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AUGUSTO JUÍZO DE DIREITO DO __° JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA

COMARCA DE PORTO VELHO/RO.

REGINA CLARA CUNHA DE PRADO, brasileira, solteira,


arquiteta, portadora do RG nº 1422527 - SSP/RO, inscrita no
CPF de nº 044.500.423-16, residente e domiciliada na Rua
Paulo, nº 6436, Bairro Aponiã, CEP: 76.824-082, Porto Velho –
RO, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
através de seus advogados in fine assinados, procuração em
anexo, com escritório profissional na nota de rodapé, onde
recebe as intimações e notificações de estilo, com fulcro no
art. 319 e 320 do CPC propor a presente:

AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS POR VÍCIO


REDIBITÓRIO E DANOS MORAIS
Em face de FRIOAR PVH, pessoa jurídica de direito
privado, matriz inscrita no CNPJ sob o nº 00.280.273/0001-37,
com sede na Av. Pref. Chiquilito Erse, n° 3288, Bairro
Flodoaldo Pontes Pinto, CEP: 76820-408, Porto Velho - RO,
pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir aduzidos:
1. DOS FATOS

1.1. DO PRODUTO ADQUIRIDO


A Requerente adquiriu um ar condicionado Split no dia 12
de fevereiro de 2023 com a empresa Requerida.
O produto foi adquirido e o valor pago pelo produto perfez
o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), entretanto, após a entrega
do produto o ar condicionado começou a apresentar uma série de
defeitos.
O ar condicionado adquirido, apresentava uma falha e não
estava refrigerando o ambiente, o que não era de se esperar de
um produto novo e que deveria estar em perfeito estado.
Assim que a Requerente se deparou com tais vícios no
aparelho comprado, a mesma decidiu ir até a franquia da
empresa Requerida no dia 22 de fevereiro de 2023, após entrar
em contato com o fornecedor, a empresa Requerida se dispôs a
prestar o serviço de assistência técnica, onde realmente foi
constatado um problema.
Tal contato se deu logo após a Requerente tomar
conhecimento dos defeitos existentes no produto.
Sendo necessário que a Requerente tentasse por diversas
vezes entrar em contato com a empresa, para pedir a troca ou o
conserto do produto. Tal que, nesta data na sua cidade, o
calor se encontra constante, e a Requerente necessita do
aparelho para uso diário.
Ressalta-se, que a empresa Requerida se comprometeu a
consertar o produto adquirido, todavia conforme demonstra-se
ao longo do presente relato, a empresa não conseguiu se
adimplir do seu compromisso.

1.2. DO REPARO DO PRODUTO


A parte Requerente sempre tentou obter solução a respeito
do problema com a empresa vendedora do produto, ora Requerida,
todavia está sempre se esquivou de sua a responsabilidade.
DA PRIMEIRA TENTATIVA DO REPARO
Nessa oportunidade, foi trocado o termostato do
aparelho. Todavia, apesar disso, o problema persistiu,
entretanto, o produto retornou com o mesmo defeito, ou seja, a
falha não fora reparada mesmo depois de sua troca.
A parte Requerente sempre tentou obter solução a respeito
do problema com a empresa vendedora do produto, todavia está
sempre se esquivou de sua a responsabilidade.
Vale ressaltar, após transcorrido 30 dias, a Requerente
exigiu um novo aparelho, visto que, já havia mandado para a
assistência técnica e nenhuma dessas tentativas, o problema
foi solucionado.
A Requerente tentou resolver por diversas vezes
amigalvemente e tentar chegar em alguma solução para o defeito
do ar condicionado, contudo, a Requerida não disponibilizou
opção para o problema da Requerente.
Após diversas tentativas frustradas, a Requerente
solicitou que fosse disponibilizado pela Requerida um novo ar
condicionado, algo que a empresa se recusou a fazer, mesmo com
a Requerente com o seu direito resguardado pela garantia do
aparelho.
Ressalta-se, que a empresa Requerida não deu a mínima para
a troca do produto, todavia conforme demonstra-se ao longo do
presente relato, a empresa não conseguiu se adimplir do seu
compromisso.
É notória a responsabilidade da Requerida, tendo em vista,
as diversas tratativas da resolução administrativa do vício
redibitório do produto adquirido junto a Requerida, por
conseguinte essa conduta se reverbera devido as inúmeras
tentativas da troca do produto.
Desta forma, resta evidenciado o sentimento de frustração
e importância da Requerente em não ver sanado o problema de
forma administrativa, qual seja, a troca do produto adquirido
ou o ressarcimento do valor.
Com efeito as provas elencadas no presente exordial
demonstram a negligência da Requerida para solucionar o
problema, haja vista que as diversas reclamações não
solucionaram o problema.
Inconformada com tal situação, a Requerente não viu
alternativa a não ser buscar a Tutela Jurisdicional do Estado,
por meio da presente Ação, a fim de dirimir o conflito.

