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São Paulo
2023
AO JUÍZO DO FORO REGIONAL XI PINHEIROS DA COMARCA DE SÃO PAULO
/ SP
PROCESSO Nº (...)
ROUPAS CHIQUES LTDA, já qualificado nos autos, em epígrafe, por seu advogado vem,
respeitosamente, perante V. Exa., apresentar;
CONTESTAÇÃO
Ao pedido inicial ajuizado por JOHN PAUL CARTER também já qualificado nos autos, nos
seguintes termos:
JUSTIÇA GRATUITA
O autor declara ser pessoa pobre na acepção jurídica da palavra, não possuindo recursos
financeiros suficientes para arcar com as despesas decorrentes do presente processo, sem
prejuízo de seu próprio sustento e de sua família.
Anexamos a presente contestação uma declaração de hipossuficiência econômica, devidamente
preenchida e assinada pelo autor, a fim de comprovar sua condição de insuficiência de recursos.
DA TEMPESTIVIDADE
A presente contestação é tempestiva, na medida em que respeita o prazo de 15 (quinze) dias
previstos no artigo 335, do CPC/15, senão vejamos:
Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo
termo inicial será a data:
I - Da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando
qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição;
Argumenta o autor, em síntese, que no dia 28/12/2022, por volta da 14h00, passeava com o seu
filho, menor, com oito anos de idade, pela Rua Oscar Freire, em São Paulo, alegando que teriam
sido surpreendidos pela conduta de uma funcionária da loja da empresa Ré, a qual teria
expulsado de forma grosseira o garoto da área externa do estabelecimento (calçada),
acarretando constrangimento e vergonha, que fora testemunhada por alguns transeuntes do
local, sob a alegação que ele não poderia vender nada ali na frente da loja. Alegando que seu
filho não estava vendendo nada, estava apenas com uma cartela de adesivos na mão, que havia
acabado de comprar em uma banca. Aduz, ainda que, seu filho foi repreendido pela funcionária,
enquanto o Autor estava um pouco mais à frente do menor, porque teve que atender uma
ligação do seu trabalho, razão pela qual, acredita que pode ter parecido que a criança estava
desacompanhada. Diante do ocorrido, imediatamente o Autor comunicou à funcionária que a
criança a qual ela havia insultado era seu filho. O Autor afastou-se do local para conversar com
ele, minutos depois, o Autor retornou e adentrou no estabelecimento, na tentativa de conversar
com a funcionária que, entretanto, ele alega que a funcionaria não lhes deu a mínima atenção,
e que também se recusou a chamar a gerente da loja, sob a alegação de havia muitas clientes e
que ela teria de atendê-las, a qual acredita ter ocorrido em razão de seu filho ser negro, e
compartilhou a narrativa sobre o incidente em seus perfis na rede social do Facebook e
Instagram, o que gerou grande repercussão nacional e internacional, inclusive com
manifestações de solidariedade à família, e repúdio à conduta da funcionária da loja.
DO MÉRITO
E Requer o pagamento por parte da autora da indenização por danos morais e materiais, por ter
sido caluniada e envergonhada perante os seus colegas e clientes em seu ambiente de trabalho,
no qual corre o risco de perder o seu emprego por uma calunia de um crime grave como injuria
racial.
Ficará claro que a inicial é totalmente improcedente, pelos fatos e razões expostos abaixo.
Todas as alegações descritas na inicial do autor ficarão claramente comprovadas que
inexistiram e que se trata de um mal-entendido referente a abordagem da criança em questão.
DOS DIREITO
I - Danos morais
Inicialmente podemos relatar sobre a abordagem feita pela funcionária da empresa Ré, onde o
autor alega que foi de forma violenta a honra e a integridade da criança em questão, mas a
funcionária apenas estava querendo entender por que a criança estava sozinha no local, assim
perguntando a criança sobre onde estavam seus pais e antes mesmo de obter a resposta o
Autor (pai do menor Rafael), alterado pegou a criança e a levou para longe alegando que a
funcionária tinha sido racista, sem mesmo dando a oportunidade da funcionaria explicar o
ocorrido.
Note excelência que nenhum dos laudos apresentados (nas páginas 10 – 13 da inicial) como
prova está relatando quando a criança desenvolveu sua ansiedade e fobia social, Drª Isabella
Parra apenas descreve e relata sobre a síndrome e o que pode causar, e assim como relata o
Estatuto de psiquiatria paulista
“A causa da fobia social podem ser inúmeras, mas quase sempre estão relacionadas com o
ambiente no qual aquela pessoa está inserida”
Considerando assim que a criança poderia ter desenvolvido está fobia em sua própria casa ou
escola, onde a mesma passa a maior parte do tempo.
Pleiteia a Ré assim a necessidade de comprovar a inexistência da injuria racial por meio da
oitiva de testemunhas, nos termos do Art. 445 do CPC:
“Também se admite a prova testemunhal quando o credor não pode ou não podia, moral ou
materialmente, obter a prova escrita da obrigação [...]”
Referida prova tem a finalidade de esclarecer a ação da funcionária da Ré, e tem como
impossibilidade de ser provada de forma material. Assim demonstrando o enquadramento
legal.
Assim como relatado acima os danos psicológicos que a criança tem não foi provado a causa,
sendo assim não havendo de se falar que o nexo de causalidade seja da ação tomada pela
funcionária, nesse sentido:
É que, como assevera Carlos Roberto Gonçalves:
“(…) Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É
lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, a
intimidade, a imagem (…) e que acarreta ao lesado (…) tristeza, vexame e humilhação (…)
(GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 4: responsabilidade civil –
7. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2012, versão digital, p. 353)”.
Nesse prisma, percebe-se que, para a configuração do dano moral, há a necessidade de lesão à
um dos direitos da personalidade, tais como a honra, a dignidade, a intimidade ou a imagem,
o que, data venia, não há no presente caso, notadamente porque o autor, como dito, sequer
provou.
II - Danos materiais
Assim como relatado acima o dano moral não foi comprovado o nexo causal, assim como o
dano material, que seria o valor do remédio que o paciente Rafael utilizaria. Contudo além de
requerer a nulidade do pagamento do dano, pleiteamos a análise do remédio que será
utilizado no tratamento do menor de idade.
Pois ao analisarmos valores e sobre o medicamento prescrito pela Drª Isabella Parra, ao ler a
bula do medicamento Escitalopram, verificamos que o próprio fabricante prescreve que “não
é recomendado para crianças e adolescente menores de 18 anos, pois podem causar
pensamento suicida e hostilidade” e assim como prescrito na bula temos resguardo da criança
e do adolescente no estatuto do ECA “ O Estatuto da Criança e do Adolescente não permite o
fornecimento de medicamentos psicotrópicos e entorpecentes a menores de 18 ano”, sendo
assim ilegal a prescrição do medicamento receitado pela doutora.
DOS PEDIDOS