Você está na página 1de 11

AO JUÍZO DO ...

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE


NITERÓI DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PRIORIDADE PESSOA IDOSA

(QUALIFICAÇÃO DO AUTOR), vem, respeitosamente, por seu


advogado com escritório localizado na Rua da Conceição, 141, sala 1106, Centro, Niterói, Rio de
janeiro, CEP 24.020-085, e-mail gv@valentemourao.com.br, onde receberá futuras intimações
conforme art. 105, do CPC, com procuração em anexo, propor:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E REPARAÇÃO POR


1
DANOS MORAIS E MATERIAIS c/c TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

pelo procedimento especial da lei 9.099 de 1995, em face de

· BANCO DO BRASIL SA, pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ de nº 00.000.000/0001-91, com sede na Q Saun Quadra 5 Lote B Torres I, Ii E Iii,
Sn, Andar 1 A 16 Sala 101 A 1601 Andar 1 A 16 Sala 101 A 1601 Andar 1 A 16 Sala 101 A 1601,
Asa Norte, Brasilia - DF, CEP 70.040-912, e

· STONE INSTITUICAO DE PAGAMENTO S.A, pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ de nº 16.501.555/0001-57, com sede na AV DRA RUTH
CARDOSO, nº 7221, Conj 2101, Andar 20, Pinheiros, São Paulo SP, CEP.: 05.425-902,
contato@stone.com.br, (21) 3609-7840/ (21) 39860719, pelos fatos e fundamentos a expor.

No que se refere ao caso em questão, a autora encontra-se na posição


de consumidor, uma vez que adquire a prestação de serviço com base no art. 3º da lei 8.078 de 1990 e
utiliza do serviço como destinatário final, conforme art. 2º da mesma lei, possuindo todas as
características de vulnerabilidade, tais como a técnica, econômica e jurídica.
2. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA:

Requer preliminarmente a parte autora, com fulcro no artigo 5º, inciso


LXXIV da Constituição Federal, combinado com o art. 98 do Novo Código de Processo Civil, que
seja apreciado e acolhido o presente pedido do direito constitucional à Justiça Gratuita, isentando a
parte autora do pagamento e/ou adiantamento de custas processuais e dos honorários advocatícios e/ou
periciais caso existam, tendo em vista a sua hipossuficiência financeira.

3. DA COMPETÊNCIA:

Trata-se de relação de consumo, com base no art. 3º da lei 8.078 de


1990, sendo, portanto, aplicável o art. 101, I do CDC que autoriza a propositura da presente ação
demandada no foro do domicílio da parte autora.

4. DOS FATOS:

O autor, aposentado após trabalhar 35 anos para o BANCO DO


BRASIL, no dia 25/04/2022 às 11:23 percebeu que tinha sido vítima do golpe do PIX, conforme
2
documentos anexo "Comprovante_29-04-2022_160221" e "Comprovante_29-04-2022_160257" que
comprovam as transações efetuadas. Sofrendo uma perda material no valor total de R $14.171,00
(quatorze mil cento e setenta e um reais).

É possível observar os detalhes da conversa através do documento


anexo “Whatsapp - Conversa GOLPE”, no qual o criminoso se passa pelo seu filho, ora patrono desta
presente ação.

Diante do ocorrido, IMEDIATAMENTE o autor comunicou ao


BANCO DO BRASIL, ora primeiro réu da presente ação, através do próprio aplicativo do banco
(conforme orientação de seu gerente). E logo após comunicar a contestação ao banco, o demandante
também ligou para o Banco Central, onde foi aberto o protocolo 2022/4690-092, onde foi relatado
todo o ocorrido.

Ainda indignado com a situação, o autor às 12:00 entrou em contato


com o BANCO STONE (banco receptor das transferências via PIX), que em contrapartida exigiu a
abertura de um Boletim de Ocorrência, como requisito para dar inicio a alguma tratativa, sendo feito
no mesmo momento.
Diante do exposto, o demandante efetuou o registro de ocorrência on-
line, vide doc. Anexo "Registro de Ocorrência" e retornou imediatamente o contato ao BANCO
STONE para a abertura de processo administrativo via protocolo nº 70187518, conforme documento
anexo "CCF29042022".

