Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Registro: 2022.0000598224
ACÓRDÃO
L. G. COSTA WAGNER
Relator(a)
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Voto nº 15.844
Apelação nº 1011147-96.2020.8.26.0004
Apelante: Edson Luiz Benisse
Apelado: Kleber do Espirito Santo
Comarca: 4ª Vara Cível do Foro Regional IV- Lapa da Comarca de São Paulo
I - Relatório
Ora, ainda que a imunidade profissional conferida ao advogado realmente não seja
absoluta, a indenização pretendida pelo autor dependeria da comprovação de
manifesto intuito difamatório, calunioso ou injurioso do réu, o que, como visto, não
restou evidenciado na espécie, ainda mais ausente qualquer prova pretendida pelas
partes.
Assim sendo, tem-se que a atuação do réu, ainda que digna de críticas e
reprovação, está dentro dos limites legais que lhe são assegurados pela imunidade
profissional do advogado, não havendo que falar em ilicitude de sua conduta.
Nesse sentido já decidiu o E. Tribunal de Justiça, em casos semelhantes: (...)
Por estes fundamentos, pois, entendo ausente dever de indenizar.
Isto posto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, com julgamento do mérito, nos
termos do artigo 487, I, do CPC.
Diante da sucumbência, o autor arcará ainda com o pagamento das custas e
despesas processuais, além de honorários advocatícios que ora fixo em 15% do
valor atualizado da causa, da propositura pela tabela prática.
Ambos, porém, sofrem a ressalva da gratuidade concedida e do teor do artigo 98, §
3.º do CPC”.
O Autor, ora Apelante, alega que o Réu, ora Apelado, prestou serviços
de advocacia para um ex-empregado seu, na esfera trabalhista, e, em suas peças de
defesa se referiu ao requerente utilizando termos como "mentiroso", "criminoso",
"desonesto" e "insano".
Alega que teve sua moral e sua honra lesionadas, e por conta disso
deve o Apelado ser condenado ao pagamento de danos morais no importe de R$
20.000,00 (vinte mil reais).
1
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação
pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. § 3º É
dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos.
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
É o relatório.
II Fundamentação
“Art. 78. É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do
Ministério Público e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que participe do
processo empregar expressões ofensivas nos escritos apresentados”.
III Conclusão
L. G. Costa Wagner
Relator
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Voto nº 45612
Apelação Cível nº 1011147-96.2020.8.26.0004
Comarca: São Paulo
Apelante: Edson Luiz Benisse
Apelado: Kleber do Espirito Santo
vez, traz em seu artigo 7º, § 2º, a seguinte regra: “o advogado tem imunidade
profissional, não constituindo injúria, difamação puníveis qualquer
manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora
dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos
que cometer”.
As expressões e críticas deduzida pelo aqui réu, na
reclamação trabalhista, friso, referem-se aos fatos discutidos na causa,
destinando-se a defender os direitos de seu constituinte naquele específico
contexto processual, não havendo intenção de prejudicar a honra ou a imagem
do aqui autor.
É por isso, como adverte Yussef Cahali, que “a jurisprudência
tem se mostrado cautelosa quanto a reconhecer a pretensa responsabilidade
civil dos advogados em razão de ofensa à honra através de processo judicial”
(Dano Moral, 2ª. Edição, RT, p. 323).
No mesmo sentido: “DANO MORAIS - Alegação de ofensa
verbal proferida em juízo por advogada contra a parte contrária - Ausente
caracterização de conduta ilícita apta a ensejar reparação por danos morais,
porquanto a manifestação da patrona guardava direta relação com a causa -
Ato praticado no exercício da atividade - Indenização indevida - Sentença
mantida - RECURSO NÃO PROVIDO. É de rigor, pois, a manutenção “in
totum” do decreto de extinção da ação.” (Apelação nº
1003488-43.2014.8.26.0587, 10ª Câmara de Direito Privado, Rel. Élcio Trujilo,
j.10.05. 2016).
“APELAÇÃO - Ação Indenizatória por Danos Morais -
Pretensão de reparação em razão de suposta ofensa irrogada em peça
processual por advogado da parte “ex adversa” - Sentença de improcedência
Inconformismo - Descabimento - Caso em que que não se verifica a existência
de potencial lesivo nos termos utilizados pelo advogado réu, o que, além de
ser inerente ao exercício da advocacia, não pode ser elevado à categoria de
abalo moral passível de indenização - Recurso desprovido.” (Apel.
1001278-72.2020.8.26.0372, 9ª Câmara de D. Privado, Rel. Des. José Aparício
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO