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CADERNO DIREITO PROCESSUAL CIVIL I - PROF.

MÁRCIA
aluna: Isabelle Corrêa Loivos

aula 1 - 10/03/2020:

Bibliografia:
Humberto Dalla; Haroldo Lourenço; Fredie Didier Jr.;

Ementa:
conceito de processo; natureza do processo; espécies de processo; processo × procedimento; sujeito do
processo (litisconsórcio e intervenção de terceiros); atos processuais (espécies e princípios); classificação
objetiva e subjetiva dos atos processuais; comunicação dos atos processuais; lugar, momento e prazos
dos atos; nulidades processuais; tutela provisória; formação, suspensão e extinção do processo;

Revisão de Teoria Geral do Processo


o Direito material serve para regular as relações sociais. E, quando as regula, ele cria relações jurídicas
materiais. Essas são as relações sociais que interessam ao Direito.
as relações jurídicas podem nascer da lei ou de negócios jurídicos. Nelas temos o credor de uma relação
e este alega que outra pessoa é devedora desta relação.
O Estado teve a perda do monopólio de resolução de conflitos. Poder do autor e réu de conciliar e
mediar, bem como do processo como um todo.

>> Formas de solucionar um conflito em negócios jurídicos


● Conciliação/Mediação: as partes se reúnem para solucionar um conflito;

● Arbitragem: as partes contratam alguém para resolver um problema entre elas; o árbitro decide
a solução do conflito;

● Poder Judiciário: as partes não tem mais escolha sobre a solução de um conflito; Sentença de
Mérito;

Processo Civil I trata da solução de conflitos através do Poder Judiciário.

Do art 1º ao 11 do CPC contém os princípios que regem o Processo Civil.

Observações:
1. A jurisdição é um dos poderes soberanos do Estado (una e indivisível).
2. Não existe poder judiciário municipal. Lembrar sempre da necessidade de divisão da jurisdição
através da competência (competência interna).
3. Não esquecer o princípio da perpetuatio jurisdictionis.
4. Estudar regras de competência absoluta e relativa.
>> Regras de Competência
● podem ser impositivas (absolutas) ou dispositivas (relativas).
● absolutas: não podem ser desrespeitadas nunca (formal e material). O Estado é responsável por
fiscalizar as regras de competência absoluta (dever do juiz e do judiciário de ofício enquanto o
processo estiver pendente. Se o juiz não cumprir esse dever ele passa ao réu, ao passo que alega
incompetência absoluta).
● relativas: são dispositivas, sugestões. Não há interesse do Estado no cumprimento dessas
normas, então o juiz não tem poder de fiscalizá-las. Depende do réu alegar incompetência
relativa (ou territorial), e só pode fazê-lo em preliminar de contestação. As possibilidades de
modificação da competência relativa podem ser definidas em lei ou pelas partes (2 tipos). A lei
diz que ela pode ser mudada pela conexão ou continência. As formas voluntárias de alteração
da competência relativa são pela não alegação de incompetência relativa pelo réu ou pelo foro
de eleição.

>> Ação
● ação é um direito que autor e réu tem de obter a sentença de mérito. O direito de ação tem
como devedor o Estado-juiz. "Contra o Estado, em face do réu".
● o direito de ação é do autor e do réu. Autor provoca e réu é convocado, também possuindo
sentença de mérito assim como o autor. A posição de autor e réu é definida a partir da
provocação, quem provoca primeiro é autor (isso em Processo Civil, que é tudo que não é Penal.
Em Penal é diferente).
● a ação também dá início ao processo.

>> Elementos da ação


● a ação possui 3 elementos que são apresentados pelo autor na petição inicial (um subjetivo e
dois objetivos).
○ o elemento subjetivo são as partes.
Obs.: juiz é sujeito da relação processual mas não é parte.
○ o primeiro elemento objetivo é a causa de pedir (remota e próxima).
➔ a causa de pedir remota está ligada a fundamentos jurídicos e a próxima a fatos
jurídicos.
➔ a causa de pedir é a narração do conflito de interesses segundo a visão do autor
(não é o conflito, pois este é uma situação social que ficou no passado. O
processo só conhece a história contada pelo autor inicialmente).
➔ a causa de pedir deve levar a uma conclusão lógica, que é o principal elemento
do processo, o pedido.
○ o pedido é o segundo elemento objetivo e o elemento mais importante da ação. Ele é
projeto de sentença e é a partir dele que o juiz decide. O pedido é onde o autor
manifesta sua demanda.
➔ os arts. 128 e 470 falam da congruência e da adstrição do pedido à sentença.
➔ causas extra, ultra e infra petita.
➔ para que o juiz não fuja do pedido o autor deve formulá-lo, obrigatoriamente,
colocando suas parcelas imediatas e mediatas (an debeatur e quantum
debeatur). O pedido imediato sempre vem antes do mediato. O pedido imediato
é a parcela processual do pedido, é o tipo de tutela jurisdicional pretendido
(declaração, decretação ou condenação). O pedido mediato é a parcela material
do pedido - o bem da vida (an debeatur) com a sua quantidade ou valor
(quantum debeatur). O que eu quero com a quantidade que eu quero.

>> Condições da ação


● as condições da ação basicamente vão obedecer a Teoria de Liebman. Elas são as condições
para se chegar a uma sentença de mérito, para que o exercício do direito de ação leve a uma
sentença de mérito. Sem condições de ação não há mérito.
○ legitimatio ad causam: legitimidade das partes. Relação com direito material. Autor e
réu são legítimos para a causa quando são sujeitos da relação material. Mas ainda existe
a legitimidade ad causam extraordinária, quando alguém fora da relação material
exerce a ação (a lei define quem e quando).
○ interesse processual: interesse de agir, privativo do autor. É a soma da necessidade
com a adequação. O autor deve alegar que precisa do processo para ser satisfeito. É
uma demonstração de que o autor tem necessidade de mover a ação (todos os meios
extrajudiciais já foram tentados) e essa ação vai lhe ser útil (deve-se procurar um
processo/procedimento adequado para solucionar aquele conflito).
● Obs.: pode se dar início ao processo faltando condições da ação. Ela não é necessária para
promover a ação, mas para se chegar a sentença de mérito.
● Teoria da Asserção: o juiz não pode de ofício verificar falta de condições de ação, deve esperar o
réu alegar.

aula 2 - 12/03/2020:
(cont.)

>> Pressupostos processuais


● são os requisitos processuais para chegar numa sentença de mérito.
● art. 485, CPC: leva à extinção do processo sem resolução de mérito na falta de qualquer
requisito.
● a lei (CPC) não indica quais são, então a doutrina trabalha com os pressupostos que bem
entende. Os mais corriqueiros são os subjetivos e os objetivos.
○ subjetivos:
➔ são referentes aos sujeitos do processo: juiz, juízo e partes.
➔ são positivos, a ausência deles pode levar à extinção do processo sem resolução
de mérito. Se faltar pressuposto subjetivo não há sentença de mérito.
➔ Obs.: nem juiz, nem juízo levam a extinção do processo quando apresenta-se
problemas nele. Há a salvação do processo.
➔ a competência do juízo e a imparcialidade do juiz são pressupostos ligados ao
juiz (não extinguem o processo mas levam à remessa dos autos); a capacidade
de ser parte (existência da pessoa física (nasceu e ainda não morreu) e pessoa
jurídica (existe de fato); ser uma pessoa jurídica ou entes despersonalizados -
em mandados de segurança, por exemplo;); legitimatio ad processum
(capacidade civil);
❏ Obs.: animais como parte: animais não são pessoas físicas e nem
jurídicas para moverem ação).
➔ sendo pessoa física, deve-se ter plena capacidade de atuar como consta no
Código Civil (plenamente capaz, relativamente incapaz, absolutamente incapaz).
❏ Obs.: pessoa jurídica não tem plena capacidade processual, pois é
pessoa fictícia, então sempre estará com representante legal.
➔ art. 76: o erro na representação da parte é sanável dentro do prazo definido
pelo juiz.
➔ legitimatio ad causam X legitimatio ad processum
❏ legitimatio ad causam (legitimado para causa): é sujeito da relação
material que vai ao processo como autor ou como réu. Não importa se
ele é capaz ou incapaz. O importante é que ele seja sujeito da relação
material.
❏ legitimatio ad processum: a falta de legitimatio ad processum é sanável
dentro do prazo definido pelo juiz. Nenhuma pessoa jurídica tem
legitimatio ad processum, sempre será representada em juízo. A falta ou
erro na representação é sanável pelo art. 76 - faltando qualquer
pressuposto processual em relação processual, abre-se um prazo para
modificação no processo. Passado esse prazo e não resolvido o
problema é que há a extinção do processo.
➔ capacidade postulatória
❏ é também relativa à parte.
❏ é o atributo necessário para poder pleitear ao juiz.
❏ é privativa do advogado inscrito na ordem. Exceções:
➢ 1ª situação: em algumas situações, não precisa de advogado. Há
algumas causas em que a própria pessoa pode atuar sem
advogado (juizados especiais cíveis, justiça trabalhista, ação de
alimentos, habeas corpus).
➢ 2ª situação: MP (não é advogado, não possui inscrição na
ordem. No entanto, tem capacidade postulatória. Move ação
em nome próprio sem precisar de advogado).
❏ Obs.: advogado X bacharel de direito: MP e procurador geral do
município não são advogados, pois essas pessoas perdem a capacidade
postulatória ao exercerem tais cargos.
❏ Obs.: advogados públicos e defensor público são advogados, mas
possuem algumas restrições de ação (não podem submeter ação contra
o Estado).
❏ a questão da falta de advogado também é resolvível pelo art. 76. Caso a
parte fique sem advogado no decorrer do processo, o juiz não pode
indicar advogado, nem pode indicar a Defensoria.

○ objetivos:
➔ dizem respeito a uma demanda regularmente formulada.
➔ são negativos, a presença de qualquer um dos pressupostos objetivos impede a
sentença de mérito. É preciso que faltem pressupostos processuais objetivos
para que se tenha sentença de mérito.
➔ 1. Litispendência:
❏ é a pendência da lide, a lide está pendente de julgamento.
❏ o julgamento só ocorre com a coisa julgada. Então enquanto não houver
a coisa julgada, haverá a litispendência.
❏ o que é proibido é termos 2 processos idênticos (art. 337, § 2º: mesmas
partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido) pendentes, em estado
de litispendência.
❏ art. 337, § 1º, § 3º: há litispendência quando existem em curso dois ou
mais processos idênticos.
❏ a litispendência são dois fenômenos com o mesmo nome no código.
➢ na primeira concepção ela é algo normal/natural de todo
processo. O problema é quando temos 2 processos idênticos
pendentes, em estado de litispendência.
➢ na segunda concepção ela é um pressuposto processual
objetivo. E essa é proibida.

➔ 2. Coisa julgada:
❏ um só termo também usado como algo esperado e como algo proibido.
❏ art. 337, § 4º: há coisa julgada quando existem dois ou mais processos
idênticos já transitados em julgado - ou seja, a sentença de mérito não
permite mais recurso.
❏ o que é proibido é termos 2 processos idênticos e ambos tendo chegado
a coisa julgada material (art. 337, § 1º, § 2º, § 4º).
❏ coisa julgada formal X material
➢ formal: quando a sentença não pode ser alterada dentro do
mesmo processo, porém, poderá ser em outro.
➢ material: quando a sentença não pode ser alterada em nenhum
outro processo.

➔ 3. Perempção:
❏ vai ocorrer quando por 3 vezes o autor deixar o processo se extinguir
sem resolução de mérito sobre o mesmo assunto. Na quarta vez que ele
for mover a ação, o réu vai alegar perempção e esse autor não terá
nunca mais sentença de mérito. É uma punição para o autor.
Legalmente de ofício o juiz deveria alegar, mas quem alega é o réu.

➔ 4. Convenção de arbitragem:
❏ nada impede que autor e réu escolham arbitragem como forma de
resolução de conflitos. Ao ser escolhida, eles abrem mão do poder
judiciário.
❏ mas como isso é voluntário, nada impede que uma das partes resolva
procurar o poder judiciário depois (manifestação livre de vontade). O
único momento que a outra parte tem para alegar que quer arbitragem
é a contestação.
➢ Exemplo: o juiz vai receber a petição, vai verificar que houve um
contrato de arbitragem e vai ter que esperar a contestação do
réu.
❖ caso a vontade do réu seja arbitragem, haverá a
extinção do processo.
❖ se o réu nada alegar na contestação, ele estará
concordando com o autor que eles não devem ir para
arbitragem, que o autor escolheu bem de ir pro
judiciário.

>> Jurisdição
● poder, função, atividade do poder do Estado.
● jurisdição é apenas um poder, atividade. Processo é a coisa concreta.
● a jurisdição é inerte, a inércia é um de seus princípios. Ela só atua quando provocada por um dos
agentes do conflito (direito de ação). A jurisdição só funciona através do processo. Quando o
autor exerce o direito de ação ele também dá início ao processo. Ao sair da inércia nasce o
dever de solucionar o conflito apresentado. É direito das partes a solução desse conflito.
● o que tira a jurisdição da inércia é o exercício do direito de ação. Ou seja, a ação provoca a
jurisdição e tira-a da inércia.
● a ação também dá início ao processo. E é no processo que a jurisdição atua. Ou seja, o que se
tem de concreto é o processo.
● o direito de ação é do autor e do réu. Autor provoca e réu é convocado, também possuindo
sentença de mérito assim como o autor. A posição de autor e réu é definida a partir da
provocação, quem provoca primeiro é autor (isso em Processo Civil, que é tudo que não é Penal.
Em Penal é diferente).
● limitação da jurisdição através da competência.
● competência relativa X absoluta
○ absolutas: não podem ser desrespeitadas nunca (formal e material). O Estado é
responsável por fiscalizar as regras de competência absoluta (dever do juiz e do
judiciário de ofício enquanto o processo estiver pendente. Se o juiz não cumprir esse
dever ele passa ao réu, ao passo que alega incompetência absoluta).
○ relativas: são dispositivas, sugestões. Não há interesse do Estado no cumprimento
dessas normas, então o juiz não tem poder de fiscalizá-las. Depende do réu alegar
incompetência relativa (ou territorial), e só pode fazê-lo em preliminar de contestação.
As possibilidades de modificação da competência relativa podem ser definidas em lei ou
pelas partes (2 tipos). A lei diz que ela pode ser mudada pela conexão ou continência.
As formas voluntárias de alteração da competência relativa são pela não alegação de
incompetência relativa pelo réu ou pelo foro de eleição.

Direito Processual Civil I

Processo: conceito, natureza jurídica, espécies

>> Conceito de processo


● etimologicamente, processo significa “marcha avante”, “caminhada” (do latim, procedere =
seguir adiante). Por isso, durante muito tempo ele foi confundido com a simples sucessão de
atos processuais (procedimento).
● entre a petição inicial e a sentença de mérito existem vários procedimentos desencadeados.
● a ideia de processo é sempre seguir em frente, não parar. Significa que não tem como recuar.
Começou ali (petição inicial) é para ir para lá (sentença de mérito). Obviamente, existem
exceções. Muito excepcionalmente suspensões e recuos irão acontecer. No entanto, não
sabemos se é até politicamente correto ensiná-las.
● assim como terminar sem resolução de mérito não é o ideal. O direito de ação é o direito que
ambas as partes têm a uma sentença de mérito. E é dever do juiz proferir sentença de mérito.
○ mas nulidades podem aparecer e, como o processo começou e tem que terminar, isso
pode levar o juiz a extinguir o processo por defeito, mas sem cumprir o seu dever.
Então, quando ele extingue o processo sem resolução de mérito ele apenas realizou
uma obrigação formal, mas não cumpriu seu dever.
○ art. 486: já que a finalidade do processo é uma sentença de mérito, quando não há
sentença de mérito o juiz ainda está devendo para as partes. Sendo assim, as partes
podem cobrar de novo para chegar a decisão de mérito.

● o processo é indispensável à função jurisdicional exercida com o objetivo de eliminar conflitos e


fazer justiça mediante a atuação da vontade concreta da lei.
● processo é, por definição, o instrumento através do qual a jurisdição opera (instrumento para a
positivação do poder).
● jurisdição e ação não são mais importantes que o processo. Processo é o que há de concreto, é
onde a jurisdição atua.
>> Evolução histórica
● praxistas (procedimentalistas)
○ a ideia do processo como conjunto de atos encadeados era a ideia dos chamados
praxistas.
○ eles eram advogados que não estudavam o processo, só praticavam o processo.
○ até o séc. XIX não existia processo/direito de ação separado de direito material, então o
processo não era estudado, apenas praticado.

● Oskar Von Bullow (1868)


○ a partir do séc. XIX processo e ação começaram a ser discutidos, mas o sujeito que
revolucionou o direito processual foi Oskar Von Bulow, em 1868, em seu livro, quando
ele separou processo de direito material.
○ Teoria da Relação Jurídica Processual: teoria mais aceita até os dias atuais. Bulow disse
que o processo é uma relação entre autor, juiz e réu. E, a partir dessa relação, ele
consolidou a diferença entre processo e direito material.
➔ 1ª crítica: o problema disso é que ele deixou o procedimento completamente
fora de questão. Ele enxerga o processo de maneira totalmente estática.
❏ processo não é uma relação, processo é procedimento também, é
dinâmico. Está mais para filme do que para foto. E essa foi a crítica feita
ao pensamento de Bulow. Nesse aspecto, Bulow esquece que no curso
do procedimento não é preciso esses 3 (autor, juiz e réu) sempre se
relacionando. Na verdade, existe processo sem réu (art. 2, CPC: o
processo começa quando o autor entrega a petição inicial para o juiz. Se
terá réu é outra história. A partir da entrega da petição já há processo. E
pode haver processo com sentença de mérito sem réu. Réu só vira réu
quando é citado. O que precisa ter é autor e juiz, réu é dispensável).
➔ 2ª crítica: Bulow diz que processo é autor, juiz e réu, que são apenas esses
sujeitos que atuam no processo. No entanto, falta advogado, testemunhas,
terceiros intervenientes, juízes auxiliares, júri, MP, polícia, Comlurb, chaveiro
para arrombar a porta do despejo, etc. Todos são terceiros que praticam atos
nos processos e são extremamente importante para o seu andamento.

● atualmente uma das definições mais aceitas define processo como diversas relações jurídicas
entre autor, juiz, réu e outras pessoas, que vão se desenvolvendo no curso do procedimento.
● graças a Bulow e a outros o processo ganhou autonomia em relação ao direito material. A ideia
do processo é ser um instrumento do direito material. O processo só deverá ser utilizado
quando o direito material estiver em risco. Ninguém - seja autor, juiz ou réu - deve utilizar o
processo para manifestar opiniões, mas para solucionar conflitos de direito material.
○ por esse motivo, o art. 4, CPC disserta sobre o princípio da primazia da decisão de
mérito. Todos os atos do processo devem levar a uma sentença de mérito. Deve ser
evitada a extinção do processo sem resolução de mérito (art. 317, CPC). Obs.: a
sentença de mérito consta no art. 487, CPC.

● apesar de toda a ligação do direito material e processual, o direito processual é autônomo, ele
pode ser extinto/resolvido por questões próprias (art. 485 c/c art. 486, CPC: se não há resolução
de mérito, o autor pode tentar de novo, em outro processo, obter sentença de mérito).
aula 3 - 25/08/2020:
(cont.)

>> Natureza jurídica


● relação jurídica processual é diferente de relação jurídica material, por seus sujeitos, objetos e
pressupostos - o MP, por exemplo, é autor de diversas ações, ou seja, é sujeito do processo, mas
não é sujeito da relação material. Apesar da relação material ser levada para o processo, há
grandes diferenças. A finalidade do processo é resolver a relação material conflituosa, mas pode
o processo terminar por defeitos próprios, acabando sem analisar e solucionar a relação
material. Porém, processo não é relação jurídica processual apenas. Processo = relação jurídica
processual em procedimento.

>> Espécies de processo


● processo é o instrumento do direito material. Então o processo deve ser satisfativo. Ele deve
visar a satisfação do direito material.
● até o CPC de 73 existiu um processo não satisfativo. O CPC de 2015 acabou com ele - mas nem
tanto assim. Acabou com um processo não satisfativo e muitos procedimentos, mas é possível
encontrar processos que começaram no código antigo e continuam até hoje.
● existem 2 tipos de processo: de conhecimento e de execução.
○ de conhecimento (= cognição):
➔ tem por base uma pretensão resistida. Há uma resistência do réu à pretensão
do autor. O autor pretende obter um bem da vida (tudo aquilo que satisfaz uma
pretensão. Exemplo: comida, férias, guarda de filhos, vacina contra o
coronavírus, guaravita, etc. Pode ser material ou imaterial). O réu tem interesse
em resistir e não satisfazer o autor.
➔ a base também do processo de conhecimento é uma incerteza jurídica. No
processo de conhecimento o autor vai pedir que o juiz conceda ou defina
juridicamente alguma relação.
➔ a ideia desse processo é resolver um conflito que foi apresentado pelo autor a
partir de uma incerteza. O nosso autor tem uma incerteza jurídica. Então, ele vai
se apresentar, apresentar o réu, a causa de pedir, os fatos, os fundamentos
jurídicos, todo o problema do ponto de vista dele do conflito e vai formular um
ou mais pedidos. Lembrando que o que vai ao processo é a narrativa do conflito,
não o conflito em si. O autor, além da narrativa, vai apresentar provas
documentais junto com a petição. Outros tipos de provas também poderão ser
apresentadas depois, caso ele queira. O réu a mesma coisa, vai apresenta sua
narrativa e suas provas. Assim, o juiz vai tomar conhecimento das alegações e
das provas e proferir sua decisão. É possível também haver negociações e
conciliações no curso desse processo pelas partes para que se possa chegar a
sentença.
➔ no processo de conhecimento basicamente se tem 3 tipos de pedido, que
podem levar a 3 tipos de sentença:
❏ declaratório: o autor só quer uma confirmação jurídica de uma
situação que ele já sabe que é verdade. Os efeitos da sentença
declaratória retroagem. É o único pedido que tem previsão na lei (art.
19, CPC). Pedido declaratório não se tem prazo para se mover ação.
Exemplo: sentença declaratória de paternidade ou nulidade de contrato
(declara nulidade). Quando o juiz profere a sentença ela já satisfaz a
pretensão do autor.

