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XXXXXXXXXXXXXXXXX, qualificaçã o completa, por sua procuradora que a esta subscreve,

onde receberá as intimaçõ es, vem perante Vossa Excelência propor a presente:
AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
C/C PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA
Em face de COMPANHIA DE ÁGUA E ESGOTO DO CEARÁ - CAGECE, Pessoa Jurídica de
Direito Pú blico, Inscrita no CNPJ sob o nº 07.XXXXX/0001-57, com endereço na Av. Dr.
Lauro Vieira Chaves, 1030 – Vila Uniã o, Fortaleza/CE, CEP XXXXX-901, Fone: 0800 275
0195. Pelos fatos e fundamentos que a seguir passa a expor:
I. PRELIMINARES
DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
Preliminarmente, a Requerente pleiteia os benefícios da Justiça Gratuita, com fulcro na Lei
1.060/50, artigo 98 do Có digo de Processo Civil e artigo 5º LXXIV da Constituiçã o Federal,
pois nã o possui condiçõ es de arcar com os encargos decorrentes do processo, sem prejuízo
de seu pró prio sustento e de sua família, uma vez que a mesma é doméstica, passando por
situaçõ es financeiras difíceis, requerendo assim os benefícios da Justiça Gratuita
(conforme declaração de hipossuficiência juntada em anexo.)
DA TUTELA DE URGÊNCIA
Nos termos do artigo 300, do Có digo de Processo Civil, prevê a hipó teses de tutela de
urgência, a seguir:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir
caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa
vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação
prévia.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver
perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.”
De conformidade com o Có digo de Processo Civil, poderá o juiz conceder a tutela de
urgência, direito plenamente atribuível ao caso em tela, ante a robustez das alegaçõ es da
autora e da veracidade dos fatos, presentes ainda a probabilidade do direito e o perigo de
dano.
No caso em tela há elementos necessá rios para concessã o da tutela, como a
PROBABILIDADE DO DIREITO e PERIGO DO DANO causado à parte, o qual está
insculpido na pró pria matéria aqui alegada, tendo em vista que a autora está enfrentando
sérios transtornos em virtude da suspensã o do fornecimento de á gua resta evidenciada,
uma vez que há um idoso residente na casa, com 90 anos e uma criança com 03 meses
de vida (documentação em anexo).
Importante trazer à conhecimento, que o serviço de tratamento e abastecimento de á gua é
considerado serviço essencial, conforme aduz o artigo 11 da Resolução nº 414 da ANEEL,
senã o vejamos:
Art. 11. São considerados serviços ou atividades essenciais aqueles cuja interrupção
coloque em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.
Parágrafo único. Para fins de aplicação do disposto neste artigo, classificam-se como
serviços ou atividades essenciais nas unidades consumidora a seguir indicados;
I – Tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica,
gás e combustíveis;
Nesse sentido, aliá s, já se posicional o Tribunal de Justiça local, em diversas oportunidades:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. CORTE ADMINISTRATIVO DO FORNECIMENTO DOS
SERVIÇOS DE Á GUA E ESGOTO. ACRÉ SCIMO DESPROPORCIONAL EM RELAÇÃ O AO
HISTÓ RICO QUE PODE EVIDENCIAR IRREGULARIDADE NA MEDIÇÃ O. INSTRUÇÃ O
PROBATÓ RIA. RESTABELECIMENTO DO SERVIÇO.
RECURSO IMPROVIDO.
(...)
2. Isso porque, o documento de fl. 100 apresentado pela pró pria agravante nos autos de
origem, aponta que o consumo de água durante o período questionado na exordial
sofreu um acréscimo desproporcional em relação ao histórico de consumo na
residência da agravada, o que pode evidenciar irregularidade na medição.
3. Assim, apesar de ser possível a interrupção do serviço de
abastecimento de água em razão da ausência de pagamento da tarifa mensal, o corte
administrativo deve ser suspenso até que a instrução probatória espanque as
dúvidas acerca do consumo da parte recorrida.
4. Recurso improvido. (...).
(TJCE AGin nº XXXXX-81.2020.8.06.0000. Des. Relator FRANCISCO DARIVAL BESERRA
PRIMO. Julgado em 23/09/2020).
APELAÇÃ O CÍVEL. NULIDADE DA SENTENÇA. JULGAMENTO ULTRA PETITA.
NÃ O VERIFICADO. CONSUMO DE Á GUA. ACRÉ SCIMO DESPROPORCIONAL EM RELAÇÃ O AO
HISTÓ RICO DO CONSUMO. IRREGULARIDADE NO HIDRÔ METRO APURADA
UNILATERALMENTE PELA RECORRENTE. RECURSO IMPROVIDO.
(...)
3. In casu, a documentação colacionada pela recorrida aponta que o consumo de água
durante o período questionado na exordial sofreu um acréscimo desproporcional
em relação ao histórico de consumo, o que pode evidenciar irregularidade na
medição.
4. Ocorre que, durante toda a instruçã o processual, a recorrente nã o se desincumbiu do
ô nus de comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito autoral, nos
moldes do art. 373, II, do CPC, sobretudo porque as alegadas regularidades do hidrô metro e
das cobranças estã o consubstanciadas em vistorias apuradas unilateralmente pela
apelante. 5. Assim, questionada a cobrança e a medição, competia a recorrente não
apenas afirmar a regularidade do medidor, mas, principalmente, o efetivo consumo
de água no período indicado, o que nã o ocorreu.
6. Recurso improvido. (...)(TJ-CE - AC: XXXXX20148060001 CE XXXXX-19.2014.8.06.0001,
Relator: CARLOS ALBERTO MENDES FORTE, Data de Julgamento: 02/12/2020)
O perigo de dano ou o risco ao resultado ú til do processo, o chamado periculum in mora,
também resta demonstrado, uma vez que o corte no fornecimento de á gua, serviço
inegavelmente e notoriamente essencial à populaçã o, independente de maiores delongas
argumentativas, é capaz de gerar dano a parte autora, principalmente, nesse caso, cuja
parte autora é doméstica e possui um pai morador da residência com 90 anos e uma
sobrinha com 03 meses de vida, em pleno cenário de pandemia.

