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ADVOCACIA CÍVEL E CONSULTORIA OPERATIVA.

Cristiane S. de Jesus
Advogada

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO JUIZADO DE


DEFESA DO CONSUMIDOR DA COMARCA DE SALVADOR NO ESTADO DA BAHIA.

ADELMO CARLOS DOS SANTOS JUNIOR, brasileiro, casado, RG nº 0475248040,


CPF/MF nº 74871420515, brasileiro, residente e domiciliado na Rua B, quadra C, Caminho 23,
casa 10, Cajazeira XI, CEP: 41341710, Salvador – Bahia, por conduto de advogada, infra-
firmada, com documento procuratório anexado aos autos, com endereço profissional à
Rua Trinta e Um de Março, nº. 51, Engenho Velho da Federação, Salvador/Bahia , CEP: 40221-
040, onde serão encaminhadas notificação e intimação do feito, vem à presença de Vossa
Excelência propor AÇÃO DE INDENIZAÇAO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS,
CUMULADO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA em face da EEMPRESA
SAMSUNG ELETRÔNICA DA AMAZÔNIA LTDA., Pessoa Jurídica de Direito Privado, CNPJ
nº. 00.280.273/0001-37, com sede na Avenida das Nações Unidas, 8º andar, 12901, Ed.
Torre Oeste, Brooklin Novo, São Paulo - SP, 04578910, pelos fatos e fundamentos a seguir
expor.

DOS FATOS
Em data de 28/07/2013, o Promovente comprou um televisor de LED, de marca
SAMSUNG, modelo UN55EH6030GXZ, série Y1MH3XEC8017622, no valor de R$ 2.400,00
(dois mil e quatrocentos reais) como faz certo nota fiscal inclusa.

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Ocorre que no primeiro mês o televisor começou a apresentar defeito, tanto é


assim que em 19/09/2013, o televisor foi levado para assistência autorizada NR Eletrônica,
cuja ordem de serviço é o número 56290, conforme documento incluso. Contudo,
passaram-se mais de 60 dias e diversas foram as ligações para a assistência que informara
que estavam tentando solução junto a fornecedora, denominada Promovida, mas até a
presente data o Promovente não obteve êxito.
Inconformado com o total descaso e desrespeito com o consumidor, outra
alternativa não restou a não ser socorre-se a este MM Juízo para que seja a Requerida
compelida a substituir o produto por outro de modelo diferente, e, a indenizar a
Promovente por danos matérias e morais sofridos.
A atitude da Promovida, contraria a Lei consumerista, acarretando ao Requerente
enormes constrangimentos e desconfortos, lhe causando estresses e angústia, se
sujeitando à situação humilhante e vexatória de quase implorar para que seu televisor
seja consertado ou trocado.
Ademais, a postura ilícita da Requerida, ficando inerte ao problema está na
iminência de acarretar enorme dano ao Requerente, vez que, sua única fonte de lazer,
após um dia exaustivo de trabalho é a TV.
Assistir noticiários, novelas e entretenimentos, não é luxo para ninguém, e, sim
necessidade, ainda mais quando o bem faz parte do cotidiano, deixando o cidadão
sempre informado, e, ainda, livrando-o de riscos à saúde, e, até mesmo à vida com
notícias e informações precisas e necessárias.
Quem nunca ouviu no noticiário uma notícia que o livrou de algum atentado a
saúde ou a vida?
Ademais, MM. Julgador, o televisor do Demandante dentro do período de menos
de dois meses apresentou vício oculto. Sabe-se, que um televisor é um bem de longa
duração, vez que se leva anos, até apresentar um defeito.
Além do mais, o televisor adquirido pelo Requerente, veicula nas propagandas
como televisor de última geração, qual seja: TV de LED, tanto é assim que o preço por si só
identifica o que fora ofertado. Vez que bem se sabe que um televisor de R$ 2.400,00
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(dois mil e quatrocentos reais) tem um valor bem significativo, portanto, tal valor não
pode ser desmerecido.
Além do mais, o Requerente adquirira TV a cabo, pagando-se dois meses sem
utilizá-lo, conforme documento acostado aos autos que totaliza R$ 689,50 (seiscentos e
oitenta e nove reais, cinquenta centavos).
A situação, motiva ao Requerente em postular o recebimento da quantia paga
pelo televisor, ou pelo recebimento de um televisor novo, de igual valor, porém de
modelo diverso, vez que este modelo causou-lhe insegurança, gerando transtornos,
angústia, estresse constante e abalo de ordem moral, sendo esta a causa da presente
demanda, e, ainda, o ressarcimento do valor pago de R$ 689,50 (seiscentos e oitenta e
nove reais, cinquenta centavos), pela mensalidade da TV a cabo, sem utilizá-la por culpa
exclusiva da Promovida.