❏ constitutivo: decretação. já há uma relação jurídica que o autor quer


que seja modificada ou extinta. O pedido a partir da sentença tem a
transformação no mundo jurídico. Os efeitos da sentença são para o
futuro, não retroagem. A sentença constitutiva é igual a declaratória no
sentido de que a partir do momento que saiu a sentença o autor está
livre. A sentença é o fim, ela já satisfaz o autor. O pedido constitutivo
possui prazo decadencial para mover ação a depender do que se queira.
Exemplo: divórcio (já há uma relação jurídica de casamento que quer se
transformar em relação jurídica de divórcio); despejo (rescisão do
contrato de aluguel); anulação de contrato (ele era válido e passa a ser
inválido a partir da decisão do contrato, decreta-se anulabilidade);

❏ condenatório: o que se quer é o réu seja levado a cumprir uma


obrigação. Agora é preciso que o réu aja, pois ele está devendo uma
ação. Essa obrigação pode ser de: pagar quantia certa, fazer/não fazer
ou entregar coisa. Lembrando que o pedido condenatório é “eu quero
ser satisfeita, com ou sem o cumprimento do devedor” e não “eu quero
que o réu cumpra”. Se ele cumprir, ótimo, mas se ele não cumprir não
impede do autor ser satisfeito.
➢ nos outros dois pedidos não se depende do réu. A sentença
condenatória visa levar o nosso credor ao cumprimento de uma
obrigação que ele não quis cumprir, ela termina em obrigar o
réu a cumprir a sentença. A partir disso, o juiz dá um prazo para
o cumprimento voluntário e passado esse prazo se dá a segunda
fase que é uma fase de execução, mas que o código chama de
fase condenatória.
➢ fase de execução como procedimento X execução como
processo próprio:
❖ depende do tipo de título executivo. além da fase de
execução (advém da sentença condenatória não
cumprida, é um procedimento), há também a execução
como um processo próprio, a parte, autônomo. Vai
depender do título executivo (é o documento; ele só
existe após o processo condenatório ou já é um
documento que comprova que o devedor não
cumpriu;). Exemplo: contratos, já há uma certeza
jurídica, o devedor deve e não cumpriu, então já se faz
um processo de execução autônomo. Há um
documento comprovando que ele não cumpriu e esse
documento permite exigir o cumprimento da obrigação.
○ de execução:
➔ é satisfativo também, pois a finalidade é mérito.
➔ a base é uma pretensão insatisfeita. Já há uma certeza jurídica, o autor tem essa
certeza jurídica documentada. Mas o réu não satisfaz a pretensão do autor, não
cumpre com o seu dever. Não há mais nenhuma incerteza de que ele não tem
que cumprir, mas ele ainda assim não cumpre.
➔ a finalidade é satisfazer o autor, independente se o réu quiser ou não cumprir.
➔ é um processo muito mais ágil, não é lento, não é tão detalhado quanto o de
conhecimento porque o réu deve algo e ponto, não tem o que se discutir. No
entanto, também existem defesas no processo de execução, pois o autor pode
estar agindo de má-fé. O devedor pode provar que já pagou ou que já foi
perdoado, por exemplo.

○ tanto o processo de conhecimento quanto o processo de execução são satisfativos,


visam satisfazer a pretensão material. No de conhecimento a satisfação (processo) virá
com a sentença. Para haver sentença deve-se ter pedido (projeto de sentença).

○ a atuação do juiz no conhecimento X na execução:


➔ conhecimento: como no conhecimento o juiz ainda precisa dar certeza jurídica,
ele vai ter que ouvir alegações do autor e do réu. Autor e réu terão
oportunidades de apresentar provas, ou seja, haverá bastante contraditório, e
só ao final do processo é que o juiz dará uma decisão, definindo quem está
certo. Somente após conhecer alegações e provas de ambas as partes. Ao final
do processo é que se define quem está certo, é que o autor ficará satisfeito.
➔ execução: já há a certeza como base, o autor está certo, tem documento
comprovando que ele está certo, ele só não foi satisfeito ainda. Por esse motivo,
quase não há contraditório, pois não há o que ficar perguntando, o réu deve
cumprir e ponto. As atividades de execução são mais práticas, pois são para
satisfazer o autor.

>> Objeto da relação jurídica


● o objeto de cada relação, o que se deseja em cada relação. Na relação material o que se quer é
o bem da vida, por exemplo. Claro que é o que se quer na relação processual também. Mas
processualmente falando o que se quer na relação processual é a prestação jurisdicional. É
dever do juiz dar uma sentença de mérito.
● a prestação jurisdicional perfeita é aquela de mérito, que resolva o conflito dando uma
resolução de mérito (art 4, CPC: princípio da primazia da decisão de mérito; é dever do juiz dar
uma sentença de mérito;).

aula 4 - 27/08/2020:
(cont.)

>> Revisão:
● processo não é só procedimento/prática, mas também institutos, regras, princípios básicos do
processo.
● no processo de conhecimento o contraditório de partida é muito importante. Influenciar o juiz é
primordial para se chegar na primazia da sentença de mérito.
● as espécies de processo são basicamente as mesmas em civil, penal e trabalhista. No penal só
tem condenação, por exemplo, não tem pedido declaratório, nem constitutivo.
● os pedidos declaratório e constitutivo se esgotam na sentença. Já o condenatório para na
determinação de que o réu cumpra.
● a execução no processo civil e penal depende do processo de conhecimento.
● a execução é um processo satisfativo porque sua finalidade é mérito.
● enquanto no processo de conhecimento partimos da incerteza, na execução existe uma certeza
jurídica.
● o título executivo atesta o que o devedor está devendo e que ele deve pagar algo por isso. O
título executivo é uma declaração de sentença.
● o que diferencia execução como parte do processo de conhecimento ou como algo a parte é o
tipo de título (sempre por escrito). O título diz que o credor pode “executar” o devedor. A ideia
não é fazer o réu cumprir, mas fazer o credor receber.

>> Objeto da Cognição: questões prévias e mérito


● dentro do processo de conhecimento - raramente no de execução - se tem questões que
surgem no meio do processo. O que o juiz resolve é questão. E questao é todo ponto
controvertido. Então essa controvérsia nasce geralmente quando uma parte faz uma alegação e
a outra impugna/nega. Só que também tem questões que nascem a partir da mera alegação das
partes, e aí o juiz tem que resolver de ofício. Ex.: a parte alega que o juízo é competente. O juiz
não precisa de impugnação contrária para decidir.
● as questões são divididas em 2 grupos:
○ questão principal: é aquela que está no pedido, é o mérito da causa, a razão de ser do
processo (de conhecimento). É o que o juiz vai resolver de sentença. E ele não precisa
de uma controvérsia/contestação do réu para haver a sentença.
○ questões prévias: elas tem que ser vencidas para que o juiz possa resolver a questão
principal que é o mérito. Surgem entre o pedido e a sentença, no curso do processo.
Elas são prévias em relação à sentença, são obstáculos que o juiz deve vencer para
chegar na sentença.
➔ essas questões prévias podem ser preliminares ou prejudiciais:
❏ tanto as preliminares quanto as prejudiciais vão surgindo no meio do
processo, são obstáculos que o juiz deve vencer para chegar à questão
final que é a sentença.
❏ questões preliminares: criam ou removem obstáculos à apreciação das
questões de mérito. São meros obstáculos para a resolução do pedido.
Ex: condições da ação, pressupostos.
➢ não necessariamente o juiz tem que vencer para se chegar ao
mérito, mas para bem se chegar ao mérito.
➢ um bom conjunto de preliminares se encontra no art. 337, CPC.
Não é o único conjunto, mas é um ótimo conjunto. É um
conjunto de questões que o réu vai alegar antes de se chegar no
mérito.
❖ no parágrafo 5º do art. 337, CPC, exceto a arbitragem e
a questão administrativa, o juiz pode reconhecer de
ofício, podendo agir sem precisar do réu.

➢ 90% das preliminares são processuais.


➢ uma característica da preliminar é que quando o juiz julga uma
preliminar você não tem a menor ideia de como ele julgará o
pedido. A preliminar não julga antecipadamente, nem da ideia
de como vai ser o julgamento de mérito.
➢ muitos doutrinadores vão dizer que todas as questões
preliminares são questões processuais, que não existe
preliminar de direito material, o que não é exatamente verdade.
➢ as questões preliminares podem ser:
❖ processuais ou de mérito: as questões preliminares
podem ser processuais (99% delas são). Mas também
existem as preliminares de mérito (prescrição e
decadência: únicas preliminares de mérito),
relacionadas ao direito material. Quando o juiz verifica
um fato ele não está dando razão, ele está solucionando
uma questão de mérito que não é a principal. E isso não
define como será a sentença.
❖ dilatórias ou peremptórias: nas dilatórias o juiz abre
um prazo para solucionar a questão preliminar e poder
dar continuidade ao processo. Só vai demorar para o
processo ser resolvido um pouquinho mais. Ex.:
incompetência absoluta; incompetência relativa; Já nas
peremptórias o juiz até dá um prazo para resolver, mas
passado esse prazo se o problema foi resolvido
seguimos, se não foi resolvido extingue-se o processo.
Ex.:
❖ internas ou externas: a interna pode ser resolvida
naquele procedimento, dentro do próprio processo.
Não necessariamente será preciso suspender o
processo para resolver a questão. Já a externa depende
da atuação de outro juízo. Sai do procedimento, não do
processo. O juiz da outra comarca irá ajudar com outro
procedimento, não com outro processo. Ex.: preciso
contatar o réu em Manaus; procurar testemunha;

❏ questões prejudiciais: direcionam o julgamento. Uma questão que


surgiu no meio do processo (é prévia como outra qualquer) e ao ser
decidida já nos dá ideia ou praticamente pré julga a causa.
➢ ela é de direito material, mas ela não é o pedido. A questão
prejudicial é uma questão de mérito (não é o mérito principal,
mas sem julgá-la não tem como julgar o mérito final) que vai
não só direcionar o julgamento, mas pré julgar a causa.
➢ ex.: pedido de condenação a pagamento de alimentos. O
fundamento, a causa de pedir é a existência de paternidade que
não está registrada. O autor só está pedindo os alimentos com o
fundamento da paternidade, ele não está fazendo o pedido da
paternidade também. Porém, o juiz não consegue condenar em
alimentos antes de resolver a questão da paternidade. Ela é
uma questão prejudicial, pois julgando a paternidade ele já está
praticamente julgando a questão dos alimentos.
➢ o CPC/73 - que apesar de anterior ainda tem muita importância
hoje em dia - dizia que o juiz podia atuar de duas maneiras,
dependendo das partes. Toda questão prejudicial precisa ser
resolvida para o juiz julgar o mérito. Se uma das partes se
manifestasse de maneira mais contundente, para o juiz julgar o
mérito havia no CPC/73 a necessidade da questão prejudicial
virar uma nova ação. Porém, se ninguém se manifestasse para
mover a ação, o juiz decidiria de qualquer maneira, mas não por
sentença e sim de maneira interna no processo. Ex.: o autor diz
que alguém é seu pai e deve pagar alimentos. Se o réu diz que
não pagará porque não é o pai, cria-se uma questão prejudicial.
O réu move ação alegando não ser o pai ou o autor move uma
ação alegando ser o filho, para que o juiz decida. Se ninguém se
manifestasse o juiz decidiria internamente no processo, sem
sentença. Nesse caso, ele seria considerado pai apenas para
pagar a alimentação, mas não para todos os outros direitos que
vem com a paternidade.
❖ o código atual acabou com isso. No §1º do art. 503,
CPC, ele vai dizer quando o juiz vai dar uma sentença
prejudicial. Para a prejudicial ser resolvida por sentença
ela deve:
★ ser prejudicial;
★ ter contraditório prévio e efetivo: o juiz vai
trabalhar com a prejudicial elevando ela ao
nível da questão principal e vai utilizar todos os
meios para dar uma sentença que resolva as
duas questões.
★ ter competência por matéria e por pessoa para
resolvê-la como questão principal: é aí que se
difere prejudicial interna e externa. A
prejudicial é aquela questão de mérito que
podia ser objeto de ação própria, mas que
apareceu no curso de um processo e deve ser
solucionada para se poder resolver a questão
principal.

➢ as questões prejudiciais podem ser de dois tipos:


❖ internas: quando o próprio juízo da ação principal é
competente para a resolução prejudicial. Ela nasceu
aqui então aqui ela se resolve. O mesmo juízo vai
resolver tudo, ele resolve internamente no mesmo
processo porque ele é competente para isso.
❖ externas: quando o juízo não tem competência para a
questão prejudicial. Ex.: MP resolveu mover ação pela
prática do crime de bigamia. O réu alegou que o
primeiro casamento não era válido, era nulo. E se era
nulo, ele não era bígamo (absolução). Se não for nulo,
condenação. Agora, o juízo criminal não é competente
para resolver a nulidade do casamento, então essa
questão tem que ser levada para a vara competente. Ela
não deixa de ser prejudicial, mas vira prejudicial externa
porque não há competência do juízo principal para
solucionar a prejudicial. Ela é um processo principal na
outra vara.

❏ a diferença básica entre questão preliminar e questão prejudicial é


poder ser ou não objeto de um processo.

>> Espécies de tutela


● existem dois tipos de tutela:
○ definitiva: basicamente é aquela que é dada pela sentença. É a tutela que vai dar a coisa
julgada. É a sentença de mérito que vai fazer coisa julgada. Essa tutela pode ter julgado
parcialmente ou totalmente, mas vai fazer coisa julgada.
○ provisória: tem decisões no curso do processo que vão se manter ou não até que sejam
revistas pela sentença ou por outra decisão no curso do processo. Mesmo que ela
pareça ser a definitiva, a ideia é a de que no curso do processo ela pode deixar de
existir. Deve ser requerida para ser concedida e constar na petição. Ex.: liminar - não se
entra com liminar, entra-se com o pedido com requerimento de liminar.
Motivos para a tutela provisória deixar de existir: recurso (porque ela tem que ser
requerida, ou seja, mudou-se a decisão); modificação da situação fática (ex.: ela é presa
para não fugir, mas precisou ser internada. Ela pode ser liberada porque não vai fugir);
vir a sentença/tutela definitiva (porque pode tanto confirmar a provisória quanto pode
alterar, modificar, revogar (é a mais comum));
>> Cognição vertical
● é o quanto o juiz (poder judiciário, ministro, desembargador, etc.) aprofunda no pedido, o
quanto ele analisa a causa de pedir, pedido, prova, para proferir uma decisão. E o quanto
também o autor tem que alegar, aprofundar as alegações e as provas.
○ o que diferencia uma situação da outra: muita das vezes o tipo de procedimento vai
definir o quanto o autor e o juiz tem que aprofundar nas alegações e provas.

● existem três tipos de cognição vertical:


○ superficial: quando se fala em tutela provisória, geralmente a cognição vertical é
superficial, porque geralmente se tem urgência, então não dá para se trabalhar com
muitas alegações e provas. Se analisa uma questão superficial, não se entra na questão
de se cometeu ou não, pagou ou não. Ex.: Light cortou a luz. Se resolve em voltar com a
luz, não fica entrando na questão se pagou ou não. O mais importante no momento é
religar a luz, porque é algo urgente. É superficial porque está precisando com urgência,
então não dá para ficar muito tempo aprofundando em provas, alegações e etc.
○ sumária: o legislador escolhe as alegações e provas que você vai fazer. A decisão é
definitiva, mas o legislador escolhe as alegações e provas que podem ser feitas, deixa a
coisa mais enxuta, não deixa uma liberdade do autor ou réu poder falar o que quiser.
Não há um aprofundamento no sentido de alegar o que quiser, é somente o que o juiz
pedir. Há limitações de alegações e provas. Ex: juizados especiais, se trabalha com o
pedido, mas com certas limitações probatórias.
○ exauriente: quando se pode alegar e provar o que quiser, sem limitações.

aula 5 - 01/09/2020:

>> Sujeitos do processo


● principais:
○ juiz e auxiliares.
➔ não somente a figura do juiz, mas também pessoas que ajudam o juiz a
trabalhar.
➔ 1- auxiliares obrigatórios:
❏ são, segundo o art. 150, CPC, tanto o oficial de justiça quanto o
escrevente.
➢ escrevente: art. 162, CPC. Lei fala escrivão, mas escrivão é chefe
do escrevente. O escrevente cuida da documentação,
movimentação e registro do processo. Funciona como
secretário, atendente e elabora todos os documentos do juízo.
Funciona em todos ou praticamente todos os processos. É
concursado, integra permanentemente.
➢ oficial de justiça: art. 154, CPC. oficial de justiça é aquele que irá
fazer as atividades de execução. É basicamente o juiz na rua. O
trabalho dele é 90% na rua executando as ordens do juiz.
Também funciona dentro do fórum. Ele dá plantão judiciário
para fazer o pregão das audiências. Ele é o porteiro das
audiências, mas também se aparecer uma tutela de urgência,
liminar, ele está lá para resolver.
➔ 2- auxiliares eventuais:
❏ não precisam funcionar em todos os processos.
❏ perito: técnico em alguma área do conhecimento humano. É chamado
apenas quando se tem a necessidade de uma perícia que o juiz não tem.
Não é concursado, mesmo que cadastrado no juízo. Sempre uma pessoa
física, mas excepcionalmente pode ser uma instituição, como o Instituto
Médico Legal, por exemplo.
❏ intérprete/tradutor: não é concursado também. Sempre necessário em
caso de haver uma parte que não fale a língua portuguesa. O processo
deve estar todo em língua portuguesa, independente das
circunstâncias. Por isso, o tradutor também traduz documentos. Usado
também para o caso de ser necessário alguém que fale LIBRAS. O
tradutor é juramentado, faz uma prova e quando requisitado deve
comparecer ao juízo.

➔ 3- conciliador e mediador:
❏ novidade do código.
❏ estão entre os auxiliares obrigatórios e os eventuais. A lei vai falar que a
audiência mediadora é obrigatória, mas ela vai criar situações em que a
audiência pode não ocorrer. E não necessariamente o mediador
conciliador é concursado, ele pode ser contratado. A lei deixa bem livre
como vai ser essa nomeação/contratação.

➔ 4- outros auxiliares:
❏ não necessariamente estão previstos em lei, geralmente não estão.
❏ particulares, outros órgãos públicos que podem ser solicitados para
auxiliar. Ex.: o oficial de justiça, para fazer um despejo, pode requisitar a
PM, a COMLURB, um chaveiro; a comarca pode necessitar de bancos
para fazer depósitos; carteiro auxilia na citação; a mídia auxilia na
divulgação;
❏ sempre vai depender do caso concreto para saber quem serão os
auxiliares e no que eles poderão ajudar.
❏ sempre auxiliam o juízo, mas não quer dizer que eventualmente não
podemos solicitar o auxílio deles por fora.

○ partes:
➔ além do juízo, nós temos as partes como sujeitos do processo.
❏ os juízes e auxiliares são sujeitos do processo. As partes geralmente são
sujeitos da relação material. Mas, dentro do processo, juiz e partes são
sujeitos do processo.
❏ Obs.: juiz não é parte, é sujeito do processo.

● outros:
○ 1- advocacia (pública ou privada):
➔ pública: em regra, concursada (defensores, procuradores, etc.). Vai defender o
órgão para que fez concurso. Pode ou não ter o direito de exercer a advocacia
privada - e, caso possa, não pode exercer contra seu órgão de atuação. Dentro
da advocacia pública está a Defensoria pública, que tem uma característica
diferente, segundo a Constituição. O defensor público só pode exercer sua
advocacia dentro do seu órgão de atuação, que é defender os hipossuficientes.
Ou seja, defensor público não pode exercer advocacia privada.
➔ privada: advogados em geral.

○ 2- Ministério Público:
➔ pode ser autor de uma ação (e, nesse caso, seria como parte). Mas aqui se fala
dele como fiscal da lei, a fim de fiscalizar a atuação do juiz, partes, advogado,
auxiliares, entre outros (arts. 176 e 178, CPC: atividade do MP).

○ 3- terceiros intervenientes:
➔ sujeitos que não são partes, mas que ingressam em processo alheio, com algum
interesse na causa ou não.
➔ processo civil e trabalhista também.

>> Sucessão das partes e dos procuradores


● partes:
○ voluntária (arts. 108, 109 e 339, §1º, CPC):
➔ a regra é que uma vez que nós temos definidos o autor e réu do processo, eles
vão continuar no processo até o fim. Não é possível alteração, salvo erro por
ilegitimidade ad causum ou qualquer outra coisa do tipo, previstos em lei.
Portanto, só haverá sucessão voluntária se for determinado em lei (art. 108,
CPC).
➔ determinado em lei, se altera a parte quando: uma delas morre (um morto não
pode ser parte do processo; não somente morte da pessoa física, mas morte ou
extinção da pessoa jurídica também).
➔ art. 109: em certas situações de direito material, haverá a possibilidade de
substituir a parte por um terceiro. Há uma alienação do direito ou da coisa para
terceiro no curso do processo. O novo dono da coisa não se torna parte do
processo. A mudança na titularidade do direito material não altera
automaticamente as partes do processo. No curso do processo, se a coisa for
transferida a terceiro, a parte, que era a titular desse direito e que agora não
possui mais a coisa, não perde a legitimidade ad causum. Ela perderia essa
legitimidade ad causum, mas o código vai dizer que não, que ela vai continuar
sendo parte legítima no processo porque o processo começou com ela, mesmo
tendo mudado a propriedade material. Ela está ali somente porque a lei
mandou ela ficar, mas ela não tem mais interesse naquilo. O código então cria
duas possibilidades:
❏ substituição/sucessão da parte no processo. A dona antiga sai e a atual
entra. Mas, para haver essa sucessão é preciso que as partes originais
concordem. Não concordando, o jeito é a dona atual ingressar ao lado
da dona antiga.
❏ art. 339, §1º: o autor moveu ação em face de réu ilegítimo. Esse réu em
contestação alega a ilegitimidade ad causum. A lei diz que o ideal é o
réu, além de dizer que é réu ilegítimo, apontar quem é a parte legítima
(pública é obrigada, privada não é obrigada, mas seria bom informar). A
partir disso, às custas do autor, terá a substituição do réu. Quando o
autor erra na citação, ele paga duas vezes.
○ obrigatória (art. 110, CPC):
➔ a sucessão involuntária surge muitas vezes a partir da morte de pessoa física ou
extinção de pessoa jurídica (ex: Unibanco - Itaú). Quem vai suceder não precisa
ser espólio (pessoa formal dita no inventário. No entanto, não há
obrigatoriedade de abertura de inventário), pode ser qualquer um dos
herdeiros. Nesse caso tem a possibilidade de ter diversas sucessões (ex.:
inventário. O herdeiro entra como parte após a morte da parte e após o espólio
pode entrar em seu lugar).

● procuradores:
○ advogado não é para sempre. É possível a qualquer momento do processo trocar o
advogado. Só que há procedimento diferente para quando a parte não quer mais o
advogado e para quando o advogado não quer mais a parte. O advogado pode ser
dispensado a qualquer momento, mas ele tem que receber.
➔ pela parte (art. 111, CPC):
❏ revogar a procuração, simplesmente. Fazer uma nova procuração para o
segundo advogado já revoga a primeira procuração. É isso que diz o
Código de Processo Civil. Porém, o Código de Ética não permite que o
primeiro advogado receba a segunda procuração sem ser avisado da
revogação, que o segundo advogado admita isso. O correto é a parte
pedir para o primeiro advogado passar um sub estalecimento sem
reserva de poderes para o segundo advogado. Assim, ele vai passar
todos os poderes dele para o segundo advogado. Essa é a maneira ética
de trabalhar. Isso é só na advocacia privada, pois não existe procuração
para advogado público. Você não contratou a Defensora tal, você
contratou a Defensoria.
❏ a regra do CPC não é para ser tentada de primeira vez, e sim somente
caso o primeiro advogado não colabore para entregar a procuração.

➔ pelo procurador (art. 112, CPC):


❏ dificuldade maior para mudança. Isso porque a parte não pode ficar sem
advogado na causa. O advogado pode sair, mas tem que provar nos
autos que ele informou à parte. O processo precisa saber que ele não é
mais advogado da causa e que a parte sabe disso. Ele precisa notificar a
parte por escrito e mandar para o juízo. Isso não garante que ele saia.
Nos próximos 10 dias úteis, se a parte não arranjar outro advogado ele
tem que continuar como advogado, pois a parte não pode ficar
desassistida. Agora, a partir do 11º dia, se a parte continuar sem
arranjar outro advogado, o primeiro advogado pode largar a causa e
benção e tchau.
❏ Obs.: lembrando que o juiz não é obrigado a arrumar advogado, nem
sugerir advogado para ninguém. O máximo que ele pode fazer é abrir
um prazo, com base no art. 76, CPC.