Desta forma se pede que:

a) Em caráter de urgência seja o dano reparado, sendo deferida os efeitos da tutela


de urgência, determinando que a requerida efetive imediatamente a Religação do
fornecimento da água no imóvel da requerente, situado na Rua XXXXXXXXXX,
observando as penas diárias que também deverão ser arbitradas.

II. DOS FATOS

A Requerente é usuária dos serviços de distribuição de água da requerida, no


endereço acima citado, sendo consumidora dos serviços disponibilizados pela
requerida, por meio do Nº de Inscrição XXXX.

Entretanto, a requerida, a partir da fatura referente ao mês de agosto/2020, os


valores das contas da Demandante mais que triplicaram, como demonstram os
arquivos acostados, com as contas de fevereiro de 2020 a março de 2021.
Prontamente, a autora procurou a empresa ré para saber a origem de tal oscilação
de valores e o aumento de valor da conta, no dia XX/11/20 a empresa ré enviou um
técnico, no qual foi constatado que não tinha vazamento, protocolo XXXX, após essa
visita técnica, os valores da conta continuavam divergentes dos anteriores e a
requerida voltou a entrar em contato com a CEGECE, no dia XX/01/21, protocolo
XXXX, a empresa enviou novamente um técnico para a residência da requerente,
esse técnico verificou o hidrômetro e decidiu remove-lo para uma análise mais
detalhada, ao retornar, o técnico informou que o equipamento estava funcionando
normalmente, porém, no dia XX/01/21, protocolo XXXXX, dias depois de informar
que estava com o equipamento funcionando normalmente, uma nova equipe da
CEGECE foi trocar o hidrômetro por um novo, é válido ressaltar que antes da troca do
hidrômetro chegou um conta veio no valor de R$8690,67 na qual a própria CAGECE
identificou o erro e mudou o valor para R$ 295,00, protocolo XXXXXX, após essa
troca do hidrômetro, os valores da conta elevaram-se, chegando a ser cobrado R$
682,72 em uma residência onde o valor em média cobrado era de até R$ 150,00,
assim, é possível constatar em esse novo hidrômetro deve ser verificado, uma vez
que há uma exorbitante diferença de valores.