DO DIREITO
O ordenamento jurídico pátrio no art. 170, V estabelece que:
“Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios:
V - defesa do consumidor”.

Ė cediço que quando o consumidor tem seu direito violado, este possui amparo
constitucional e na Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990 que dispõe sobre a proteção
do consumidor e dá outras providências.
Aqui o direito do consumidor foi violado, vez que ligou por diversas vezes para a
assistência, sem êxito na solução do problema.
Como exposto, antes de completar dois meses o Requerente levou o televisor a
assistência que até a presente data não solucionaram o problema.
Apesar de muito buscar uma solução, não obteve êxito no saneamento do vício
apresentado pelo bem comprado.

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Prevê o § 1º do art. 18 do Código de Proteção e Defesa do Consumidor (CDC), in


litteris:
“Art.18. Os fornecedores de produtos de consumo, duráveis ou
não duráveis, respondem solidariamente pelos vícios de
qualidade que os tornem impróprios ou inadequados ao
consumo a que se destinam, ou lhes diminuam o valor, assim
como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou
mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de
sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das
partes viciadas.
§ 1º. Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 (trinta)
dias, pode o consumidor exigir, alternativamente, e à sua
escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em
perfeitas condições de uso;
II — a restituição imediata da quantia paga, monetariamente
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.”

Outrossim, o §6º, inc. III do art. 18 do Diploma de Proteção ao Consumidor assim


esclarece:
omissis (...)
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
(...)
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem
inadequados ao fim a que se destinam.

Portanto, percebe-se, in casu, que o prazo máximo para saneamento de vício, de


30 (trinta) dias, contado desde a detecção do defeito no aparelho se expirou, pois, até o
presente momento, não houve a reparação satisfatória dos defeitos, muito menos a
troca, há mais de 60 (sessenta) dias do produto posto em assistência.
Urge assinalar que diante do fato do aparelho ser totalmente impróprio para o
fim que se destina, o Requerente não vê outra solução, a não ser, a de postular pela
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restituição integral e devidamente corrigida da importância paga pelo televisor em


tela ou pela entrega de um novo televisor, de igual valor, porém, de modelo diverso, já
que aquele é de qualidade duvidosa, conforme estabelece a lei consumerista (art. 18, §
1º, incs. I e II).
Pois, com apenas 01 (um) mês, o Requerente levou o produto para a assistência
pela detectação do vício oculto. Daí, podendo-se levantar do presente caso 02 (duas)
hipóteses: 1) o televisor de LED, de marca SAMSUNG, modelo UN55EH6030GXZ, série
Y1MH3XEC8017622, realmente não tem a menor possibilidade de continuar no
mercado, pois, o mesmo não consegue cumprir a função a que se destina ou, 2) a
assistência técnica prestada pela Promovida é totalmente despreparada para
manusear o referido televisor.
Vejamos o que o ilustre mestre ZELMO DENARI discorre acerca do tema:
“Embora o art. 18 faça referência introdutória às duas espécies
de vícios (qualidade e quantidade), seus parágrafos e incisos
disciplinam, exclusivamente, a responsabilidade dos
fornecedores pelos vícios de qualidade dos produtos, ou seja, por
aqueles vícios capazes de torná-los impróprios, inadequados ao
consumo ou lhes diminuir o valor.”
(...)