>> Procedimentos do Processo de Conhecimento


● procedimento é sinônimo de rito. É a maneira como os atos processuais se desenvolvem no
tempo.
● procedimento comum (arts. 318 a 512, CPC): no processo de conhecimento podemos ter um
procedimento comum que pode levar ao 2º cumprimento de sentença/processo de execução
(arts. 513 a 538, CPC), mas para isso ele precisa ser condenatório.
○ o procedimento comum é o mais importante do Processo Civil, ele é a base de tudo,
salvo em situações especiais, quando a lei informar de maneira específica que aquela
causa seguirá de maneira especial.
○ pode ser dividido, tradicionalmente, em 4 fases (meramente didáticas):
➔ 1. Postulatória:
❏ vai desde, basicamente, a propositura da ação até as respostas do réu.
O que se faz nessa fase são pedidos, requerimentos. Tanto o autor
quanto o réu vão fazer suas postulações em juízo. Vai da petição inicial
até a contestação do réu.

➔ 2. Saneamento:
❏ limpeza. Verificar se há nulidades e vícios e tentar limpar tudo do
processo para poder prosseguir. Nessa fase, pode ser que o processo
morra por um vício insanável. Mas o ideal é tentar limpá-lo de tudo para
ele ter continuidade. É o último momento de acabar com questões
preliminares.

➔ 3. Probatória ou Instrutória:
❏ o processo está limpo e o próximo passo é a produção de provas. São
provas orais, porque documento tem que estar na petição inicial ou na
contestação. Aqui é uma fase não obrigatória para produção de prova
oral. Ou seja, pode ser que o tipo de causa não precise de prova oral. Ex:
tributária.

➔ 4. Decisória:
❏ onde se dá a sentença. Pode acontecer a qualquer momento.

➔ basicamente, essas são as fases do procedimento comum. O que vai diferenciar


o procedimento comum do especial é qualquer fator diferente do acima listado.
Eles não vão ter procedimento comum, vão ser sempre especiais, diferenciados.
Ex.: inventário.

● procedimentos especiais (arts. 539 a 770, CPC): além do procedimento comum temos diversos
procedimentos especiais, previstos no CPC e fora dele. O que faz o procedimento ser especial é,
normalmente, um procedimento específico para um determinado bem da vida (ex.: divórcio,
guarda de filhos, inventários, procedimentos dos juizados para certas matérias).
● Obs.: tudo o que não se enquadrar no procedimento especial vai para o comum, ele é residual,
aceita qualquer matéria que não está prevista no procedimento especial.

>> Procedimentos no Processo de Execução


● tem procedimento conforme o tipo de obrigação, depende das necessidades apresentadas no
processo, não tem procedimento comum.
● 3 tipos de obrigação:
○ 1 - Obrigação de entregar coisa (art. 806 a 813, CPC)
○ 2 - Obrigação de fazer ou não fazer (art. 814 a 823, CPC)
○ 3 - Obrigação de pagar quantia certa (art. 824 a 909, CPC)
○ pode se transformar as obrigações 1 e 2 em quantia certa. Outras transformações é que
não podem ser feitas. Essa transformação pode se dar até no curso do processo. A
quantia certa é então a mais utilizada e estudada por ser a mais fácil de ser feita.

>> Procedimento Padrão


● art. 318 e §único, CPC: o padrão, o procedimento base é o procedimento comum (mesmo sendo
de execução). Isso para todo o Processo Civil.
● disposições em contrário:
○ Lei de Desapropriação (DL 3.365/1941);
○ Lei de Assistência Judiciária (L. 1.060/1950);
○ Lei de Ação Popular (L. 4.717/1965);
○ Lei de Alimentos (L. 5.478/1968);
○ Lei de Ação Civil Pública (L. 7.347/1985);
○ Lei de Falências (L. 11.101/2005);
○ Lei de Mandado de Segurança (L. 12.016/2009); e etc.;

aula 6 - 03/09/2020:

>> Litisconsórcio (arts. 113 a 118, CPC)


● conceito: se caracteriza por ser pluralidade de partes no processo, mais de um autor e/ou mais
de um réu. É o consórcio da lide.
● Obs.: litisconsórcio é o nome do instituto. E as partes são chamadas de litisconsortes. Então é
possível que as partes se litisconsorciem.
● Obs.: não é porque eu tenho diversos autores e réus que eu tenho alguém mais importante ou
menos importante. Todo mundo é autor e todo mundo é réu. Todos eles devem ser legítimos
para causa, para o processo, devem ter interesse de agir, capacidade postulatória, etc. Não é
porque um tem uma característica que o outro pode não ter.
● Obs.: as partes tem que ter advogado, sendo um para todo mundo ou cada um com o seu.
● Classificação do litisconsórcio:
○ Posição processual:
➔ 1. Ativo: mais de 1 autor.
➔ 2. Passivo: mais de 1 réu.
➔ 3. Misto ou recíproco: mais de 1 autor e mais de 1 réu.

○ Momento de formação:
➔ 1. Inicial ou originário: em regra, ele é inicial/originário, ou seja, é o autor que
no início da petição inicial cria o litisconsórcio. Ou ele já traz junto com ele o
nome de autores ou ele coloca um bando de réu na petição inicial (se litisconsia
com mais de um autor ou se deslitisconsia com mais de um réu). 90% das
questões estão nesse momento inicial/originário.
➔ 2. Ulterior ou superveniente: o autor errou. Deveria ter colocado na petição
inicial outros autores e/ou réus, mas não colocou. Ou então tem uma
intervenção de terceiros e essa intervenção leva ao litisconsórcio.

○ Influência da vontade:
➔ o autor está formando o litisconsórcio na petição inicial porque quer ou porque
está sendo obrigado?
❏ 1. Facultativo: porque quer, dentro das situações previstas, sugeridas
em lei.
❏ 2. Necessário: porque é obrigado. O autor não tem opção, ele é
obrigado a formar o litisconsórcio. Não tem vontade, tem dever.

○ Interdependência dos litisconsortes e modo de solução da causa:


➔ 1. Simples: não importa quantas partes estão no litisconsórcio, o que importa é
que o juiz pode dar uma decisão diferente para cada um. Um ganha, o outro
perde. Geralmente no direito material isso acontece.
➔ 2. Unitário: não importa quantas pessoas tem, o juiz está obrigado a dar uma
decisão igual para todo mundo. Não pode haver diferenças. Ou todo mundo
ganha, ou todo mundo perde. Aqui também é, geralmente, porque o direito
material impõe essa decisão uniforme. Ex.: no caso de solidariedade.

○ Combinações (sempre considerando que ele é originário):


➔ 1. Litisconsórcio ativo, facultativo, simples.
➔ 2. Litisconsórcio ativo, facultativo, unitário.
➔ 3. Litisconsórcio passivo, facultativo, simples.
➔ 4. Litisconsórcio passivo, facultativo, unitário.
➔ 5. Litisconsórcio passivo, necessário, simples.
➔ 6. Litisconsórcio passivo, necessário, unitário.
➔ Obs.: 7. Somente o facultativo pode ser misto.

● Litisconsórcio Facultativo (art. 113, CPC)


○ art. 113, caput, CPC: litisconsórcio facultativo, que pode ser ativo passivo ou misto.
➔ litisconsórcio facultativo é aquele que o autor cria se quiser. Ele pode ser ativo,
passivo, misto, não importa. Ele pode ser simples, pode ser unitário. Mas seja lá
que situação for, o art. 113, CPC vai definir limites. Não é porque ele pode
litisconsorciar que ele pode fazer o que bem entender, há limites em lei.
➔ Inciso I - Comunhão: os litisconsortes têm os mesmos direitos ou os mesmos
deveres, rigorosamente. Trabalha com uma relação jurídica material mais
estreita. Ex.: obrigação solidária, co-propriedade do condomínio.
➔ Inciso II - Conexão: pelo pedido ou pela causa de pedir. Vários autores com um
pedido ou com uma causa de pedir em comum, que propõem ação em
conjunto. Ex: uma operadora de internet deixa a desejar e toda uma área fica
sem internet. Os moradores dessa área poderiam interpor ações individuais por
conta de seus prejuízos específicos. Porém, como a causa de pedir é única, eles
podem se reunir em uma mesma petição inicial e mover um litisconsórcio
facultativo por conexão. Trabalha com uma relação jurídica material um pouco
mais aberta que a da comunhão.
➔ Inciso III - Afinidade por um ponto em comum de fato ou de direito: é uma
mera afinidade, não há necessidade de ação jurídica que una essas pessoas.
Apenas coincidência, não há relação contratual. Litisconsórcio por causa de atos
parecidos, não há um contrato entre essas pessoas, simplesmente estão
praticando atos parecidos. Ex.: vários vizinhos usando a casa de um outro
vizinho de lixeira, mas ninguém combinou nada, foi coincidência. Ninguém fez
esse acordo de jogar esse lixo, mas o dono dessa casa pode litisconsorciar esses
réus que estão praticando atos parecidos (diferente do de conexão, onde todos
devem ter um contrato em comum, no caso com a tal operadora).

● Litisconsórcio Multitudinário, Plúrimo ou Múltiplo


○ multidão de litisconsortes no processo. Grande quantidade de pessoas ou no polo ativo
ou no passivo (50 pessoas pode ser considerado multidão, vai depender do tipo de
processo). E não há definição de quantidade de multidão, podem ter 40 ou 500.
○ se tiver muita gente no processo pode ficar inviável a administração do processo pelo
juiz, ou até pelo advogado, autor e réu. Isso pode ser muito ruim para o processo como
um todo.

○ Litisconsórcio Facultativo Recusável (art. 113, §1º a §2º)


➔ do litisconsórcio multitudinário vem o litisconsórcio facultativo recusável. Nele o
juiz limita o litisconsórcio, desmembra a causa, nos casos previstos em lei,
limitando a causa e dividindo em blocos de 10 partes.
➔ ao invés de ter um processo com 30, vamos ter 3 processos com 10.
➔ §2º: geralmente o litisconsórcio multitudinário é ativo, é o autor que se junta
com uma multidão de autores e se coloca contra um réu. O réu antes de
contestar tem q recusar o litisconsórcio, porque se ele contestar ele vai estar
concordando. Quando ele recusa, o juiz suspende o processo, analisa e, se
concordar, desmembra, redistribui o processo para outros juízos (divide 30 em 3
grupos de 10) e aí sim reabre o prazo de defesa (contestação).
➔ pode ser que o desmembramento prejudique a causa, pois cada juízo pode
definir uma coisa para cada grupo.
➔ o desmembramento pode ser tanto alegado pela parte quanto de ofício pelo
juiz.
➔ o juiz não pode escolher os litisconsortes que vai ficar. Ele vai ficar com os 10
primeiros, por exemplo, se forem 30 e ele dividir em 3 grupos.
➔ Enunciado 116, do FPPC: quando a formação do litisconsórcio multitudinário for
prejudicial à defesa, o juiz poderá substituir a sua limitação pela ampliação dos
prazos, sem prejuízo da possibilidade de desmembramento na fase de
cumprimento de sentença. Ou seja, se for ruim pra defesa, o juiz poderá apenas
ampliar os prazos para ela ao invés de desmembrar o processo.
➔ Enunciado 387, do FPPC: a limitação do litisconsórcio multitudinário não é causa
de extinção do processo. Ou seja, o desmembramento não causa extinção do
processo.
➔ Recurso, art 1.015, VIII.

○ Ações coletivas
➔ solução prévia ao processo. Impede a formação do litisconsórcio multitudinário.
Os sujeitos do conflito não podem ser partes, em ação coletiva ninguém que é
sujeito da relação material vai ao processo. Sempre teremos uma legitimação
extraordinária (alguém com legitimidade prevista em lei). O sujeito é o MP, a
Defensoria Pública, sindicatos, centros acadêmicos, associação (pré existente ao
conflito ou criada após o conflito. Ex.: associações das vítimas da Gol, da TAM).
➔ essas instituições que entram na ação não necessariamente precisam da
permissão dos sujeitos da situação. Ex: o CACO não precisa pedir para mover
ação em meu nome (eu posso mover uma ação individual, mas se o CACO
ganhar não vai valer pra mim).
➔ Obs.: o sujeito da relação material não pode mover ação coletiva em nome
próprio.

aula 7 - 08/09/2020:

(cont.)
● Litisconsórcio Necessário (art. 144, CPC):
○ é aquele em que o autor não tem opção, ele é obrigado a formar o litisconsórcio.
○ o que leva ele a ser obrigado é:
➔ 1. obrigação por disposição da lei: quando a lei determina, quando ela diz que
deve haver a formação do litisconsórcio. Quando a lei fala o litisconsórcio é
passivo necessário, pois a lei fala de necessidade de citação e apenas o réu é
citado. Pode ser unitário ou simples. Ex.: arts. 73, §1º, 246, §3º, 572, §1º e 626.
➔ 2. obrigação por força da relação jurídica controvertida: depende do direito
material controvertido. Quando a relação jurídica controvertida tiver uma
característica que leve a essa obrigatoriedade. A relação jurídica controvertida
obriga o autor a formar o litisconsórcio. Significa dizer que eu não tenho
nenhuma norma informando. Vou ter que analisar a relação de direito material
e analisar se a eficácia da sentença depende da presença de todos os
litisconsortes. Ou seja, tenho que analisar se dá para dar uma sentença faltando
litisconsortes. Se não der para dar uma sentença faltando um dos litisconsortes,
esse litisconsórcio é necessário. Ex.: casamento entre irmãos: litisconsórcio
passivo necessário e unitário. Um casamento deve ser válido para que possa
existir. Não podemos ter um casamento válido entre dois irmãos. Vamos supor
que eles não queiram se separar. No direito brasileiro quem pode anular o
casamento (promover a ação) sem que as partes queiram é o MP (legitimidade
extraordinária). Será um litisconsórcio necessário, pois não pode existir
sentença só em face do marido ou da mulher. Em regra, ele é unitário, porque
não tem como você dizer que a sentença é favorável a um e desfavorável a
outro. A sentença deve ser igual para todos e por força disso todos devem estar
no processo.

● Consequências da não formação do litisconsórcio (art. 115, CPC):


○ se é facultativo, formo se quiser.
○ se é necessário, é claro que deve haver uma consequência para a não formação.
○ 1ª situação (art. 115, §único, CPC): o juiz ao verificar que a causa obriga a formação do
litisconsórcio (de ofício ou informado pelo réu), ele vai até o autor e vai determinar que
o autor complete o litisconsórcio necessário (que informe os nomes dos réus que devem
constar).
○ 2ª situação (incisos do art. 115, CPC): a lei vai dizer que se esse autor não formar o
litisconsórcio (por desobediência ou por não notar que não foi informado o
litisconsórcio) vai haver a:
➔ nulidade da sentença: quando o litisconsórcio for unitário. A sentença não vale
nem para quem está no processo, nem para quem não está no processo.
➔ ineficácia da sentença: quando o litisconsórcio for simples. A sentença vai valer
para quem estava no processo e não vai valer para quem não estava no
processo. Quem já estava no processo terá sentença válida. E a sentença será
ineficaz para quem estava fora do processo.

● Litisconsórcio Necessário (art. 114, CPC):


○ Controvérsias:
➔ Litisconsórcio ativo necessário: proibição da formação do litisconsórcio ativo
necessário porque podemos ser obrigados a ser réu, mas ninguém pode ser
obrigado a ser autor. O grande problema é que temos diversas situações em
que a relação de direito material impõe a presença de todos os litisconsortes no
processo. A eficácia da sentença depende da presença de todos eles. Não há
nada que faculte isso. Ex: pedido de anulação de assembleia de condomínio.
Não tem como uma pessoa mover essa ação sozinha. É preciso que todos os
moradores sejam citados, pois se trata de litisconsórcio unitário. A solução é o
autor tentar trazer os sócios voluntariamente para o polo ativo. Caso eles não
venham voluntariamente, a jogada do autor é mandar citar aqueles que
deveriam ser autores, obrigando-os a serem réus (no polo passivo), e assim eles
estariam no processo. "Se ele não for autor por vontade própria, ele será réu
obrigatoriamente". Na relação de direito material eles estariam no polo ativo,
mas na relação processual estariam no polo passivo. O autor move a ação em
face do condomínio e dos outros moradores, simplesmente para que estejam
no processo e a sentença não seja nula.

● Litisconsórcio Unitário (art. 116, CPC):


○ será unitário quando o juiz tiver que decidir o mérito de maneira uniforme para todos os
litisconsortes, não importando se eles estiverem no polo ativo ou passivo.
○ ex. legal: art. 375, caput, CPC.
● Litisconsórcio facultativo unitário e litisconsórcio necessário simples são exceções:
○ 1. Facultativo unitário: a regra seria que se todos os litisconsortes são obrigados a
terem uma sentença, eles deveriam ser obrigados a estarem presentes no processo. No
entanto, a lei diz que quem não quiser estar no processo não precisa, é facultativa a
presença. Ex.: solidariedade, co-propriedade.
○ 2. Necessário simples: a lei permite ao juiz dar decisões diferentes para cada
litisconsorte, não quer dizer que ele seja obrigado. Apesar de cada litisconsorte poder
ter uma posição diferente, a lei processual obriga-os a comparecerem em juízo.
● Regime de tratamento dos litisconsortes (art. 118, CPC):
○ art. 118, CPC: cada litisconsortes pode atuar como se tivesse sozinho no processo. Então
eu não sou obrigado a ter o mesmo advogado, a apresentar uma única contestação para
todo mundo, as mesmas provas que todo mundo. É independência completa nesse
aspecto. Da mesma maneira, o juiz, na prática, se dirige ao bloco, aos litisconsortes
ativos, aos litisconsortes passivos, mas ele pode também se comunicar com cada
litisconsorte como se estivesse sozinho. Claro que para receber a intimação cada
litisconsorte receberá individualmente, como se estivesse sozinho.
○ art. 117, CPC: Princípio da Independência dos Litisconsortes:
➔ agora, uma coisa é a atuação (minha atuação é ou pode ser independente),
outra coisa é a consequência do que eu faço. E aí se trabalha com o princípio da
independência dos litisconsortes. Esse princípio vai levar em consideração se o
litisconsórcio é unitário ou simples. No litisconsórcio unitário, o que eu fizer
naturalmente vai alcançar o outro litisconsorte porque o direito é uno,
uniforme. Já no simples não se tem essa garantia. Se são sentenças diferentes, a
prova que eu apresentar é uma prova para mim (simples).
➔ Exceções a essa regra (art. 345, I, art. 1005, art. 389 e art. 391, CPC): essa regra
de que o que todo mundo faz vai alcançar os demais, tem exceção. O que a
regra fala é que o que um litisconsorte fizer, vai beneficiar a todos, mas não há
como prejudicar a todos. No litisconsórcio unitário não há como o ato
prejudicial prejudicar a todos, mas o ato beneficial vai beneficiar a todos.

○ art. 231, §1º / v. art. 334, §6º, CPC.


○ arts. 229 (exceção art. 364, §1º), 87, §1º, 99, §6º:
➔ art. 229, CPC: questão de contagem de prazo. Se todos os litisconsortes tiverem
um único advogado, o prazo é contado como se fosse uma única pessoa. Mas o
art. 229, CPC, vai dizer que se esses litisconsortes tiverem mais de 1 advogado,
os prazos serão contados em dobro (não é multiplicado pela quantidade de
litisconsortes, ele é dobrado).
➔ art. 229, §2º, CPC: essa regra de dobrar o prazo só se aplica em processos
físicos. Em processo eletrônico, a regra é que os litisconsortes terão prazo como
se fossem uma pessoa só.
➔ mas essa regra também vai ser aplicada em processos físicos ou eletrônicos
quando nós tivermos a União, o Estado, Município, MP ou DP. Isso porque é
óbvio que se forem contra esses entes públicos não vai ser o mesmo advogado.
Então obrigatoriamente vai ter prazo em dobro, mas para eles. Se meu
processo é físico, meu prazo também vai ser em dobro, mas se for eletrônico só
o prazo deles será em dobro.
➔ arts. 180 e §2° (MP), 183 e §2° (Advocacia Pública), e 186, §3° e §4° (DP).

>> Intervenção de Terceiros


● o conceito de terceiro é por exclusão. Todo mundo que não for autor, nem réu. Juiz, escrivão, a
população toda do mundo, são terceiros.
● ideia de alguém que vai entrar no processo alheio.
● Características da intervenção de terceiros:
○ para essa pessoa vir para o processo ela tem que:
➔ 1- não ser parte.
➔ 2- para haver a intervenção de terceiros, o processo tem que estar pendente,
ele tem que existir e ainda não ter terminado.
➔ 3- interesse jurídico. Era um ponto extremamente importante no código
anterior e o código atual bagunçou. Deve haver vínculo entre o terceiro e o
objeto litigioso.

● Interesse para intervir: “vínculo entre o terceiro e o objeto litigioso (relação jurídica material
debatida), pois não se permite o ingresso no processo pautado exclusivamente em interesse
moral, afetivo ou meramente econômico.” Teria que ser sempre um interesse jurídico.
Porém, há grandiosas controvérsias atualmente.

● 2 conceitos distintos (de 2 autores super renomados):


○ 1- Conceito de Ovídio Baptista da Silva: “diz-se que há intervenção de terceiros no
processo, quando alguém dele participa sem ser parte na causa, com o fim de auxiliar ou
excluir os litigantes, para defender algum direito ou interesse próprio que possam ser
prejudicados pela sentença”. Terceiro é alguém que entra no processo alheio (para
auxiliar ou expulsar autor ou réu), participa do processo alheio, mas não vira parte. Esse
terceiro quando ingressa no processo alheio é porque alguma questão jurídica discutida
interessa a ele. Então para evitar que a situação lhe traga prejuízo jurídico é que esse
terceiro ingressa.
○ 2- Conceito de Cândido Rangel Dinamarco: “intervir é entrar no meio. Por isso, intervir
em um processo significa ingressar na relação processual, fazendo-se parte (...).”
Quando o terceiro ingressa ele vira parte, ou seja, é formado um litisconsórcio
superveniente.
○ cada um tem uma visão diferente e ambos estão certos. Algumas formas de intervenção
de terceiros vão fazer com que esse terceiro ingresse somente para participar e outras
que ele ingresse no processo alheio e vire parte.
○ nenhuma forma de intervenção é obrigatória, então é litisconsórcio facultativo. Ele
ingressou porque quis.

● Intervenção de terceiros típicas:


○ CPC/1973:
➔ Assistência;
➔ Oposição;
➔ Nomeação à autoria;
➔ Denunciação da Lide;
➔ Chamamento ao processo;
➔ Recurso de terceiro;

○ CPC/2015:
➔ Assistência;
➔ Oposição (passou a ser procedimento especial);
➔ Nomeação à autoria (ficou comum);
➔ Denunciação da Lide;
➔ Chamamento ao processo;
➔ Recurso de terceiro;
➔ Incidente de desconsideração da personalidade jurídica (IDPJ);
➔ Amicus curae;

○ Obs.: a oposição é a forma de intervenção que mais acontece e é a mais estudada.