1.3. DA FALTA DE SUPORTE PELA REQUERIDA


Foram várias as tentativas de resolução do presente
problema, se não bastasse a indiferença e negligência com a
Requerente, a Requerida até o presente momento não mandou um
novo produto para a consumidora ou sequer lhe deu notícias
sobre quando chegaria, mesmo com vários contatos realizados
pela Requerente pleiteando tais informações, onde não lhe foi
entregue qualquer protocolo.
As condutas da Requerida promovem ofensa ao direito da
Requerente, que adquiriu um bem e não pode de ele usufruir,
importando em ato ilícito na condução da questão pela
Requerida, que acaba por causar danos ao patrimônio material e
imaterial da Requerente.
Por conseguinte, a parte Requerente propõe a presente ação
visando a reparação pelos danos materiais sofridos e pelos
danos morais decorrentes de diversos meses de morosidade e
relapso da empresa Requerida, que nunca se preocupou em
consertar o produto que foi adquirido com vício redibitório.
Como debalde foram os esforços realizados pela Requerente
para a resolução da presente questão, acaba por propor a
presente demanda para ver resolvida a sua pretensão.

2. DO DIREITO
2.1. DANOS MORAIS
O direito da Requerente encontra-se amparado pela
Constituição Federal em seu artigo 5º, nos incisos X e XIV,
que informam:
Art. 5º. (...) X – São invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas assegurando o direito
à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação. (...) XIV – é assegurado a todos o acesso à
informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário
ao exercício profissional.
Em arrimo a esta preservação a legislação consumerista que
protege a requerente, indo nesta linha de pensamento, o artigo
6º da Lei supracitada, que traça diversos direitos elencados
em prol de salvaguardar o consumidor de abusividades,
exaurindo a referida norma:
“Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: (...)
IV – A proteção contra a publicidade enganosa e
abusiva, métodos comerciais coercitivos ou
desleais, bem como contra práticas e cláusulas
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e
serviços; (...) VII - A facilitação da defesa de
seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a
critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiência; (...) X – A adequada e
eficaz prestação dos serviços públicos em geral.”

Dessa forma, a Requerida faltou com sua obrigação de


fornecedor com adequada e eficaz prestação de seus serviços
com a consumidora, que ficou à mercê da assistência técnica da
Requerida, que tampouco não resolveu o problema do seu ar
condicionado. Se tudo isso ainda não bastasse, a empresa ora
Requerida ainda afrontou diretamente o preceituado no artigo
39, do mesmo Código de Defesa de consumidor, que reza:
“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou
serviços, dentre outras práticas abusivas: (...) V
– Exigir do consumidor vantagem manifestamente
excessiva; ”

No caso em tela, vemos que há algo demasiadamente


excessivo, haja vista o fato da Requerida ter recebido pelo
seu serviço, o qual era entrega de um produto mediante
pagamento, entretanto a mesma recebeu um objeto com defeito. O
dano moral e o dano à honra são reparáveis pelo mal subjetivo
que causam às vítimas, independentemente dos reflexos
patrimoniais por ele carreados.
Este tipo de dano como bem define José Rafaelli Santini
(1997, P.30): “é indenizável, pois constitui reação emotiva da
qual os autores seriam poupados, não fora a ocorrência do fato
Danoso por culpa do réu. ” (O DANO MORAL. Pg. 30- Ed. De
Direito, 1997).
O direito da Requerente também está resguardado pelo art.
186 do Código Civil que assim se posiciona:
“Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

