Você está na página 1de 5

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...

VARA DE
FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO DO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO.

LETIANE RODRIGUES MATOS, brasileira, solteira, auxiliar de loja,


portadora do CPF/MF nº XXX.052.XXX-76, portadora de Identidade n°
224XXXXX-1 expedida pelo DETRAN-RJ, residente e domiciliada na Avenida
Presidente João Goulart, nº 81, bairro Vidigal, Rio de Janeiro/RJ, CEP:
22XXX-244, com endereço eletrônico letiane@gmail.com, por seus advogados,
ora subscritos, com endereço profissional na Rua Raul Pompéia, nº 43,
2ºandar, Copacabana, nesta cidade, endereço que indica para os fins
constantes em procuração em anexo para efeitos do artigo 77, II do CPC, vem
perante a este juízo, propor,
 

AÇÃO INDENIZATÓRIA

em face do MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO, pessoa jurídica de direito


público interno, CPF/CNPJ nº 42.498.733/0001-48, sediado à Rua São
Clemente, nº 360, bairro Botafogo, Cidade e Estado do Rio de Janeiro, CEP n°
22260-006, pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir

I – PRELIMINARMENTE

l-1 - Da Gratuidade da Justiça

Solicita a Autora o benefício da Gratuidade de Justiça, conforme preconiza o


art. 98 do Código de Processo Civil, visto não possuir condições de arcar com
as despesas e encargos processuais, estando a respectiva declaração de
hipossuficiência anexa.
Il - DOS FATOS

Em 17/11/2021, a Autora e seu esposo trafegavam de moto pela Avenida


Niemeyer, no Leblon, nesta cidade, no sentido São Conrado – Leblon pela
faixa reversível, e formam surpreendidos por um carro da Guarda Municipal em
sentido contrário, não restou tempo para desvio e houve colisão. A Autora, que
estava na garupa da moto, sofreu ferimentos na perna. Pedestres chamaram a
ambulância que transportou a Requerente até o Hospital Municipal Miguel
Couto, situado no mesmo bairro.

Não foi prestado nenhum tipo de socorro ou assistência à vítima pela Guarda
Municipal.

A entrada da Autora no hospital foi registrada às 11h10min, uma hora após o


acidente, conforme o boletim de atendimento do hospital acostado a peça
(anexo l). A vítima apresentava lesão no joelho esquerdo, profunda, e com
alteração da mobilidade do membro. Negou haver dor toráxica, abdominal ou
perda da consciência. Foram realizadas radiografias que não evidenciaram
fraturas, de modo que a vítima teve alta no mesmo dia.

Porém, diante da persistência e do agravamento progressivo da dor no joelho


esquerdo, em 28/11/2021 a Requerente retornou ao Hospital Municipal Miguel
Couto em busca de atendimento médico. Ao realizarem uma tomografia do
membro adoecido, finalmente constataram uma fratura do plato tibial esquerdo,
revelando assim a causa das fortes e incapacitantes dores que a vítima vinha
sentindo desde o acidente, ocorrido 11 (onze) dias antes.

A Requerente permaneceu internada entre 28/11/2021 e 31/12/2021, num total


de 34 (trinta e quatro) dias, tendo sido operada em 28/12/2021 para a
realização de uma cirurgia de osteossíntese com placa e parafusos.

Em decorrência da negligência do hospital em tê-la liberado em 17/11/2021


sem ter identificado a fratura sofrida em decorrência do acidente, a Autora
passou 11 (onze) dias em casa sofrendo de fortes dores, impossibilitada de
realizar suas atividades cotidianas e laborais, até que retornou ao hospital para
finalmente ser atendida com a atenção necessária, e através de uma
tomografia finalmente descobrir a causa de sua agonia: uma fratura exposta do
plato tibial esquerdo, assim descrita no prontuário médico, grave a ponto de ser
necessária a sua internação imediata para tratamento e posterior cirurgia,
tendo sido liberada somente 34 (trinta e quatro) dias após ter retornado ao
Hospital Municipal Miguel Couto.

Ressalta-se que a Autora, atualmente, depende de muletas para a sua


locomoção e tem a sua vida pessoal e profissional seriamente impactadas por
tal condição, além de conviver com forte dores, problemas que poderiam ter
sido evitados caso tivesse recebido um atendimento cuidadoso e eficaz desde
o primeiro socorro prestado em 17/11/2021.

Diante do exposto, resta à Autora socorrer-se do manto do Poder Judiciário, a


fim de obter a justa reparação pelos danos sofridos.
IIl - DO DIREITO

lll.1 – Da legitimidade passiva do Município do Rio de Janeiro:

III.1.a – Da incidência da responsabilidade civil do Município do Rio de Janeiro:

A responsabilidade civil pode deter natureza objetiva ou subjetiva.