A propósito, vejamos quais são as sanções previstas no §1º do aludido dispositivo,


para reparação dos vícios de qualidade dos produtos.
“Em primeira intenção, o dispositivo concede ao fornecedor a oportunidade de
acionar o sistema de garantia do produto e reparar o defeito no prazo de 30 dias.
Não sendo sanado o vício, no prazo legal, o consumidor poderá exigir, à sua
escolha, três alternativas:
I – a substituição do produto por outro da mesma espécie em
perfeitas condições de uso;
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do preço.
(...)

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Quanto à segunda alternativa do consumidor, que determina “a restituição


imediata da quantia paga”, tenha presente que o conceito de imediatismo é relativo e,
sendo certo que numa conjuntura inflacionária, essa restituição deve ser corrigida
monetariamente, prevalecendo a data-base do efetivo pagamento do produto.” (Código
Brasileiro de Defesa do Consumidor. Comentado Pelos Autores do Anteprojeto, Rio de
Janeiro, Forense Universitária, 2001, p. 186).
Neste sentido a Apelação Cível no Juizado Especial : ACJ 20040310171864 DF
reconheceu que:
1. FORNECEDOR E FABRICANTE TÊM A OBRIGAÇÃO DE COLOCAR
NO MERCADO PRODUTOS DE BOA QUALIDADE, SENDO
RESPONSÁVEIS POR EVENTUAIS FALHAS E NÃO SE DESOBRIGAM
DE PRESTAR A DEVIDA GARANTIA AO PRODUTO OU SERVIÇO
(ART. 24 DO CDC).
2. SE O DEFEITO APRESENTADO NO PRODUTO, AINDA SOB
GARANTIA, NÃO DECORREU DE CULPA EXCLUSIVA DA
CONSUMIDORA, RESPONDEM FORNECEDOR E FABRICANTE,
SOLIDARIAMENTE, PELO VÍCIO DO PRODUTO, DEVENDO
PROVIDENCIAR A SUA SUBSTITUIÇÃO POR OUTRO DA MESMA
ESPÉCIE, EM PERFEITAS CONDIÇÕES DE USO (ART. 18, § 1º, DO
CDC). 5. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.” (grifo nosso)

Tal afronta merece ser reparada de forma exemplar, pois atentou à dignidade
humana em níveis que o Promovente não esperava encontrar.
A situação acima exposta, leva qualquer pessoa à indignação. O que não foi
diferente com o Promovente, vez que se sentiu indignado, lesado, e, ainda, exposto ao
ridículo, abatendo-o e abalando-o moralmente.
Frise-se que os danos morais e materiais aqui solicitados atende ao critério de
reparação, e, de coibir tal atitude abusiva em flagrante desrespeito à lei e a dignidade da
pessoa humana. Para tanto, não atenta ao enriquecimento ilícito, mas ao de se fazer
justiça.

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Sendo assim, o Requerente faz jus ao recebimento integral e devidamente


corrigido da quantia de R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais) paga pelo televisor
em tela ou o recebimento de um televisor novo, de igual valor, de modelo diverso e em
perfeitas condições de uso, nos termos do art. 18, § 1º, inc. I e II da lei 8.078/90.
E, mais, o ressarcimento de R$ 689,50 (seiscentos e oitenta e nove reais,
cinquenta centavos), pelo pagamento de dois meses à TV a cabo, sem utilizá-la por culpa
exclusiva da Requerida.
Outrossim, depreende-se do art. 18 da lei 8.078/90, que independentemente de se
utilizar deste dispositivo, o uso de suas alternativas não impede a cobrança de reparação
dos danos causados pelo fornecedor.