○ são aplicadas no processo de conhecimento. Não necessariamente essas são aplicadas
no processo de execução.

● Observações:
○ Formas de intervenção (previstas no CPC, mas não necessariamente no capítulo de
intervenção):
➔ 1- intervenção voluntária: ele pode intervir voluntariamente. Quando é
voluntária, o terceiro vê que o processo lhe interessa e pede para participar,
intervir. Mas o fato dele querer entrar no processo alheio não significa que ele
obrigatoriamente vai ser aceito no processo alheio. Ele solicita ingresso, as
partes são ouvidas e o juiz decide. Ex.: assistência, recurso de terceiro
prejudicado, pode ser o caso de “amicus curiae”.
➔ 2- intervenção de maneira forçada (termo não muito correto, mas utilizado): a
parte ou o juiz é que trazem o terceiro ao processo. Não é ele que ingressa
voluntariamente, chamam ele. Não é porque ele foi chamado ao processo que
ele tem que ficar, ele pode querer não intervir ou o juiz pode ver também que
ele não tem relação com o processo. Salvo exceções, entrou ele fica até o fim.
Ex.: denunciação da lide, chamamento ao processo, incidente de
desconsideração da personalidade jurídica (IDPJ), e pode ser o caso do “amicus
curiae”.
➔ Obs.: terceiro também tem que ter advogado, representante (caso necessite),
enfim, todas as capacidades da parte.

○ a regra na intervenção é que ela possa acontecer em qualquer processo de


conhecimento. Excepcionalmente, no caso do incidente de desconsideração da
personalidade jurídica, nós teremos a possibilidade de intervenção no processo de
execução.
○ e quando falamos do processo de conhecimento estamos falando mais especificamente
do processo comum.
○ no procedimento especial só há possibilidade de intervenção de terceiros quando esse
procedimento for muito próximo do procedimento comum. Agora, quando ele for muito
especial (ex.: prestação de contas, inventário) não cabe a intervenção de terceiros. Às
vezes, a lei não fala nada e temos que verificar essa proximidade.
○ Proibição legal (art. 10, da LJE): a única proibição legal é a lei dos juizados que proíbe
qualquer forma de intervenção de terceiros.
○ Obs.: um outro detalhe importante é que quando um terceiro intervém em processo
alheio, esse processo já tem autor e réu. Mesmo que ele vá virar parte, o processo já era
daqueles dois originários. Isso significa que ele não pode alterar algumas regras, porque
ele é o estranho que caiu de paraquedas.
○ Alteração de competência (art. 109, I, CF): “Aos juízes federais compete processar e
julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal
forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho;”

aula 8 - 10/09/2020:

>> Assistência (arts. 119 a 124, CPC)


● primeira forma de intervenção, a mais utilizada na prática.
● é totalmente voluntária.
● Conceito (art. 119, CPC): para que o terceiro possa intervir como assistente primeiro é preciso
haver uma causa pendente.
● art. 119, §único, CPC: vai dizer que o terceiro pode intervir a qualquer tempo do procedimento e
pode ingressar em qualquer grau de jurisdição. Claro que esse assistente vai ingressar em
processo para auxiliar ou o autor ou o réu. Isso porque ele tem um interesse jurídico, que a
sentença seja favorável à parte em que ele é assistente, porque ela ganhando ele ganha
também. Se ela perder, ele perde também.
● ele ingressa porque ele quer.
● Meios de ingresso:
○ a lei fala que o terceiro pode ingressar em qualquer procedimento. Mas aí depende se o
procedimento é próximo do procedimento comum. Não é qualquer procedimento.
Depende.
○ o que é certo é que ele pode ingressar em qualquer grau de jurisdição. Uma das poucas
formas de intervenção que não ficam presas à sentença (é aí que entra o recurso de
terceiro prejudicado). Ele pode ingressar em juízo para recorrer em uma sentença em
que a parte perdeu e ele, por consequência, também foi prejudicado.

● Formas de ingresso:
○ ele toma conhecimento de que interessa a ele e apresenta uma petição para participar
do processo. É claro que ele deve explicar suas motivações, interesse jurídico, vir com
advogado para representação, etc.
○ o terceiro vai atuar como parte.
○ art. 120, CPC: as partes (tanto a assistida quanto a contrária) têm 15 dias para falar
sobre esse pedido do assistente.
○ isso tudo ocorre sem a suspensão do processo.
○ não importa o tipo de assistência, o assistente tem que pensar muito antes de entrar,
porque se ele deixa passar o tempo, não vai servir de nada.

● Espécies (conforme intensidade do interesse jurídico):


○ Simples ou adesiva (arts. 121 a 123, CPC):
➔ art. 121, CPC: vai deixar bem claro que o assistente simples é um mero auxiliar
da parte principal. Isso porque ele ingressa em juízo para defender o direito da
parte assistida (direito alheio). O direito dele, assistente, não está sendo
discutido em juízo. O direito dele é um direito reflexo, o direito discutido pode
refletir no direito dele.
➔ ex.: Contrato de locação. Nele o locatário pode ter o poder de sublocar o imóvel
para outra pessoa. Então quem está no imóvel é o sublocatário. Se o locador
promove uma ação de despejo, a relação jurídica é entre locador e locatário.
Mas se houver uma rescisão desse contrato também vai levar a rescisão do
contrato acessório do sublocatário. Havendo despejo, quem sai é o sublocatário.
Então ele vai ter interesse em ajudar o locatário a ganhar, porque aí ele vai
ganhar também indiretamente.
➔ a intensidade do interesse jurídico do terceiro é menor, menos intensa que o
interesse jurídico do assistente litisconsorcial, por força da sua relação jurídica
de direito material, do objeto do processo. O terceiro é equiparado a
litisconsorte com relação a tempo de fala e prazos. Se atos importantes já foram
aplicados antes dele entrar, não vai se poder voltar atrás nesses atos já
aplicados. Ele só pode agir de quando ele entrou para frente.
➔ art. 121, CPC: apesar de atuar como auxiliar da parte, vai ter os mesmos
poderes e se sujeitar aos mesmos ônus. Não é parte, mas atua como se fosse
parte, equiparado à parte em relação à capacidade processual, postulatória e
remessas dos autos. Quando o juiz se dirige ao autor ou ao réu, também está se
dirigindo ao assistente das respectivas partes.
➔ Efeitos:
❏ art. 122, CPC: Lembrando que o terceiro é um mero auxiliar. Quem
manda no processo é a parte assistida e não o assistente. Ou seja, se a
parte principal quiser perder, ela vai perder. O direito é do assistido,
então se ele quiser perder e fazer acordo, prejudicando o assistente, ele
pode fazer e o assistente não pode reclamar.
❏ se o juiz abrir prazo para as partes produzirem provas, há duas
situações:
➢ 1- alguns doutrinadores vão dizer que se a parte principal ficou
omissa, pode-se aceitar as provas do assistente.
➢ 2- outros doutrinadores vão dizer que não, se a parte principal
não se manifestou foi porque ela não quis e isso não dá direito
ao assistente querer se manifestar no lugar dela.
➢ 3- há quem diga também que mesmo que o assistente atue, se
o assistido não quiser produzir essas provas que o assistente
produzir, o juiz tem que retirar essas provas.
❏ art. 123, CPC: mais expresso com relação ao efeito que o assistente
simples pode sofrer com sentença desfavorável à parte assistida. Vai
dizer que a coisa julgada pode ou não alcançar o assistente simples, vai
depender do que aconteceu no processo, do momento de ingresso no
processo. Ou seja, o direito dele não foi discutido, mas, dependendo de
seu momento de ingresso, ele pode ser alcançado pela coisa julgada e
ele não pode entrar com outro processo pedindo o direito dele.
❏ se ele ingressou cedo no processo, usou todos os argumentos que tinha,
pôde fazer tudo que estava dentro de seu alcance e mesmo assim a
parte assistida perdeu, ele acaba sofrendo as consequências.
❏ mas se ele ingressou tarde no processo, ele pode em um novo processo
discutir o que já foi discutido nesse primeiro processo quando ele ainda
não havia ingressado, mas agora figurando como parte desse novo
processo.
❏ a segunda situação que está no art. 123, CPC, já diz respeito ao boicote
da parte assistida. Se a parte assistida não permitiu ao assistente agir.
Ele entrou com tempo, podia fazer um bando de coisas, mas foi
impedido de fazer, o assistido não deixou ele agir por vontade, dolo ou
culpa. Ele podia ter agido, mas foi freado. E por ele ter sido freado o
assistido perdeu e ele não pode agir. Então, em um outro processo ele
poderá agir com todas as armas que ele não pode usar no primeiro
processo.

○ Litisconsorcial ou qualificada (art. 124, CPC):


➔ art. 124, CPC: defende direito alheio (do assistido) e direito próprio. A maioria
dos doutrinadores diz que estamos diante de uma hipótese de um litisconsórcio
unitário facultativo superveniente (superveniente = vem depois). Ingressa como
assistente litisconsorcial porque não está apenas defendendo direito alheio,
mas também direito próprio. Ingressa como terceiro e se incorpora como parte,
pois ele entra no processo. Ex.: o credor move ação em face de devedores, mas
deixa um devedor de fora. Se os devedores forem condenados, o que ficou de
fora não pode argumentar sobre. Ele não vai ser executado, mas não pode
discutir mais sobre a dívida. Ele poderia entrar como litisconsorte ou entrar
como assistente litisconsorte. É uma hipótese. "Viu que a situação ficou
apertada para os outros devedores e para si mesmo e resolveu ingressar em
juízo".

○ para ambas as espécies: deve-se tomar cuidado com o que está no art. 119, §único,
CPC. Se atos importantes já foram aplicados antes dele entrar, não vai se poder voltar
atrás nesses atos já aplicados. Ele só pode agir de quando ele entrou para frente.

● Obs.: é possível ter assistente do assistente. Assistente do incapaz e assistente do litisconsórcio.


Ou um assistente para ajudar autor e outro para ajudar o réu.

>> Denunciação da lide (arts. 125 a 129, CPC)


● segunda forma mais importante de intervenção.
● Conceito:
○ na denunciação da lide se tem duas ações, obrigatoriamente. Se tem a ação principal e
se tem uma segunda ação que é a ação de denunciação, em que eu tenho a parte
principal como autora e o denunciado como o réu. A denunciação da lide são duas ações
dentro de um mesmo processo.
○ na denunciação se terá sempre um pedido condenatório. O que se quer na denunciação
é o direito de regresso, se quer dinheiro. O denunciante quer ser indenizado por
terceiro, não importa qual seja a ação principal.
○ na denunciação da lide, o nosso terceiro foi o causador (não se pode dizer culpado) do
processo entre autor e réu. A parte denunciante já sabe que vai perder porque a lei
material já demonstra isso, então o que ela quer é ser indenizada por esse terceiro, ela
quer que esse terceiro devolva para ela todo o dinheiro que ela está gastando no
processo.
○ o terceiro sempre vai ingressar como réu de denunciação, mas só vai ter que indenizar a
parte se ela perder.
○ o denunciante só entra com essa denunciação porque realmente acredita que vai
perder. Ele tem duas opções: ou ele espera perder o processo principal para entrar com
um processo contra o terceiro para ser indenizado, ou ele já pede para ser indenizado
antes.
○ ex: aluna que caiu no chão da faculdade. A faculdade é responsável, mas só está no
processo por causa da empresa de limpeza. Existe uma possibilidade muito grande da
instituição ter que indenizar a aluna e, como a faculdade já espera perder, ela faz a
denunciação contra a empresa de limpeza (terceiro).

● Momento de intervenção:
○ o denunciado não tem toda a liberdade do assistente, pois não entra voluntariamente,
ele é réu, entra obrigado.
○ 2 momentos:
➔ pelo autor (art. 126, CPC): se é o autor que faz a denunciação, a intervenção
tem que ser feita na petição inicial. Na petição inicial move-se ação em face do
réu e em face do denunciado, duas ações. É incomum, o que mais acontece é o
réu denunciar.
➔ pelo réu: se é o réu que faz a denunciação, ela deve estar na contestação.

○ não existe outro momento para intervenção.


● Observações:
○ Denunciação sucessiva (art. 125, §2º, CPC): ex.: engavetamento de carros (efeito
dominó de batidas de carro). Se poderia ter diversas denunciações. Um vai denunciando
o outro em cada uma de suas contestações. Cada denunciação vira uma ação. Isso era
possível no código anterior, agora ficou limitado a 2 denunciações apenas.

● Hipóteses previstas em lei:


○ art 125, I, CPC;
○ art 125, II, CPC: denuncia o terceiro, para caso perca ele ser condenado a indenizar
(situação extremamente comum). Tem 90% das situações de denunciação, que são de
responsabilidade civil.
○ Obs.: indenizar é deixar sem dano.

● Uma situação tranquila de denunciação:


○ relação de consumo: Comprei um Iphone nas Casas Bahias e ele veio com defeito. O
CPC pode dizer qual fornecedor podemos processar, vendedor ou fabricante. É mais
comum que se procure o vendedor, pois é uma relação mais direta. Vamos supor que eu
pedi para trocar ou rescindir o contrato. Tudo isso envolve o fabricante, pois o vendedor
não fabrica nada com defeito. É claro que vamos entender que o vendedor tem direito
de regresso em face do fabricante, indenização.
○ o problema desse exemplo é que a lei proíbe (art. 13 c/c art. 88, CDC). O código diz que
existe esse direito de regresso, mas proíbe denunciação da lide em relações de
consumo. A parte mais fraca (consumidor) deve ter direito amplo de defesa, é o mais
importante. Por isso, o vendedor deve mover outra ação separada contra o fabricante.
○ outra proibição é a do art. 37, § 6º, CF, que diz que sempre que movermos uma ação
contra um ente público por conta de um fato praticado por um de seus agentes, esse
ente tem direito de regresso contra o agente, mas não por denunciação. Terá que fazer
isso em um outro processo.

● Posição do denunciado:
○ o terceiro (denunciado) que veio forçado ao processo tem dupla atuação, porque ele
tem atuação na denunciação e atuação na ação principal. E a atuação dele poderá ser
diferente.
➔ 1- na ação de denunciação ele é sempre réu, ele é aquele que a gente quer que
seja condenado a indenizar. Mas ele só será condenado a indenizar se o
denunciante perder. Se o denunciante ganhar ele não será indenizado pelo
terceiro.
➔ 2- e ele também atua na ação principal ao lado do denunciante. Para a doutrina
ele exerce papel de assistente, mas a lei diz que ele é litisconsorte (vira parte)
do denunciante na ação principal (art. 127 e 128, I, CPC). A lei é o que a
jurisprudência utiliza.

aula 9 - 15/09/2020:
(cont.)

>> Denunciação da lide (arts. 125 a 129, CPC):


● Uma outra situação:
○ ex.: seguro de carro para o dono do carro e para terceiros. Em um acidente de carro, a
vítima processa o causador do acidente. Ela move uma ação em face dele. O ideal era
que a seguradora entrasse em contato com a vítima para indenizá-la, mas a empresa se
nega a isso. Então esse réu denuncia a lide seguradora. Nesse caso, a vítima teria que
pegar o dinheiro do réu e depois ele seria indenizado pela seguradora. Mas é claro que
o réu não vai querer isso, já que ele paga a seguradora.
○ no código anterior era uma questão complicada, mas hoje em dia (art. 128, §único, CPC)
o autor já pode executar diretamente o terceiro com a condenação deles.

● 3 situações diferentes (art. 129, CPC):


○ para o réu talvez ser indenizado na denunciação ele precisa perder na ação principal, é
uma condição.
○ art. 129, CPC: primeiro se resolve a ação principal para depois o juiz resolver a
denunciação. Isso não significa que você tem que fazer todo o procedimento de um e
depois de outro. Os procedimentos correram juntos, ambos chegaram ao fim. O juiz só
vai pegar para decidir.
○ 3 situações:
➔ 1- Derrota do denunciante nas duas ações (ação principal e denunciação): tem
que indenizar a ré (vencedor da ação) com as despesas processuais devido uma
ação de denunciação sem fundamento. Isso está no art. 85, caput, CPC.
➔ 2- Vitória do denunciante na ação principal: melhor situação possível para os
dois réus. A denunciante deve ser ressarcida pelas despesas processuais. Mas,
se ganha na ação principal, naturalmente perde na denunciação, porque só
pode fazer denunciação se perder na ação principal. A denunciante então tem
que ressarcir as despesas processuais para o denunciado (valor bem menor).
Ex.: a estudante teria que pagar os custos processuais da faculdade. Mesmo
assim a faculdade naturalmente perde a denunciação e deve ressarcir a
empresa de limpeza pelos seus custos processuais também. Ela tem um
prejuízo, mas é muito menor.
➔ 3- Derrota do denunciante na ação principal com vitória na denunciação (o
ideal, a razão de ser da denunciação): todo prejuízo financeiro vai recair nas
costas da denunciada. Ex.: a faculdade paga a indenização e os custos
processuais da estudante. A empresa de limpeza devolve todo o dinheiro que a
faculdade gastou mais os custos processuais da mesma.

>> Chamamento ao processo (art. 130 a 132, CPC)


● Noções gerais:
○ é uma forma de intervenção provocada.
○ ela é específica do réu (ele a realiza).
○ tem como base a solidariedade (passiva; credor escolhe de qual devedor cobrar, com
possibilidade do devedor fazer o chamamento dos outros devedores sem o credor
precisar ficar sabendo;).

● Conceito:
○ se eu estou trazendo outros devedores eu tenho um litisconsórcio superveniente
facultativo passivo unitário. O réu que criou o litisconsórcio, não o autor.
○ não precisa da concordância do autor, o réu faz o chamamento. O credor pode escolher
quantos ele quer chamar, não precisa chamar todos os devedores. Só os escolhidos
serão condenados, e esses que pagarem terão que mover ação cobrando os outros. Por
isso, para o devedor solidário é mais fácil chamar logo todo mundo porque gasta menos
tempo e dinheiro (economia processual).

● Momento de intervenção:
○ essa forma de intervenção tem momento único para acontecer: só pode ser feita na
contestação. Se não ocorrer neste momento, não há mais chance.
○ Obs.: o credor chama 1 devedor, o outro devedor chama outro e esse último devedor
pode chamar outro também, caso queira. É facultativo.

● Hipóteses (art. 130, CPC):


○ Inciso I: como credor, podemos cobrar diretamente do devedor, quando o fiador abre
mão do benefício de ordem. Ele abre mão voluntariamente para que não queiram
cobrar dele aquilo que cabe ao devedor. Nesse caso, se o credor move ação contra o
fiador, ele faz o chamamento do devedor no intuito de obter uma indenização. Se
assemelha à denunciação (a consequência é a mesma), mas o legislador queria que
fosse encarado como chamamento. Parece mais denunciação do que chamamento
porque no chamamento de um devedor para o outro o que se quer é o pagamento da
quota parte.
➔ Obs.: a finalidade é de denunciação, mas o procedimento não é de denunciação
porque não leva a duas ações.

○ Inciso II: diversos fiadores no mesmo contrato (nada proíbe), eles são solidários. Se o
credor cobrar de um só, esse fiador pode fazer o chamamento dos outros fiadores.
○ Inciso III: é o conceito de chamamento. O devedor quer a cota parte do outro. É a
hipótese mais comum.

● Sentença condicional (art. 132, CPC)


○ porque você não sabe quantas execuções terão, e dependendo de quem pagar pode
virar um exequente.
○ Solidariedade passiva (art. 130, incisos II e III, CPC): credor cobra a 1 devedor 100% na
sentença condenatória. O devedor irá executar o outro devedor na quota parte (se
torna credor na execução em cima da sentença condenatória). 1 execução para cada
devedor que não foi chamado pelo credor. A partir do pagamento por um devedor, esse
devedor poderá virar exequente de outro para cobrar a quota parte, e assim
sucessivamente.
○ Fiança (art. 130, Inciso I, CPC): a sentença é condicional, mas ela é diferente. O nosso
credor moveu ação em face do fiador e o fiador chamou ao processo o devedor. Só que
o que o fiador quer não é dividir o prejuízo, mas ficar sem prejuízo. Os dois foram
condenados, só que agora na execução se o credor executar o fiador, o fiador vai pagar
100% e depois cobrar os 100% do devedor. Mas, se o autor executar o devedor, o fiador
não vai precisar pagar nada. Então, dependendo de quem paga, o resultado e a
execução são diferentes, o fim é o ressarcimento. É condicional, pois não tem como
saber quantas execuções vai gerar.

>> Diferenças entre denunciação da lide e chamamento ao processo:


● Denunciação da Lide:
○ 1. Baseada no direito de regresso ou garantia.
○ 2. Há ampliação do objeto litigioso.
○ 3. Há ampliação dos elementos objetivos da demanda.
○ 4. Há mais de uma relação jurídica material sendo discutida.

● Chamamento ao Processo:
○ 1. Baseada na solidariedade ou na fiança.
○ 2. Não há ampliação do objeto litigioso da demanda.
○ 3. Não há ampliação dos elementos objetivos da demanda.
○ 4. Há somente uma relação jurídica material sendo discutida.

aula 10 - 17/09/2020:

>> Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica (arts. 133 a 137, CPC):


● Hipóteses legais (art. 133, §1º, CPC):
○ CTN 135-III;
○ CDC28;
○ CC50;
○ Lei nº 9605/1998, art. 4º (direito ambiental);
○ CLT2º-§2º;
○ tem que ver o que a lei fala. Nenhuma dessas leis acima falam como o juiz vai agir. Elas
preveem a desconsideração apenas, e cada juiz fazia o que queria. O CPC então define o
procedimento a ser seguido pelo juiz para haver desconsideração. Isso para que essa
intervenção não passe por cima dos princípios do processo.

● Conceito:
○ não é novidade no direito material, no direito civil. Ela já vem sendo falada há um
tempo. Está nos códigos civil, tributário nacional, defesa do consumidor, ambiental e
leis trabalhistas.
○ estamos falando de uma sociedade que descumpriu algum dever para algum cliente,
fornecedor. E essa pessoa move ação em face da empresa, que é descumpridora e tem
dever de indenizar. Só que se descobre que essa empresa não tem patrimônio, porque
esses patrimônios estão no nome dos sócios, por exemplo. Ela assume obrigações que
ela não consegue cumprir, acima do que o patrimônio dela pode arcar. No entanto, o
dono da empresa é rico. Então você pode executar o dono ao invés da pessoa jurídica.
○ ou o sócio é o detentor do patrimônio da empresa para preservar o patrimônio, ou o
contrário, a empresa tem os patrimônios e o sócio não. Dependendo das situações que
fazem o devedor não ter bens, mas fazem outra pessoa ter, é que vai se formar essa
desconsideração.
○ o que acontece nesses casos é que o réu continua sendo réu, mas vai ser chamado para
ação o detentor do patrimônio. A intervenção é feita por essa outra pessoa (jurídica ou
física) que vai entrar no processo. A ideia é buscar onde está o patrimônio.
○ não necessariamente é legal juridicamente. É muito utilizado para se safar das
obrigações jurídicas. Ex.: caso Romário, bens todos no nome da empresa. Ele então,
teoricamente, não tinha bens e, por esse motivo, não devia o pagamento de
alimentação para os filhos.
○ muito comum esse tipo de situação.

