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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ...

JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO DO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO.

PEDRO MATOS BORGES, brasileiro, solteiro, empresário, portador do


CPF/MF nº 841.xxx.827-x, portador de Identidade n° 069xxxx0-2 expedida pelo
DETRAN-RJ, residente e domiciliado na Rua Conselheiro Galvão, 100, apt.
308, bairro Copacabana, Rio de Janeiro/RJ, CEP: 22xxx-020, vem por meio de
seus advogados, ora constituídos, digitalmente assinado, apresentar

AÇÃO INDENIZATÓRIA

em face de GABRIEL ITAJAHY, brasileiro, solteiro, estudante, inscrito no


CPF/CNPJ sob o nº xxx.265.xxx-74, portador da identidade nº xxxxx1635 –
SEFAZ – SSP/DETRAN, residente e domiciliado no endereço Estrada do
Pontal, nº 123, casa 2-X, no bairro Recreio, no município do Rio de Janeiro/RJ,
CEP: 22xxx-8x5, e LAURO ALMEIDA, residente e domiciliado em endereço,
cidade e Estado não sabidos (art. 319, §2º, CPC c/c art. 6º, CPC), e CHEFE
DE SEGURANÇA, residente e domiciliado em endereço, cidade e Estado não
sabidos (art. 319, §2º, CPC c/c art. 6º, CPC), pelas razões de fato e de direito
que passa a aduzir

I - DOS FATOS

Em 18/12/2021, o Autor afirma que no horário compreendido entre as 01h e 30


min e 02h da madrugada, se encontrava sentado em uma mesa do bar
Empório 37, localizado no endereço Rua Maria Quitéria, nº 12, no bairro
Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro/RJ, tomando cerveja com amigos, assim
como fazia há 20 (vinte) anos.
Na mesa ao lado, encontravam-se a gerente do bar de nome LAIS,
acompanhada de uma garota e do Réu, que é o proprietário do referido
estabelecimento. O Autor alega ter feito o seguinte comentário sobre a gerente
do bar: “FABRICAÇÃO BOA ESSA”, referindo-se ao fato de as duas moças
estarem confeccionando um cigarro de papel de seda, dentro do
estabelecimento.

Tal comentário, segundo o Autor, foi o suficiente para que o Réu Lauro, o dono
do bar, em segundos, se levantasse e lhe desse um soco no rosto que acertou
seu supercilio esquerdo, o levando ao chão.

Em seguida, afirma o Autor que o Réu chefe da segurança do estabelecimento


o imobilizou, momento em que o Réu Lauro lhe desferiu mais um soco que
atingiu se nariz.

Alega ainda o Autor que o Réu chefe da segurança o acompanhou até a saída
do bar, momento em que foi agredido pelo Réu Gabriel, que vem a ser o filho
do dono do estabelecimento, e pelo Réu chefe da segurança, que lhe deram
chutes e socos no rosto que acertaram lábios e nariz, além de ter sido também
atingido nas pernas.

Transeuntes que se encontravam no local levaram o Autor até uma banca de


jornal localizada em frente ao estabelecimento, e acionaram a Polícia Militar.

Decorrente da ação delitiva, afirma o autor que além dos danos emocionais
sofridos ao ser vítima de violência desarrazoada, houve perda de oportunidade
de trabalho como ator, já que estava com o rosto ferido e sua aparência estava
comprometida, bem como dano ao seu aparelho celular.

Diante do exposto, resta ao Autor socorrer-se do manto do Poder Judiciário, a


fim de obter a justa reparação pelos danos sofridos.

II - DO DIREITO

1 – Do Dano Material

Conforme demonstrado por meio das fotografias e boletim médico acostados


(anexos 1 e 2), as agressões sofridas pelo Autor causaram vários ferimentos,
inclusive em seu rosto, deixando-o impossibilitado de aceitar proposta de
trabalho como ator, além de terem ocasionado o dano que inutilizou seu
aparelho celular e o obrigou a comprar novo aparelho, pois que se trata de item
fundamental para o exercício de suas atividades profissionais e sociais.

Dispõe o artigo 927 do Código Civil que “aquele que, por ato ilícito (Arts. 186 e
187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”.

