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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA __VARA CÍVEL DA COMARCA DE


GARANHUNS – PE

Silva, Plácido & Cia Ltda, Pessoa Jurídica de Direito Privado, inscrita no CNPJ sob
o nº XXXX, com sede sito à Rua AAAA, 25, CEP XXXX, Garanhuns - PE,
representada legalmente por Caio Marques, Brasileiro, solteiro, administrador,
inscrito no CPF sob o nº 11111, portador do Registro Geral sob o nº 000-852,
residente e domiciliado à Rua BBBB, YY, CEP XXX, Garanhuns-PE, vem, por seu
Advogado in fine, mandato anexo, com escritório localizado na Rua WWW,
Garanhuns - PE, à presença de V. Exa., com fulcro lei nº 9.279/96, propor:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER COM PEDIDO DE TUTELA DE


URGÊNCIA EM CARÁTER LIMINAR

Em face de Belas Artes S/A, Pessoa Jurídica de Direito Privado, inscrita no CNPJ
1111111, com sede sito à Rua TTTT, X, CEP XXXX, Garanhuns - PE, representada
por seu diretor-presidente, Sr. Eloy Nunes, brasileiro, casado, inscrito no CPF
XXXX, portador do Registro Geral YYYY, pelos fatos e fundamentos a seguir
alinhados.

I - DOS FATOS

A parte ré firmou contrato de arrendamento com a parte autora em 20 de


março de 2019, sem previsão, no contrato, de vedação à concorrência, por parte do
arrendador, com duração de 05 anos, tendo como objeto um dos seus imóveis,
onde  está localizado um de seus estabelecimentos, situado em Garanhuns/PE.

Pontua-se que,  a partir de março de 2020, os sócios de Silva, Plácido & Cia
Ltda. perceberam a atuação ofensiva de dois representantes comerciais, que
passaram a captar clientes desta sociedade, tendo como preponente a sociedade
arrendadora. Os representantes comerciais começaram a divulgar informações
falsas sobre os produtos comercializados pelo arrendatário, bem como as
entregas não estavam sendo feitas, ou eram realizadas com atraso. Tal fato fora
confirmado por um dos clientes da autora que foi procurado por esses
representantes, recebeu essas informações e fora lhe oferecido vantagens para que
deixasse de negociar com Autora.

 Desde a atuação dos dois representantes comerciais, o


faturamento da arrendatária paulatinamente passou a decrescer. Configurando uma
grave crise em junho de 2021, quando a arrendadora, parte ré, alugou um imóvel no
centro deCaetés e passou a divulgar, entre os clientes e nos anúncios em material
impresso, descontos, vantagens e promoções para desviar a clientela da
arrendatária, parte autora.

Diante dessa atuação, o faturamento de Silva, Plácido & Cia Ltda. despencou,
sofrendo, entre julho e outubro de 2021, um prejuízo acumulado de R$ 100.000,00
(cem mil reais).

II - DO MÉRITO

No caso em tela, os atos praticados pela parte ré, encontram-se previstos na Lei
nº 9.279/96, que regula direitos e obrigações referentes à propriedade industrial.
Caracterizando-se, portanto, a concorrência desleal através de atos ilícitos de
mercado. Vejamos o art. 195:

Art. 195. Comete crime de concorrência desleal quem:

II - presta ou divulga, acerca de concorrente, falsa informação,


com o fim de obter vantagem;

III - emprega meio fraudulento, para desviar, em proveito


próprio ou alheio, clientela de outrem;

Portanto, conforme o inciso II do artigo supramencionado, ao divulgar informações


falsas sobre os produtos comercializados e as entregas da parte autora, resta claro
o ato de concorrência desleal. Sendo, ainda, imperioso pontuar que, além de agir
de má-fé, de acordo com o inciso III, a parte ré cometeu ato ilícito ao disseminar
para os clientes da parte autora, anúncios impressos, descontos, vantagens e
promoções a fim de que esses fossem desviados.

Nesse sentido, é preciso esclarecer que de acordo com o art. 1.147, do Código
Civil, ainda que não tenha cláusula prevista no contrato, ficando omissa essa parte,
fica proibida concorrer com o adquirente, no casso, o arrendatário, durante cinco
anos. Vejamos:

“Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do


estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente,
nos cinco anos subseqüentes à transferência.

Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do


estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá
durante o prazo do contrato.”

Assim, diante do que está à luz do direito, não há entendimento diverso ao que
a parte ré infringiu a legislação ao concorrer com a parte a autora.

Além disso, encontra-se previsto no art. 207 da Lei nº 9.279/96, que


independentemente de ação criminal, a parte autora poderá intentar ações cíveis,
conforme disposto abaixo:

“Art. 207. Independentemente da ação criminal, o prejudicado


poderá intentar as ações cíveis que considerar cabíveis na
forma do Código de Processo Civil.”

III - TUTELA DE URGÊNCIA EM CARÁTER LIMINAR

Pois bem, primeiramente, é preciso destacar o art. 300 do Código de


Processo Civil, que prevê:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

No caso em tela, diante dos fatos apresentados, caracteriza-se o fumus boni


iuris. Quando observados os atos ilícitos cometidos pela ré para concorrer e
prejudicar a parte autora, restando evidente o direito da parte autora.
Referente ao periculum in mora, há o perigo de dano ou risco
relacionado ao tempo de resolução da lide, visto que, desde as investidas da parte
ré, o faturamento da autora já sofreu uma queda considerável, totalizando R$
100.000,00 (cem mil reais) em prejuízo. Logo, é visto o nexo causal entre o fato da
prática de concorrência desleal, e o prejuízo obtido pela parte autora (Docs. 1 e 2
em anexo – demonstrativo financeiro)

Sendo assim, requer a tutela de urgência antecipada que determine que


sejam cessados os atos cometidos pela ré, sob pena de sanções definidas por este
Juízo.

IV – PEDIDOS:

Diante do exposto, pede-se:

a) Que seja determinada a citação do réu para, querendo, ofereça sua defesa;
b) Realização de audiência de mediação e conciliação;
c) A procedência do pedido para reconhecer os atos de concorrência desleal
praticados e os danos ao patrimônio da autora;
d) O deferimento do pedido de tutela de urgência em caráter liminar para
determinar a cessação imediata dos atos de concorrência desleal;
e) Indenização pelos atos de concorrência desleal praticados e pela violação da
proibição de restabelecimento;
f) Condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios;

V - DAS PROVAS

Como conjunto probatório, em anexo consta o contrato de arrendamento


(doc.3) e o protesto por outras provas em direito admitidas.

VI - VALOR DA CAUSA

O valor da causa, art. 319,V, CPC, de acordo com o art. 58, III, lei 8.245/91, é no
valor de R$ 204.000,00 (duzentos e quatro mil reais), correspondente à 12 meses
de aluguel vigente por ocasião do ajuizamento da ação.
Termos que

Pede deferimento,

Garanhuns, 18 de abril de 2022

Maria Beatriz Souza Braga

OAB/PE nº 2222-11

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