DOS DANOS MORAIS E MATERIAS


A apregoada doutrina da pena privada contra o ressarcimento dos danos materiais
já está em há muito plenamente refutada.
A Requerida ao arrepio da Lei, ao invés de reparar o televisor no período de trinta
dias, não o fez, e, após esses trinta dias, não a trocou por outra, muito menos, restituiu o
valor pago, e, ainda deixou o consumidor sem nenhuma expectativa de quando esta seria
trocada, tanto é assim, que se passaram mais de sessenta dias, e até a presente data, a
troca não foi realizada, por tais razões, a Requerida optou por correr o risco de colocar o
Requerente nesta situação de infortúnio, aborrecimento, e dano material, vez que sem
informações, e expectativa de troca, outra alternativa não restou, a não ser recorrer a via
judicial para deslinde da questão.
A tristeza e a solidão decorrentes de aborrecimentos, aflições e transtornos,
podem ser amenizadas, sem dúvida, pois, na vida, alegrias e tristezas se alternam. Há,
assim, constante procura de equilíbrio.
Nessa linha de pensamento, a alegria, o prazer e o entretenimento que somente o
dinheiro é capaz de permitir, ajudam a proporcionar euforia às pessoas. Isso enseja o
afastamento, o mais possível, dos sofrimentos físicos e morais. “Por isso, os danos morais,

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ainda que ditos irreparáveis, não podem deixar de ter sua reparação." (in Dano Moral,
Christino Almeida do Valle, 1994, pág. 46).
“O próprio direito positivo legitima a possibilidade de
ressarcimento de interesses extra patrimoniais, podendo a parte
prejudicada reclamar indenização pecuniária em razão de dano
moral, embora não se peça um "preço" para a dor sentida
(presente ou pretérita), mas, tão-somente que lhe seja
outorgada "um meio de atenuar, em parte, as conseqüências da
lesão jurídica sofrida"”.

Perfilando o mesmo entendimento, a legislação brasileira assegura a indenização


por dano moral, prevista no artigo 5º, incisos V e X da Constituição Federal.
Entendimento aplausível de Christino Almeida do Vale, esclarece que:
"É certo, repita-se enfatizar, que o dinheiro não tem o condão de
pagar o preço do sofrimento. Contudo, de modo indireto, é
elemento capaz de amenizá-lo, visto como inexiste dinheiro que
possa, embora com todo o seu poder, extinguir a dor.
No entanto, a reparação não deixa de ser um sucedâneo, em
conforto ou que, possivelmente, amenize o padecimento por
mais duro que seja. Nessa angustia, o sofrimento pode não ser
erradicado totalmente, mas há um lenitivo amenizador, de vez
que o passado não pode ser extinto, porém o futuro pode ser
melhorado. Demais disso, se o dano, conforme o direito, não
pode deixar de ser ressarcido, sempre haverá uma solução, que,
embora não seja o ideal, pode, no entanto, concorrer muito para
levantar a moral do lesado." (in Dano Moral, Christino Almeida
do Valle, 2ª Ed., 1994, pág. 63).

A prestação pecuniária, cuja função seria satisfatória, não pretende refazer o


patrimônio, mas proporcionar ao lesado uma compensação, devida pelo que este sofreu,
amenizando as agruras oriundas do dano não-patrimonial.
Justa e devida, portanto, a indenização a título de danos morais e materiais,
porquanto dotada de respaldo legal, a ser arbitrada em função da dor física e moral que
experimentou por culpa exclusiva da Requerida.

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A vulnerabilidade a que esteve exposto o Requerente, inviabiliza a consecução dos


ditames constitucionais, e, para tanto, requer a interferência jurisdicional para sanar tal
descalabro.

DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA


Inicialmente, cumpre-me o dever de enfatizar que é perfeitamente cabível a
antecipação dos efeitos da tutela de mérito em sede dos Juizados Especiais. Senão,
vejamos o que diz a Desembargadora do TRF da 3ª Região e ex-coordenadora dos Juizados
Federais de São Paulo e Mato Grosso do Sul, MARISA FERREIRA DOS SANTOS em sua obra
acerca dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais:
“Os princípios norteadores da Lei 9.099/95 (art. 2º), somando à
previsão de ampla liberdade do juiz na apreciação das questões
que lhe são submetidas (art. 6º), autorizam concluirmos pelo
cabimento da tutela antecipada, genérica (art. 273 do CPC) e
específica (art. 461, §3º, do CPC), e também das liminares
cautelares no Sistema dos Juizados Especiais. Esta, aliás, é a
conclusão unânime do I Encontro de Juízes e Juizados Especiais
da Capital e da Grande São Paulo, cujo Enunciado 19 estabelece
que “é cabível a antecipação de tutela nos processos que
tramitam no Juizado Especial Cível”.