● Modalidades de desconsideração:
○ Direta:
➔ sociedade-ré (condenado).
➔ bens do sócio (perde os bens).

○ Inversa:
➔ sócio-réu (condenado).
➔ bens da sociedade (perde os bens).

○ Obs.: o imposto de renda para pessoa jurídica é menor do que para pessoa física.

● Legitimação ativa (art. 133, caput, CPC):


○ FPPC 123: "É desnecessária a intervenção do MP como fiscal da ordem jurídica, no IDPJ,
salvo nos casos em que deve intervir obrigatoriamente, previstos no art. 178, CPC".
○ a própria pessoa jurídica pode requerer a desconsideração a seu favor (CJF 285).
○ Instauração ex-officio: possível quando aplicáveis normas de ordem pública, como no
CDC.

● Observações:
○ o incidente de desconsideração da personalidade jurídica é cabível em todos os
procedimentos (art. 134, caput, CDC). A única intervenção que é cabível fora do
processo de conhecimento (na execução). Às vezes o autor só descobre na execução
que o réu não tem bens (amplia a possibilidade de satisfação do nosso credor).
○ cabível nos JEC (art. 1062, CPC): traz um grande problema. O art. 10 da lei dos juizados
proíbe que haja intervenção de terceiros, porque seu procedimento é mais informal,
rápido e simples. O problema é que os juizados integram a política nacional de defesa
do consumidor, então seria bom para o consumidor ter essa desconsideração. só que
esse procedimento é muito complexo para os juizados, é contra os seus princípios e por
isso não está sendo utilizado de maneira formal. Eles usam a desconsideração, mas não
o incidente.
○ o incidente de desconsideração da personalidade jurídica é dispensável quando for
pedido em petição inicial (art. 134, §2º, CPC): quando o próprio autor requer de
antemão, o procedimento vira dispensável. Só que primeiro que se deve saber antes de
mover a ação que a empresa não tem bens (o que é muito difícil) e segundo que o autor
geralmente vai sem advogado (e como leigo desconhece essa possibilidade).

● Procedimento:
○ Pedido da parte ou do MP (art. 134 caput e § 4º, CPC):
➔ art. 134, caput, CPC: a parte vai requerer a instauração desse procedimento
demonstrando quais são os requisitos das leis materiais (se é civil, tributário,
etc.) e ele vai entrar em algum momento. Não há definição para se requerer.

○ Registro do incidente na distribuição (art. 134, §1º, CPC): a primeira coisa que vai se
fazer é quase como se criar um pequeno processo, então o distribuidor tem que ser
informado que houve esse requerimento. Deve ser levado para distribuição porque o
distribuidor vai dar a notícia a todos os cartórios das varas do tribunal de justiça de que
aquela pessoa pode vir a perder bens, que seus bens podem ser bloqueados. É uma
notícia que se dá a eventuais credores.
○ Suspensão do processo para resolução do incidente (art. 134, §3º, CPC): o próximo
passo é suspender a ação principal, porque agora a gente vai discutir se esse terceiro
deve ou não entrar nesse procedimento, se esse sócio pode ou não pode vir a perder o
patrimônio. Então não tem como continuar a ação entre consumidor e empresa e
depois atacar o patrimônio do sócio sem antes verificar se há possibilidade de
desconsiderar a personalidade jurídica.
○ Citação para resposta em 15 dias (art. 135, CPC): suspenso o processo, o próximo passo
é citar o sócio para ele responder, apresentar algum tipo de defesa, o contraditório (ex.:
alegar que o patrimônio era de outra empresa).
○ Instrução probatória, se necessário (art. 136, CPC): e aí vem as provas, contábeis ou o
que for necessário. Não é obrigatório, vai depender do caso concreto. O que for
necessário, se necessário for.
○ Decisão interlocutória (art. 136, in fine c/c art. 1.015, IV, CPC): e aí o juiz procede uma
decisão interlocutória, dizendo se vai ou não ter intervenção, desconsideração.
○ Prosseguimento do feito: decidida, o feito (ação principal) vai prosseguir, com ou sem o
terceiro.
○ Efeitos processuais (art. 137, CPC): esses bens agora continuam a pertencer ao nosso
sócio, ele continua sendo proprietário. Porém, se ele vender os bens ou doar isso será
considerado fraude à execução. É um ato fraudulento (art. 137, CPC). Isso porque agora
o poder judiciário já decidiu que se o consumidor ganhar o sócio perderá esse
patrimônio.

>> Amicus Curiae (art. 138, CPC):


● Histórico legal:
○ Lei 9.868/1999, art. 7º, §2º (o caput não admite intervenção de terceiros, permitido no
parágrafo);
○ LADPF (Lei 9.882/1999), art. 6º, §1º;
○ Lei 6.385/1976, art. 31 - intervenção da CVM;
○ Lei 12.259/2011, art. 118 - intervenção da CADE;
○ Lei 9.279/1996, arts. 57, 118 e 175 - intervenção do INPI;
○ Lei 10.259/2001 (LJF), art. 14, §7º;

● Conceito:
○ amigo da corte.
○ possibilidade de intervenção de terceiro que vem para auxiliar o juízo.
○ não é um perito, mas a ideia é contribuir com o seu conhecimento sobre o tema para
ajudar na decisão de um caso (quando o juízo não tem o famoso local de fala).
○ muitas dessas normas não usam o termo amicus curiae, mas permitem a intervenção de
terceiro em uma qualidade que a gente pode dizer hoje que é de amicus curiae.
○ o art. 138, CPC, não explica exatamente o que é amicus curiae, porque esse é o tipo de
terceiro interveniente que é bem abstrato.

● Dispensa o interesse jurídico: o amicus curiae dispensa o interesse jurídico. Aqui você tem um
interesse que não precisa ser jurídico, não precisa ter um interesse na causa em particular.
Simplesmente quero contribuir para que essa causa seja realizada, pois tenho algum interesse
moral, científico, institucional, metaindividual, “entendido como um interesse que ultrapassa a
esfera jurídica de um indivíduo”. Ex.: igreja.

● Natureza jurídica:
○ 1. Intervenção de terceiros por inserção.
○ 2. Auxiliar eventual do juízo (há quem diga que é só alguém que ingressa ou auxilia o
juízo. Ou seja, auxiliar eventual e não assistente);
○ é muito parecida com a perícia.
○ é alguém que não entra para ficar no processo, só dá a sua contribuição e vai embora.
Por isso, está muito mais próximo do perito do que das outras formas de intervenção.

● Legitimidade:
○ quem pode ser amicus curiae: qualquer um. Pessoa natural, jurídica, órgão ou entidade
especializada.
○ essa forma de intervenção pode ocorrer em qualquer grau. Tradicionalmente era o
Supremo que fazia isso, mas agora o juiz pode fazer também.

● Requisitos (para o amicus curiae poder intervir):


○ 1- Representatividade adequada:
➔ não é definida no CPC, não há formalização. Cabe ao juiz verificar se há o
mínimo de adequação entre o que você é e o que tem a ver no caso. É o juiz que
faz essa verificação.
○ 2- Relevância da matéria e repercussão social da controvérsia:
➔ a matéria tem que ser relevante socialmente, tem que ser alguma coisa que
tenha uma repercussão social, mesmo que em primeira instância. Para que não
permita o ingresso de qualquer um em processo alheio. O juiz que faz essa
análise.
○ 3- Especificidade do tema:
➔ tema específico a ser tratado.
○ 4- Ineditismo da intervenção:
➔ opinião de um doutrinador apenas, não está na lei.
➔ a intervenção tem que ser inédita naquela causa, para não “chover no
molhado”. Tem que auxiliar o juiz de alguma forma.

● Poderes (art. 138, §1º, §2º,CPC):


○ o amicus curiae pode:
➔ 1. juntar documentos.
➔ 2. elaborar quesitos para serem respondidos por peritos.
➔ 3. fazer sustentação oral perante o tribunal (STJ é contra).
➔ 4. participar de audiências públicas.
➔ 5. não pode recorrer às decisões, é proibido disso.
➔ o art. 138, §2º, CPC, vai dizer que o juiz determina os poderes do amicus curiae.

aula 11 - 22/09/2020:

>> Atos processuais


● é um ato jurídico como outro qualquer, mas no processo ou para o processo.
● temos ou podemos ter:
○ Fatos processuais lato sensu: que são acontecimentos voluntários, naturais, atos
humanos, que têm alguma importância para o processo.
○ Fatos processuais stricto sensu: categoria que engloba acontecimentos naturais com
repercussão processual. Não são atos humanos, são acontecimentos da natureza. Ex.:
dilúvio. Choveu tanto que nem advogado, nem juiz, nem partes conseguiram entrar no
fórum; ratos comendo os processos; Outros exemplos de acontecimentos naturais:
morte da parte (tanto homicídio quanto suicidio), morte do juiz, perda da capacidade
civil, nascimento de uma parte. O decurso do tempo é o fato processual stricto sensu
mais importante.
○ Atos processuais lato sensu: grande categoria que vai envolver ações humanas
importantes no processo. Podem ser de dois tipos:
➔ stricto sensu: atuações humanas que vão acontecer no ou para o processo, mas
cuja consequência é definida em lei. É a esmagadora maioria de atos no
processo.
➔ negócios jurídicos processuais: a atuação humana vai ter como consequência
aquilo que as pessoas quiserem. Não é mais a lei que decide, mas a vontade dos
sujeitos.

● o CPC chama tudo de ato, mesmo fato. É um erro, o CC já fala em fatos e atos, mas o CPC chama
tudo de atos. Isso porque ainda estamos com a ideia de que o que acontece no processo é de
natureza humana e é a lei que define.
● Conceito:
○ ato processual é todo ato jurídico que é praticado dentro do processo, ou que tenha
influência ou importância no processo, pelos sujeitos do processo ou por todos que
participam do processo.
○ ato processual é um ato jurídico. Ele é praticado no processo, mas não necessariamente
dentro do processo. Pode ser que ele seja praticado fora, mas influencie o processo. Ex.:
se você for levar em consideração só o que acontece dentro do processo, você não leva
em consideração a procuração ou a petição inicial. Foro de eleição, contrato de
arbitragem, também são outros exemplos que acontecem fora do processo, mas
influenciam o processo.
○ outro ponto é que se fala que ato processual é praticado pelos sujeitos do processo.
Mas isso deixa de fora o MP, advogado, assistente simples, carteiro, entre outros que
não são sujeitos do processo, mas participam do processo mesmo assim. Então todos
aqueles que de alguma maneira participam do processo praticam atos processuais.
● Negócios jurídicos processuais (art. 190 e 191, CPC):
○ conciliação, por exemplo, é um negócio processual.
○ negócio processual sempre existiu. Só que o CPC agora parou de trabalhar com os
negócios previstos em lei e passou a trabalhar com o que está no art. 190, CPC, que é
uma cláusula geral que permite às partes criarem o negócio processual que bem
entendam. Permissão para criarem atos processuais atípicos não previstos em lei.
○ art. 190, CPC:
➔ sujeitos: FPPC 253 (MP parte), 256 (FP), 115 (obriga herdeiros e sucessores).
❏ de acordo com a lei, as partes devem ser plenamente capazes para
poderem criar negócio processual. Podem ser pessoas físicas, jurídicas,
fazenda pública, não há limitação.

➔ garantias não afastáveis: FPPC 6 (boa-fé e cooperação), 20 (modificação da


competência absoluta, supressão da 1ª instância, afastar motivos de
impedimento do juiz), 253 (criação de novas espécies recursais, ampliação das
hipóteses de cabimento de recursos) e 254 (excluir intervenção do MP como
fiscal da ordem jurídica).
❏ esse negócio jurídico não pode afastar as garantias processuais que
estão nos arts. 1 a 11, CPC, ou que estão na Constituição. Não posso
criar um negócio jurídico que acabe, por exemplo, com o contraditório,
com a ampla defesa, isso não é permitido. Deve se levar em
consideração os princípios básicos do processo.

➔ validade: FPPC 403 (agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou


determinável e forma prescrita ou não defesa em lei), 132 (além dos defeitos
processuais, os vícios de consentimento também podem levar à sua
invalidação), 252 (seu descumprimento é matéria cujo conhecimento depende
de requerimento), 411 (pode ser distratado).
❏ nesses negócios jurídicos que as partes vão fazer podem ser escolhidas
a validade e a amplitude a que querem pactuar. As partes podem
decidir por quanto tempo os negócios jurídicos vão durar. Mas sempre
levando em consideração os princípios básicos, que não podem ser
afastados pelos negócios jurídicos previstos pelas partes.
❏ lembrando também que não é qualquer tipo de processo em que se
pode ter negócio processual.
❏ art 190, §único, CPC: o juiz vai controlar a validade das convenções. Ele
irá fazer uma fiscalização, mas não de mérito. Pode fazer de nulidade ou
inserção abusiva em contrato de adesão. Ma,s no geral, as partes têm
liberdade.

➔ Ex.: arts. 63, 373-§3º e 471, convenção de arbitragem, pacto de não nomeação
de assistentes técnicos, pacto de não produzir prova testemunhal.
❏ outros exemplos: as partes decidirem não ter perito ou decidirem quem
será o perito; autor e réu decidirem fazer um pacto de não recorrer, não
importando qual seja a sentença.

➔ isso pode ser feito em qualquer parte do processo. Não tem momento, nem
forma, é a hora que as partes quiserem, é liberdade completa.

○ art. 191, CPC:


➔ sujeitos: FPPC 414 (juízo).
❏ enquanto o art. 190, CPC, vai falar das partes se reunirem e criarem
seus negócios processuais, o art. 191, CPC, vai falar de calendário
processual ou de flexibilização procedimental.
❏ agora é autor, juiz e réu que sentam juntos para mexerem no processo.
O juiz agora não fica apenas fiscalizando, ele é sujeito desse negócio
processual.
❏ na calendarização, ao invés de seguir os prazos processuais, os atos
processuais são praticados nas datas em que autor, juiz e réu
escolherem. Ao invés de serem, por exemplo, “3 dias para fazer tal
coisa”, é, por exemplo, “dia 13 você fará tal coisa”. É esquecer prazo e
trabalhar com calendário.
❏ art. 191, §1º, CPC: o calendário vincula as partes e o juiz. Na verdade,
vincula o juízo. Se o juiz, por exemplo, entrar de férias, o juiz que entra
no lugar dele deve respeitar o calendário feito. Isso porque foi feito pelo
juízo, então vincula o juízo. Muda-se o juiz, mas o calendário continua o
mesmo. Lembrando que quem mexe com o calendário do juiz é o
escrevente, não o juiz. Então é o juízo porque também envolve os
escreventes e tudo mais.
❏ Obs.: a arbitragem é assim, quem cria o procedimento são as partes
com o árbitro. As partes podem criar o seu procedimento.

● Características básicas dos atos processuais


○ unidade teleológica: todos os atos processuais tem uma finalidade. Eles têm essa
finalidade maior de remover o conflito e se chegar a uma sentença de mérito. O ideal é
não ter atos que sejam desnecessários, supérfluos, repetitivos.
○ interdependência: dificilmente se tem um ato processual que vai ser totalmente isolado
dos outros atos. Como temos uma unidade teleológica, claro que eles vão ter uma
ligação para se chegar à finalidade desejada. A interdependência é justamente a ligação
dos atos uns aos outros. Um ato que puxa o outro ou o ato posterior que é
consequência do ato anterior. O ato não existe do nada.

● Formas dos atos processuais


○ art. 188, CPC:
➔ princípio da forma livre (também chamado de instrumentalidade das formas):
❏ complementado pelo princípio da finalidade (art. 277, CPC).
❏ o princípio da forma livre vai falar da desnecessidade de uma forma
definida para os atos e termos processuais. Ao contrário dos atos civis,
aqui não há necessidade. Há uma liberdade dos atos, porque o que o
código entende de mais importante é a finalidade. A forma é livre
porque o importante é a finalidade que aqueles atos vão obter.
❏ exceções: essa regra do princípio da forma livre tem exceções. Existem
alguns atos que precisam ter forma definida em lei e se essa forma não
for obedecida esse ato é nulo.
➢ dois exemplos muito importantes:
❖ art. 319, CPC: petição inicial. Tem forma definida em lei.
Ela é muito rígida, pois ela é o ato que dá início ao
processo.
❖ art. 489, CPC: elementos essenciais da sentença. Não dá
para fazer sentença como bem entende, pela
importância da sentença. Então a sentença também não
segue o princípio da forma livre.

○ art. 189, CPC: princípio da publicidade (arts. 5º, LX e 93, IX, da CF)
➔ os processos são públicos, salvo situações em que podem correr em segredo de
justiça. E essas situações de segredo de justiça devem estar previstas em lei, não
são as partes que decidem.

○ art 192, CPC: uso da língua pátria


➔ não é princípio.
➔ determina o uso da língua pátria (portuguesa) em todos os processos. O
intérprete é necessário em ato de língua estrangeira. Mesmo que as partes e o
juiz falem em língua estrangeira, o processo não fala em língua estrangeira.
Lembrando sempre do princípio da publicidade (uso da língua pátria, pois o
público também precisa entender o que está escrito).
● Classificação objetiva:
○ o CPC não trabalha muito com classificação, trabalha mais com classificação subjetiva,
mas não podemos deixar de fora a objetiva.
○ vai trazer 3 tipos de atos processuais:
➔ atos processuais simples: esmagadora maioria dos atos processuais. São atos
que se esgotam neles mesmos. A prática do ato consiste em um ato só. Não se
tem um conjunto de atos. É um ato e ponto. Conduta única que caracteriza o
ato. Ex.: petição inicial, contestação, sentença.
➔ atos processuais complexos: conjunto de atos simples independentes entre si.
Esse ato complexo para ser um ato complexo não precisa da existência de todos
os atos simples. Basta a existência de um ato simples, por exemplo. Uma
segunda característica do ato complexo é que se algum ato simples que o
compõem for nulo, isso não torna os atos simples nulos e nem o ato complexo
como um todo.
❏ ex.: audiência de instrução e julgamento. Art. 361, CPC: fala sobre a
produção de provas (ouvir peritos, partes, testemunhas). A audiência é
só para produção de provas, mas o juiz pode proferir sentença, e isso
seria mais um ato simples. Ou se, por exemplo, não tiverem peritos,
nem testemunhas, terá somente o ato simples de se ouvir as partes.
Não ter testemunha e perícia não impede a audiência de ser um ato
complexo. Se o autor não for depor no dia, somente o depoimento do
autor é nulo, não a audiência e o processo.

➔ atos processuais compostos: também é integrado por atos processuais simples.


Porém, não se tem como tirar nenhum ato simples desse ato composto. Ele
precisa obrigatoriamente de todos os atos simples para poder existir. E precisa
que todos os atos simples sejam válidos para que ele seja válido.
❏ ex.: alienação de bens em leilão. É execução por quantia certa. A pessoa
foi condenada, não tem dinheiro, mas tem bens. Então, o bem será
levado a leilão para alguém comprar e se ter o dinheiro. O ato complexo
começa com o edital e termina com o pagamento. Para se levar a leilão
deve primeiro ter um edital. Após isso, chega o dia do leilão, onde
oferecem lances. A última pessoa que ofereceu o último lance realiza o
pagamento e leva o bem. Se depois disso se descobre, por exemplo, que
o edital era nulo, todo o conjunto de atos se torna nulo. E aí se começa
tudo do zero, não dá para pinçar, é tudo nulo, tudo começa do zero.

● Classificação subjetiva:
○ começa no art. 200, CPC.
○ atos do juiz;
○ atos dos auxiliares de justiça;
○ atos das partes:
➔ postulatórios: o primeiro ato das partes são os atos postulatórios - é o ato em
que as partes formulam pedidos, requerimentos, postulações em geral.
➔ dispositivos: as partes também praticam atos dispositivos, em que elas abrem
mão de seus direitos, sejam materiais, sejam processuais. Ex.: negócios
processuais; renúncia ao direito pelo autor; reconhecimento do pedido pelo
réu;
➔ instrutórios: as partes também praticam atos instrutórios, que são atos
probatórios.
➔ reais: tudo o que não estiver nas 3 classificações anteriores são atos reais. Ex.:
comparecer em juízo, pagar custas.

○ art. 200, CPC: os atos das partes produzem imediatamente constituição, modificação ou
extinção de direito processual. Ou seja, a parte pratica o ato e a consequência na
mesma hora já atua, sem precisar de autorização, homologação do juiz ou até da outra
parte.
➔ exceção: art. 200, §único: a única exceção é a desistência da ação, que é um ato
dispositivo do autor. Na desistência da ação, o autor está abrindo mão do
processo, não está entregando direito material ao réu. Então o que a lei fala é
que para a desistência da ação trazer a consequência de extinguir o processo é
preciso da homologação do juiz. Essa é uma exceção à regra geral.

aula 12 - 24/09/2020:
(cont.)

>> Atos processuais


● Pronunciamento do juiz (art. 203)
○ conjunto de atos que merecem atenção, pois são os mais importantes que o juiz aplica.
○ podem ser divididos em dois grupos: as decisões e atos não decisórios.
➔ decisões: são decisões a sentença e as decisões interlocutórias (decisão resolve
questão). Caráter resolutivo de um ponto controvertido que pode ter sido
trazido por uma das partes, terceiro ou ter surgido no curso do processo, essa é
a diferença dos atos decisórios para os não decisórios.
❏ sentença (art. 203, §1º, CPC): questão principal;
➢ a sentença resolve a questão principal (tentará) que é o pedido,
essa é a razão de ser dela.
➢ o CPC vai dizer que sentença não precisa resolver questão
principal, pode pura e simplesmente não conseguir resolver o
mérito. O art. 203, §1º, CPC, vai falar que pode ser com ou sem
resolução de mérito (arts. 485 e 487, CPC, respectivamente).
➢ outro ponto importante que o CPC traz em relação ao anterior é
que o antigo dizia que sentença é ato que existe no processo,
mas o que extingue o processo é a coisa julgada, então havia a
possibilidade de recurso. Há também a possibilidade de mais de
uma sentença no processo (uma condenatória e a outra
encerando a parte de execução). Por isso, o legislador resolveu
falar que sentença termina na fase do processo.

❏ decisão interlocutória: questão preliminar; questão prejudicial;


➢ quando há uma decisão que o juiz profere sem que haja o
término de alguma fase chamamos de decisão interlocutória,
resolve questões incidentes (preliminar e prejudicial), tutela
também.
➢ decisão interlocutória vai por exclusão da sentença, não deixa
claro, mas só vê que não tem natureza jurídica de sentença, ou
seja, não dá fim a uma fase de procedimento.
➢ o código fala muitas vezes que a antecipação de decisão de
mérito (sentenças parciais - doutrina), seria uma decisão
interlocutória, quando na verdade seria uma sentença. Isso por
uma questão recursal, pois é mais fácil para fins recursais
chamar de decisão interlocutória. Ex.: divorcio litigioso, com
partilha de bens, guarda de filhos, etc. Seria uma “sentença”
porque o divorcio é uma questão principal, mas ele continua
com os outros pedidos, aí se chama de decisão interlocutória
para fins de recurso.