Todavia, no dia 26/04/2022 (dia seguinte) o primeiro réu finalizou o


processo administrativo informando ser DESFAVORÁVEL quanto às medidas a serem tomadas,
deixando o autor completamente desamparado.

Sendo assim, restou ao autor entrar em contato novamente com o


BANCO STONE, para saber uma posição quanto à tratativa de seu caso. E para sua surpresa, o banco
receptor do PIX informou ao autor que FORAM TOMADAS AS MEDIDAS e que só o banco
tomador (BANCO DO BRASIL), poderia dar uma posição oficial, mas que os procedimentos cabíveis,
embora iniciados (bloqueio do valor na conta do golpista), encontravam-se incompletos.

Após o retorno do BANCO STONE, o autor ligou para a ré, ainda no


dia 26/04/2022, que através do SAC foi aberto o protocolo de atendimento nº 88957551, onde o autor
informa a instituição financeira reclamada toda a situação, além de informar que o BANCO STONE,
tomou as medidas cabíveis para que fosse possível reverter o dano material (golpe) sofrido, e ainda
3
perguntou se haveria possibilidade das duas instituições financeiras juntas reverem os valores das
transações. Após toda a explanação efetuada, o autor foi informado que seria dada uma resposta no
prazo de 05 dias por e-mail.

Então, no dia 29/04/2022, houve retorno do banco réu, informando


que manteve o posicionamento desfavorável, mantendo-se inerte ao ocorrido, resposta
ABSOLUTAMENTE GENÉRICA, deixando de se comunicar com o BANCO STONE, que teria
efetuado o bloqueio da conta do golpe.

Ao passo que, no retorno de contato com o BANCO STONE,


novamente o autor foi surpreendido com a informação de que a instituição recebedora do PIX, só
estava aguardando um posicionamento do banco que originou a transação, ou seja, o banco réu.

Frustrado e desamparado, o autor novamente efetuou ligações junto a


ouvidoria do banco demandado no dia 29/04/2022, relatando todo o panorama do infortúnio, além de
evidenciar que o Banco recebedor (BANCO STONE), só estava aguardando a manifestação positiva
do Banco Réu para verificar a possibilidade de ressarcimento das operações. E novamente, como
resposta o banco demandado informou que somente apresentaria resposta dentro do prazo de 10 dias
úteis via e-mail.
É imperioso dizer que, até a presente data o autor encontra-se sem
quaisquer indícios de resolução do problema gerado, tendo em vista o desinteresse por parte do banco
réu, que a todo o momento demonstrou total apatia na resolução do presente caso via extrajudicial e
ignorou até mesmo o auxílio prestado pelo banco recebedor da quantia (PIX) em resolver a demanda.

Deste modo, a requerente cansou de esperar uma solução


administrativa ao caso, não lhe restando alternativa, senão, bater às portas do judiciário para receber o
que lhe é devido pela instituição financeira requerida.

5. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS:


5.1. DA TUTELA DE URGÊNCIA
Primeiramente, destaca-se o fundamento do pedido de antecipação da
tutela Jurisdicional, disposta na Lei nº 8.078/90, Código de Defesa do Consumidor, em que há a busca
de assegurar o resultado prático da sentença:

Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de


fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
4
Destaco ainda a Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, o Novo
Código de Processo Civil:

Art. 9º. Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela
seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.
No que diz respeito aos requisitos genéricos para concessão de tutela
provisória, é necessário que a parte apresente probabilidade do direito alegado. O art. 300 esclarece
que a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, conforme o presente caso.