Oportunamente, por cautela, a autora destaca que não se opõe ao pagamento de


possíveis diferenças havidas por faturas anteriores, porém, desde que sigam
critérios de razoabilidade e proporcionalidade, até porque, sempre cumpriu com
suas obrigações, não se esquivou do adimplemento das faturas cobradas pela
concessionária dos serviços de água, assevera-se ainda, que a empresa ré efetuou
corte de água na residência da Demandante.

Assim, inconformada com os procedimentos da empresa Ré, com a COBRANÇA


INDEVIDA do altíssimo valor gerado das faturas e com a necessidade de ter seu
fornecimento de água estabelecido, a AUTORA não teve alternativa diversa senão
buscar a via judicial para dirimir tal situação, pelo que requer a concessão da tutela
antecipada no sentido de não ser negativada, impedir feitos de suspensão do
fornecimento de água, além disso, cancelar cobrança das faturas inadimplentes
referente aos mês 11 de 2020 e 01, 02, 03 de 2021 no valor de R$ 295,79 (duzentos e
noventa e cinco reais e setenta e nove centavos), R$ 249,25 (duzentos e quarenta e
nove reais e vinte e cinco centavos), R$ 682,72 (seiscentos e oitenta e dois reais e
setenta e dois centavos) e R$ 365,73 (trezentos e sessenta e cinco reais e setenta e
três centavos), e finalmente, a suposta dívida no montante da Demandante no valor
de R$ 1.593,49 (um mil quinhentos e noventa e três reais e quarenta e nove
centavos), sob pena de multa diária a ser imposta por este Meritíssimo Juízo.
III. DO DIREITO

O presente litígio está sob a égide da lei 8078/90 ( CDC), haja vista decorrer de uma
relação de consumo. Determina o art. 14 do referido diploma legal que:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde independentemente da existência de
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.

§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele


pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as
quais:

I - o modo de seu fornecimento;


II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
Da leitura do dispositivo supracitado depreende-se que a parte ré, por haver fornecido
serviços “defeituosos” é responsá vel pelos danos que causou à parte autora uma vez que o
obrigou a procurar o Judiciá rio para resolver uma questã o que poderia ser resolvida
administrativamente, devendo a ré ser punida por sua conduta, vez que além de impor
transtornos para o consumidor, ainda abarrota o Judiciá rio com questõ es, que, com um
pouco de eficiência, poderiam ser resolvidas de forma administrativa.
O art. 22 da lei sob enfoque determina:
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a
fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações
referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar
os danos causados, na forma prevista neste código.
Da inteligência do dispositivo acima citado decorre a obrigatoriedade da parte ré de
prestar os seus serviços de forma segura e adequada e EFICIENTE.
A empresa Ré vem agindo também em total desacordo com a Constituiçã o Federal que, em
seu art. 37, dispõ e:
Art. 37 - A administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Observa-se ainda, que no caso em tela é cabível, inclusive o disposto no § 6º do mesmo
dispositivo legal:
§ 6º - As Pessoas Jurídicas de direito público e as de Direito Privado prestadoras de
serviço público responderão pelos danos que seus agentes, nesta qualidade,
causarem a terceiros, assegurando o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.

DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR
O dano moral sofrido pela autora resta claramente demonstrado, tendo em vista a
suspensã o de um serviço essencial.
A CRF/88 por seu turno, prescreve em seu art. 5º inciso X:
“São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra, e a imagem das pessoas, assegurando
o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
Já o art. 37, § 6º do mesmo diploma legal estatui que:
Art. 37, § 6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurando o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.
Neste sentido, encontra-se estampado nas disposiçõ es do CDC - Có digo de Defesa do
Consumidor – que neste caso, a teoria ser aplicada em sede de responsabilidade civil, é a
teoria objetiva, mas a procedência do pedido nã o sofreria qualquer restriçã o, mesmo que
a responsabilidade seja subjetiva, visto que, nã o resta dú vida de que a requerida se
comportou de forma negligente, nã o tomando a devida cautela de cuidado exigida para o
caso em questã o.
O Có digo de Defesa do Consumidor estabelece em seu art. 14 que:
Art. 14 O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação de serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.
Este artigo ressalta que aquele que praticar qualquer ato, comissivo, de que resulte
prejuízo, deve suportar as consequências do procedimento. É a justa reparaçã o que a lei
impõ e a quem causa danos injustamente a outrem, ou seja, todo aquele que se dispõ e a
exercer atividade nos fornecimentos de bens ou serviços responde civilmente pelos danos
causados resultantes do vício do empreendimento.
Nesse sentido, vejamos esse julgado do Egrégio Tribunal de Justiça do Ceará :
CIVIL. PROCESSO CIVIL. CONSUMIDOR. APELAÇÃ O CÍVEL EM AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE
INEXISTÊ NCIA DE DÉ BITO C/C INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS AJUIZADA CONTRA A
CAGECE. COBRANÇAS DE FATURAS EM VALORES DISCREPANTES AO HISTÓRICO DE
CONSUMO DA AUTORA. APURAÇÃO DE IRREGULARIDADE NO HIDRÔMETRO.
AUSÊ NCIA DE COMPROVAÇÃ O DE CONSUMO EXCESSIVO NA RESIDÊ NCIA. SUSPENSÃO DE
FORNECIMENTO DE ÁGUA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. MANUTENÇÃO DO
VALOR DE R$ 4.000,00 (QUATRO MIL REAIS) FIXADO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA.
PATAMAR RAZOÁ VEL, EM CONSONÂ NCIA COM A JURISPRUDÊ NCIA DESTE TJCE. RECURSO
CONHECIDO DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1. Trata-se de apelaçã o interposta contra
sentença que julgou parcialmente procedente a demanda, reconhecendo a inexistência do
débito questionado e condenando a CAGECE ao pagamento de R$ 4.000,00 (quatro mil
reais) a título de indenizaçã o por danos morais. 2. A promovente acostou à inicial faturas
de consumo de á gua, demonstrando que de janeiro até junho de 2010, o valor cobrado era
em média, R$ 24,50, passando a valores quase dez vezes maiores a partir de julho de 2010,
apó s a colocaçã o do hidrô metro noticiada pela apelante, variando de R$ 102,23 a R$
314,73. 3. A pró pria CAGECE apresentou informaçã o em que se observam duas medições
distintas por mês a partir de julho, em algumas delas constando a observaçã o
"canceladas por retificação". Desse modo, nã o há como conceber que a diferença de
consumo e valores decorreria de simples oscilaçã o do consumo da residência. 4. A empresa
ré nã o se desincumbiu a contento do seu ô nus de comprovar fato impeditivo, modificativo
ou extintivo do direito autoral, tendo em vista que os documentos juntados à contestaçã o
apenas reforçam a ocorrência de defeito do hidrô metro, que, depois de colocado na
residência da autora, gerou faturas em valores dez vezes superiores à s que a promovente
