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Processo: 0806865-53.2023.8.19.0209
Autor: DELSON SILVA DOS SANTOS
Ré: TANIA MEIRE FRANCA ESCOBAR MORENO
Alegou o autor que seria dono de obra fotográfica mormente seis fotografias de
uma cantora popularmente conhecida em uma praia do Rio de Janeiro e que a ré teria
veiculado estas fotografias em sua página na internet sem possuir qualquer tipo de
autorização ou contrato que justificasse o uso do conteúdo produzido pelo autor, em
flagrante violação ao artigo 28 e seguintes da Lei nº 9.610/1998.
Suscitou que apesar de o objeto da presente demanda ser direito autoral sobre
obra fotográfica e não direito de imagem, cumpre esclarecer que aqueles que se
expõem publicamente devem aceitar que o meio em que vivem é de interesse público.
Assim, a esfera de proteção dessas pessoas é flexibilizada, de modo que deve
prevalecer o direito da população à informação.
Alegou que o artigo 46, inciso I, ao dispor que não constitui ofensa aos direitos
autorais a reprodução “na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo
informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se
assinados, e da publicação de onde foram transcritos”, não autoriza a demandada, por
qualquer meio, reproduzir as fotografias objeto da ação com matérias jornalísticas ou
de caráter informativo. Ou seja, a norma permite apenas a reprodução de notícia ou
artigo informativo como informação pura, em estado bruto. A partir do momento em
que se revela, na informação, o esforço intelectual de quem a transmite, o artigo deixa
de ser meramente informativo.
a) DA AÇÃO DE FAZER
Insta informar ao juízo que o pedido de retirada das imagens do site da ré resta
prejudicado a uma porque as fotografias ficaram pouquíssimo tempo veiculadas na
mídia dada a irresignação do autor, assim sendo não persiste nenhuma fotografia no
site da ré o que demonstra a perda do objeto do pedido, não subsistindo conteúdo
fático para manutenção do pedido.
Veja-se que o suposto ato ilícito alegado pelo autor não restou configurado
posto que o material publicado não tem cunho publicitário, mas jornalístico, haja vista
seu caráter meramente informativo sobre os últimos acontecimentos da vida da
cantora em questão que foi fotografada, assunto de interesse do público leitor , de
molde a configurar a hipótese excepcional do art. 46 da Lei 9.610/98, sendo indevida
qualquer indenização, além disso o próprio autor confessa nos moldes do art. 389do
CPC que incontestemente foi dado o devido crédito das fotografias postadas.
Outrossim, há que sustentar que o print acostado à inicial não possui data ou
fonte, não se prestando a fazer prova da suposta utilização da fotografia e não
corresponde quando disponibilizado atualmente na URL indicada.
Frisa-se que tal pretensão não procede seja pelo pedido em si, seja por seu
quantum absurdo. Outrossim, sequer é informada a base de cálculo para a pretensão
do autor, que requer o enriquecimento ilícito. Todavia, não se vislumbra esta
possibilidade no caso dos autos, pois não houve danos ao Autor.
Além disso, o Juízo competente deve fixar a indenização por Danos Morais
com prudência e bom senso, senão corre-se o risco de torná-la injusta e insuportável,
comprometendo a imagem da justiça, o dano não pode ser fonte de lucro, é
exatamente isso que a Demandante pleiteia ao requerer que o Demandado tenha
responsabilidade, como meio de obtenção de um "dinheirinho fácil". 2
1
VARELA, João de Matos Antunes. Das obrigações em geral. Vol. 1. Décima Edição. Revista
Atualizada. Livraria Almedina: Coimbra. 1994.
2
CAVALIERI, Filho Sérgio – Programa de Responsabilidade Civil/Sergio Cavalieri Filho- 10. Ed.
São Paulo, Atlas, 2012, p.105
Ora Excelência se denota dos autos a nítida tentativa do autor de forjar um
suposto direito que não faz jus pois de fato não era o DETENTOR DO REGISTRO DE
PROPRIEDADE AUTORAL O QUE SOMENTE O FEZ APÓS O ANDAMENTO DO FEITO,
configurando sem sombras de dúvidas sua má-fé processual, requerendo-se desde já a
sua condenação ao pagamento de multa no percentual máximo de 10% ante a
falsificação da verdade para consubstanciar pretenso direito que não lhe assiste.
Fica expressamente, impugnada a base de cálculo usada pelo autor, uma vez
que conforme demonstrada ao norte não existe correlação com a realidade dos fatos,
bem como resta impugnado o quantum indenizatório e seus critérios, devendo por
cautela a correção monetária e os juros incidirem do transito em julgado, bem como
que venha reduzido o quantum pretendido pelo autor uma vez que é manifestamente
superior ao que seria minimamente razoável conforme acima já explicado. De mais a
mais, impugnam-se TODOS OS DOCUMENTOS COLACIONADOS COM A EXORDIAL.
ADVOGADO
OAB/RJ