A Causa do ato ilícito na presente demanda, é o fato da


Requerente ter pagado por um objeto que não funciona
corretamente e a empresa Requerida não ter mais devolvido o
mesmo, nem sequer dado notícias quanto ao seu conserto. Nessa
linha de Raciocínio, Orlando Gomes, em seu livro OBRIGAÇÕES,
(pág. 330 6° Edição, Ed. Forense) dispõe que:
“Dano moral é, portanto, o constrangimento que
alguém experimenta em consequência de lesão em
direito personalíssimo, ilicitamente produzida por
outrem. Não obstante, prevalece a doutrina da
ressarcibilidade do dano moral. ”

Com efeito, fica claro então que a doutrina acata a


possibilidade de ressarcimento do dano moral causado por
outrem, fato que ocorreu no caso em tela. Ainda vale lembrar
os seguintes julgados exauridos; como in verbis:
“Todo e qualquer dano causado a alguém, ou a seu
patrimônio, deve ser indenizado, de tal obrigação
não se excluindo o mais importante deles, que é o
dano moral, que deve autonomamente ser levado em
conta. ” (RT 270/190) “Dano moral puro.
Caracterização sobrevindo, em razão de ato ilícito,
perturbação nas relações psíquicas, na
tranquilidade, nos sentimentos e nos afetos de uma
pessoa, configura-se o dano moral, passível de
indenização. (RTSTJ 34/285)
Levando em conta precedentes regionais, acerca de dano
moral para casos como em tela, a turma recursal já deferiu
danos morais nos seguintes termos:
DANO MORAL E MATERIAL. DEFEITO DO PRODUTO. APARELHO
CELULAR. Responde o fornecedor do produto pelo
defeito oculto no aparelho, bem como por alongar
desnecessariamente o caminho para a solução
definitiva do caso, devendo arcar

Com a reparação dos prejuízos materiais,


consistentes na restituição do valor do objeto, e
imateriais, relativos ao dano moral. (AC n.
0154769- 96.2008.8.22.0001, relator para o acórdão
Des. COSTA, Roosevelt Queiroz. julg. em
20/07/2011).

EMENTA RECURSO INOMINADO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO -


PRODUTO DEFEITUOSO - DANOS MORAIS E MATERIAIS -
CABIMENTO ? FIXAÇÃO - CARÁTER PEDAGÓGICO ? SENTENÇA
REFORMADA. Deve o fornecedor indenizar o
consumidor, a título de dano moral, pelo sofrimento
e pelos transtornos causados pela aquisição de
produto defeituoso. Porto Velho - RO, 6 de maio de
2014.( Recurso Inominado Processo de Origem :
1003320-69.2012.8.22.0604 ; Recorrente: Elias Luiz
Barbosa 3661)Recorrido: DISMOBRAS - Imp. e Exp.
Dist. Móveis e El. S/A Relator: Juiz Amauri Lemes)

Com efeito, a Requerente requer R$ 10.000,00 (dez mil


reais) acerca de danos morais, acerca dos transtornos passados
nesses meses de negligência e irresponsabilidade da empresa
Requerida que não consertou o ar condicionad comprado, que
ainda possuía garantia.

2.2. DOS DANOS MATERIAIS E DO RESSARCIMENTO DO VALOR PAGO PELO


CONSUMIDOR
Em virtude dos fatos acima elucidados, fica claro e
evidente que a Requerida contrariou diversas normas legais com
sua atitude, tendo em vista vendeu produto eivado de diversos
vícios redibitórios, sendo uma dessas normas o artigo 927 do
código civil, que aduz:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e
187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
lo.

Em virtude da situação em que a Requerida criou, ainda


cabe ressaltar a busca pelo enriquecimento ilícito, tendo em
vista que Requerida foi pago pelo produto que não foi
utilizado de forma plena pelo consumidor, tendo vista a compra
do ar condicionado cheio de defeitos. Quanto a norma que
exaure sobre enriquecimento ilícito, o art. 884 do Código
Civil afirma:
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se
enriquecer à custa de outrem, será obrigado a
restituir o indevidamente auferido, feita a
atualização dos valores monetários.

