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AO EXCELENTÍSSIMO JUIZO DE DIREITO DA VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES

DA COMARCA DE JACOBINA - BA

Beatriz, Maior, nascida em (Data) brasileira, (Profissão), inscrita no CPF


sob nº ____, (Endereço Eletrônico) , residente e domiciliado na Rua __, na cidade de
___, (CEP) vem à presença de Vossa Excelência, por seu representante constituído
propor

Ação Indenizatória por Abandono Afetivo por Danos Morais

em face de NOME DO RÉU, (Profissão), inscrito no CPF sob nº ___,


(Endereço Eletrônico), residente e domiciliado na Rua ___, na cidade de , (CEP)
pelos fatos e motivos que passa a expor.

BREVE SÍNTESE

A Autora é filha e objetiva por meio da presente ação o reconhecimento do


abandono afetivo e consequente indenização por danos morais.
O Réu, apesar de ter plena ciência do vínculo paterno com a Autora, vem
reiteradamente negando a sua responsabilidade de auxiliar na criação do filho,
agindo como se o mesmo nunca tivesse existido, o que se demonstrará pelas
provas que pretende produzir.
Tais condutas afetam diretamente a formação da criança, que apesar de
buscar incessantemente pelo apoio do pai, nunca teve qualquer amparo.
Previamente a interposição da ação houve a tentativa de resolução dos fatos
junto ao Réu sem êxito, pelo contrário, razão pela qual move a presente ação.

DO DEVER DE INDENIZAR PELO ABANDONO AFETIVO

O direito do Autor vem primordialmente amparado pelos princípios do


Estatuto da Criança e do Adolescente, segundo o qual o pai ou mãe que não retém a
guarda do filho também possui obrigações de cuidado, manutenção e educação,
além do exclusivo amparo pecuniário.
O pagamento isolado da pensão alimentícia não encerra o cumprimento das
obrigações de pai ou mãe, sendo a convivência e assistência moral deveres
indispensáveis à construção da personalidade equilibrada do filho, exigindo de
ambos os pais atenção, presença e orientação.
Não se trata de falta de amor, trata-se da negativa de amparo, da negativa
real e consciente de garantir assistência moral e psíquica, trata-se do descaso com
as reais necessidades íntimas e primárias em prejuízo da formação de uma criança.
Ausente o papel de pai na vida da criança. Responsabilidade esta que se
traduz no dever de cuidar, criar, educar e acompanhar, assegurando a dignidade da
pessoa humana e a proteção dos interesses da criança e adolescente. Este dever de
cuidado, decorrente do poder familiar, quando ignorado desdobra-se em ato ilícito,
devendo ser indenizado.
Ou seja, diante do juizo , como já destacado anteriormente, o Autor tem
direito ao reconhecimento do abandono afetivo, conforme precedentes sobre o
tema no STJ:
"Aqui não se fala ou se discute o amar e, sim, a imposição biológica e legal
de cuidar, que é dever jurídico, corolário da liberdade das pessoas de gerarem ou
adotarem filhos", argumentou a ministra. (RESP XXXXX).
No mesmo sentido os Tribunais desbordam sobre a matéria:
FAMÍLIA. ABANDONO AFETIVO. PAI APELANTE ADMITIU TER
INTERROMPIDO CONTATO COM FILHA. DESCUMPRIMENTO DO DEVER DE
CONVIVÊNCIA. DANO E NEXO CAUSAL COMPROVADO POR ESTUDO
PSICOSSOCIAL. ABANDONO AFETIVO CONFIGURADO.Reparação reduzida de dez
para quatro mil reais, à luz do relativamente pequeno período de não abandono (a
partir de fins de 2013) e da renda do pai Apelante. Recurso parcialmente provido.
(TJSP; APL XXXXX-83.2014.8.26.0344; Ac. XXXXX; Marilia; Sétima Câmara de
Direito Privado; Rel. Des. Luiz Antonio Costa; Julg. 31/10/2016; DJESP
07/11/2016)
Com esse enfoque é altamente ilustrativo trazer à colação o magistério de
Maria Berenice Dias, in verbis:
“A lei obriga e responsabiliza os pais no que toca aos cuidados com os filhos.
A ausência desses cuidados, o abandono moral, viola a integridade psicofísica dos
filhos, nem como principio da solidariedade familiar, valores protegidos
constitucionalmente. Esse tipo de violação configura dano moral. E quem causa
dano é obrigado a indenizar. A indenização deve ser em valor suficiente para
cobrir as despesas necessárias para que o filho possa amenizar as seqüelas
psicológicas.” (DIAS, Maria Berenice, Manual de Direito das Famílias. 9ª edição São
Paulo: RT 2013, p 471).
A desconsideração da criança e do adolescente no âmbito de suas relações,
aos lhes criar inegáveis deficiências afetivas, traumas e agravos morais, cujo peso
se acentua no rastro do gradual desenvolvimento mental e social do filho, que
assim padece com o injusto repúdio público que lhe faz o pai, deve gerar,
inescusavelmente, o direito à integral reparação do agravo moral sofrido pela
negativa paterna do direito que tem o filho à sadia convivência e referência
parental, privando o descendente de um espelho que deveria seguir e amar.”
(MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família. 5ª Ed. Rio de Janeiro, Forense,
2013, p. 383-384).
Portanto, outro não poderia ser o entendimento se não o necessário
provimento da presente ação, reconhecendo o abandono afetivo por parte com a
necessária condenação a danos morais.

DAS PROVAS QUE PRETENDE PRODUZIR

O Autor pretende instruir seus argumentos com as seguintes provas:


a) Documental comprovando a filiação do Autor ao réu (Certidão de
Nascimento);
b) Depoimento pessoal do Réu, para esclarecimentos sobre os fatos
narrados;
b) Oitiva de testemunhas, cujo rol será depositado em Cartório na devida
oportunidade, para fins de demonstrar a conduta voluntária do réu em
negligenciar o seu dever de cuidado e afeto;
c) A juntada dos documentos em anexo, em especial a troca de e-mails
evidenciando o descaso do Réu, publicações das redes sociais evidenciando a
relação do réu com os demais filhos;
d) Análise psicossocial do Autor, evidenciando os danos psicológicos
causados pelo abandono.
DA JUSTIÇA GRATUITA
· O Autor encontra-se desempregado, não possuindo condições financeiras
para arcar com as custas processuais sem prejuízo do seu sustento e de sua família,
conforme declaração de hipossuficiência, cópia dos seus contracheques e certidão
de nascimento dos filhos que junta em anexo.
· Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e
pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a AJG ao requerente.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, REQUER:


1. A concessão da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do Código de
Processo Civil;
2. O deferimento da medida liminar/antecipação de tutela, etc.. para
3. A citação do Réu para responder, querendo;
4. A total procedência da ação para reconhecer o abandono afetivo por parte dos
Réus, condenado à indenização por danos morais no montante de ;
5. A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a
6. Seja requisitada a intervenção do Ministério Público;
7. A condenação do réu ao pagamento de honorários advocatícios nos
parâmetros previstos no art. 85, § 2º do CPC;
8. Desde já manifesta seu interesse na audiência conciliatória, nos termos do Art.
319, inc. VII do CPC.
Dá-se à causa o valor de R$ (...).
Termos em que pede deferimento

Jacobina – BA 28 de maio de 2023


Elivelton Almeida
OAB xxxxx-BA

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