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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ª Vara Cível do Juizado Especial do Estado

de São Paulo

Jaqueline, prenome, estado civil, cantora, portador do CPF Nº


XXX, endereço eletrônico xxxxxx@xxx.xx.br, domiciliada e
residente na rua xxx, cep xxx, nº xxx, cidade xxx, vem por meio
do seu advogado legalmente habilitado, OAB nº XXXXXX,
para as devidas intimações (art. 106, CPC) propor

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL C/C TUTELA


ANTECIPADA
Em face da Editora Cruzeiro, pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ xxx, endereço eletrônico xxxx@.com,
endereço da empresa localizado na rua xxx, cidade X, Estado,
cep xxx, pelos razões de fato e de direito a seguir expostas.

I - DOS FATOS
A requerida lançou, sem prévia autorização, uma biografia da requerente, que foi
cantora de grande sucesso nas décadas de 1980 e 1990. A referida obra contém
revelação de fatos da imagem e da vida privada da cantora, que há mais de vinte anos
mora reclusa em uma chácara do interior de Minas Gerais, gerando portanto lesão à
sua personalidade e dano moral, nos termos dos artigos 20 e 21 do Código Civil.

Ademais, há um evento nacional organizado para o lançamento do livro e sem a


imediata interrupção da divulgação da biografia, essa lesão se ampliaria e se
consumaria de forma definitiva, revelando o perigo de dano irreparável e o risco ao
resultado útil do processo. , por este motivo, interpõe a presente ação.

II - DO DIREITO

Os direitos da personalidade, disciplinados no Capítulo II, do Livro I, da Parte Geral do


Código Civil, são definidos como o direito irrenunciável e intransmissível que todo e cada
indivíduo possui de controlar o uso de seu corpo, nome, imagem ou quaisquer outros aspectos
constitutivos de sua identidade.

A Constituição Federal, em seu artigo 5º, X, afirma categoricamente que “são invioláveis a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

Além disso, o artigo 20 do mesmo diploma legal é absolutamente claro ao afirmar que a
exposição e utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, sem prejuízo da
indenização que couber, “se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade”. Isto é
exatamente o que se observa no caso em tela onde a demandante se viu submetida a um
stress constante, indignação e constrangimento, decorrentes da repercussão que a
veiculação da obra e os comentários desta lhe causarão, posto ser a demandada muito
conhecida, por ter feito muito sucesso, mas hodiernamente, ter optado por viver sua vida
de maneira reclusa.

Outrossim, o art. 186 e art. 927 do Código Civil Brasileiro de 2002 assim estabelecem:

Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito

Art. 927 Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo

Nesse diapasão, no que tange à reparação do dano à imagem,


há o entendimento do STJ, em sua sumula 37, de que lesado
pode pleitear a reparação pelo dano moral e patrimonial
provocado por violação à sua imagem-retrato ou imagem-
atributo e pela divulgação não autorizada de escritos ou de
declarações feitas.
Consoante Sérgio Cavalieri Filho, houve em razão do progresso
dos meios de comunicação, a extrema relevância da imagem,
sendo esta supervalorizada, podendo provocar então de um
fabuloso aproveitamento econômico ao seu titular, a um
tremendo dissabor.

O dano moral deriva de uma dor íntima, uma comoção interna, um constrangimento
gerado naquele que sofreu e que repercutiria de igual forma em outra pessoa nas
mesmas circunstâncias. Pode-se, ainda dizer, sem chance de exagero,
que em nossa sociedade de consumo, conforme as
circunstâncias, também a imagem se tornou um bem de
consumo.

II.2 – DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA


Consoante explanado ao longo desta peça, o nome e a vida da
autora encontram-se incluso em biografia não autorizada.
Sendo indubitável que a manutenção desta situação acarreta
prejuízo grave ao autor, visto que há um constrangimento de
tal exposição de sua vida privada.
Diante o Exposto, vem a parte autora requer que Vossa
Excelência se digne a antecipar a tutela pretendida, no sentido
de cancelar a venda da biografia e recolhimento de todos os
exemplares já vendidos, ademais impedir imediatamente o
evento de publicação do referido livro, que teria grande
repercurssão.

É sabido que o Código de Processo Civil, ao regular o instituto


da tutela de urgência assim dispõe:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Logo para que possa ser deferido o pedido, necessário que haja
demonstrada a probabilidade do direito, o que já se fez no
tópico anterior, pois demonstrada a insatisfação da requerente
com a situação. Além da existência do perigo de dano, visto que
se publicada a biografia, essa lesão se ampliaria e se consumaria de forma
definitiva, revelando o perigo de dano irreparável e o risco ao resultado útil do processo.

Pelos presentes motivos destacados é que se pugna pela


antecipação de tutela para determinar o imediato
cancelamento da publicação da biografia da demandante.

III - DOS PEDIDOS


Em face de todo o exposto, vem respeitosamente a presença da
vossa excelência requerer:

a) Citar o demandado para, querendo, contestar a presente ação no prazo legal, sob pena
de revelia;

b)Que seja concedida tutela antecipada com determinação do


cancelamento da venda da biografia e recolhimento de todos os
exemplares já vendidos;

c) Conceder Inversão do ônus da prova;


d) Condenar o demandado ao pagamento de Indenização por Danos Morais, estes
arbitrados em R$ 10.000,00 (dez mil reais).

e) Condenação da parte ré ao pagamento de custas e honorários advocatícios, estes no


percentual de 20% (vinte por cento) do valor da causa;

f) Requer, ainda, que todas as intimações e notificações de estilo sejam encaminhadas


aos advogados infra-assinados.
g) O deferimento dos benefícios da justiça gratuita por ser pobre na acepção jurídica da palavra, não
podendo arcar com as despesas processuais sem privar-se do seu próprio sustento e de sua família.

h)A autora opta pela realização da audiência de conciliação, conforme previsto no Art 319, VII do CPC

Por fim, pugna o demandante pela produção de todas as provas em


direito admitidas, notadamente o depoimento pessoal, inquirição de
testemunhas, juntada posterior de documentos, perícia técnica e tudo
mais que se fizer necessário para o deslinde do feito.

Dar-se-á o valor da causa em: R$ 10.000,00 (dez Mil reais)

Termos em que pede deferimento

São Paulo/SP, 12 de março de 2021

Raíla Lira Pedrosa

OAB/PB 9.222

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