Nesse sentido:
“São cabíveis a tutela acautelatória e a antecipatória em sede
dos Juizados Especiais Cíveis, em caráter incidental” (II Encontro
Nacional dos Coordenadores de Juizados Especiais, Cuiabá,
dezembro de 1997, Conclusão 8).

“É compatível com o rito estabelecido pela Lei n. 9.099/95 a tutela antecipada a


que alude o art. 173 do CPC” (Enunciado 6 da 1ª Reunião realizada com os Juízes de Varas
Cíveis e dos Juizados Especiais do Rio de Janeiro, dezembro de 1995).” (Marisa Ferreira
Dos Santos, Sinopses Jurídicas. Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Federais e Estaduais.
São Paulo, Ed. Saraiva, 2004, p. 99).

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O uso da tutela cautelar com o fim satisfativo, ou como técnica de antecipação da


tutela de conhecimento, aliado ao problema, que se verificava com muita frequência na
prática forense, da desnecessária duplicação de procedimentos para a tutela do direito
material e da impossibilidade da realização de parcela do direito evidenciado no curso do
processo, levou o legislador brasileiro a introduzir no Código de Processo Civil a norma
que hoje consta no art. 273, in verbis:

“Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, anterior, total


ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido
inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da
verossimilhança, da alegação e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação; ou
II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o
manifesto propósito protelatório do réu.
(...)
§6º A tutela antecipada também poderá ser concedida quando
um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcelas deles, mostrar-
se incontroverso.”

O art. 273 afirma que “o juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou
parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova
inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação”.
Sendo assim, para a concessão da tutela antecipatória em caso de fundado receio
de dano se faz necessário o preenchimento de 02 (dois) pressupostos básicos: 1) alegação
verossímil e 2) fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.
Ocorre que a documentação acostada e a situação trazida a juízo são hábeis a
satisfazer ambos os requisitos. Senão, vejamos:
Primeiro, a prova inequívoca e verossimilhança das alegações:
O juiz deve convencer-se da certeza da pretensão do autor para conceder a tutela.
Este parece ser o sentido da expressão verossimilhança da alegação, que importa em o
juiz acreditar que a alegação da parte é verdadeira para deferir a tutela. A verossimilhança
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envolve a probabilidade de a situação narrada na petição inicial ser verdadeira. Seria uma
forma de fumaça do bom direito (fumus boni iuris).
Por prova inequívoca deve-se entender, de preferência, a prova documental (como
depreende-se do inciso I do art. 814 do CPC e do art. 902 do mesmo código) ou inconteste
dos fatos alegados na inicial, de que não paire qualquer dúvida.
Satisfaz o requisito da “prova inequívoca e verossimilhança das alegações”, no
presente caso, a juntada da ordem de serviço emitida pela Promovida, a Nota Fiscal da
Compra, e, pagamento da TV a cabo (docs. em anexo), aptas a demonstrar que a
Requerida não efetuou os reparos no televisor do Promovente, tão pouco efetuou a
troca , e, até o presente momento continua na assistência.
De segundo, o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação que o
Promovente está na iminência de sofrer, pois, o televisor em tela pode levar o Requerente
a desinformação, e, insegurança, acarretando, inclusive, risco de vida, como foi o caso em
que na paralisação geral, somente 30% (trinta por cento) do efetivo civil trabalharam, e
este, sem a arma necessária, qual seja a informação, fica a deriva da própria sorte.
Ademais, um dos maiores Mestres sobre Tutela Antecipada, o ilustre LUIZ
GUILHERME MARINONI em sua obra sobre Processo Civil, assim discorreu sobre a
concessão da antecipação da tutela de mérito:
“A tutela antecipatória pode ser concedida no curso do processo
de conhecimento, constituindo verdadeira arma contra os males
que podem ser acarretados pelo tempo do processo, sendo viável
não apenas para evitar um dano irreparável ou de difícil
reparação (art. 273, I, CPC), mas também para que o tempo do
processo seja distribuído entre as partes litigantes na proporção
da evidência do direito do autor e da fragilidade da defesa do réu
(art. 273, II e §6º, CPC).
Em última análise, é correto dizer que a técnica antecipatória
visa apenas a distribuir o ônus do processo. É preciso que os
operadores do direito compreendam a importância do novo
instituto e o usem de forma adequada. Não há motivos para
timidez no seu uso, pois o remédio surgiu para eliminar um mal