➔ atos não decisórios: nos atos não decisórios tem os despachos. Quando o juiz
dá algum pronunciamento no processo em que não toma decisão nenhuma se
fala em despacho. Não tem caráter de decisão, não há questão a ser resolvida.
❏ despachos (art. 203, §3º): é toda ação do juiz que não é sentença, nem
decisão interlocutória. Ou seja, tudo o que não é decisão, tudo o que
não causa prejuízo, é despacho.
➢ o despacho é para dar impulso oficial para o processo, não tem
caráter decisório, não se tem prejuízo no despacho.
➢ o despacho pode ser praticado de ofício, não precisa de
provocação.
➢ o art. 1001, CPC, vai dizer que não cabe recurso dos despachos,
porque recurso é de decisão, recurso é porque eu perdi de
alguma maneira, e eu não perco com despacho. Por isso,
despacho não é recorrível.
➢ não tem como prever despacho, vai depender de como o
processo se desenvolve, de como o processo anda. Exemplos de
despachos: mandar citar o réu, pedir para o autor emendar a
inicial, proferir decisão com relação ao requerimento do autor
de liminar de tutela antecipada.
➢ despachos são atos do juiz para fazer o processo andar. São
meios mecânicos e muitas vezes previstos no código. O art. 203,
§4º, CPC, vai dizer que boa parte dos despachos não serão
proferidos pelo juiz e sim pelo escrevente. Porque como não há
nenhum tipo de prejuízo, como é só para tocar para frente, o
escrevente, que tem dever de movimentar o processo, pode
movimentar o processo através de despacho.
❖ o que vai sobrar para o juiz então? Geralmente
despachos que remetem a atos a serem praticados por
pessoas de fora do processo. Ex.: que se traduzam os
termos para o português; necessidade de intimar o
DETRAN;

● Atos dos auxiliares de justiça:


○ ato de documentação: fazer o histórico do processo, escrever. Ex.: redigir ofícios,
mandados, cartas precatórias.
○ ato de movimentação: realizar citações, fazer andar o processo, que são atos privativos
dos escreventes conforme art. 152, CPC.
○ ato de execução: basicamente atos práticos, que não envolvem necessariamente
papeladas. Geralmente praticados fora do fórum. Atos que geralmente são praticados
na rua. O art. 154, CPC, vai dizer que são atos dos oficiais de justiça (não são só esses
atos que os oficiais praticam). Ex.: citações, arresto, sequestro, prisão, penhora.
● Atos processuais eletrônicos (arts. 193 a 199, CPC):
○ ver Lei n. 11.419/2006.
○ novidade do código.
○ importante dessa questão: o código quando foi feito em 2015 pensou em atos
processuais eletrônicos como muitas das vezes atos feitos em papel e digitalizados e aí
sim que o escrevente faria a movimentação eletrônica. Atualmente, cada vez menos se
utiliza o escrevente para certa documentação do processo. Em um processo físico, a
parte entrega a petição em juízo e quem junta a petição ao processo é o escrevente,
quem informa ao juízo que a petição foi entregue é o escrevente. Quem entrega
pessoalmente o processo aos autos, ao juiz, é o escrevente. No processo eletrônico, há
quem diga que temos um outro serventuário que é o sistema. É o sistema que entrega a
petição, que controla prazos, que “entrega” o processo aos autos, ao juiz.
○ ainda não se parou para pensar se o sistema pode ser chamado de um novo auxiliar do
processo.
○ Obs.: sistema “victor” do STF; documentário “O dilema das redes”;
○ art. 195, CPC: requisitos:
➔ autenticidade;
➔ integridade;
➔ temporalidade;
➔ não repúdio;
➔ conservação;
➔ confidencialidade;
➔ infraestrutura de chaves públicas unificada nacionalmente;

● Distribuição e registro (arts. 284 a 290, CPC)


○ distribuição: é obrigatória sempre que há mais de um juízo competente naquela
comarca.
➔ art. 284, CPC: em comarcas de juízo único não há a preocupação de entregar a
petição para algum órgão definir qual o juízo competente. Mas, quando se tem
mais de uma vara, se precisa do distribuidor para que haja equilíbrio na
escolha , para não ferir o princípio do juiz natural. A distribuição é um cartório
(com juiz, escreventes) e é de extrema importância, que vai fazer a distribuição
de forma livre ou por dependência.
❏ livre: qualquer coisa que não é por dependência, que é o normal. Tudo
que não está no art. 286, CPC, como dependência.
❏ por dependência: vai se dar quando há conexão (art. 55, CPC), quando
já há um juízo prevento e as demais causas devem ser da competência
deste juízo prevento, para evitar que cada juiz dê uma sentença
contraditória. Eu tenho diversas causas, cada uma delas proposta em
um juízo competente. Só que essas diversas causas podem ter algum
tipo de ligação. Então, para evitar que cada juiz profira uma decisão
diferente, contraditória, eu vou reunir as causar em um juízo prevento.
Ex.: por conexão; ação acessória, tem que ser proposta onde a principal
foi proposta; violação do princípio do juiz natural em caso de
desistência da ação para tentar entrar com outra ação por livre
distribuição (não se pode entrar com uma outra ação por livre
distribuição, essa segunda ação deve ser por dependência. Geralmente
essas tentativas de burlar podem ser vistas por meio do CPF na hora de
despachar a petição).
❏ Obs.: juízo prevento é aquele que foi o primeiro a se tornar
competente.

○ registro: vai ser exatamente de todas as causas que sejam ajuizadas de todos os
incidentes que dêem início no processo. Não necessariamente uma causa nova. O
registro perante o distribuidor é para causas novas e para o incidente de causas que já
estão propostas (ex.: incidente de desconsideração da personalidade jurídica).

● Valor da causa (arts. 291 a 293, CPC):


○ conceito (art. 291, CPC):
➔ o valor da causa tem que estar em todo o processo, é obrigatório.
➔ o valor da causa geralmente é o valor do pedido, valor do bem da vida que se
quer obter.
➔ eu vou colocar valor duas vezes na petição inicial: o valor do bem/pedido e o
valor da causa.

○ importância:
➔ o valor da causa, além de ter que estar presente em todos os processos, pode
também determinar a competência. É só lembrar dos juizados que são
competentes para causas de até 40 ou 60 salários.
➔ além disso, o valor da causa pode determinar o valor de taxa judiciária a ser
paga. Aqui no Rio de Janeiro, além do pagamento das custas processuais, temos
também o pagamento da taxa judiciária, que é um percentual sobre o valor da
causa e esse valor pode ser de 2% e o Tribunal de Justiça vai dizer qual é o teto.
Cada TJ define qnt é.
➔ há 2 situações em que o valor da causa não é o valor do pedido:
❏ 1- Pedido sem valor: tem que ter valor da causa. Deve-se arbitrar o
valor da causa que quiser. E em cima desse valor recolhe-se a taxa
judiciária. Ex.: investigação de paternidade; divorcio sem bens; guarda
de filho; declaração de nulidade;
❏ 2- Pedido tem valor, mas o legislador quer que a causa tenha um valor
diferente: art. 292, VI, CPC: soma dos valores de todos eles. Ex.:
cumulação de pedidos, ação de alimentos (art. 292, III, CPC).

➔ Obs.: art. 292, V, CPC: o valor da causa é o valor do pedido. Ex.: indenização por
ação por danos morais/materiais. O autor que tem que arbitrar o valor da
moral, não o juiz. Então o pedido tem que ter valor, por isso o inciso V. O que se
quer na indenização é o valor da causa, não importando ser por dano material
ou moral.

○ Verificação de erros no valor da causa:


➔ art. 292, §3º, CPC: o juiz de ofício pode verificar o erro do valor da causa quando
o valor da causa estiver definido em lei. O juiz manda o autor emendar,
informando qual o erro, não é o juiz que emenda a inicial.
➔ art. 293, CPC: quando é uma situação não prevista em lei, não tem como o juiz
identificar que está errado o valor da causa e/ou do pedido. O réu tem como
identificar que o valor está errado, e aí o réu em contestação (único momento)
vai informar ao juiz que o valor da causa atribuído pelo autor está errado. Então
o réu identifica porque o juiz não tem como identificar. Obviamente o juiz vai
ouvir o autor também. O juiz vai determinar que o autor complemente as custas
e, se o autor não o fizer, o processo será extinto sem resolução de mérito.

aula 13 - 29/09/2020:

>> Comunicação dos Atos processuais:


● para os sujeitos do processo serem informados do que está acontecendo.
● 2 grandes grupos de formas de comunicar atos: citação e intimação.
● Citação (arts. 238 a 259, CPC):
○ Conceito (art. 238, CPC):
➔ a citação traz a segunda parte para o processo. Então o autor é trazido ao
processo através da petição inicial e o réu entra no processo através da citação.
Somente o réu pode ser trazido pela citação, o polo passivo.
➔ mas não é só para isso que serve a citação. A finalidade principal é dar
informação ao réu sobre a existência e o conteúdo da demanda. Então, antes da
citação, o réu não sabe que existe processo e não sabe também por que ele está
sendo processado. Da mesma forma, o processo só tem um nome, ele não
conhece, não sabe quem é o réu, o réu só existe para o processo após a citação.
➔ o réu já está no processo quando ele é citado, independente da contestação.
Não é a contestação que faz o réu no processo, é a citação.

○ Importância (art. 239, CPC):


➔ para validade do processo é indispensável a citação do réu. Não precisa de
citação para ter processo, precisa da distribuição da petição. Mas, para que esse
processo seja válido, é necessária a citação do réu. É uma questão de validade,
não de existência. Tem exceções no código.
➔ art. 239, §1º, CPC: a importância da citação tem a ver com a formalidade desse
ato processual (a forma e a finalidade são essenciais), diferente do que diz o art.
188, CPC. Na citação se tem a forma como essencial e a finalidade como
essencial. O código dá tamanha importância para a citação, pois ele não aceita
que ela seja feita de qualquer maneira. A forma da citação é indispensável.
Porém, o que diz o §1º do art. 239, CPC, é que o comparecimento espontâneo
do réu faz a falta de citação ficar sanada porque a finalidade foi alcançada. Ele
tomou conhecimento e atuou a tempo. Então não importa de que maneira o
réu tomou o conhecimento, se ele apareceu e atuou a tempo esquece a
nulidade, pois a finalidade foi alcançada.

○ Pessoa destinada (art. 242, CPC):


➔ quem vai ser citado é o réu. Mas tem que tomar cuidado, pois tem pessoa
jurídica, tem incapaz. O réu deve ser citado, mas tem que saber quem é que vai
receber o mandado de citação. A lei vai dizer que a regra é que o mandado seja
entregue nas mãos do réu ou nas do representante. Pode também ter a
situação de um advogado que tem procuração com poderes especiais para
receber citação.

○ Lugar (art. 243, CPC):


➔ o réu será citado no endereço que o autor colocar na petição inicial. Mas o
código vai dizer que a citação pode ser feita em qualquer lugar em que se
encontre o réu – pelo oficial de justiça, por exemplo -, não precisando ser
necessariamente no endereço informado pelo autor na petição inicial.

○ Hipóteses de adiamento (arts. 244 e 245, CPC):


➔ dependendo da situação, o réu poderá adiar a citação.
➔ art. 244, CPC: situações de citações que não podem ser feitas naquele momento
e naquelas situações. Ex.: não se faz citação de quem estiver participando de ato
de culto religioso; em período de luto; nos três primeiros dias do casamento;
estiver padecendo de uma doença grave;
➔ as situações do art. 244, CPC, devem acontecer mediante prova – ex.: provar
que você está nos três primeiros dias de casamento. Terá o adiamento da
citação em respeito a situação do réu, desde que ele prove.
➔ art. 245, CPC: se o oficial de justiça for citar o réu e parecer que ele seja incapaz
ou estiver impossibilitado de receber – ex.: drogado; bêbado; -, o oficial deve
entregar para outra pessoa. Isso é “o oficial acha que”, pois não se tem certeza
de que o réu seja incapaz ou drogado, por exemplo.

○ Espécies (art. 246, CPC):


➔ Correio: o código vai dizer que a preferência é a citação pelo correio. E o art.
247, CPC, vai dizer que a citação vai ser feita para qualquer comarca. Citação
pelo correio é carta com aviso de recebimento. O judiciário coloca no correio e
entrega para qualquer um.
❏ art. 248, IV, CPC: o carteiro não entrega correspondência na mão de
ninguém. Ele vai entregar na portaria do prédio para o porteiro. Então,
quem vai assinar o AR é o porteiro. E isso é aceito pela lei e válido. A
não ser que, por exemplo, o réu consiga provar que o porteiro recebeu,
mas o réu estava em outro país, então não soube da citação, fazendo
ela ficar nula.

➔ Oficial de justiça (art. 249, CPC): a citação por oficial de justiça pode ser feita
nas hipóteses legais ou quando frustrada a citação pelo correio. Então, o correio
não encontrou o endereço, ou o porteiro falou que o réu estava viajando ou se
mudou. Foi frustrado, então será feita uma nova citação por oficial de justiça.
Ou então, nos incisos do art. 247, CPC, o legislador vai dizer que quer que a
citação seja feita por oficial de justiça (nesse caso, não é uma segunda
tentativa).
❏ art. 247, CPC: “A citação será feita pelo correio para qualquer comarca
do país, exceto:”
➢ “I - nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, §3º;”
❖ ações de estado podem ser, por exemplo, ações de
família.
➢ “II - quando o citando for incapaz;”
❖ réu incapaz.

➢ “III - quando o citando for pessoa de direito público;”


❖ quando união, estados, municípios, autarquias.

➢ “IV - quando o citando residir em local não atendido pela


entrega domiciliar de correspondência;”
❖ quando o réu mora em local que não têm correios ->
oficial de justiça.

➢ “V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra


forma.”
❖ o autor quer que seja por oficial de justiça. Então ele
pode requerer que seja por oficial de justiça. Tem que
justificar e pagar a mais. Ex.: greve dos correios é uma
justificativa.
❏ o oficial de justiça tem que chegar no réu, tem que identificar o réu. Ele
tem que falar pessoalmente com o réu. Por isso, é muito eficiente. Ele
não está preso a dias úteis, nem a horários de funcionamento do fórum.
❏ o oficial vai procurar o réu onde ele estiver, quantas vezes forem
necessárias, até encontrar. É dever dele.
❏ só que se deve tomar cuidado porque de repente o réu não está sendo
encontrado porque o réu está fugindo para não receber citação. E aí o
art. 252, CPC, vai dizer como o oficial deve agir nessa situação.
❏ art. 252, CPC: o oficial foi, pelo menos, 2 vezes no domicílio do réu, não
encontrou o réu, mas ficou sabendo ou suspeitou que o réu está
sabendo da citação, mas está fugindo. Então, nessa situação, ele
mesmo, oficial de justiça, vai chegar, vai falar com o porteiro, bater na
porta da vizinha e falar que vai voltar em tal horário e pedir para
avisarem para o réu (chamado de “citação com hora certa”, espécie de
citação do oficial de justiça). Na hora marcada, o oficial não encontra
mais aquela pessoa com quem falou, pega o mandado de citação e
entrega para qualquer um. Pronto, o réu foi citado. É toda uma
presunção de que o réu foi citado. As pessoas com quem o oficial de
justiça se encontrou não tem o menor dever de falar com o réu, nem de
entregar nada a ele. O oficial vai citar o réu através dessas pessoas, que
podem simplesmente rasgar o mandado e ainda assim o réu vai estar
citado.
❏ duas maneiras do oficial citar: a maneira normal e a maneira com hora
certa.
❏ Obs.: o oficial é funcionário público, e todo funcionário público tem fé
pública. Então, se ele disser que fez, ele fez.

➔ Escrivão (art. 246, CPC):


❏ a novidade do código é a citação pelo escrivão.
❏ tem a ver com o comparecimento espontâneo do réu. Se você chegar ao
escrivão pedindo para ver o processo, você vai tomar conhecimento
daquele processo. Então, a partir do momento que você vê o processo,
você já está sendo citado.

➔ Meio eletrônico (art. 246, §1º, §2º, CPC):


❏ art. 246, §1º, CPC: quem pode ser citado por meio eletrônico: as
empresas públicas e privadas de grande porte vão ser citadas por meio
eletrônico. Micro empresa e empresa de pequeno porte não precisam
ser citadas por meio eletrônico.
❏ art. 246, §2º, CPC: diz que as pessoas jurídicas de direito público
também serão citadas por meio eletrônico (estados, União, etc.).
❏ esse meio simplesmente é: essas pessoas terão que criar um e-mail só
para receber citação.
❏ não é para fazer citação por whatsapp ou skype, é por e-mail.
❏ isso mesmo no processo físico, essa é a regra.

➔ Edital (art. 256, I, II, III, CPC):


❏ citação por edital é cara e complexa.
❏ o art. 256, CPC, vai dizer quando que faz citação por edital:
❏ art. 256, III, CPC: casos expressos em lei. Exemplo de lei mandando citar
por edital: art. 259, CPC; usucapião de imóvel.
❏ art. 256, I, CPC: quando o réu for desconhecido ou incerto (ex.: invasão
de imóvel);
❏ art. 256, II, CPC: local incerto: sabe quem é o réu, mas não sabe onde
ele está, então não tem endereço para colocar na petição. Pode ser
fruto de uma tentativa de correio, oficial de justiça e depois, por última
tentativa, o edital. Como pode ser também quando você já tentou de
outras maneiras extrajudiciais de encontrar o réu.
❏ o problema da citação por edital é que o réu vai perder a causa e não
vai ficar sabendo. Na citação por edital vão publicar na internet o
mandado de citação, se a causa não correr em segredo de justiça, e o
juiz vai mandar publicar 3 vezes, com espaçamento entre publicações,
no site do tribunal de justiça. Dependendo da comarca, também pode
ser publicada no jornal de maior veiculação. Então, para evitar fraudes,
para evitar que o réu não saiba que está sendo citado, é que o art. 256,
§3º, CPC, vai dizer que o juiz evite que seja feita a citação por edital.
Mesmo que já tenham sido tentadas todas as citações, o próprio juiz
pode procurar o réu. O juiz vai oficiar ao DETRAN, Receita Federal,
Justiça Federal, e procurar nesses órgãos públicos os endereços que o
réu tenha. Isso para evitar ao máximo a citação por edital.
❏ art. 258, CPC: punição para o autor que citou o réu por edital sem
necessidade. Por exemplo, você inventa um endereço para o réu não
ser achado e perder o processo.

○ Espécies de citação:
➔ real ou ficta:
❏ Real:
➢ Escrivão (art. 246, III, CPC).
➢ Por meio eletrônico (art. 246, V c/c §1º e §2º).
➢ Correio (arts. 247 e 248, CPC).
➢ Oficial de justiça (arts. 249 a 251 e 255, CPC).
➢ o nosso réu recebeu o mandado de citação. É uma realidade,
ele apareceu na frente do escrivão, ele leu o e-mail, ele recebeu
dos correios.
➢ quando se fala em citação real, se o réu não compareceu, ele
não compareceu porque não quis, porque encontrado ele foi e
o mandado de citação foi entregue a ele. Então a revelia, o não
comparecimento, foi voluntário.

❏ Ficta:
➢ Com hora certa (arts. 252 a 254, CPC).
➢ Edital (arts. 256 a 259, CPC).
➢ Consequência: art. 72, II e §único, CPC.
➢ são uma ficção. Hora certa ou edital. O vizinho não tem
obrigação de entregar para o réu, no edital você não fica lendo
toda hora o site do TJ.
➢ a legislação finge que você foi citado, por isso que são situações
fictas, mas todas elas são válidas até que provem o contrário.
➢ você não compareceu porque você não sabia q tinha q
comparecer. Caso de revelia por desconhecimento.
➢ e aí, para não prejudicar o réu, o código dá a ele uma segunda
chance. E aí o juiz vai olhar o porquê do réu ter ficado revel. Já
que o réu perdeu o prazo de defesa, o juiz dá a ele um novo
prazo de defesa, dando a ele um curador especial, alguém que
vai atuar como representante legal e como advogado desse réu
revel. Esse representante vai ter a possibilidade de fazer uma
contestação em nome do réu, um réu que ele nem sabe quem
é, que ele nunca viu na vida.
❖ Obs.: o curador especial é o defensor público.

➢ se o réu aparecer, ele pode pegar o processo dali para frente.


Ou, se a citação for nula, ele vai receber a possibilidade de
praticar os atos que ele não praticou, voltando com o processo
dali para trás.

aula 14 - 01/10/2020:
(cont.)

>> Comunicação dos Atos processuais:


● Efeitos da Citação:
○ Efeitos Processuais:
➔ um processo vai criar efeitos para o autor e para o réu, mas em momentos
diferentes.
➔ art. 240, CPC: com a propositura da ação já produz efeitos ao autor. Mas, para o
réu, só quando ele for validamente citado. Para o réu, os efeitos do art. 240,
CPC só acontecem se a citação for válida. Ou seja, todos aqueles requisitos da
citação devem estar presentes para que a citação seja válida. Então, se eles
estiverem presentes, terão os efeitos processuais da citação.
➔ para os efeitos acontecerem, além da citação válida, eu vou ter que ter,
segundo o legislador, a ocorrência de todos esses efeitos ainda que o juízo da
ação seja incompetente. Então, não é necessária a competência do juízo para
que os efeitos aconteçam. Não é a incompetência do juízo que invalida a
citação.
➔ Efeitos processuais:
❏ 1- Induzir litispendência: criação da litispendência (que é uma situação
normal de todo processo, da causa estar pendente de julgamento, que
vai perdurar da citação válida até a coisa julgada).
➢ Há duas litispendências:
❖ 1ª litispendência: está no art. 240, CPC;
❖ 2ª litispendência: está no art. 337, §1º a 3º.
❖ a litispendência proibida é a 2ª. Se um primeiro
processo estiver em estado de litispendência e um
segundo processo idêntico surgir, esse último vai ser
extinto por estar ferindo a litispendência do principal.

❏ 2- Completar a constituição da chamada relação jurídica processual


(art. 238, CPC): a citação vem trazer o réu ao processo para completar a
relação jurídica processual .
❏ 3- Tornar inadmissível editar ou ampliar a causa de pedir ou o pedido
sem o consentimento do réu (art. 329, CPC): depois de distribuída a
petição inicial, o autor pode modificar tranquilamente a causa de pedir
e o pedido. Só que depois do réu ser citado, para que haja possibilidade
de modificação, é preciso que o réu consinta.

○ Efeitos Materiais:
➔ 1- Tornar a coisa litigiosa (art. 240, CPC): coisa aqui é o direito material, então o
direito material, o objeto da causa se tornou litigioso. Qual a consequência da
coisa se tornar litigiosa: a coisa continua a ser do réu, o autor está querendo
para ele, está querendo tirar do réu. O réu não perdeu a
propriedade/titularidade desse direito. Porém, agora com a citação válida ele
passa a ter o dever de manter a coisa do direito intacta. Isso porque com a
citação o juiz está querendo que a coisa esteja intacta, porque se o autor ganhar
ele tem que ganhar uma coisa que esteja em boas condições. Então, quando a
coisa se torna litigiosa, ela passa a ter uma proteção, passa a ser merecedora de
atenção.
❏ Obs.: isso não proíbe o réu de alienar a coisa (doar, vender). Ele só não
pode dilapidar, destruir, porque aí ele vai ser punido.