vinha pagando. Portanto, nã o há nos autos quaisquer elementos de prova das alegaçõ es da
recorrente de que as leituras realizadas na unidade consumidora estariam corretas e que o
aumento do consumo era resultado de vazamento interno. 5. Reconhecida a ocorrência de
falha do serviço e de prejuízos à autora, mormente na esfera moral, pela interrupçã o do
fornecimento de á gua (serviço essencial) por vá rios dias, admitida pela insurgente,
mantém-se o dever de indenizar a parte requerente. 6. No que tange ao pedido de
redução do quantum de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), fixado pelo Juízo singular a
título de danos morais, além de não ser exorbitante, encontra-se em sintonia com os
valores das indenizações atualmente fixadas pelo TJCE em hipóteses semelhantes à
dos autos, motivo pelo qual deve ser mantido. Precedentes. 7. Recurso conhecido e
desprovido. Sentença mantida. Majoraçã o de honorá rios, em virtude da sucumbência
recursal. ACÓ RDÃ O: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acorda a 3ª Câ mara Direito
Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará , por unanimidade, em conhecer do
recurso de apelaçã o para negar-lhe provimento, nos termos do voto do Relator. Fortaleza,
data e hora indicadas pelo sistema. MARIA VILAUBA FAUSTO LOPES Presidente do Ó rgã o
Julgador DESEMBARGADOR FRANCISCO LUCIANO LIMA RODRIGUES Relator (Relator (a):
FRANCISCO LUCIANO LIMA RODRIGUES; Comarca: Barbalha; Ó rgã o julgador: 2ª Vara da
Comarca de Barbalha; Data do julgamento: 11/11/2020; Data de registro: 11/11/2020).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. CORTE ADMINISTRATIVO DO FORNECIMENTO DOS
SERVIÇOS DE Á GUA E ESGOTO. ACRÉ SCIMO DESPROPORCIONAL EM RELAÇÃ O AO
HISTÓ RICO QUE PODE EVIDENCIAR IRREGULARIDADE NA MEDIÇÃ O. INSTRUÇÃ O
PROBATÓ RIA. RESTABELECIMENTO DO SERVIÇO.
RECURSO IMPROVIDO.
(...)
2. Isso porque, o documento de fl. 100 apresentado pela pró pria agravante nos autos de
origem, aponta que o consumo de água durante o período questionado na exordial
sofreu um acréscimo desproporcional em relação ao histórico de consumo na
residência da agravada, o que pode evidenciar irregularidade na medição.
3. Assim, apesar de ser possível a interrupção do serviço de
abastecimento de água em razão da ausência de pagamento da tarifa mensal, o corte
administrativo deve ser suspenso até que a instrução probatória espanque as
dúvidas acerca do consumo da parte recorrida.
4. Recurso improvido. (...).
(TJCE AGin nº XXXXX-81.2020.8.06.0000. Des. Relator FRANCISCO DARIVAL BESERRA
PRIMO. Julgado em 23/09/2020).
APELAÇÃ O CÍVEL. NULIDADE DA SENTENÇA. JULGAMENTO ULTRA PETITA.
NÃ O VERIFICADO. CONSUMO DE Á GUA. ACRÉ SCIMO DESPROPORCIONAL EM RELAÇÃ O AO
HISTÓ RICO DO CONSUMO. IRREGULARIDADE NO HIDRÔ METRO APURADA
UNILATERALMENTE PELA RECORRENTE. RECURSO IMPROVIDO.
(...)
3. In casu, a documentação colacionada pela recorrida aponta que o consumo de água
durante o período questionado na exordial sofreu um acréscimo desproporcional
em relação ao histórico de consumo, o que pode evidenciar irregularidade na
medição.
4. Ocorre que, durante toda a instruçã o processual, a recorrente nã o se desincumbiu do
ô nus de comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito autoral, nos
moldes do art. 373, II, do CPC, sobretudo porque as alegadas regularidades do hidrô metro e
das cobranças estã o consubstanciadas em vistorias apuradas unilateralmente pela
apelante. 5. Assim, questionada a cobrança e a medição, competia a recorrente não
apenas afirmar a regularidade do medidor, mas, principalmente, o efetivo consumo
de água no período indicado, o que nã o ocorreu.
6. Recurso improvido. (...)(TJ-CE - AC: XXXXX20148060001 CE XXXXX-19.2014.8.06.0001,