No presente caso concreto, temos todos os requisitos necessários para


que seja concedido o dispositivo em comento, como o perigo na demora, visto que se trata de um
golpe, no qual o dinheiro ainda pode estar bloqueado, conforme a informação dada pelo segundo réu,
bem como caso o golpista retire o dinheiro. O risco do dano encontra-se já consumado. O risco ao
resultado útil do processo está evidente.

Desta forma, requer a título de tutela provisória de urgência, que seja


obrigada a ré efetuar o bloqueio da quantia de forma imediata no valor de R$ 14.171,00 (quatorze mil,
cento e setenta e um reais), visto que o crédito já se encontrava bloqueado pelo BANCO STONE.

5.2. DA RESOLUÇÃO BCB Nº 147, DE 28 DE SETEMBRO DE


2021
Uma atenção deve ser dada ao fato do presente caso tratar-se de uma
operação de fraude, operada por golpistas que usaram de artimanhas para ludibriar o autor,
convencendo-o a efetuar as duas transações via PIX que totalizaram um prejuízo de R$ 14.171,00
(quatorze mil, cento e setenta e um reais) ao demandante.

A resolução é clara em dizer através do Art. 38-B sobre a tratativa nos


casos de fraude via PIX:

"Art. 39-B. Os recursos oriundos de uma transação no âmbito do Pix


5
deverão ser bloqueados cautelarmente pelo participante prestador de serviço de pagamento do usuário
recebedor quando houver suspeita de fraude.
§ 1º A avaliação de suspeita de fraude deve incluir:
I - a quantidade de notificações de infração vinculadas ao usuário
recebedor, à sua chave Pix e ao número da sua conta transacional;
II - o tempo decorrido desde a abertura da conta transacional pelo
usuário recebedor;
III - o horário e o dia da realização da transação;
IV - o perfil do usuário pagador, inclusive em relação à recorrência de
transações entre os usuários; e
V - outros fatores, a critério de cada participante.
§ 2º O bloqueio cautelar deve ser efetivado simultaneamente ao
crédito na conta transacional do usuário recebedor.
§ 3º O participante prestador de serviço de pagamento deverá
comunicar imediatamente ao usuário recebedor a efetivação do bloqueio cautelar.
§ 4º O bloqueio cautelar durará no máximo 72 horas.
§ 5º Durante o período em que os recursos estiverem bloqueados
cautelarmente, o participante prestador de serviço de pagamento do usuário recebedor deve avaliar se
existem indícios que confiram embasamento à suspeita de fraude.
§ 6º Concluída a avaliação de que trata o § 5º:
I - os recursos serão devolvidos ao usuário pagador, nos termos do
Mecanismo Especial de Devolução, de que trata a Seção II do Capítulo XI, caso se identifique fundada
suspeita de fraude na transação; ou
II - cessará imediatamente o bloqueio cautelar dos recursos,
comunicando-se prontamente o usuário recebedor, nas hipóteses em que não forem identificados
indícios de fraude na transação.
§ 7º O bloqueio cautelar pode ser efetivado somente em contas
transacionais de usuários pessoa natural, excluídos os empresários individuais.
§ 8º A possibilidade de realização do bloqueio cautelar de que trata
este artigo deverá constar do contrato firmado entre o usuário recebedor e o correspondente prestador
de serviço de pagamento, mediante cláusula em destaque no corpo do instrumento contratual, ou por
outro instrumento jurídico válido.
§ 9º O usuário recebedor poderá solicitar a devolução do Pix em
montante correspondente ao valor da transação original enquanto os recursos estiverem cautelarmente
bloqueados.”
Cabendo destacar que, o autor cumpriu todas as exigências contidas
na referida resolução, e até mesmo o banco recebedor BANCO STONE, que na suspeita de fraude do
valor transferido via PIX (mediante comprovação documental fornecida pelo autor), BLOQUEOU na
6
conta recebedora pelo prazo de 72 horas, aguardando somente a autorização de estorno do banco
tomador (BANCO DO BRASIL), autorização que nunca aconteceu devido ao descaso empregado pelo
réu na resolução do problema apresentado.

