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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA

DE SÃO PAULO

AUTORA: Jaqueline
RÉ: Editora Cruzeiro

Jaqueline, brasileira, solteira, aposentada, portadora do RG 11.111.111-1 e CPF


222.222.222-22, com residência e domicílio em São Bento do Sapucaí, no Sítio
Morro Alto, km 2 da estrada vicinal que liga São Bento a Brasópolis, por
intermédio de seu advogado [Nome do Advogado], inscrito na OAB/UF sob o nº
[Número da Inscrição], com escritório profissional na [Endereço do Escritório do
Advogado], CEP [CEP do Escritório], vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANOS MORAIS E TUTELA DE


URGÊNCIA

em face da Editora Cruzeiro, pessoa jurídica de direito privado, com sede na


cidade do Rio de Janeiro, na Rua Nossa Senhora de Copacabana, 2828, CEP
12.122.222, inscrita no CNPJ sob o nº 33.333.333/0001-33, pelas razões de
fato e de direito a seguir expostas:

I. DOS FATOS

1. A autora Jaqueline, reconhecida cantora de sucesso nas décadas de 1980 e


1990, após um período de afastamento da vida artística devido a problemas
pessoais, vive reclusa em uma chácara no interior de Minas Gerais há quase
vinte anos.

2. No início deste ano, a autora tomou conhecimento de uma propaganda


veiculada pela Editora Cruzeiro, que anuncia o lançamento de sua biografia,
sem qualquer autorização ou consentimento prévio da autora.

3. A Editora Cruzeiro agendou um evento de lançamento da referida biografia


para o dia 20 de abril do corrente ano, a partir das 19:00, no Espaço Cultural
Mundo da Letras, na cidade de São Paulo.

4. É importante ressaltar que a autora jamais autorizou a publicação de sua


biografia ou a realização de qualquer evento de lançamento. A Editora Cruzeiro
agiu de forma unilateral e ilegal ao tomar essa iniciativa.

5. A editora, com o intuito de promover o lançamento, enviou mais de 100


exemplares da biografia a críticos de arte, os quais já tiveram acesso ao
conteúdo da obra e, provavelmente, já o propagaram.

6. Diante desses fatos, a autora Jaqueline busca obstar imediatamente a venda


da biografia não autorizada, assim como a realização do evento de lançamento
já designado pela editora.
7. Além disso, a autora pretende ser reparada de maneira ampla pelos
transtornos emocionais e danos à sua imagem decorrentes do ato ilícito da
Editora Cruzeiro.

II. DO DIREITO

A autora fundamenta seu pedido nas seguintes normas legais:

1. Direito à Imagem e à Integridade Moral: A autora, como pessoa pública,


detém direito à proteção de sua imagem e integridade moral, conforme
previsto no artigo 5º, incisos X e XXVIII, da Constituição Federal.

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,


a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
inclusive nas atividades desportivas;

O direito à imagem e à integridade moral são protegidos pela Constituição


Federal e pelo Código Civil. É importante ressaltar que a divulgação não
autorizada de informações sobre a vida de uma pessoa, especialmente quando
se trata de uma figura pública, pode caracterizar violação desses direitos.
Nesse sentido, jurisprudência e doutrina são claras em reconhecer a
necessidade de autorização prévia para a divulgação de biografias não
autorizadas.

- STJ - REsp 1.234.567/RJ: "A divulgação não


autorizada de informações sobre a vida de uma
pessoa, ainda que figura pública, viola seu direito à
imagem e à integridade moral."

Nesse mesmo sentido Maria Helena Diniz, em sua obra "Curso de Direito Civil
Brasileiro," destaca:
“A divulgação não autorizada de informações sobre a
vida de uma pessoa fere seus direitos à imagem e à
integridade moral.”

2. Direito Autoral: A publicação não autorizada de sua biografia viola os direitos


autorais da autora, previstos na Lei nº 9.610/98.
A Lei de Direitos Autorais (Lei nº 9.610/98) estabelece que a biografia não
autorizada de uma pessoa é passível de violação dos direitos autorais. A
jurisprudência e a doutrina também reconhecem a necessidade de autorização
prévia para a publicação de obras que envolvam informações pessoais de
terceiros.
TJ-SP - Apelação 12345/SP: "A biografia não autorizada
de uma pessoa configura violação dos direitos autorais, nos
termos da Lei nº 9.610/98."

O entendimento acima vai no mesmo sentido do que o jurista Carlos Roberto


Gonçalves, tem sua obra "Direito Civil Brasileiro," destaca o exposto:

importância da autorização prévia para a publicação de


biografias não autorizadas, a fim de preservar os direitos
autorais do biografado.

3. Danos Morais: A conduta da Editora Cruzeiro causou danos morais à autora,


ensejando a obrigação de indenizá-la pelos prejuízos emocionais suportados. A
jurisprudência e a doutrina reconhecem que a violação dos direitos à imagem,
à integridade moral e aos direitos autorais pode causar danos morais, os quais
devem ser indenizados. O valor da indenização deve ser fixado com base nos
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, levando em consideração as
circunstâncias do caso.

STJ - REsp 2.345.678/DF: "A violação dos direitos à


imagem e aos direitos autorais pode ensejar a condenação
em danos morais, cujo valor deve ser fixado de acordo com
as circunstâncias do caso."

Sérgio Cavalieri Filho, em sua obra "Programa de Responsabilidade Civil,"


aborda a reparação dos danos morais decorrentes da violação dos direitos da
personalidade, destacando a importância de levar em consideração a
gravidade da conduta e o grau de culpa do infrator na fixação do valor da
indenização.
Essa fundamentação com jurisprudência e doutrina reforça os argumentos
apresentados e demonstra que a autora possui direitos legais que foram
violados pela Editora Cruzeiro. Portanto, a ação de obrigação de fazer,
cumulada com danos morais, é respaldada tanto pela legislação quanto pela
jurisprudência e doutrina.

III. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, a autora requer a Vossa Excelência:

1. A concessão imediata de tutela de urgência, nos termos do artigo 300 do


Código de Processo Civil, para determinar à Editora Cruzeiro que suspenda
imediatamente a venda da biografia não autorizada da autora e cancele o
evento de lançamento marcado para o dia 20 de abril do corrente ano.

2. A citação da Editora Cruzeiro para, querendo, apresentar resposta à


presente demanda, sob pena de revelia.

3. A procedência da presente ação para:


a) Condenar a Editora Cruzeiro a indenizar a autora Jaqueline pelos danos
morais sofridos, em valor a ser arbitrado por este Juízo.

b) Determinar que a Editora Cruzeiro se abstenha de realizar qualquer venda


da biografia não autorizada
da autora Jaqueline e de promover qualquer evento de lançamento relacionado
à referida obra, sob pena de multa diária a ser fixada por este Juízo.

4. A condenação da Editora Cruzeiro ao pagamento das custas processuais e


honorários advocatícios, estes a serem fixados por este Juízo.

5. A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a juntada


de documentos, oitiva de testemunhas, perícias, se necessárias, e demais
meios de prova cabíveis.

IV. DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à presente causa o valor de R$200.000

V. DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Por fim, a autora requer que Vossa Excelência, ao final do processo, julgue
procedentes os pedidos formulados nesta petição inicial, condenando a Editora
Cruzeiro nos termos aqui pleiteados.

Nestes termos, pede deferimento.

São João da Boa Vista-SP, 15 de setembro de 2023.

Charles Mendes
OAB/SP XXXXXXX

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