Relator: CARLOS ALBERTO MENDES FORTE, Data de Julgamento: 02/12/2020)
Neste sentido o Egrégio Tribunal de Justiça de Rondô nia entende:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. CORTE NO FORNECIMENTO DE ÁGUA. MÁ
PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM
INDENIZATÓRIO. MANUTENÇÃO. APELO DESPROVIDO. A CONDUTA ILÍCITA
DEMONSTRADA PELO CORTE EQUIVOCADO NO FORNECIMENTO DE ÁGUA E SEM A
DEVIDA PRÉVIA NOTIFICAÇÃO CAUSA DANO MORAL PURO. Cabe ao Tribunal rever o
valor da indenizaçã o a título de dano moral, fixada pela instâ ncia ordiná ria, quando este se
mostrar irrisó rio ou exorbitante, o que nã o ficou configurado na hipó tese. (Apelaçã o,
Processo nº 0005535-30.2014.822.0001, Tribunal de Justiça do Estado de Rondô nia, 2ª
Câ mara Cível, Relator (a) do Acó rdã o: Des. Isaias Fonseca Moraes, Data de Julgamento:
23/02/2017).
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. CORTE INDEVIDO. FORNECIMENTO DE
ENERGIA ELÉTRICA. FALHA NO SERVIÇO, DANO MORAL. RECONHECIMENTO.
INDENIZAÇÃO DEVIDA. Configura-se abusiva a interrupçã o injustificada do fornecimento
de energia elétrica pela concessioná ria, sendo cabível indenizaçã o por danos morais. A
reparaçã o deve atender aos critérios de quantificaçã o pertinentes ao caso concreto.
(Apelaçã o, Processo nº 0025148-70.2013.822.0001, Tribunal de Justiça do Estado de
Rondô nia, 2ª Câ mara Cível, Relator (a) do Acó rdã o: Des. Marcos Alaor Diniz Grangeia, Data
de julgamento: 09/12/2016).
Neste sentido, trago um julgado do Egrégio Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro:
APELAÇÃ O CÍVEL. AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE INEXISTÊ NCIA DE DÉ BITO. RELAÇÃ O
JURÍDICA DE CONSUMO. CEDAE. CORTE DO SERVIÇO DE FORNECIMENTO DE ÁGUA EM
RAZÃO DE DÉBITO PRETÉRITO. NEGATIVAÇÃ O INDEVIDA. Sentença que julgou
parcialmente procedentes os pedidos para declarar a inexistência do débito cobrado pela
ré nas faturas de maio, junho e julho de 2014, confirmar a decisã o que antecipou a tutela de
mérito, por seus pró prios fundamentos, e condenar a ré ao pagamento de indenizaçã o, a
título de dano moral, que arbitro em R$ 8.000,00, corrigida monetariamente a partir
desta data e acrescida de juros de mora de 1% ao mês, contados da citação. APELO DA
PARTE RÉ . Demanda que se sujeita ao prazo prescricional estabelecido no Có digo Civil,
conforme Sú mula 412 do STJ, que no caso é o decenal, nos termos do artigo 205 do CC.
Parte ré que nã o nega ter efetuado o corte do serviço na residência da autora em
26/09/2016, sob o argumento de que nã o houve o pagamento dos débitos relativos aos
meses de maio, junho e julho de 2014. Incabível a interrupçã o de serviço pú blico essencial
em razã o de débito pretérito. Súmula 194 do TJRJ. Ausência de comunicação prévia
acerca da existência de débito em aberto. Súmula nº 83 do TJRJ. Concessionária
ré/apelante que não se desincumbiu do ônus que lhe competia, previsto no art. 373,
II do CPC, tampouco logrou comprovar qualquer das excludentes de
responsabilidade elencadas no art. 14, § 3º, da lei Nº 8078/90. Consumidora que
sofreu indevidos corte do fornecimento de á gua e negativaçã o de seu nome. Danos morais
caracterizados. Fixaçã o do quantum proporcional ao gravame sofrido (R$ 8.000,00).
RECURSO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
(TJ-RJ - APL: XXXXX20168190210, Relator: Des (a). JDS FABIO UCHOA PINTO DE MIRANDA
MONTENEGRO, Data de Julgamento: 25/09/2019, QUARTA CÂ MARA CÍVEL).
O dano moral traduz, mais precisamente, lesã o a direito da personalidade e um abalo a paz
de alguém. No caso da indenizaçã o por danos morais, busca-se uma reparaçã o e/ou
compensaçã o que satisfaça a Autora pelo mal sofrido.