Insta observa que o grande problema ocorre na medida em que o


primeiro réu nada faz para buscar reverter o prejuízo. É certo afirmar que caso o segundo réu ou o
golpista tivessem feito o saque, antes do bloqueio, não haveria responsabilidade do BANCO DO
BRASIL. Entretanto, o primeiro réu, após saber que o valor estaria bloqueado na conta do SEGUNDO
RÉU, nada fez.

Não recuperar o valor integral ou parte do valor foi culpa exclusiva


dos réus, uma vez que conforme informação, o valor teria sido bloqueado e aguardava contestação
entre as instituições financeiras. O dano se concretizou com a demora em agir, o que é vedado pela
resolução do branco central e diversas disposições em lei.

Insta dizer que ficou evidente que o dano sofrido pelo autor, que se
concretizou devido a INÉRCIA e DESINTERESSE apresentado pelo BANCO DO BRASIL em
resolver a presente demanda via extrajudicial, que em momento oportuno (saldo bloqueado na conta
recebedora do PIX) nada fez o banco tomador, sequer entrou em contato com o banco administrador
da conta beneficiária para apuração, e caso possível, reversão da transação fraudulenta.

5.3. DO DANO MATERIAL


A responsabilidade pelo evento danoso é atribuída à requerida pelo
disposto no art. 14, do CDC, conforme destacado nos fundamentos acima, em que é dever a prestação
de um serviço de qualidade e a resolução do conflito quanto o fornecedor de serviços descumprem o
CDC.

Conforme os artigos 186 e 927, caput, do atual Código Civil


Brasileiro:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Está evidente que a ré causou danos ao autor (moral e material),
devendo, conforme a lei, repará-los de forma objetiva, pois trata-se de uma relação de consumo em
7
que o autor é destinatário final do serviço prestado e, com fulcro no art. 14, caput, do CDC, a
reparação ocorrerá INDEPENDENTEMENTE de culpa.

Desta forma, o art. 944 do Código Civil, deixa claro que, a


indenização se mede pela extensão do dano causado e, neste caso, configura-se o valor atual de R$
14.171,00 referente fraude/golpe sofrido pelo autor por terceiros, que se concretizou devido à
negligência/inércia da empresa ré que em momento oportuno, nada fez para proteger seu
cliente/consumidor, deixando o autor sofrer o dano patrimonial oriundo de uma fraude. Fica evidente
que há um abuso de direito. Houve a reclamação administrativa, a informação de do ocorrido, até
mesmo apresentação de registro de ocorrência, vide documento anexo, e mesmo assim nada fez a
empresa ré.

Não recuperar o valor integral ou parte do valor foi culpa exclusiva


dos réus, uma vez que conforme informação, o valor teria sido bloqueado e aguardava contestação
entre as instituições financeiras. O dano se concretizou com a demora em agir, o que é vedado pela
resolução do branco central e diversas disposições em lei.

Desta forma, de acordo com o entendimento jurisprudencial, em


detrimento do dano material sofrido pelo autor, por culpa da má-prestação de serviço fornecida pela
ré, requer o autor o ressarcimento do valor de R$ 14.171,00 (quatorze mil cento e setenta e um reais),
devendo não os autores, mas sim a parte ré demonstrar que não houve má-fé tratativa do problema
apresentado.

5.4. DO DANO MORAL


O dano moral sofrido pelos autores é incontroverso, uma vez que em
primeiro momento teve que resolver um problema ocasionado pela ré se deslocando a empresa para
resolver a lide e, por fim, fora novamente descontado, acumulando diversos protocolos de reclamação.

O demandante teve que perder seu tempo, LAZER ou deixar de fazer


qualquer outra atividade para resolver um problema que fora agravado devido a negligencia e
desinteresse aplicado na tratativa do caso em questão, amargando TODO O ESTRESSE, todo afeto
psicofísico ocasionado pelo péssimo serviço da ré, não restou dúvida quanto a presente ação. É certo
dizer que houve o descumprimento dos preceitos básicos do direito do consumidor, tais como o direito
ao serviço de qualidade imposto pela Carta Magna bem como ao direito de informação clara/precisa.

