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CONTESTAÇÃO

MERITÍSSIMO JUÍZO DA 4ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA CAPITAL

Processo nº 99.000.2345/20

Myers Incorporation, produtora dos desenhos “Comichão


e Coçadinha”, representada na pessoa de Roger Myers, presidente da
organização, portador da Cédula de Identidade RG/SSP/SP 2222222-2,
devidamente inscrito no CPF/MF 109.876.543-21, residente e domiciliado na
Rua Century, nº 10, bairro Hollywood, CEP 12345-678, endereço eletrônico
rogermyers@cc.com.br , na mesma cidade de Springfield (instrumento de
mandato anexo), vem, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência, com
fundamento nos arts. 335 e 337 do CPC, oferecer sua CONTESTAÇÃO, nos
autos da AÇÃO DE DANOS MORAIS PELO RITO ORDINÁRIO que lhe move
Marge Simpson, devidamente qualificada na petição inicial a qual se contesta,
pelos motivos de fato e de direito expostos a seguir.

I – DA PRELIMINAR

1. A presente demanda deve ser extinta em


seu nascedouro, porque a petição inicial é inepta. Dispõe o art. 330, inciso I,
parágrafo único, inciso III, do CPC que a petição inicial inepta narra os fatos,
mas não apresenta uma conclusão lógica.

2. A autora em sua narrativa inicial não valida


que há concordância entre os acontecimentos expostos na petição, desde
então tornando incoerente o revés acontecido, visto que uma criança, a qual
possui apenas dois anos de idade não tem aptidão e condições físicas para
executar tal fato de categoria violenta como por exemplo subir uma escada
sozinha, portando uma marreta na qual resultou em um golpe de forte impacto
ocasionado pela mesma.

3. Se a autora não conseguiu caracterizar a


existência do dano moral, por meio da narração dos fatos, via de
consequência, a conclusão não mantém coerência com esses mesmos fatos
articulados na petição inicial qualificando a narrativa como fantasiosa e ilógica.
Isso vale dizer que a pretensão da autora, isto é, o pedido de indenização, não
pode ser atendido pelo Juiz de Direito.
4. De acordo com o art. 337, inciso IV do
CPC, o réu argui, em preliminar, a inépcia da inicial, e, via de consequência,
requer a extinção do feito, sem julgamento do mérito, em conformidade com o
art. 330, inciso I, parágrafo único, inciso III.

II – DO MÉRITO

5. A autora alega que em um tradicional dia


de domingo a família encontrava-se em constante equilíbrio, “pais em
atividade, crianças à televisão”. Por meio de tal declaração, torna-se notório a
displicência dos pais, onde seus filhos todos menores incapazes, encontravam-
se sozinhos e sem orientação do que podiam acompanhar na tv durante o dia.

No código civil artigo 1630, menciona que: “Os filhos estão sujeitos ao poder
familiar, enquanto menores”.

6. De forma inesperada a filha mais nova do


casal, de apenas dois anos arremete seu pai com uma marreta, resultando em
um atestado de 3 dias, a qual declaram ter sido influenciada pelo desenho
“Comichão e Coçadinha”. A autora envia uma carta à produtora informando
sobre a violência do desenho tentando caluniar, mesmo sabendo que não tem
fundamento já que a própria não acompanhava seus filhos, no que eles
assistiam.

Ainda sobre o código civil artigo 1634. “Compete aos pais, quanto à pessoa dos
filhos menores “; Inciso: II- Tê-los em sua companhia e guarda; VII- Exigir que
lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e
condição.

7. As declarações da requerente são


invalidas, pois, uma criança de dois anos não é apta a cometer tal episódio
como também ressaltar que ela foi influenciada já que a mesma não estava
acompanhada no recinto. Além do mais, consta a ausência de um laudo
técnico que venha comprovar a atuação do desenho na atitude da sua filha.

8. Torna-se notório falta de estrutura da


família, tanto na educação necessária como no comportamento do pai ao não
compreender a acidentável situação ocasionada por sua filha menor de apenas
dois anos. Sem descartar a possibilidade em que a agressão pode ser o efeito
da ação de discordâncias passadas;
9. A autora continua a reiterar que o desenho
não tem como alvo o público infantil e que o horário de exibição deve ser
alterado. Anteposto a autora deverá provar que os desenhos exibidos
manipularam e induziram sua filha já que nos artigos 74 e 75 do ECA rezam
que:

Art 74 “O poder público, através do órgão competente, regulará as diversões e


espetáculos públicos, informando sobre a natureza deles, as faixas etárias a
que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre
inadequada.”

Art 75 “ Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e espetáculos


públicos classificados como adequados à sua faixa etária. “

10. Sendo assim os desenhos atingem a


norma de exibição nos horários infantis e são veiculados com autorização do
poder público. Deste modo fica evidente o equivoco ao afirmar toda ocorrência,
visto que a mal criação de sua filha é totalmente procedente dela e não do
conteúdo que ela assiste. Portanto, o pedido deve ser julgado improcedente já
que a requerente não consegue provar as causas e razoes.

III – DO PEDIDO

Do exposto, requer a Vossa Excelência que


se digne de acolher a preliminar arguida, extinguindo a presente demanda, sem
julgamento do mérito, na forma do que preceitua o art. 330, inciso I, parágrafo
único, inciso III, do CPC ou, no mérito, julgá-la improcedente, condenando o
autor ao pagamento das custas e honorários advocatícios, acrescidos de juros
e correção monetária.

Protesta provar o alegado por todos os meios


de prova admitidos em direito, principalmente pelo depoimento pessoal do
autor, oitiva das testemunhas, perícias, juntada de novos documentos e outras
provas que se fizerem necessárias para o deslinde desta demanda.

Nestes termos,

pede deferimento.
São Paulo, 20 de maio de 2020

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Cleobécio Quintiliano

OAB/SP nº 23456

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