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PETIÇÃO INICIAL

MERITÍSSIMO JUÍZO DE ALGUMA DAS VARAS CÍVEIS DO FORO CENTRAL


DA CAPITAL

Cléber de Sousa, brasileiro, casado, comerciante, portador da Cédula de


Identidade RG/SSP/SP nº 2738387-9, devidamente inscrito no CPF/MF nº
234.567.789-90, endereço eletrônico – cleberdesousa@hotmail.com, residente
na Rua Forte dos Reis Magos, nº100, no bairro Jardim Rodolfo Pirani, CEP
45678-090, nesta capital de São Paulo, por meio de seu advogado e bastante
procurador infra-assinado (instrumento de mandato anexo), vem, mui
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos
artigos 5º, inciso X da Constituição Federal e 186 do Código Civil, combinados
com os artigos 319 e seguintes do Código de Processo Civil, propor AÇÃO DE
DANOS MORAIS PELO RITO ORDINÁRIO em face de Luiz Vieira, brasileiro,
casado, bancário, portador da Cédula de Identidade RG/SSP/SP 849379-0,
devidamente inscrito no CPF/MF 234.098.674-90, endereço eletrônico –
luizvieira@hotmail.com, residente na Rua Antonio Conselheiro, nº 234, bairro
dos Jardins, nesta capital de São Paulo, pelos motivos de fato e de direito
abaixo expostos.

I – DOS FATOS

1. O autor comemorava com seus amigos a sua aprovação no vestibular do


curso de Medicina da UFPE. A alegria e o entusiasmo eram a tônica daquela
reunião quase familiar. Todos cumprimentavam calorosamente o autor à porta
da faculdade, desejando-lhe sucesso na vida acadêmica.

2. O réu, que também estava à porta da faculdade, viu o autor e foi em


direção a ele. Sem explicação plausível, o réu começou a dizer que o autor era
um verdadeiro exibicionista e que sua aprovação se deu mediante fraude, pois
ele seria incapaz de tal aprovação. Disse, ainda, o réu que o autor era um
“canalha”, “safado” e que a vaga teria sido “comprada” pela família.

3. Todos ficaram atônitos com a atitude do réu. Ele esbravejava e


achincalhava em voz altissonante a dignidade e a moral do autor sem nenhum
escrúpulo. As pessoas que passavam por ali pararam para ver aquela cena
lastimável e, acima de tudo, profundamente humilhante para o autor.
4. Humilhado e muito triste, o autor deixou a faculdade, tentando entender
o que acontecera, pois não se recordava de nenhum problema pessoal entre
ele e o réu.

5. Este acontecimento gerou um forte empecilho para o autor, impedindo-o


de cursar a universidade em razão dos comentários negativos sobre a
humilhação que passou no dia de sua aprovação no vestibular.

II – DO DIREITO

6. O réu agiu ilicitamente, provocando um grande dano à moral e à


dignidade do autor. Assim, deve indenizá-lo, pois o artigo 5º, inciso X, da
Constituição Federal dispõe que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito de indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação”. Trazendo à baila os fatos da
narrativa, percebe-se que o autor teve violada sua honra e sua imagem, bens
imateriais protegidos pela Constituição. Ao expor a vítima, com suas agressões
verbais, a uma situação na qual todos se voltam à imagem do autor, ele fere
sua honra e expõe sua imagem à revelia dos comentários de outrem, e sem a
possibilidade de se defender ante cada um dos presentes. Ainda que não
material, o dano à imagem do autor é claro e evidente e a Carta Magna protege
como direito fundamental a inviolabilidade da imagem.

7. No mesmo sentido, o artigo 186 do Código Civil afirma que: “Aquele que,
por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”
Segundo o artigo e, mediante a análise da narrativa acima, a conduta do réu,
ou seja, a ação praticada por ele, agredir verbalmente o autor sem ser
provocado por este, é tipificada como “ato ilícito” e, portanto, indenizável. O
voluntarismo da ação é nítido, pois o réu esperou o momento e o local para
agredir verbalmente o autor, o que implica em premeditação.

8. Cabe ainda a indenização sopesar a difamação (art. 139 do Código


Penal), pois o réu falsamente imputou fato ofensivo à reputação do autor. O
artigo 953 do Código Civil diz que: “A indenização por injúria, difamação ou
calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao
juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das
circunstâncias do caso.”
9. Dessa forma, o réu deverá ser compelido a pagar a quantia de R$
30.000,00 (trinta mil reais), a título de indenização por danos morais.

III – DO PEDIDO

Isto posto, requer a Vossa Excelência que se digne de condenar o réu


ao pagamento de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), a favor do autor, a título de
danos morais, cuja quantia deverá ser acrescida de juros, correção monetária,
despesas, custas processuais e sucumbência.

Requer, ainda, a citação do réu para contestar a presente, sob pena de


revelia, para acompanhá-la até decisão final que, certamente, julgará
procedente o pedido do autor.

O autor dispensa a audiência de conciliação e mediação.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em


Direito.

Dá-se à causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), para efeito de


alçada.

Nestes termos, pede deferimento.