Conforme dispõe o Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 6º,


VI, é direito básico do consumidor a efetiva reparação dos danos sofridos. Deve-se levar em
consideração a frustração e INDIGNAÇÃO do autor tendo em vista o péssimo serviço e atendimento,
8
bem como a falha na entrega do produto em diversas oportunidades, conforme provas em anexo.

Neste contexto, podemos acrescentar que a responsabilidade da


empresa ré é objetiva, tendo em vista os princípios norteadores do Código de Defesa do consumidor,
não se falando em responsabilidade subjetiva, ou seja, demonstração de culpa. Destaca-se, aqui, que a
demandada deve PRESERVAR A CONFIANÇA DO CONSUMIDOR, buscando impor um serviço de
excelência, o que não ocorreu. O simples argumento sobre tentativas frustradas em entregar o produto
correto e falhado, tampouco serve de desculpas para lhe abster do péssimo serviço prestado, tendo em
vista que as justificativas EXTRAPOLARAM QUALQUER LIMITE DA RAZOABILIDADE e falha
na informação.

O art. 927, do CC, nos traz que a reparação está vinculada ao ato
ilícito. Desta forma, a partir do momento em que a empresa ré descumpriu com princípios e
dispositivos do CDC, estamos diante de um dano sofrido pela demandante. O cálculo relativo ao dano
moral é feito conforme a sua extensão, de acordo com o art. 944, CC.

Podemos inferir que não pairam dúvidas quanto ao ato ilícito


praticado pela demandada. A prática adotada pela empresa demandada revela absoluto desprezo pelas
mais básicas regras do direito do consumidor e à boa fé objetiva nas relações comerciais, impondo
resposta à altura.

O instituto do dano moral não foi criado somente para neutralizar o


abalo suportado pelo ofendido, mas também para conferir uma carga didático-pedagógica a ser
considerada pelo julgador, compensando a vítima e prevenindo a ocorrência de novos dissabores a
outros usuários. O caso em apreço se enquadra perfeitamente nesses ditames, tendo em vista que a
empresa demandada pratica esses atos abusivos apenas porque sabem que muitos
clientes/consumidores não buscarão o judiciário a fim de recuperar o valor pago indevidamente, seja
por falta de conhecimento, seja pelo custo/benefício de ingressar na justiça, assim sendo se torna
vantajoso para as demandadas continuarem agindo assim e lesando os seus clientes.

Desta forma, deve-se imputar as demandadas a obrigação de indenizar


os prejuízos incorridos pelo autor.

Ainda, na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso X,


também deixa claro que a todos é assegurado o direito de reparação por danos morais.

Desta forma, cumpre assinalar, que não se pode admitir como


9
plausível a alegação de mero dissabor, conforme explicado acima, tendo em vista que essa justificativa
apenas estimula condutas que não respeitam os interesses dos consumidores.

5.5. DAS PRÁTICAS ABUSIVAS


A lei 8.078/90, estabelece que a relação entre fornecedor e
consumidor devem respeitar preceitos básicos de boa-fé e equilíbrio, o que não ocorreu no caso em
questão, visto que a ré se aproveitou da fragilidade do consumidor e impôs um serviço com vícios.

Ocorre que, uma linha telefônica atualmente, ainda mais que é


utilizada por profissional liberal, é um bem de suma importância na atual sociedade. Trata-se de uma
identidade.

No que se refere ao art. 6º, do mesmo diploma legal, deixa claro


quanto a vedação dos métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e
cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços

Por fim, os artigos supramencionados estabelecem a proibição do


aproveitamento de certas condições para impingir-lhes seus produtos e serviços, conforme o ocorrido,
posto que se aproveitou da ingenuidade do requerente para impor os serviços e recusar-se a atender a
demanda do cliente.