➔ 2- Constituir o devedor em mora (atraso), salvo arts. 397 e 398, CC: então, o CC
vai dizer que existem diversas maneiras de informar que o devedor está em
atraso no cumprimento da obrigação. O CC vai dizer que o devedor deve ser
informado que ele está devendo, que ele está atrasado no cumprimento da
obrigação. O credor tem o dever de informar ao devedor que ele está em mora,
caso não tenha data em contrato. E uma das formas de informar o devedor é
através da citação. Através da citação ele começa a estar oficialmente devendo.
Quando sai a sentença, a sentença vai retroagir até a data da citação. Ex.: batida
de carro (não tem prazo definido, então é a partir da citação). Quando é
contrato geralmente o prazo já vem escrito, então o devedor já sabe que está
em mora.
➔ 3- Interromper a prescrição (requisitos: art. 240, §1º a 4º):
❏ primeiro aspecto é que não é a citação válida que interrompe a
prescrição. Citação válida para o código não é o juiz determinar a
citação. Também não é no momento em que o réu recebe a citação. A
citação se completa quando o processo recebe a informação de que o
réu foi validamente citado. Quando houve a juntada do documento
comprobatório da citação. Ex.: quando o AR é anexado na petição.
❏ porém, a interrupção da prescrição se dá quando o juiz manda citar (art.
240, §1º, CPC).
❏ existem diversos prazos prescricionais conforme o tipo de direito
material, está tudo no CC. Mas não se tem controle de quando o juiz vai
mandar citar. Apesar de você ter entregado dentro do prazo
prescricional, você não sabe quando o juiz vai atuar. Você só controla o
dia em que você vai entrar com a ação e não o momento de ação do
juiz. Então, o que o código faz para não prejudicar o autor é criar uma
ficção. Então a interrupção da prescrição a gente inventa que na data
que o autor entregou vai ser a data de interrupção. E aí se o juiz
despachar mandando citar essa interrupção fica consolidada.
❏ exemplo: dia 9 de outubro é o último dia prescricional para cobrar uma
determinada dívida. Então, eu resolvi mover a ação dia 01/10. Pelo o
que diz o art. 240, §1º, CPC, o prazo prescricional só se interrompe
quando o juiz despachar determinando a citação. Só que eu mandei dia
01/10, mas não sei quanto tempo vai demorar para o juiz despachar
mandando citar. Então, como eu não controlo a atividade do cartório, a
lei vai falar que se eu distribuí a ação dentro do prazo prescricional
então vamos fingir que agora com a distribuição está interrompida a
prescrição, para não me prejudicar. Se por acaso o juiz despachar
mandando citar, nós vamos então confirmar a data de hoje como a data
de interrupção da prescrição. Mas se o juiz não despachar mandando
citar, você dançou, perdeu a causa de pedir e o direito material – por
exemplo, se a petição inicial estava com defeito e você não emendou. O
réu nem chega a ser citado e o juiz extingue o processo sem resolução
de mérito. E aí corre o prazo prescricional e você dança.

● Cartas (arts. 260 a 268, CPC)


○ servem tanto para citação quanto para intimação.
○ 4 tipos:
➔ carta arbitral: novidade do código é a carta arbitral, que será meio de
cooperação, seja para citação ou intimação.
➔ carta precatória: quando nós temos dentro do território nacional juízes do
mesmo nível hierárquico. Então é uma cooperação de juízos.
➔ carta rogatória: fora do território nacional. Ela vai exigir tradução para língua do
país, mesmo que seja Portugal ou Angola. E, eventualmente, ministério das
relações exteriores e equivalentes;
➔ carta de ordem: é de cima para baixo, do tribunal para o juiz.

○ art. 262, CPC: tem caráter itinerante. Ou seja, eu sou juíza na comarca do Rio de Janeiro
e quero que seja intimada uma ré de Manaus. Se a ré não tiver em Manaus, mas em
outro lugar, a carta não vai voltar para o juízo de origem, ela vai ficar indo para os locais
até encontrar a ré.
○ arts. 263 e 264, CPC: forma de se requerer a expedição da carta.
➔ art. 263, CPC: preferência por meio eletrônico, telefone. A dificuldade seria a
rogatória, porque tem que ser traduzida, mas não é proibida.

● Intimação (arts. 269 a 275, CPC)


○ segundo meio de comunicação de atos processuais.
○ conceito: art. 269, caput, CPC: intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos
termos e atos do processo.
○ tudo que não for citação, é intimação.
○ intimação é para dar comunicação. Se a pessoa vai ter que fazer alguma coisa, não
importa. Eu estou te informando, você pode ter que fazer alguma coisa ou apenas está
sendo informado.
○ todo mundo é intimado, mas somente o réu é citado.
○ especificidades de pessoas jurídicas de direito público: quando se fala em pessoa
jurídica de direito público, delas serem intimadas, elas são intimadas por meio
eletrônico e sempre pelos seus representantes legais (art. 246, §2º, CPC). E em juízo o
representante legal da administração pública é a advocacia pública (art. 269, §3º, CPC).
Ex.: não é o Crivella quem vai receber a intimação.
○ o art. 269, §1º, CPC, criou uma faculdade para advogados. Existem diversos meios para
intimar, mas o art. 269, §1º, CPC, fala que, ao invés de ficar esperando, eu posso pegar o
mandado de intimação e entregar para o advogado da parte contrária. Eu, advogada,
vou intimar e não o poder judiciário. É uma forma de agilizar as intimações e também
tem a ver com a cooperação. Claro, depois eu comprovo em juízo que eu entreguei a
intimação.
○ especificidades para MP e DP: MP, DP, serão intimados pessoalmente. Se bem que
agora já está mais flexibilizado. Em processos físicos, os escreventes pegavam os autos e
levavam nas mãos do MP. Agora, com processo eletrônico, a coisa ficou mais fácil.

○ Espécies e ordem de preferência


➔ meio eletrônico (art. 270, CPC): empresas públicas e privadas obrigatórias aqui.
Não proíbe micro empresa ou pessoa física de criar um e-mail para intimação,
mas vai ficar complicado.
❏ a lei começa preferindo a intimação por meio eletrônico. Ela não quer
saber se a parte é de direito público ou privado. Mas para que seja feita
por meio eletrônico é preciso que o advogado seja cadastrado no site
do Tribunal. Isso porque é difícil que a parte seja cadastrada,
geralmente é o advogado quem recebe as intimações pelo site. Veja
bem, não estamos falando de processo eletrônico não.
➔ publicação em diário oficial (art. 272, CPC): se não puder ser por meio
eletrônico vai ser publicado no diário oficial. Mais comum em processos físicos.
Para o advogado receber essas intimações é preciso que ele tenha procuração
nos autos e é preciso que saia o nome dele certinho (art. 272, §2º, CPC). Essa
publicação é em nome do advogado, então para que saia em nome do
advogado é preciso que esteja tudo direitinho. Se tiver alguma coisa errada no
nome do advogado, a parte não foi intimada. Quem não tem advogado, não é
intimado dessa maneira, nem por processo eletrônico, que também precisa de
advogado. Essa maneira é privativa de advogado nos autos.
➔ Obs.: e, às vezes, nós temos as duas situações. Se tem o diário de justiça
eletrônico.
➔ intimação pelo escrivão (art. 273, CPC): quando não houver outro meio e tiver
advogado. Geralmente o escrivão intima pelos correios. Quando é o escrivão
ele já envia para o escritório do advogado, porque ele já tem lá cadastrado e-
mail, endereço, etc.
➔ correio (art. 274, CPC): quando não tem advogado, a pessoa é intimada pelo
correio via A.R. Buscam o endereço da pessoa.
➔ oficial de justiça (art. 275, CPC): quando o correio não encontrou, aí o oficial de
justiça vai encontrar.
➔ Obs.: não há intimação por edital.

aula 15 - 06/10/2020:

>> Tempo, lugar e prazos dos atos processuais


● Lugar dos atos processuais (art. 217, CPC)
○ art. 217, CPC: lugar de prática de atos processuais é no forum, mas também existem
outros.
○ discussão atual: se o Bolsonaro precisa ir até a sede do plenário do juizado ou se ele
pode depor em casa.
○ Exceções:
➔ deferência: o sujeito a praticar o ato é alta autoridade pública arrolada como
testemunha (art. 464, CPC).
➔ interesse: citação, inspeção judicial, avaliação, leilão, etc.
➔ obstáculo arguido pela parte e acolhido pelo juiz (art. 449, PU, CPC).

● Tempo dos atos processuais


○ tempo é o principal fato processual.
○ a) dias úteis (arts. 212 e 216, CPC):
➔ art. 212 e 216, CPC: atos processuais são praticados em dias úteis.
➔ não é considerado, segundo o art. 216, CPC, sábado e domingo como dia útil,
porque o fórum não abre. Mas o oficial de justiça pode funcionar nesses dias,
inclusive nos feriados forenses (art. 212, §2º, CPC). Ele não está preso ao
calendário do fórum justamente porque os atos dele não são praticados dentro
do fórum.
➔ feriados (L. 9.093/1995):
❏ nos dias considerados feriados no art. 216, CPC, não se praticam atos
processuais.
❏ Obs.: feriado em Niterói, a justiça na comarca de Niterói não trabalha,
mas a do Rio de Janeiro sim.
❏ feriados Nacionais: 01/01, 21/04, 01/05, 07/09, 12/10, 15/11 e 25/12.
❏ feriados Estaduais e Municipais;
❏ feriados Forenses: 08/12 (dia da Justiça), 3ª feira de Carnaval e 6ª feira
santa.
➢ datas em que tradicionalmente o fórum não abre ou então o
presidente do tribunal de justiça (estadual) determina o
fechamento do fórum. Então um fórum pode trabalhar e outro
não, porque quem vai determinar é o presidente de cada
tribunal. Essa determinação vai sair no diário oficial. Deve-se
esperar um despacho do presidente, mesmo que para se falar o
óbvio – por exemplo, que o fórum não vai funcionar no
carnaval.
➢ a Lei estadual 6956/2015 define quais são os feriados forenses.

❏ férias forenses e recesso (arts. 214, 215 e 220, CPC)


➢ as férias forenses existiam no CC/73, até que veio a Emenda
Constitucional 45 de 2004 e acabou com as férias forenses. Em
razão disso, a OAB reclamou, pois o advogado era o único
funcionário liberal que não tirava férias. Então, houve toda uma
movimentação da OAB para restituir as férias e o que ficou
decidido foi que se passou a ter um período de férias que vai do
dia 20 de dezembro ao dia 20 de janeiro. Então, nesse período,
o prazo processual para prática de atos está suspenso (art. 220,
CPC). Nesse período não significa que o fórum está parado, só
que o prazo de atos dos advogados está suspenso. O art. 215,
CPC, vai dizer que, como o fórum não está fechado, atos
urgentes podem ser praticados (ex.: ação de alimentos,
liminares, cautelares). Esses atos você pode praticar durante as
férias.

○ b) horários (arts. 212 e 213, CPC):


➔ art. 212, CPC: o horário máximo que o fórum pode ficar aberto é das 18h às 20h.
Cada justiça vai definir, dentro desse horário, qual o horário que vai funcionar.
Então a justiça do trabalho funciona em um horário, a estadual em outro. E isso
pode variar de estado para estado também.
➔ Exceções:
❏ art. 212, §1º, CPC: se o ato no fórum começou no horário permitido,
mas continuou até depois das 20h, ele vai continuar e terminar. E mais
ainda quando é oficial de justiça. Ex.: tribunal do júri, só termina quando
acaba; despejo (começou antes das 20h, mas só terminou passado esse
horário).
❏ processo eletrônico vai, em regra, até às 23:59h. A prática de atos em
processo eletrônico não está presa ao horário de funcionamento do
fórum (art. 213, CPC). Processo físico é só no horário do fórum (18h às
20h).
❏ art. 212, §2º, CPC: o oficial de justiça não está preso nem a dia, nem a
horário do fórum. Não precisa mais pedir autorização ao juiz, ele pode ir
a qualquer horário e data, independente de autorização judicial.

➔ Plantões Judiciários:
❏ o fórum fecha às 18h e só abre às 11h do dia seguinte (justiça estadual).
Mas a vida continua acontecendo, conflitos continuam. Então criaram-
se os plantões judiciários. O fórum não está aberto, mas há servidores à
disposição fazendo plantão. Exatamente para necessidade de atos de
urgência do art. 214, CPC. Para você ter um juiz para despachar, um
escrevente para digitar o mandado de citação, um oficial de justiça. E
isso em todas as justiças. Esse juiz é competente para tudo, dono da
comarca, independente da sua área de atuação em dias normais. (“ai,
mas eu só atuo em esfera cível”. No plantão você vai atuar em esfera
penal, trabalhista também, etc.).
❏ há uma lista que sai previamente, o tribunal distribui essa lista. Então
você sabe quem está de plantão e a quem você vai se dirigir.

● Preclusão
○ fenômeno processual muito importante.
○ conceito: “perda, extinção ou consumação de uma faculdade processual pelo fato de se
haverem alcançado os limites assinalados por lei ao seu exercício” (Ovídio Batista da
Silva).
○ então é um fenômeno que acontece toda hora no processo.
○ existe mais de uma espécie de preclusão, são elas:
➔ temporal:
❏ “perda de uma faculdade processual em virtude de seu não exercício no
momento previsto para sua realização” (art. 223, CPC).
❏ perda de prazo. Existem diversos prazos no código ou em outras leis e
se eu perder o prazo de agir ocorre a preclusão temporal.
❏ art. 223, CPC: ninguém avisa que está acabando o prazo, ninguém
pergunta o porquê, simplesmente você perdeu o prazo e não pode mais
praticar o ato.
❏ justa causa: o que pode acontecer: a parte eventualmente pode provar
que não realizou o ato por justa causa. Ela perdeu o prazo porque
aconteceu alguma coisa que foi alheia a vontade dela (art. 223, §1º,
CPC). Precisa de dois requisitos para convencer o juiz de que o ato não
foi realizado por justa causa: ato alheio à vontade da parte (ex.: estava
indo para o fórum e arrebentaram o meu carro; processos e
computador na mala do carro e o carro foi roubado;) e esse ato alheio à
vontade da parte também tem que ser algo que impeça que o
advogado mande outra pessoa no lugar dele (ex.: o advogado está indo
entregar uma petição com um estagiário, é atropelado, o que o
estagiário tem que fazer é entregar o processo. Então se alguém pode
fazer por mim, isso não é justa causa).
➢ deve se alegar e provar justa causa. No caso da justa causa (art.
223, §2º, CPC), o juiz não vai dar 15 dias, ele vai dar o tempo
que é preciso para praticar o ato, ele não vai devolver o prazo
inteiro, a não ser que se precise do prazo inteiro.
➢ Obs.: não tem tempo para alegar justa causa, o ideal é que se
faça assim que acabar o problema, assim que for possível.

➔ lógica:
❏ “prática de ato incompatível com aquele que se poderia praticar” (art.
1.000, CPC).
❏ eu estou dentro do prazo, mas eu pratiquei um ato e eu não posso
praticar outro incompatível, eu não posso me contradizer na prática de
atos. Art. 1.000, CPC: exemplo da preclusão lógica. Por exemplo, saiu
uma decisão determinando meu despejo. Estou dentro do prazo de
recurso. Ao invés de recorrer, eu saio do apartamento ou eu vou ao
escritório da parte contrária e pergunto o prazo que ele me dá para sair.
Então, eu já concordei com a sentença, já pratiquei o ato de
concordância com a sentença e aproveito o prazo de recurso e recorro.
Mas eu acabei de dizer que vou cumprir (saindo do apartamento ou
perguntando o prazo), como eu vou ser contra agora? Eu não posso
recorrer, porque isso é ilógico, porque isso vai contra a preclusão lógica,
contra a boa-fé processual.
❏ outro exemplo: se o réu é condenado a indenizar o autor, vai lá e realiza
o pagamento, ele não poderá recorrer contra essa condenação. Mesmo
que ele tenha pagado por medo da multa pelo não pagamento da
condenação, não importa.
❏ isso é diferente de “estou fazendo depósito judicial para poder
recorrer”. Isso não é entregar para a outra parte, é depositar em juízo. É
falar “excelência, guarda esse dinheiro para eu não gastar e caso eu
perca poder ter”. Isso é boa fé. É diferente de eu chegar para a parte
vencedora e falar que eu vou cumprir.
❏ se acontece o contrário, por exemplo, eu recorro e depois eu concordo,
isso não é incompatível. Porque a desistência do recurso e a
antecipação da coisa julgada ninguém vai reclamar, vai valer o segundo
ato, que no caso é a concordância.

➔ consumativa:
❏ “perda da faculdade de praticar novamente o ato já praticado”.
❏ estou dentro do prazo, são 15 dias para contestar, aí no 3º dia eu
contestei. O processo não vai ficar esperando mais 12 dias não. Acabou,
consumou, vamos para frente. Não se tem mais esse prazo de 12 dias.
Você praticou o ato, está consumado. O processo não vai ficar
esperando até terminar o prazo. Se você fez uma contestação ruim no
3º dia problema seu, você não pode fazer outra contestação nos
próximos 12 dias, porque já houve a consumação do ato no 3º dia,
quando foi feita a contestação. Isso faz o prazo correr mais rápido.
➔ das 3 preclusões, a mais importante e a que mais acontece é a temporal. Então
quando a gente fala que precluiu, é a temporal.

● Prazos
○ conceito: “período de tempo dentro do qual determinado ato processual deve ser
praticado” (Ovídio Batista da Silva).
➔ é um ótimo conceito, mas não é o único. Para a maioria dos prazos está
perfeito.
➔ se eu quero praticar o ato, tem que ser dentro do prazo, em regra.

○ natureza dos prazos:


➔ conforme a fonte:
❏ quem é que criou o prazo.
❏ legais (art. 218, CPC): vai ser a lei que vai definir os prazos, por isso eles
são legais.
❏ judiciais (art. 218, §1º e 76, CPC): mas também há possibilidade do juiz
determinar prazo. Art. 76, CPC: a própria lei diz “juiz, dá o prazo que
você quer”.
❏ convencionais (art. 313, II, CPC): as partes podem suspender o
processo. Então elas podem determinar prazo (art. 313, §4º, CPC: prazo
de até 6 meses de suspensão do processo, de acordo com as partes).
Autor e réu chegam e mandam o juiz suspender o prazo. Podem pedir 1
ano e meio, mesmo que a lei diga 6 meses. Já há jurisprudência sobre
isso. Quando as partes convencionam a suspensão do processo elas
também definem o prazo, apesar da lei dizer 6 meses.
❏ residuais (art. 218, §3º, CPC): se não tem nada definido (na lei, pelo juiz
ou convencionado pelas partes), o prazo é de 5 dias.

➔ conforme a unidade de tempo:


❏ como eu conto os prazos.
❏ minutos (arts. 364 e 937, CPC): prazos da sustentação oral das
audiências, contado de relógio.
❏ horas (arts. 107, §3º e 218, §2º): contado também de relógio. Art. 107,
§3º, CPC: prazo para retirar o processo do cartório. Obs.: não são 2 dias,
por exemplo, mas 48h. 48h não são dois dias úteis.
❏ dias: 99% dos prazos são em dias. São dias úteis, não conta sábado,
domingo, nem feriado.
❏ meses (arts. 313, §4º e 611, CPC): a suspensão do processo por morte
ou convenção das partes diz a lei que não pode exceder 6 meses. Obs.:
30 dias não é um mês.
❏ anos (arts. 485, II e 975, CPC): ex.: 2 anos para mover essa rescisória.
Contado a partir do trânsito em julgado.
❏ Obs.: tudo que não é dia, são dias corridos. 48h não são dois dias úteis.
1 ano não são 365 dias.

➔ conforme a obrigatoriedade:
❏ sofreu alteração, não tendo tanta diferença agora entre prazos
peremptórios e dilatórios.
❏ peremptórios (art. 222, §1º, CPC): prazo dentro do qual eu tenho que
praticar um ato. Então acabou o prazo eu não posso mais praticar. Ex.:
prazo de contestação (por exemplo, 15 dias para agir).
➢ o código fala que em relação ao prazo peremptório o juiz não
pode diminuir, antecipar o término desse prazo, a não ser que
as partes concordem (art. 222, §1º, CPC). Ele só pode fazer se
for negócio processual, questão da calendarização processual (o
juiz, junto com as partes, pode mexer no prazo). Em suma: ou as
partes e o juiz estão de acordo em aumentar o prazo ou o juiz
vê a necessidade de aumentar. Diminuir só pode se as partes
concordarem, negócio processual.

❏ dilatórios (art. 231, §1º, CPC): prazo a partir do qual eu tenho que
praticar o ato. Ex.: prazo até o dia da audiência (não tenho o que fazer,
apenas esperar o dia da audiência); prazo de suspensão do processo (só
preciso fazer alguma coisa passado o prazo de suspensão);
➢ com relação ao prazo dilatório, a parte pode mexer à vontade
no prazo dilatório. Juiz também pode mexer, mas geralmente
também tem que ter anuência das partes.

➔ quanto ao alcance em relação às partes:


❏ individual ou singular (art. 225, CPC): na maioria das vezes o prazo é
individual, para uma parte, ou para o autor ou para o réu. Se eu perder
o prazo eu já estou renunciando a ele. Se eu agi em menor prazo do que
diz a lei, eu também estou renunciando meu prazo (art. 223, CPC). Não
precisa então ser de maneira expressa – como diz o art. 255, CPC -, mas
tácita, através de atos.
❏ comum (art. 107, §2º, CPC): prazo para autor e para réu. Ex.: prazos
para as partes falarem sobre o laudo pericial. Então nesses casos os
processos não podem ser retirados do cartório porque senão alguém vai
ficar sem prazo. Então ou faz um acordo para retirar ou corre em
cartório (ou seja, deixa o processo lá).
❏ especial (arts. 180, 183 e 186, CPC. Exceções: art. 183, §2º c/c 910, CPC
e LEF17): do MP, Defensoria, advogado público. Nos casos dos arts. 180,
183 e 186, CPC, eles vão ter prazo em dobro para agir, só por serem
quem são. A não ser quando a própria lei diz expressamente o prazo do
órgão, aí não vai ser em dobro (“o prazo do MP é de tantos dias”). Nos
juizados não tem esse prazo em dobro. Não se pode esquecer da
situação do art. 229, CPC (que é outro prazo especial; situação dos
litisconsortes com advogados diversos).

➔ quanto aos seus destinatários:


❏ próprios (art. 223, CPC): prazo preclusivo, porque é prazo para as
partes. Então se as partes não atuam, perdem a oportunidade.
❏ impróprios (arts. 226 a 228, CPC): sobra o juiz e seus auxiliares. O art.
226, CPC, vai dizer qual o prazo do juiz para agir. Mas o art. 228, CPC, vai
dizer que o juiz pode ter mais prazo do que consta na lei, basta
justificar. Mas é claro que não vão cobrar prazo do juiz, na prática.
Então se o juiz não agir no prazo legal, é claro que ele vai ter outro
prazo para agir, e não vai ter preclusão para ele, nem para o escrevente.
“sine die para a sentença” = sem data para a sentença.

aula 16 - 08/10/2020:
(cont.)