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que já está instalado, uma vez, que o tempo do processo sempre


prejudicou o autor que tem razão. É necessário que o juiz
compreenda que não pode haver efetividade sem riscos. A tutela
antecipatória permite perceber que não é só a ação (o agir, a
antecipação) que pode causar prejuízo, mas também a omissão.
O juiz que se omite é tão nocivo quanto o juiz que julga mal.
Prudência e equilíbrio não se confundem com medo, e a lentidão
da justiça exige que o juiz deixe de lado o comodismo do antigo
procedimento ordinário – no qual alguns imaginam que ele não
erra – para assumir as responsabilidades de um novo juiz, de um
juiz que trata dos “novos direitos” e que também tem que
entender – para cumprir sua função sem deixar de lado sua
responsabilidade social – que as novas situações carentes de
tutela não podem, em casos não raros, suportar o mesmo tempo
que era gasto para a realização dos direitos de sessenta anos
atrás, época em que foi publicada a célebre obra de
CALAMANDREI, sistematizando as providências cautelares.” (Luiz
Guilherme Marinoni, Manual do Processo de Conhecimento. São
Paulo, Ed. Revista dos Tribunais, 2004, p. 234).

Na verdade, o instituto da tutela antecipatória desempenha papel fundamental no


equacionamento e solução de grande parte dos problemas que hoje preocupam não só o
Poder Judiciário, mas, sobretudo o seu destinatário: o jurisdicionado.
Outrossim, acerca da concessão da Tutela Antecipada sem a oitiva da parte
contrária (inaudita altera pars), o preclaríssimo mestre LUIZ GUILHERME MARINONI assim
ensina:
“A tutela antecipatória baseada em “fundado receio de dano
irreparável ou de difícil reparação” pode ser deferida em vários
momentos, como por exemplo, antes da ouvida do réu.
A necessidade da ouvida do réu poderá comprometer, em alguns
casos, a efetividade da própria tutela urgente. A tutela urgente
poderá ser concedida antes da ouvida do réu quando o caso
concreto a exigir, isto é, quando o tempo necessário à ouvida do
réu puder comprometer a efetividade do direito afirmado e
demonstrado como provável.”(Luiz Guilherme Marinoni, Manual
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do Processo de Conhecimento. São Paulo, Ed. Revista dos


Tribunais, 2004, p. 256).

Finalmente, a melhor doutrina reconhece que a tutela antecipada pode ser


concedida em face de qualquer modalidade de sentença:
“É óbvio que a tutela antecipatória pode ser concedida em face
das sentenças mandamental e executiva. Os arts. 461 e 461-A do
CPC (relativos às “obrigações” de fazer e de não-fazer e de
entregar coisa), que permitem ao juiz proferir tais sentenças,
ordenando sob pena de multa ou determinando medidas
executivas (cf. art. 461, §§4º e 5º), afirmam expressamente (arts.
461, §3º, e 461-a, §3º) que o juiz pode conceder tutela
antecipatória.” (Luiz Guilherme Marinoni, Manual do Processo
de Conhecimento. São Paulo, Ed. Revista dos Tribunais, 2004, p.
260).