A natureza subjetiva é verificada quando o dever de indenizar advir da conduta


do sujeito que causa danos à terceiros, por dolo ou culpa. Já a natureza
objetiva constata-se quando frente o dano e o nexo causal para emergir a
obrigação de indenizar, sendo sem relevância a conduta culposa ou dolosa do
agente causador.

O Código Civil Brasileiro de 2002, firma em seu art. 186, que aquele que, por
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outra pessoa, ainda que puramente moral, comete ato ilícito.

O mesmo Código, em seu art. 927, afirma que quem, por ato ilícito (arts. 186 e
187), causar dano a outrem, será obrigado a repará-lo.

Haverá obrigação de reparar os danos, independentemente da culpa, nos


casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano provocar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem,
conforme expresso no art. 927, parágrafo único, CC.

Caso a ofensa sofrida resulte defeito que resulte na impossibilidade ou


limitação da capacidade de trabalho, o art. 950, CC firma que a indenização,
além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da
convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para
que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.

Cumpre asseverar que a entidade hospitalar é imputável civilmente pelos atos


de seus prepostos (médicos, enfermeiros e demais empregados), assim como
por ocasião de ocorrências sucedidas em seu interior, em observância ao art.
37, §6º, CF, ficando evidenciado, portanto, a responsabilidade objetiva do
hospital.

III.1.b – Do nexo causal:

Todos os danos sofridos pela Requerente advêm da negligência do hospital,


que concedeu alta médica à paciente sem identificar uma fratura grave, que lhe
causou dores fortes e limitantes.

Diante da piora de seu estado, retornou 11 dias após o atendimento inicial para
finalmente identificarem uma fratura exposta do plato tibial esquerdo, grave a
ponto de ser necessária a sua internação imediata para tratamento e cirurgia
osteossíntese com colocação de placa e parafuso, sendo liberada somente
após 34 dias de internação.

A Autora permanece sofrendo as consequências do atendimento desastrado


recebido, necessitando de muletas para sua locomoção e impedida de realizar
tarefas comuns e limitando suas atividades profissionais de forma significativa,
impactando, desta forma, suas finanças.

Por todos o exposto, resta evidente o nexo causal entre a negligência da


equipe médica em seu primeiro atendimento, quando não foi identificada a
fratura exposta do plato tibial esquerdo, e o quadro de saúde comprometido
que a Autora apresenta desde então, com sequelas que a impossibilitam de
realizar tarefas comuns bem como de trabalhar nas atividades que
anteriormente desempenhava.

lV – DOS DANOS

IV.1 – Da indenização por dano moral:

A ação danosa do hospital consistiu em ato ilícito omissivo, no que diz respeito
a ter deixado de prestar atendimento eficaz e cuidadoso à paciente no primeiro
atendimento prestado em 17/11/2021.

Conforme já mencionado, assevera o CC/2002 que aquele que por ação ou


omissão, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano à outra
pessoa, ainda que somente moral, comete ato ilícito, e que quem cometer ato
ilícito terá o dever de repará-lo.

Resta evidente que a autora ficou à mercê do atendimento negligente prestado


pelo hospital após ter sofrido o aludido acidente de moto, tendo sido liberada
com uma fratura do plato tibial esquerdo, convivendo com as sequelas de tal
evento até os dias atuais.

Portanto, requer a condenação da parte Ré, o Município do Rio de Janeiro, ao


pagamento de indenização por dano moral relativo à negligência da equipe
médica do Hospital Municipal Miguel Couto, no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil
reais).

V - DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer à Vossa Excelência o recebimento da ação, com a


procedência dos pedidos elencados, a fim de conceder os benefícios da
gratuidade da justiça à parte Autora, uma vez que esta não tem condições de
arcar com as custas processuais:

1. Requer a condenação do Réu, o Município do Rio de Janeiro, ao pagamento


de indenização pelos danos morais causados à autora, provenientes da
negligência da equipe médica do Hospital Municipal Miguel Couto, que lhe
conferiu alta médica sem constatar a fratura grave que havia sofrido, o que lhe
causa sequelas com as quais convive até os dias atuais;

2. Requer a condenação do Réu às custas processuais, bem como a


condenação da requerida ao pagamento dos honorários advocatícios
sucumbenciais, a ser fixado pelo Douto Juízo;
3. Requer a citação da parte Ré para que, no prazo legal, possa apresentar
contestação, sob pena de incidir em confissão e revelia;

Por fim, protesta por todos os meios de provas admitidos em Direito.

Dá-se à causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Nestes termos,

Pede deferimento.

Rio de Janeiro, ... de outubro de 2022.

xxxxxxxxxxxxxxxxx
OAB/RJ 110.710

Você também pode gostar