São Paulo, 30 de abril de 2020

______________________________________

Cícero Antônio da Silva – OAB 09450


CONTESTAÇÃO

MERITÍSSIMO JUÍZO DA 36ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA CAPITAL

Processo nº 99.000.2345/20

Luiz Vieira, brasileiro, casado, bancário, portador da


Cédula de Identidade RG/SSP/SP n. 2738387-9, devidamente inscrito no
CPF/MF N. 234.567.789-90, residente e domiciliado na Rua Forte dos Reis
Magos, n. 100, no bairro Jardim Rodolfo Pirani, endereço eletrônico
luizvieira@hotmail.com CEP 45678-090, nesta Capital, por seu advogado e
bastante procurador infra-assinado (instrumento de mandato anexo), vem, mui
respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento nos arts. 335 e
337 do CPC, oferecer sua CONTESTAÇÃO, nos autos da AÇÃO DE DANOS
MORAIS PELO RITO ORDINÁRIO que lhe move Cléber de Sousa,
devidamente qualificado na petição inicial a qual se contesta, pelos motivos de
fato e de direito expostos a seguir.

I – DA PRELIMINAR

1. A presente demanda deve ser extinta em


seu nascedouro, porque a petição inicial é inepta. Dispõe o art. 330, inciso I,
parágrafo único, inciso III, do CPC que a petição inicial inepta narra os fatos,
mas não apresenta uma conclusão lógica.

2. O autor não demonstrou que há nexo


causal entre os acontecimentos narrados na petição inicial e a possível
existência de dano moral. Não há relação entre os motivos que levaram o autor
a mover a petição com a consequência narrada: o autor ter sido impedido de
frequentar a faculdade. Primeiro, porque o ora réu não o impediu ou o impede
de ir à faculdade. Segundo, porque o fato narrado não é suficiente para tanto,
pois houve uma discussão e troca simultânea de ofensas. Ou seja, o réu
também foi ofendido e nem por isso ajuizou ação, pois a consequência da
discussão entre os dois gerou nada além da inimizade entre os dois.

3. A convivência social pressupõe harmonia e


conflitos, que decorrem naturalmente da convivência social e das divergências
comportamentais e ideológicas do ser humano. Se toda e qualquer discussão
for vista como causa de dano moral, nem se houver um juizado para cada 10
pessoas haverá fóruns suficientes para tantos pedidos.
4. Se o autor não conseguiu caracterizar a
existência do dano moral, por meio da narração dos fatos, via de
consequência, a conclusão não mantém coerência com esses mesmos fatos
articulados na petição inicial. Isso vale dizer que a pretensão do autor, isto é, o
pedido de indenização, não pode ser atendido pelo Juiz de Direito.

5. De acordo com o art. 337, inciso IV do


CPC, o réu argui, em preliminar, a inépcia da inicial, e, via de consequência,
requer a extinção do feito, sem julgamento do mérito, em conformidade com o
art. 330, inciso I, parágrafo único, inciso III.

II – DO MÉRITO

6. Alega o autor que fora ofendido pelo réu à


porta da faculdade de Medicina, quando da aprovação do autor no vestibular, e
que as pessoas ali presentes assistiram aos acontecimentos, sendo o autor
humilhado pelo réu e que isso o impediu de prosseguir frequentando o curso.

7. As afirmações do autor são inverídicas. O


réu – como todos os amigos – foi cumprimentar o autor pela aprovação no
vestibular da faculdade de Medicina. Sem nenhum motivo plausível, o autor
começou a ofender o réu, ao afirmar que havia provado ao autor que o ora réu
não seria o único a cursar Medicina do grupo de amigos.

8. Foi quando o autor envolveu a família do


réu, afirmando que esta nunca conseguiria atingir o patamar de vida que a
família do autor tem. Isso foi uma injusta provocação, pois o réu nunca havia
comentado nada a respeito e que isso provavelmente foi fruto de fofocas ou
algo do gênero entre os amigos.

9. A partir daí, começa uma discussão. Houve


troca de insultos, pois o autor também ofendeu o réu. Não há que se falar em
dano moral quando duas pessoas trocam simultaneamente insultos numa
discussão acalorada. O réu não impediu ou impede que o autor frequente o
curso, como já defendido preliminarmente. O autor já foi à faculdade depois do
ocorrido e nada de excepcional aconteceu nesse sentido. Não há que se falar
em dano moral, pois em nada o autor foi prejudicado em decorrência da
discussão.

10. É falsa ainda a afirmação de que o réu


atribuiu ao autor a fraude no vestibular para a aprovação. Nenhuma
testemunha irá afirmar tal fato. O réu, ironicamente, referiu-se com frases
“sabe-se lá como você foi aprovado”, mas, em momento algum o réu atribuiu
ao autor conduta fraudulenta durante o exame. O réu jamais fez tal afirmação,
pois não poderia prová-la e, ainda que pudesse, está mais interessado em
seguir seu curso a perder tempo com tal fato.

11. O autor deverá provar que o réu teve


intenção de humilhá-lo na presença dos amigos. O art. 373, inciso I, do CPC
dispõe que é de responsabilidade do autor provar os fatos narrados na inicial.
Como não conseguirá provar os fatos, o pedido de indenização será julgado
improcedente.

III – DO PEDIDO

Do exposto, requer a Vossa Excelência que


se digne de acolher a preliminar arguida, extinguindo a presente demanda, sem
julgamento do mérito, na forma do que preceitua o art. 330, inciso I, parágrafo
único, inciso III, do CPC ou, no mérito, julgá-la improcedente, condenando o
autor ao pagamento das custas e honorários advocatícios, acrescidos de juros
e correção monetária.

Protesta provar o alegado por todos os meios


de prova admitidos em direito, principalmente pelo depoimento pessoal do
autor, oitiva das testemunhas, perícias, juntada de novos documentos e outras
provas que se fizerem necessárias para o deslinde desta demanda.

Nestes termos,

pede deferimento.

São Paulo, 20 de maio de 2020

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Cleobécio Quintiliano

OAB/SP nº 23456

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