>> Tempo, lugar e prazos dos atos processuais


● Prazos:
○ Contagem:
➔ Dias úteis (art. 219, PU, CPC): quando são em dias, são contados em dias
úteis. Podem haver prazos de direito material em dias (ex.: pagamento até
dia tal).
➔ Início e fim dos prazos: precisa da intimação pela publicação dos atos no
órgão oficial (art. 272, CPC). Para que se possa ter ciência geral de que o
prazo se iniciou é preciso haver essa publicação, essa pré-intimação. Ela
deve acontecer em nome do advogado e, de preferência, por meio
eletrônico.
➔ Mas uma coisa é eu saber do prazo, ser intimada, e outra coisa é o início do
prazo. Para prazos em dias: regra do art. 224, CPC - conta-se o prazo
excluindo o primeiro dia e incluindo o dia do vencimento. Não pode nem
começar e nem terminar em dia não útil. Se eu fui intimada hoje, meu
primeiro dia de prazo é amanhã. Se a publicação ocorrer na sexta, o primeiro
dia vai ser segunda. Não se conta fim de semana ou feriado mesmo no
decorrer do prazo.
➔ arts. 180, 229 e 335 § 1º, CPC - prazos diferenciados. Art. 335, § 1º, CPC:
litisconsórcio passivo e prazo para contestação; ao invés de cada
litisconsorte ter seu prazo diferenciado, o CPC diz que deve haver uma
contagem de prazo só, todos começam a contar seus prazos quando o
último mandado de intimação for cumprido e juntado; prazo único.
➔ Início do Prazo (arts. 230 e 231, CPC) X Início da contagem dos prazos (art.
224, CPC): o início de prazo é o momento da comunicação das partes, já o
início da contagem é no dia (útil) seguinte à comunicação.
>> Tutela Provisória (arts. 294 a 311, CPC)

Cautelar

Urgência
Antecipada
Tutela
Provisória
Evidência

● Tipos de tutela:
○ Definitiva:
➔ vai ser, ou não, concedida através da sentença de mérito. É requerida pelo autor
e o juiz concede ou não em sentença. É definitiva porque faz coisa julgada, em
regra.
➔ é reparatória: o dano já aconteceu e ela serve para reparar.

○ Provisória:
➔ decisões que o juiz profere que não são definitivas. Tutelas que ele vai conceder
que podem ou não ser confirmadas pela tutela definitiva.
➔ diz respeito às necessidades que o autor apresenta antes da tutela definitiva.
➔ é preventiva: queremos a prevenção, a ocorrência ou a consolidação do dano.
➔ não é definitiva, pode até ser que vire definitiva, mas ela é uma tutela a ser
concedida de mérito ou não. Ela não é o pedido, pode até ser igual ao pedido,
mas não é o pedido. Para que o pedido não perca sua eficácia, é que se faz uso
da tutela provisória. Ela pode ser requerida na petição inicial ou no curso do
processo. Ela não é a tutela definitiva, ela pode se tornar definitiva diante de
situações que podem ocorrer. Quando geralmente eu requeiro uma tutela
provisória – geralmente através de liminar – ela não é a tutela principal. A tutela
principal está no pedido, onde o juiz vai requerer por sentença.
➔ o direito vai me ser entregue antecipadamente, mas não em caráter definitivo,
eu vou precisar continuar o processo com a tutela principal.

● 2 tipos de tutela provisória/preventiva:


○ Substancial/de mérito:
➔ cientificar a existência de uma situação de risco que ameaça o direito e pode
levá-lo a uma lesão.
➔ a pessoa quer receber antecipadamente a coisa ou o direito, simplesmente
porque ela pode.

○ Processual:
➔ evitar situação.
➔ a pessoa só quer a proteção, para evitar que o dano aconteça.

● Separação de tutela provisória de acordo com o CPC:


○ Urgência:
➔ cautelar e antecipada são tutelas de urgência.
➔ é meu e é urgente.
➔ normalmente feita por liminar, que é um ato do juiz de urgência.
➔ Antecedente: antes de dar início ao pedido principal do processo, eu vou iniciá-
lo com requerimento de tutela de urgência. Depois eu completo com o pedido
inicial. No caso da antecipada, já vai ser falado do bem da vida/do pedido (já vai
falar da petição completa); tem que dar continuidade ao processo em até 15
dias após ser concedida a tutela. No caso da cautelar também se fala do pedido,
mas de forma mais resumida (é uma petição inicial bem mais enxuta); tem que
dar continuidade ao processo em até 30 dias após ser concedida a tutela.
➔ Incidente: já estou no curso do processo e acontece uma situação em que passo
a ter a possibilidade de requerer uma antecipação ou uma cautelar. Se faz uma
mera petição nos autos do processo, já que o processo já está correndo (não
causa grandes problemas).
➔ toda tutela de urgência é "para ontem", não tem como esperar.
➔ Obs.: ninguém move uma liminar, ela é um ato do juiz a partir de um
requerimento de uma tutela de urgência.
➔ Obs.: a outra parte pode se manifestar contra a tutela à vontade.
➔ Cautelar:
❏ sempre existiu, mas até o CPC de 73 ela era um processo. O
processo cautelar é uma tutela preventiva processual.
❏ a ideia é a proteção ao direito, proteger a tutela de
conhecimento ou de execução.
❏ não é sobre antecipar a entrega do bem da vida, mas sim dar
uma proteção à tutela definitiva para que ela possa ocorrer de
maneira satisfatória (evitar o "ganha, mas não leva").
❏ você requer uma cautelar quando a tutela definitiva está
correndo risco de efetividade prática.
❏ a pessoa não tem certeza se vai ganhar esse bem da vida, mas, se
ela deixar a situação continuar a ocorrer, quando a sentença de
mérito sair ela não vai ter efetividade prática.
❏ ex:. Bia está me devendo 10 milhões, mas ela diz que não está. O
juiz deve decidir se a Bia vai me pagar. Mas eu descubro que ela
é dona de diamantes, e todo dia de manhã ela vai na janela e
joga alguns pela janela. Só que se ela continuar dilapidando o
patrimônio dela, caso a sentença seja a meu favor, eu vou ter um
direito que ela não vai ter como me pagar. Eu vou pedir uma
cautelar para a proteção da efetividade desta sentença, para que
ela pare de jogar fora os diamantes e possa me pagar
futuramente caso eu ganhe.
❏ outro ex.: o Walter White (Breaking Bad) está sendo julgado por
tráfico de drogas. Descobre-se que ele está para sair dos EUA, e
se ele conseguir sair não vai ser possível prender ele em caso de
condenação. Prisão preventiva = cautelar.

➔ Antecipada:
❏ questões de mérito, substancial: formulado um pedido, mas ao invés
de só ser concedido ao final do processo através da sentença, ocorre
uma antecipação da concessão do direito material. Se prova a existência
do direito, mas não se pode esperar para recebê-lo depois. Antecipa-se,
então, o recebimento do que é seu. Há como provar que o direito é seu
e que você precisa dele agora - há urgência.
❏ ex: chego em casa e descubro que cortaram a minha luz. Entro em juízo
e provo que a conta está paga. Eu não vou deixar pra receber o direito
depois, tendo provado que paguei. Isso porque eu não vou ficar 2/3
meses sem luz até a sentença sair. É uma antecipação de algo que eu já
tenho direito.

○ Evidência:
➔ é de mérito também. É evidente que é meu, então devo receber logo. É
concedida sempre que você mostrar que é evidente que você tem o direito.
Aqui não se tem urgência.
aula 17 - 13/10/2020:
(cont.)

>> Tutela Provisória (arts. 294 a 311, CPC)


● Competência (art. 299, CPC):
○ juízo competente, perante a quem se requere a tutela.
○ Incidente - juízo da causa: é requerida por mera petição nos autos.
○ Antecedente - juízo da futura causa: qual é o juízo do futuro pedido que eu vou mover.

● Características
○ Acessoriedade: não existe tutela provisória como um processo principal, como um
processo em si mesmo, ela é um acessório. A tutela provisória só existe em função do
pedido. Você requere a tutela provisória porque o pedido principal está precisando
disso, seja no processo de conhecimento ou execução.
○ Provisoriedade e revogabilidade (art. 296, caput, CPC):
➔ enquanto não houver o trânsito em julgado, a tutela provisória pode se manter.
Ela não dura só até a sentença, ou havendo a sentença obrigatoriamente acaba
a tutela. Pode ser que a tutela continue com seus efeitos mesmo subindo para
segunda instância. Como pode acontecer de ser requerida no processo de
conhecimento e continuar na execução. Então enquanto ela for necessária ela
continua. Ex: a apelação suspende os efeitos da sentença; no caso da guarda
dos filhos se tiver apelação a pessoa não não manteria a tutela durante seu
julgamento; mas aí com a contagem até o trânsito em julgado a tutela é
mantida.
➔ o art. 296, CPC, também fala de revogação e modificação a qualquer tempo.
Então se eu estou falando de uma tutela provisória eu estou falando de uma
decisão interlocutória. E o nosso réu pode agravar (recurso) ou contestar para
derrubar essa tutela provisória. Ou ainda, no curso do processo, demonstrar
que não há mais necessidade de tutela, revogando essa tutela. Pode ser
modificada também. O que for necessário no caso concreto.

○ Periculum in mora: grande característica da tutela provisória. Perigo na demora. Mais


característica da tutela de urgência (antecipada ou cautelar, não importa) do que de
outras tutelas. Se demorar para me conceder, o meu direito material pode correr riscos,
pode deixar de existir. Ou então, pode ser que eu não perca o direito material, mas
pode ser que para restabelecê-lo eu possa demorar tanto que é melhor me conceder a
tutela provisória, seja antecipada ou cautelar.

○ Fumus bomi iuris: fumaça do bom direito. Na tutela cautelar é bem tranquilo (ex.: eu
estou pedindo essa tutela porque existe a possibilidade de que o meu pedido seja
concedido. Então eu gostaria de proteger agora o que no futuro possa vir a ser meu). Na
tutela antecipada eu particularmente não consigo ver fumaça do bom direito porque eu
não tenho fumaça, eu tenho o direito. Na tutela antecipada eu provo que é meu e por
isso eu quero agora (também junto o periculum in mora, porque eu não posso dizer que
quero porque quero).

● Semelhanças e distinções entre as tutelas de urgência:


○ Antecipada:
➔ 1. satisfaz imediatamente o direito material.
➔ 2. é meu e eu quero agora.
➔ 3. o requerente já usufrui imediatamente de parte do direito afirmado ou, pelo
menos, dos efeitos da procedência.
➔ 4. o juiz já entrega a coisa para o dono quando admite a tutela (ainda que exista
a possibilidade de devolução ao final).
➔ 5. se eu requeiro a volta da energia na minha casa, eu já obtenho o direito
material assim que o juiz defere a tutela. Por isso, às vezes ela se esgota nela
mesma (em caso do réu não agir contra essa tutela).
➔ 6. coincidente o conteúdo da tutela e o conferido pela sentença. Nesse caso, o
meu pedido principal deve ter o mesmo teor do pedido da tutela, é apenas uma
antecipação da mesma coisa.
➔ 7. exige-se requerimento. O juiz não tem como antecipar algo que ninguém
requeriu. Se a pessoa não pedir, o juiz vai entender que ela não precisa dessa
antecipação.

○ Cautelar:
➔ 1. não satisfaz o direito material, apenas assegura a futura satisfação.
➔ 2. o requerente não usufruirá imediatamente do direito afirmado. Ex.: se eu
requeiro a tutela cautelar de um carro; o juiz pode decidir que eu proteja o
cargo do réu, mas ele não será meu; eu devo apenas tomar conta do carro, não
devo utilizá-lo.
➔ 3. não há coincidência entre o postulado na cautelar e o postulado no mérito. A
pessoa só quer proteger um direito material que pode acabar sendo
prejudicado antes da sentença.
➔ 4. pode ser deferida de ofício (art 297, CPC). Poder geral de cautela: o juiz tem o
poder de conceder cautelares não previstas em lei; ele pode verificar de ofício a
necessidade de cautela e concedê-la, para que não haja prejuízo; pode
acontecer também do requerente não identificar qual é a sua urgência e o juiz
decidir qual será a cautelar que ele vai deferir.

● Tutela de Urgência X Tutela de Evidência


○ Tutela de Urgência (arts. 300 a 310, CPC):
➔ definição: “(...) destina-se a dar solução imediata à situação de urgência
apresentada ou à situação em que é evidente o direito postulado, apenas
enquanto não houver elementos suficientes para a outorga da tutela definitiva”.
➔ quer dar uma imediata solução. Ideia de urgência, desespero. Então eu estou
demonstrando que eu tenho urgência em uma cautela ou no recebimento do
bem da vida. Eu preciso proteger o bem da vida agora para ter alguma coisa
para receber no final ou preciso receber agora porque não dá para receber ao
final.

○ Tutela de Evidência (art. 311, CPC):


➔ definição: “tutela antecipada que acolhe no todo ou em parte o pedido
principal do autor para tutelar provisoriamente, independentemente da
urgência, provável direito cuja existência se apresente prima facie indiscutível”.
➔ não estou com pressa, mas a lei me permite receber antes. Ex.: art. 311, I, CPC.
➔ pode ser deferida independentemente de comprovação de perigo de
perecimento ou perda do direito. A lei apenas me permite essa tutela, eu
tecnicamente não estou com pressa. Não estou com urgência, só que eu tenho
um documento comprovando que é meu e já há súmula vinculante. Não é
questão de pressa, mas para que a gente vai continuar com o processo se eu
tenho documento e se tem súmula vinculante (se tem súmula é óbvio que será
seguida).
❏ Obs.: terminar antes diminui as custas processuais.

➔ ex.: o réu está propositalmente atrasando o processo e o juiz defere a tutela


como forma de punição.
➔ em regra, a tutela de evidência já é a sentença (art. 311, II, III, IV, CPC). A tutela
de evidência já permite ao juiz antecipar de maneira definitiva o processo. Essa
é uma das diferenças para a tutela antecipada, que há espaço, pequeno, mas
há, para a sentença modificar a tutela.
➔ art. 311, §1º, CPC: liminar. Você requer a liminar da tutela provisória, o juiz
concede, efetiva e depois ouve a parte contrária. É muito raro que você requeira
a tutela provisória e deixe primeiro o réu ser ouvido para depois o juiz conceder.
Geralmente se requere a tutela por liminar, sem ouvir a parte contrária.
>> Formação do Processo
● o processo se inicia por petição inicial. O autor dá início ao processo provocando a jurisdição e
para ele tudo começou. Mas o art. 312, CPC vai falar que para o réu a formação do processo se
dá depois. Então, para o autor se dá com a propositura da ação, mas para o réu só acontecem os
efeitos - efeitos do art. 240, CPC - com a citação válida.

aula 18 - 15/10/2020:

>> Nulidades Processuais (arts. 276 a 283, CPC)


● atos processuais que possuem vícios (falta de condições da ação, falta de pressupostos, etc.).
● é dever do juiz verificar essas nulidades ou então a parte vítima deve alegar esse vício.
● cada vez mais o direito processual brasileiro trabalha com esses dois princípios:
○ Princípio da finalidade (art. 277, CPC): se o ato mesmo nulo alcançou sua finalidade,
não tem por que declarar nulidade. Ex.: citação.
○ Princípio do prejuízo (pas de nullitè sans grief; art. 282, CPC): mesmo que o ato seja
nulo, se não houve prejuízo para a parte vítima, não há por que declarar nulidade. Ex.: o
MP não compareceu em juízo (sempre tem que ter a presença do MP em ações com
incapaz), mas o incapaz ganhou; o autor foi nos juizados e entregou a petição inicial sem
pedido. Só que o réu chegou e contestou, ou seja, ele entendeu o que o autor pediu.
Não teve prejuízo para o réu, então não tem por que o juiz declarar nulidade.
○ em resumo, se declara nulidade se o ato não alcançou finalidade e causou prejuízo para
a parte vítima.

● Outros princípios:
○ art. 276, CPC: princípio da especificidade (pas de nullitè sans text) proteção.
○ art. 281, CPC: princípio da causalidade (ver atos compostos).
○ art. 278, CPC: princípio da preclusão.
>> Formação, Suspensão e Extinção do Processo
● Suspensão do processo (arts. 313 a 315, CPC):
○ uma das características do processo é o prosseguimento, seguir adiante. Então não tem
por que parar a não ser quando chega ao final. E o ideal desse final é a sentença de
mérito. Só que existem situações anormais que são conhecidas como crises nos
processos, momentos críticos. Então a suspensão do processo é um momento crítico, é
uma suspensão temporária – para por um momento e depois volta, as vezes não. Em
regra, dá para resolver.
○ art. 313, CPC: situações de suspensão do processo.
○ 2 tipos de suspensão:
➔ a) Voluntária (art. 313, II, CPC): as partes em acordo definem a suspensão do
processo. Sendo que o art. 313, §4º, CPC, diz que o prazo máximo será de 6
meses. Então as partes informam ao juiz (as partes peticionam em conjunto
para os outros receberem conhecimento) que o processo está suspenso e
escolhem um prazo de até 6 meses para suspensão.
❏ 2 observações importantes:
➢ 1. as partes não estão pedindo ao juiz para suspender. Elas
estão informando que o processo está suspenso porque assim
elas querem.
➢ 2. as partes definem quanto tempo o processo ficará suspenso.
Porque a regra seria “terminou o prazo de suspensão de no
máximo 6 meses, volta o processo”. Mas a jurisprudência
entende que as partes definem o tempo que querem suspender
o processo porque geralmente quando elas suspendem elas
estão tentando fazer um acordo. E voltar antes poderia
atrapalhar esse acordo.

➔ b) Necessária:
❏ os outros incisos do art. 313, CPC, falarão da suspensão necessária, que
é determinada pela lei. São elas:
➢ I - Morte ou perda de capacidade processual: morreu a parte
(jurídica ou física), substituição. Então o sucessor irá substituir o
que morreu. Perda de capacidade, o processo será suspenso
para trazer o responsável ao processo. Juiz abre prazo para a
substituição. Aqui o processo para como um todo para vir
alguém de fora.
➢ III - Arguição de impedimento ou suspeição: a doutrina diz que
aqui nós temos uma suspensão imprópria, porque o processo
como um todo não está suspenso, o que está suspenso é o
procedimento para que seja julgada a arguição de impedimento
ou suspensão. O processo está apenas aguardando para saber a
resposta.
➢ IV - Admissão de IRDR: ele tem a ver com a nova tendência de
trabalhar com precedentes. O poder judiciário vai verificar que
há demandas repetitivas e elas serão todas suspensas para o
tribunal dar uma decisão única para todas elas.
➢ V - Preliminar externa ou prejudicial externa: suspensão
quando o processo se depara com uma preliminar externa ou
com uma prejudicial externa. Apareceu uma prejudicial no meu
processo (questão de mérito que pode virar pedido principal).
Se essa prejudicial puder ser julgada pelo mesmo juiz da causa
principal, não há, pela lei, necessidade de suspensão do
processo. Ex.: eu estou em um processo de alimentos e nego a
paternidade. A paternidade é prejudicial em relação à ação de
alimentos, mas ela é uma prejudicial interna, pode ser julgada
pelo mesmo juízo, então não precisa de suspensão do processo.
Mas, por exemplo, se aparece uma herdeira não registrada do
falecido em uma ação de inventario. O juízo do inventário não
tem competência para ação de família. Então essa discussão se
é ou não filho, é uma prejudicial. O juízo principal vai remeter
essa questão ao juízo competente. É uma prejudicial que vai ser
externamente resolvida. Então não dá para dar continuidade ao
processo do inventário enquanto essa prejudicial está sendo
julgada. A ação principal será suspensa até que se resolva essa
prejudicial.
❖ No caso da preliminar externa: questão de
competência. Aquele juízo onde está correndo a causa
principal não tem competência para certa prova ou
certo ato. Ex.: não tenho como resolver o processo se a
testemunha está em Mato Grosso do Sul. Tenho que
esperar porque enquanto ele não for citado não tem
como dar continuidade. É em outro juízo que esse ato
vai acontecer, então tem que suspender o processo
aqui - ou parte dele, dependendo da necessidade – e
resolver o outro lá. Se a preliminar é interna, acontece
dentro do processo, tudo bem, não ocorre suspensão.

➢ VI - Força maior: não confundir com a justa causa do art. 223,


CPC – que faz com que a nossa parte receba de volta um prazo
precluso. E, segundo o art. 223, CPC, só receberia o prazo de
volta se alegasse causa. Pode parecer muito com a força maior,
mas a doutrina faz uma diferenciação entre as duas. Quando se
fala na justa causa em que se permite a devolução do prazo, é
um problema meu (ex.: meu carro foi roubado, quebrei a
perna). Então o processo não foi suspenso, eu vou receber meu
prazo de volta. A questão da força maior envolve mais de um
sujeito. Ex.: o fórum pegou fogo, então suspende todos os
processos; o sistema caiu; A força maior é algo que não é
individual.
➢ VIII - Outros casos:
❖ por exemplo, o art. 76, CPC, que vai falar que havendo
falta de capacidade processual, capacidade
postulatória, o juiz suspenderá o processo com prazo
razoável para a parte poder resolver.
❖ art. 220, CPC, processo suspenso de 20 de dezembro a
20 de janeiro.
❖ suspensão do processo pelo incidente de
desconsideração da personalidade jurídica.
❖ agora tem situação em que o código é claro. Discussão
sobre o interesse do assistente não vai ter suspensão do
processo (art. 120, PU, CPC).

➢ IX e X - Maternidade ou paternidade: quando a advogada é a


única advogada da causa e acabou de ter um filho – por parto
ou adoção. Já que ela é a única advogada, ela tem o direito de
cuidar do filho, então o processo é suspenso (§6º) por 30 dias.
Para o pai o prazo é de 8 dias.

○ art. 314, CPC: atos urgentes


➔ durante a suspensão é vedado praticar qualquer ato processual. É para parar
mesmo, é para resolver aquela situação que levou à suspensão. Salvo no caso
de arguição de impedimento de suspensão (suspensão impróprio).
➔ no entanto, no período de suspensão, pode o juiz determinar a realização de
atos urgentes a fim de evitar dano irreparável. Ex.: tutela provisória pode ser
requerida e concedida no meio da suspensão do processo.

● Extinção do processo (arts. 316 e 317, CPC)


○ art. 316, CPC: a extinção se dará por sentença.
➔ há dois tipos de sentença: sentença terminativa (art. 485, CPC) e sentença
resolutiva (art. 487, CPC).
➔ o término desejável para o processo é a sentença resolutiva, do art. 487, CPC.
Do contrário, estamos em uma crise, o processo morreu de maneira errada.
➔ é por isso que o art. 486, CPC, vai dizer que, salvo exceções, extinto o processo
sem resolução de mérito, poderá ser proposto outro processo de mesma
demanda.

○ art. 317, CPC: antes de proferir sentença sem resolução de mérito o juiz tem que dar
espaço para a parte tentar resolver. Temos que tentar ao máximo salvar o processo e
dar uma sentença de mérito.
➔ art. 4º, CPC: antes da sentença sem resolução de mérito, o juiz deve conceder à
parte a tentativa de sanar os vícios (nulidades). A primazia do mérito.
➔ arts. 7º, 9º e 10º, CPC: Princípio do contraditório e da vedação surpresa:
❏ se eu tiver que dar uma sentença sem resolução de mérito eu tenho
que avisar para as partes. Eu não posso extinguir o processo e deixar a
parte sem a informação de extinção e sem a possibilidade de tentar
sanar o vício. A parte tem que ser ouvida para tentar sanar o vício e
tentar evitar a extinção do processo sem resolução de mérito.
❏ essa regra também se aplica na decisão de mérito. Esses artigos
proíbem que o juiz dê uma decisão, mesmo que de mérito, sem antes
ouvir as partes.

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