Dessa forma, a Requerente requer o seu valor investido no


seu ar condicionado, pois claramente estar no prejuízo, devido
ao aparelho comprado não ter funcionado de forma plena. Em
arrimo a este pensamento, o Código de Defesa do Consumidor, em
seu artigo 18, preserva o direito do Requerente em ter o
ressarcimento do valor investido no produto:
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo
duráveis ou não duráveis respondem solidariamente
pelos vícios de qualidade ou quantidade que os
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que
se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como
por aqueles decorrentes da disparidade, com a
indicações constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
variações decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes
viciadas. § 1° Não sendo o vício sanado no prazo
máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha: I - a
substituição do produto por outro da mesma espécie,
em perfeitas condições de uso; II - a restituição
imediata da quantia paga, monetariamente
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e
danos; III - o abatimento proporcional do preço.
(Grifos nossos)

Nessa mesma linha de raciocínio, o art. 19 da mesma norma


supracitada, afirma:
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente
pelos vícios de quantidade do produto sempre que,
respeitadas as variações decorrentes de sua
natureza, seu conteúdo líquido for inferior às
indicações constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o
consumidor exigir, alternativamente e à sua
escolha: I - o abatimento proporcional do preço; II
- complementação do peso ou medida; III - a
substituição do produto por outro da mesma espécie,
marca ou modelo, sem os aludidos vícios; IV - a
restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos. (Grifos nossos)

Em virtude desse acontecimento, a Requerente requer o


ressarcimento do valor pago pelo aparelho defeituoso mais, que
equivale a quantia de R$ 1.000,00 (mil reais) da qual a
Requerente tem direito.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Código de Defesa do Consumidor inovou no Processo Civil
Brasileiro, por inverter o ônus da prova quando se tratar da
hipossuficiência do consumidor, que está presente na presente
demanda.
Tal situação é evidente pela leitura do art. 6º, VIII do
CDC, que descreve:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos,
inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor,
no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências;

Dessa forma, quem tem que tomar o interesse para a provar


é a Requerida que é torna a relação desproporcional e ainda,
configura a necessidade declarada a hipossuficiência.
Se a empresa Requerida fez a propaganda de forma indevida
do ar condicionado, cabe a ela provar qualquer alegação de que
não fizera ou não houvera, posto que ela que arcou com o ônus
de sua propaganda com o produto defeituoso.

