de 2023, um aparelho celular, Apple iPhone 14 pro


128 gb, no valor de R$ 7.200,00 (sete mil duzentos e reais), conforme nota fiscal em
anexo. O produto não estava acompanhado com o carregador e fone de ouvidos.
São os fatos em sua brevidade necessária.
DO DIREITO

DA OBRIGAÇÃO DE FAZER

A autora, adquiriu um celular, para o seu uso, e este, está impróprio para de acordo

com o artigo 18, § 6º do CDC:


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Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a
que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente,
da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a
substituição das partes viciadas.

§ 6° São impróprios ao uso e consumo:

III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao


fim a que se destinam.

Portanto, mostra-se inadequado ao fim que se destina, tendo em vista que, o


consumidor, não conseguiria efetuar a primeira recarga em seu aparelho telefônico, caso
não tivesse comprado um carregador.
Logo, diante do contido também no artigo 18, §1º, I c/c artigo 18, §3º, do Código de
Defesa do Consumidor - CDC, o vício deverá ser sanado de forma imediata, por tratar-se
de produto essencial:
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a
que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente,
da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a
substituição das partes viciadas.

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o


consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas


condições de uso;
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1°
deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição
das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características
do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
Excelência, a ré, realizou a venda casada, onde condiciona o celular ao
fornecimento do carregador e fone de ouvidos para a utilização correta do aparelho
telefônico.
Tal fato, é expressamente proibido pelo CDC no artigo 39, I, vejamos:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras


3 práticas abusivas:

I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao


fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa,
a limites quantitativos;

Nessa perspectiva, a ré, deve a ré ser condenada a obrigação de fazer, com a


finalidade de entregar um fone de ouvido e carregador compatível com o aparelho
adquirido pelo autor sob pena de multa diária a ser fixada por este douto juízo.

DOS DANOS MORAIS BASEADOS NA RELAÇÃO DE CONSUMO

Os danos morais, são devidos ao autor, tendo em vista a violação dos deveres da
boa-fé objetiva.
A conduta, da parte ré, é ilegalidade e evidencia o desrespeito aos direitos
assegurados pelo CDD. Vejamos o que dispõe o artigo 14 do CDC:

Art. 14: O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.

A reparação do dano moral, não mais se questiona no direito brasileiro, porquanto


uma série de dispositivos, constitucionais e infraconstitucionais, garantem sua tutela legal,
conforme dispõe o artigo 186 do Código Civil:

Art.186 Aquele que, por ação ou omissão, voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral comete ato ilícito.
Para que seja caracterizado o dano moral é imprescindível que:

- ato ilícito, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência;

- ocorrência de um dano, seja ele de ordem patrimonial ou moral e;

4 - nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente.

A presença do nexo de causalidade entre os litigantes está patente, sendo


indiscutível o liame jurídico existente entre eles, pois se não fosse a ausência de
carregador e fone de ouvidos, não teria o autor, sofrido os danos morais pleiteados, objeto
desta ação.
Conforme os autos de número 0028648-50.2021.8.19.0001, os desembargadores
da 24ª Câmara Cível, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, condenaram a ré ao
pagamento de indenização no aporte de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) em título de danos
morais pela ausência do carregador de celular ao adquirir o produto.
Evidente, devem ser acolhidos os danos morais suportados, visto que, em razão de
tal fato, decorrente da culpa única e exclusiva da empresa requerida, esse teve a sua
moral afligida, foi exposta ao ridículo e sofreu constrangimentos de ordem moral, o que
inegavelmente consiste em meio vexatório. Neste sentido pronunciou-se o E. Tribunal de
Justiça do Paraná:

“O dano simplesmente moral, sem repercussão no patrimônio, não há


como ser provado. Ele existe tão somente pela ofensa e dela é
presumido, sendo bastante para justificar a indenização (TJPR – Rel.
Wilson Reback – RT 6841/163)”

A respeito, o doutrinador Yussef Said Cahali aduz

“O dano moral é presumido e, desde que verificado ou pressuposto da


culpabilidade, impõe-se a reparação em favor do ofendido (Yussef Said
Cahali, in Dano e sua indenização, p. 90)”

Vejamos conforme preconiza o artigo 927 do Código Civil:


Art. 927 Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado
a repará-lo

Dessa maneira, é incontestável a má-fé da ré, ocasionando danos que ultrapassam


o mero dissabor. Logo, requer uma indenização justa e satisfatória pelos fatos ocorridos.

5 DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Conforme o art. 6º, VIII do Código de Defesa do Consumidor, requer a inversão do
ônus da prova, tendo em vista que o consumidor é a aparte vulnerável e hipossuficiente
em relação a ré. Vejamos o que dispõe o artigo 6º, VI e VIII:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimonial;

VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão


do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências;

Requer, a inversão do ônus da prova.

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Requer a concessão dos benefícios da gratuidade de Justiça, com a devida


fundamentação na Lei 9.099/94 no art. 54:

Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em primeiro grau de


jurisdição, do pagamento de custas, taxas ou despesas.

Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do § 1º do art. 42 desta


Lei, compreenderá todas as despesas processuais, inclusive aquelas
dispensadas em primeiro grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de
assistência judiciária gratuita.

A devida fundamentação, também está elencada na Lei 13.105/15 no art. 98


(CPC/15) e, em c/c com o art. 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal (CRFB/88) pelo
fato ser uma que não possui condições para custear com as despesas processuais sem
prejuízo do respectivo sustento e de sua família.
DOS PEDIDOS

Portanto, requer, a Vossa Excelência:

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A) A citação da requerida, no endereço supramencionado, para querendo, contestarem, a
presente ação, sob pena de confissão e revelia;

B) Requer o JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO visando economia e celeridade


processual com supedâneo no art. 355, I, do CPC/15, por se tratar apenas de matéria de
direito, e face à absoluta desnecessidade de ser produzida prova em audiência e
presentes as condições que ensejam o julgamento antecipado da causa;

C) A INVERSÃO DO ONUS DA PROVA, em favor do Requerente diante da


verossimilhança de suas alegações, a teor do artigo 6º, inciso VIII, do CDC;

D) O fornecimento de um carregador compatível com o aparelho telefônico adquirido, sob


pena de multa diária a ser arbitrada por Vossa Excelência;

E) O fornecimento de forma gratuita de fones de ouvidos compatíveis com o aparelho


telefônico adquirido, sob pena de multa diária a ser arbitrada por Vossa Excelência;

F) Requer, a condenação da requerida em DANOS MORAIS, no importe de R$ 40.000,00


(quarenta mil reais) ou em valor superior a ser arbitrado por este Juízo competente, a título
de indenização por danos morais;

G) Requer todos os meios de prova admitidos em direito, em especial, pela prova


documental e por todas as demais que se façam necessárias;
H) Seja condenado o promovido, em custas processuais e demais cominações legais,
incluindo honorários advocatícios na base de 20% sobre o valor da condenação, acrescido
de juros e correção monetária;

I) Requer, que sejam concedidos os benefícios da gratuidade da justiça, nos termos


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previstos no inciso LXXIV, do art. 5º da Constituição Federal (CRFB/88) e, em c/c Art. 98,
da Lei 13.105/15 e na Lei 9.099/94 no art. 54;

J) Requer o cadastramento nos autos, dos Advogados que subscrevem a presente;

Dá-se o valor da causa em R$ 40.000,00 (quarenta mil reais).

Nestes termos, pede deferimento

Conselheiro Lafaiete, 01 de março de 2024.

Allexis Felix Rodrigues do Espirito Santo


OAB/MG 215.245

Samara Kênia de Carvalho


OAB/MG 174.919

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