O artigo 186 do Código Civil prescreve:

Art. 186. Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Os danos causados em função das agressões praticadas pelos três Réus
contra o Autor restam comprovados através do Boletim de Ocorrência, do
Boletim Médico (anexo 3), pelas fotografias anexadas e através da nota fiscal
de compras do celular novo que o Autor precisou adquirir por necessidade
profissional e social de comunicar-se, de modo que caberá aos Réus a
obrigação de indenizar o Autor pelos danos causados.

Por essa razão, requer o Autor o pagamento de indenização pela compra de


novo aparelho celular, no valor de R$ 999,00 (novecentos e noventa e nove
reais).

2 – Dos Danos Morais

Tendo o Autor sido agredido violentamente, de forma covarde e


desproporcional pelos três Réus, durante um momento de lazer e em local que
conhecia e frequentava há pelo menos 20 anos, persistem também traumas
psicológicos que o acompanham desde então.

O art. 129, CP define lesão corporal como “ofender a integridade corporal ou a


saúde de outrem”. É possível deduzir que tal artigo abrange o dano causado ao
corpo físico do ser humano, bem quer sob o aspecto anatômico, fisiológico ou
psíquico. É unânime o entendimento de que a lesão corporal pode causar
danos à psiquê da vítima e, gerando este tipo de dano, poderá dar ensejo à
ação indenizatória pelos danos morais sofridos.

Sendo a lesão corporal um ato ilícito, que viola o direito subjetivo individual, a
sua consequência civil vem a ser o dever de indenizar, como se deduz dos já
citados arts. 186 e 927 do CC.

No caso em tela, há vasto conjunto probatório da agressão sofrida pelo Autor,


sem que este tenha dado causa à violência ocorrida, restando comprovadas a
conduta ilícita por parte dos três Réus e o nexo causal entre a conduta e os
danos sofridos pela vítima, os quais são inquestionáveis.

O dano moral restou comprovado, em face da ocorrência de lesão física e


psicológica sofridas, as quais resultaram em sentimento de pavor e desgosto
experimentado pela vítima/Autor.

Nesse sentido, é cristalina a doutrina:

“O dano moral não é a dor, a angústia, o desgosto, a aflição espiritual, a


humilhação, o complexo que sofre a vítima do evento danoso, pois esses
estados de espírito constituem o conteúdo, ou melhor, a consequência do dano
[...] O direito não repara qualquer padecimento, dor ou aflição, mas aqueles
que forem decorrentes da privação de um bem jurídico sobre o qual a vítima
teria interesse reconhecido juridicamente”. (Caio Mário da Silva Pereira, em
Responsabilidade Civil, 8 ed., São Paulo: Saraiva, 2003, p.548/549).

Por todo o exposto, entendemos que o valor a título de dano moral de R$


10.000,00 (dez mil reais) cumpre o duplo papel de desestímulo aos réus, para
que futuramente não venham a agir novamente de forma reprovável, e como
fator de compensação financeira, que não apagará as máculas causadas ao
Autor, mas atenuará a sensação de vulnerabilidade e de impotência diante da
violência sofrida.

III - DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer à Vossa Excelência:

1 – Seja citado o Réu GABRIEL ITAJAHY, para que, se desejar, compareça a


audiência prévia de conciliação e mediação a ser designada por Vossa
Excelência, ou, caso não resulte em acordo, apresentem resposta do presente
pedido, sob as penas e os efeitos da lei;

2 – Conforme previsão contida no art. 319, ll do CPC, solicita-se o


requerimento das diligências necessárias para a obtenção da qualificação
completa dos Réus LAURO ALMEIDA e CHEFE DA SEGURANÇA, pois se
trata do proprietário e do chefe da segurança do estabelecimento onde ocorreu
a agressão descrita, e posterior citação dos mesmos para que, se desejarem,
compareçam a audiência prévia de conciliação e mediação a ser designada por
Vossa Excelência ou, caso não resulte em acordo, apresentem resposta do
presente pedido, sob as penas e os efeitos da lei;

3 – A procedência da presente demanda e a condenação dos Réus ao


pagamento de R$ 999,00 (novecentos reais) a título de danos materiais e de
R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de danos morais;

4 – Os fatos apresentados nessa exordial possam ser provados por todos os


meios de prova em Direito admitidas;

5 – A condenação dos Réus ao pagamento das custas e despesas


processuais, nos termos da lei.

Dá-se à causa o valor de R$ 10.999,00 (dez mil novecentos e noventa e nove


reais).

Nestes termos,

Pede deferimento.

Rio de Janeiro, ... de setembro de 2022.

xxxx
OAB/RJ 110.710

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