DA HIPOSSUFICIÊNCIA: VULNERABILIDADE TÉCNICA


A autora encontra-se, para com a ré, em posição de absoluta hipossuficiência, além de
ser o polo naturalmente vulnerá vel da relaçã o contratual.
A doutrina jurídica tem assentado como uma das modalidades de hipossuficiência a
vulnerabilidade técnica, exacerbada pelo desconhecimento técnico do serviço que está
sendo adquirido. Vale lembrar que, por conta da inserçã o do princípio da funçã o social do
contrato e da boa-fé objetiva em todas as relaçõ es contratuais, a relevâ ncia da
hipossuficiência como objeto de tutela jurídica ultrapassou as fronteiras do direito do
consumidor.
Uma vez presente a figura da hipossuficiência, como no caso dos autos, o contratante deve
receber uma proteçã o estatal compensató ria em virtude do desequilíbrio contratual
manifesto e nã o baseado na sua qualidade extrínseca (consumidor).
Desta feita, a cobrança abusiva e extorsiva coloca o consumidor em posiçã o desfavorá vel,
haja vista que o nã o pagamento ensejou no corte do abastecimento de á gua, que é bem de
consumo essencial à manutençã o da vida.
Some-se a isso o fato de ter a empresa reclamada imputado à autora cobranças sem
coerência, haja vista que nã o houve alteraçã o de seu consumo, o que leva ao entendimento
de que, a cobrança retroativa pode nã o está sendo correta, uma vez que deve haver uma
nova inspeção técnica no novo hidrômetro instalado na residência da requerida.
IV. DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto respeitosamente requer:
a) A CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA, nos termos do artigo 5º,
inciso LXXIV da Constituiçã o Federal e art. 98 do CPC, por ser, a requerente pessoa carente,
nã o podendo arcar com as custas processuais e honorá rios advocatícios sem prejuízo do
pró prio sustento;
b) A TUTELA ANTECIPADA, em razã o da verossimilhança dos fatos ora narrados, SENDO
DEFERIDA OS EFEITOS, determinando que a requerida efetive imediatamente a
Religação do fornecimento da água no imóvel da requerente, situado na Rua
XXXXXXXXXXXX, observando as penas diárias que também deverão ser arbitradas;
c) A CITAÇÃO DA REQUERIDA, para tomar conhecimento da presente demanda para,
querendo no prazo legal possa RESPONDER, sob pena de revelia;
d) Quanto ao mérito, Requer:
1. A CONFIRMAÇÃO DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA de urgência no sentido
DA REQUERIDA FAZER A RELIGAÇÃO DO FORNECIMENTO DE ÁGUA NA CASA DA
REQUERENTE.
2. Que seja a parte DEMANDADA CONDENADA ao pagamento de R$ 10.000,00 (dez mil
reais) pelo DANO MORAL causado a parte autora;
3. Ao final seja recalculado apó s a verificaçã o do novo hidrô metro, os débitos impostos a
Requerente para com a Requerida, quais sejam as faturas referentes aos meses de
novembro de 2020 e janeiro, fevereiro e março de 2021, no montante de R$ 1.593,49 (um
mil quinhentos e noventa e três reais e quarenta e nove centavos).
4. A inversão do ônus da prova, conforme determina o Có digo de Defesa do Consumidor,
em seu artigo 6º, inciso VIII;
5. A parte autora possui interesse na autocomposiçã o da lide, nos termos do artigo 334 o
CPC. Desta forma, requer a designação de audiência de conciliação.
Protesta, ademais, pela produçã o de todas as provas admissíveis em Direito, notadamente a
juntada de novos documentos, prova pericial e depoimento pessoal.
Dá -se o valor da causa em R$ 10.000,00 (Dez Mil Reais), relativos aos danos morais
sofridos pela Demandante.
Termos em que,
Pede Deferimento.
Fortaleza, XX de março de 2021.
ADVOGADO (A)

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