3. DESVIO PRODUTIVO
A atitude da Requerida importa em dano moral a
Requerente, já que produz desvio produtivo nas atividades
diárias desta, já que tentava resolver a situação do produto
adquirido, que veio com o defeito mesmo com a garantia.
Para tentar resolver a questão, a Requerente realizou uma
série de contatos com a Requerida, o que não se deu em outras
vezes, mas que são provas cabais que demonstram as diversas
tentativas da parte Requerente solucionar o problema com a
empresa Requerida.
A aplicação da teoria do desvio produtivo do consumidor
vem se tornando cada vez mais comum, pois tratasse do tempo
perdido pelo cliente na tentativa de solucionar um problema
que não deu causa e que acarreta um dano indenizável. Diversos
consumidores têm acionado o Poder Judiciário em busca da
reparação do dano que resulta na injusta perda de tempo, com
embaraços, dificuldades, protelações, demora no atendimento,
consertos sabidamente falhos e outras práticas comerciais
abusivas de fornecedores de produtos e serviços. Sendo a este
dano conhecido como desvio produtivo.
Conforme diz Ricardo Pessoa de Mello Belli, “o desvio
produtivo é caracterizado quando o consumidor, diante de uma
situação de mau atendimento, precisa desperdiçar seu tempo e
desviar as suas competências de uma atividade necessária ou
por ele preferida para tentar resolver um problema criado pelo
fornecedor, a um custo de oportunidade indesejado, de natureza
irrecuperável. ”
Essa teoria se encaixa de forma clara na situação da
Requerente já que precisou procurar a Requerida para
solucionar um problema em que NÃO deu causa, tendo em vista
que foi uma falha na prestação dos serviços da Requerida, o
que fere dos princípios fundamentais da Constituição
Brasileira que é a Dignidade da Pessoa Humana.
Conforme Belli afirmou, em uma de suas ações da 19ª Câmara
de Direito Privado, “o episódio descrito lhe trouxe expressivo
sofrimento íntimo, digno de proteção jurídica, já que foi
injustamente cobrada, por débito regularmente satisfeito,
durante longo período. Experimentou desgaste, perda de tempo,
angústias e aflições. ”
Há de se reconhecer o dano moral no caso em comento,
aplicando o desvio produtivo do consumidor como causa deste
dano moral, pela qual a condenação deve considerar também o
desvio de competências do indivíduo para a tentativa de
solução de um problema causado pelo fornecedor, com sucessivas
frustrações diante da ineficiência e descaso deste.
Em acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferida
pelo Relator Ricardo Pessoa de Mello Belli, na 19ª Câmara de
Direito Privado, foi decidido que:
Apelação – Ação declaratória c.c. indenizatória –
Prestação de serviços – Telefonia móvel – Sentença de
acolhimento parcial dos pedidos – Autor que alega não ter
contratado os serviços de telefonia móvel, embora seja
cliente da ré em outros serviços – Ré que não se
desincumbe de demonstrar a efetiva contratação daquele
serviço – Ilícito no proceder da ré não mais discutido
nesta esfera recursal – Dano moral também caracterizado –
Ré que inclui o serviço de telefonia móvel na fatura dos
serviços efetivamente adquiridos e utilizados pelo autor,
passando, assim, a realizar o correspondente débito
automático, embora sabedora das reclamações do autor
quanto àquelas cobranças – Situação em que há de se
considerar as angústias e aflições experimentadas pelo
autor, a perda de tempo e o desgaste com as inúmeras
ligações e reclamações para solucionar a questão –
Hipótese em que tem aplicabilidade a chamada teoria do
desvio produtivo do consumidor – Indenização que se
arbitra na importância de R$ 5.000,00, sobretudo à luz da
técnica do desestimulo – Sentença reformada com a
proclamação da procedência integral da demanda e com
alteração da disciplina das verbas de sucumbência.
Dispositivo: Deram provimento à apelação.

O Desvio produtivo ocorre quando o consumidor tem que


dispor de uma grande parcela do seu tempo diária na tentativa
de resolução de questão junto ao fornecedor, que apresenta
empecilhos para a rápida resolução do problema existente entre
as partes. É isso que se deu no presente caso sub judice.

EX POSITIS,

Requer a citação da Requerida, inicialmente pelo correio


e, sendo esta infrutífera, por oficial de justiça, ou, ainda,
por meio eletrônico, tudo nos termos do art. 246, I, II e V,
do CPC.
Requer, com fulcro no art. 319, VII do CPC, que seja
determinada a designação de audiência de conciliação.
A inversão do ônus da prova, nos termos do artigo 6º,
VIII, do Código de Defesa do Consumidor;
Seja julgada PROCEDENTE a presente demanda para condenar a
Requerida a indenizar a Requerente pelos danos morais
sofridos, devendo está reparação importar no valor de R$
10.000,00 (dez mil reais), ante a longa espera na resolução do
presente problema e a necessidade de uma série de atos
diversos na busca pelo direito a troca/conserto do produto.
Seja a Requerida condenada a reparar os danos materiais
sofridos, no importe de R$ 1.000,00 (mil reais), valor
representativo do produto adquirido e que se encontrava com
defeito;
Requer que seja cominada a condenação da Requerida nas
custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do
art. 85 do CPC, quando cabível quando devidamente aplicável.

Requer seja concedida a Requerente os benefícios da


assistência judiciária gratuita, nos termos do art. 98 do CPC,
tendo em vista que não detém condições de arcar com despesas
processuais sem que lhe falte para o seu sustento e de sua
família.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal do
representante da Requerida, oitiva de testemunhas e demais
provas a serem produzidas.

Dá à causa o valor de R$ 11.000,00 (onze mil reais) nos


termos do art. 292, V do CPC.

Nestes termos,
pede deferimento.

Porto Velho, 29 de março de 2023.

DANNIELA LIMA LOPES


OAB/RO 7642

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