Portanto, diante da presença dos requisitos e a finalidade de se evitar dano


irreparável ao Requerente, o mesma faz jus a concessão da antecipação dos efeitos da
tutela de mérito obrigando a Promovida a devolver a quantia de R$ 2.400,00 (dois mil e
quatrocentos reais) paga pelo televisor em tela, devidamente corrigida, ou o
recebimento de um televisor novo, de igual valor, de modelo diverso e em perfeitas
condições de uso, nos termos do art. 18, § 1º, inc. I e II da lei 8.078/90.
E, mais, o ressarcimento de R$ 689,50 (seiscentos e oitenta e nove reais,
cinquenta centavos), pelo pagamento de dois meses à TV a cabo, sem utilizá-la por culpa
exclusiva da Requerida, sob pena de multa diária de R$ 100 (cem reais) a ser arbitrada por
este nobre julgador(a).

DO PEDIDO
Diante de todo o exposto, requer o Requerente que se digne Vossa Excelência de:
a) Conceder os benefícios da gratuidade judiciária com base na Lei nº 1.060/50, em
razão do Promovente tratar-se de pessoa hipossuficiente, não tendo meios de custear as
despesas processuais e de arcar com um preparo de um eventual Recurso Inominado sem
prejuízo do sustento próprio ou de sua família;
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Rua Trinta e Um de Marco, nº. 51, Eng. Velho da Federação - Salvador/Bahia
Salvador – Bahia - CEP: 40.221-040
ADVOCACIA CÍVEL E CONSULTORIA OPERATIVA.

Cristiane S. de Jesus
Advogada

b) Conceder, nos termos do art. 6º, inc. VIII do CDC, a inversão do ônus da prova
em favor do Promovente;
c) Determinar a citação da Promovida no endereço inicialmente indicado para,
querendo, contestar o feito, bem como comparecer às audiências designadas por esse
juízo, sob pena de revelia;
d) Conceder na conformidade do art. 18 e incisos da Lei 8.078/90, do art. 273, inc.I,
§3º c/c o art. 461 e incisos do CPC, a Tutela Antecipada de forma “initio littis” e “inaudita
altera pars”, para os fins de a Requerida ser obrigada a devolver a quantia de R$ 2.400,00
(dois mil e quatrocentos reais) paga pelo televisor em tela, devidamente corrigida, ou
o recebimento de um televisor novo, de igual valor, de modelo diverso e em perfeitas
condições de uso, nos termos do art. 18, § 1º, inc. I e II da lei 8.078/90. E, o ressarcimento
de R$ 689,50 (seiscentos e oitenta e nove reais, cinquenta centavos), pelo pagamento de
dois meses à TV a cabo, sem utilizá-la por culpa exclusiva da Requerida, sob pena de
multa diária de R$ 100 (cem reais) a ser arbitrada por este Nobre Julgador(a);
e) Ao final, julgar procedente a presente demanda e acolher os pedidos para:
e.1) Confirmar a antecipação dos efeitos da tutela pretendida, nos termos do art.
18 e incisos da Lei 8.078/90, para que a Requerida seja obrigada a devolver a quantia de
R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais) paga pelo televisor em tela, devidamente
corrigida, ou o recebimento de um televisor novo, de igual valor, de modelo diverso e em
perfeitas condições de uso, nos termos do art. 18, § 1º, inc. I e II da lei 8.078/90. E, o
ressarcimento de R$ 689,50 (seiscentos e oitenta e nove reais, cinquenta centavos), pelo
pagamento de dois meses à TV a cabo, sem utilizá-la por culpa exclusiva da Requerida;
e.2) Condenar a Demandada, nos termos dos art. 5º, inc. V da CF/88 c/c art. 186 e
art. 927 do CC/2002 e art. 6º, inc. VI da Lei. 8.078/90 a pagar à Promovente a quantia justa
e razoável de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de indenização por danos morais;
f) Condenação da Promovida ao pagamento de custas e honorários advocatícios;
g) A produção de todos os meios de prova em direitos admitidos, inclusive
documental;
h) Juntada de documentos necessários à propositura do feito.
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Cristiane S. de Jesus
Advogada

Dá-se a causa o valor de R$ 13.089,50 (treze mil, oitenta e nove reais, cinquenta
centavos) .

Nestes termos,
Pede deferimento.

Salvador, 23 de novembro de 2013.

Cristiane Santana de Jesus

OAB – BA nº. 36.525

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