Portanto, a PRÁTICA É TOTALMENTE ABUSIVA, conforme foi


exposto acima.

5.6. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Por fim, a inversão do ônus da prova tem como fundamento a situação
de desvantagem entre o consumidor e fornecedor de serviço, conforme art. 6, VIII, do CDC, em que
houve a comprovação de mais que o mínimo de lastro probatório.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação
ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Pelo exposto, é de conhecimento geral de todos os operadores do
direito que a regra do ônus da prova cabe a quem alega, porém, em decorrência da reconhecida
vulnerabilidade e hipossuficiência do consumidor frente à capacidade técnica e econômica do
fornecedor de serviço ou produto, a regra sofre uma “flexibilização”, com o objetivo de criar uma
10
igualdade no plano jurídico.

A inversão, para o caso concreto em discussão, se torna


EXTREMAMENTE essencial, uma vez que o autor possui todos os protocolos anotados,
demonstrando o mínimo de lastro probatório.

É necessário que o primeiro réu, BANCO DO BRASIL, demonstre


que buscou contato com o segundo réu, no intuito de concretizar o bloqueio do valor, uma vez que foi
informado ao requerente que o segundo réu estaria aguardando. Vide documentação e protocolos
anexos.

Portanto, a inversão do ônus da prova ocorre com objetivo de facilitar


a defesa dos direitos do consumidor e, por via reflexa, garantir a efetividade dos direitos do indivíduo
e da coletividade na forma dos artigos 5º, inciso XXXII e 170, inciso IV, ambos da CF/88.

6. DOS PEDIDOS:
Por todo o exposto, requer o (a):
Citação da ré no endereço localizado em seu site oficial, sob pena de
revelia (art. 344, do CPC);
Gratuidade de justiça, com fulcro no art. 98, do CPC;
Reconhecimento da relação de consumo, com base nos arts. 2º, 3º, e
14º, da lei 8.078 de 1990 e sendo aplicado a responsabilidade objetiva da ré;
Inversão do ônus da prova (art. 6, VIII, do CPC), forçando a primeira
ré a comprovar que entrou em contato com a segunda para efetivar o bloqueio, bem como a segunda ré
demonstrar que agiu com o bloqueio. A demora no tempo de agir, nesses casos, é crucial.
a título de tutela provisória de urgência, que seja obrigada a segunda
ré a manter/efetuar o bloqueio da quantia de forma imediata no valor de R$ 14.171,00 (quatorze mil,
cento e setenta e um reais), visto que o crédito já se encontrava bloqueado pelo BANCO STONE.
Confirmação da tutela provisória de urgência em sede de sentença;
Condenação da ré ao pagamento do montante de R$ 14.171,00
(quatorze mil cento e setenta e um reais), a título de danos materiais, frente à devolução (estorno) que
deveria ter sido aprovado pela ré dado o reconhecimento do golpe sofrido pelo autor pelo banco
recebedor do PIX, devendo não os autor, mas sim a parte ré demonstrar que não houve má-fé e
negligência ao tratar do problema apresentado pelo demandante;
Condenação da ré ao pagamento do montante de R$ 6.000,00 (seis mil
reais) a título de danos morais, frente à ação voluntária da ré mediante a Teoria Do Desvio Produtivo
11
Do Consumidor dos fundamentos jurídicos, conforme acima exposto, bem como jurisprudência
supramencionada;
Utilizar-se-ão como provas, testemunhal, documentos, e-mails,
protocolos de atendimento e fotos, bem como outras que porventura venham a ser produzidas
posteriormente, conforme preconiza o art. 32, da lei 9.099/90.

Dá-se valor a causa de R$ 20.171,00 (vinte mil cento e setenta e um


mil reais).

Termos em que pede deferimento

Niterói, 23 de maio de 2022.

________________________________________

Guilherme Valente Almeida Cardoso Guimarães

OAB/RJ 197.115

Você também pode gostar