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Leandro Lemes 013203

Disciplina: ESCRITÓRIO MODELO Professora: Priscilla Guimarães 8º e 10º

ATIVIDADE 03

Tiago adquiriu, da Magnum Eletrônica Ltda., aparelho portátil de rádio e reprodutor de CDs, pelo preço de R$
400,00 (quatrocentos reais). Passados quatro meses da compra, Tiago, sem ter antes procurado o serviço de
atendimento ao consumidor da Magnum Eletrônica, dirigiu-se ao Juizado Especial Cível da Comarca de Vitória
e ali aforou ação visando ao recebimento de indenização, porque desde o momento da compra havia percebido
que a antena externa do aparelho estava danificada, o que impedia o rádio de funcionar. A indenização pedida
era de R$ 600,00 (seiscentos reais), valor equivalente ao preço de aparelho de nível superior, o que, no entender
de Tiago, ajudá-lo-ia a compensar os contragostos decorrentes da compra do aparelho danificado. 
QUESTÃO: Na qualidade de advogado da Magnum Eletrônica, atue no seu interesse considerando que a
audiência de tentativa de conciliação restou infrutífera.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA DO


JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE VITÓRIA

Autos: nº...

MAGNUM ELETRÔNICA LTDA., empresa com qualificação e endereço


completos, vem à presença de Vossa Excelência, com o devido respeito, por
intermédio de seu advogado (procuração anexa), para, com fundamento no artigo 18
do Código de Defesa do Consumidor, apresentarem a presente CONTESTAÇÃO à
ação condenatória proposta por TIAGO, já qualificado, com base nos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

I - DOS FATOS

Nessa ação, a autora pleiteia indenização por perdas materiais e morais. A


denúncia argumentou que a autora obteve da ré (“CD player”) um equipamento
eletrônico no valor de 400,00 reais (quatrocentos reais), e desde a data da compra o
produto foi considerado defeituoso (com defeito na antena externa).
Deduz-se ainda da denúncia que a reclamação foi impetrada quatro meses após
a compra do produto, sendo que a autora não havia entrado com reclamação
anteriormente e permaneceu em silêncio até o momento.
Diante disso, é solicitada a indenização de 600,00 reais (seiscentos reais), valor
este que, segundo o autor, é suficiente para a aquisição de equipamentos de nível
superior, “compensando assim o incômodo causado pela compra de equipamentos
danificados”.

II - DO MÉRITO

Com respeito ao autor, esse pedido deve ser julgado improcedente. No caso
está buscando enriquecimento ilícito, como vou demonstrar.

O direito de reclamar por eventuais vícios existentes no referido bem já foi


vitimado pela decadência.
Como visto no relato dos fatos, o produto já foi comprado há 4 (quatro) meses, sendo
que o direito de reclamar dos vícios aparentes caduca em 90 (noventa) dias, que
corresponde ao período de 3 (três) meses.

É o que se percebe da simples leitura do disposto no art. 26, II, do CDC (Lei
8.078/90).
“Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação
caduca em:
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos
duráveis.”

Tal artigo é expresso ao reconhecer como de 90 (noventa) dias o prazo de


decadência para reclamar de vícios de fácil constatação de bens duráveis.

É indubitável que uma antena externa quebrada de um equipamento de som se


enquadra como um "vício aparente" em um "produto durável".

Destarte, certo é que estamos diante da decadência, o que acarreta a extinção


do processo com resolução de mérito, nos termos do art. 487, II, do Código de
Processo Civil.
“Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência
ou prescrição.”

Na hipótese de não reconhecer a decadência, não resta dúvida de que, no caso,


inexiste o alegado dano moral.
Dano moral não é qualquer aborrecimento corriqueiro que todos os que vivem
em sociedade estão sujeitos. Para que se configure tal espécie de dano, é
imprescindível uma situação verdadeiramente vexatória e capaz de causar angústia.
E, no caso concreto, não há qualquer "aborrecimento" sofrido pelo Autor. Por
mais que se leia a inicial, não há nada ali que indique um efetivo dano.
Vale lembrar que o próprio CDC já prevê solução para o caso de produtos
danificados. Referimo-nos aqui no art. 18 de tal diploma legal.

“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis


respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o
valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir
a substituição das partes viciadas.

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o


consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas
condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.”

Como se percebe da simples leitura de tal dispositivo, constatado um vício no


produto, e caso não sanar tal vício pelo fornecedor no prazo de 30 (trinta) dias, pode o
consumidor exigir a troca do produto por outro ou a restituição dos valores pagos,
devidamente corrigidos ou o abatimento do valor.
Portanto, a própria legislação consumerista traz as soluções para o caso de
vício do produto, não havendo qualquer previsão em relação ao cabimento de dano
moral, o que inviabiliza o pedido formulado pelo Autor.
E a situação é ainda mais gritante no caso concreto, pois não houve qualquer
atitude da Ré em relação ao suposto vício, visto que o Autor não formulou qualquer
reclamação junto a esta empresa.
Portanto, inexiste qualquer conduta da Ré capaz de ter dado causa ao
propalado dano, o que afasta qualquer possibilidade de responsabilização civil, artigo
186 do Código Civil.

III - DO PEDIDO

Ante o exposto, pedem e requerem os Réus a Vossa Excelência:

a) o reconhecimento da decadência, com a extinção do processo com resolução de


mérito;

b) caso assim não entenda Vossa Excelência, a improcedência de qualquer


indenização referente a danos morais;

c) protesta provar o alegado por todos os meios de prova previstos em lei,


especialmente pelos documentos já juntados aos autos.

Termos em que,
pede deferimento.

Vitória, *** de *** de 2016.

ADVOGADO

OAB

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