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AO JUÍZO DA 1º VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE GARANHUNS/PE

ALEXANDRE DE MELO SANTOS, brasileiro, solteiro, motorista, inscrito no CPF sob o nº


000.000.000-01 e no RG nº 0.000.001, residente e domiciliado na Rua das Oliveiras, centro,
Garanhuns, e endereço eletrônico em AlexandreMS@gmail.com, vem a este juízo, através de seu
ADVOGADO inscrito na OAB/PE nº 1000, com fundamento no artigo 318 e seguintes do Código de
Processo Civil vem a presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO INDENIZATÓRIA DE DANOS MORAIS POR ABANDONO AFETIVO

Em face de MARCOS SILVA DE LIMA, brasileiro, casado, médico inscrita no CPF sob o nº
000.000.000-02 e no RG nº 0.000.002, residente e domiciliado na Rua Dom João, bairro centro,
cidade Garanhuns, e endereço eletrônico em MarcosSM@gmail.com, pelos fatos e fundamentos
jurídicos que a seguir se expõe:

1. DOS FATOS
A mãe do autor CLAUDIA tivera relacionamento com o réu MARCOS durante algum tempo, dessa
relação conjugal nasceu ALEXANDRE o qual foi acompanhado durante os períodos iniciais de sua
vida por seu pai.
Até os seis anos de idade Alexandre mantivera considerável relação com seu pai, contudo, ao
nascimento de sua irmã, fruto de outro relacionamento a qual Marcos tinha estabelecido, abandonou
as relações que estabelecera previamente com seu filho.
Em razão desses acontecimentos, Marcos rompeu sua relação com Alexandre apenas mantendo
seu vínculo jurídico por conta de suas obrigações legais, desse modo, negligenciado todo o dever de
cuidado do vínculo paterno com seu filho.
Por diversas vezes Alexandre tentará reestabelecer seu vinculo afetivo com seu pai ao longo de
quinze anos, porém todas as tentativas foram ineficazes em virtude de ele abdicar da criação,
desenvolvimento e educação do seu filho.
Desse modo, em razão de tais condutas exercidas por Marcos tornou-se necessário ingressar em
via judicial para demonstrar o abandono sofrido por parte de seu pai e requerer a devida
condenação judicial de tal atitude.

2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


A presença paterna no âmbito de convivência familiar da criança é de vital importância para o
desenvolvimento saudável e prospero da criança, a omissão de cuidado por parte do réu resulta em
um dano emocional na criança a qual poderá causar sequelas para toda a vida, há sempre que se
exaltar que o abandono afetivo diz respeito as reais necessidades íntimas e primárias para a
formação de uma criança, a pretensão de Alexandre encontra fundamento primordialmente na
Constituição Federal, que preceitua em seu artigo 227º, que:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.

O exercício do poder familiar para garantir um bom desenvolvimento e cuidar da criança e


adolescente é inerente ao dever de cuidado que deve ser exercido pelo pai, o mesmo age como
espelho para lhe ensinar valores e o amparar, cabe dizer que o pagamento de pensão alimentícia e
demais prestações pecuniárias não encerra os demais deveres decorrentes da relação parental e a
negligencia em relação a presença do pai podem gerar um dano imensurável no desenvolvimento da
criança e do adolescente.
É fato que outra norma que também fundamenta o pedido é o Estatuto da criança e do adolescente
relaciona-se com os direitos fundamentais elencados na constituição federal em principal o da
dignidade da pessoa humana, além disso é notável citar que o ECA sempre preza pela proteção
integral da criança e do adolescente que estabelece nos artigos 3º e 5º:

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais


inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta
Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

(...)

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de


negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na
forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
fundamentais.

Ou seja, diante de todo o exposto o autor tem o direito ao reconhecimento do abandono afetivo, em
virtude de toda a situação de negligencia ao dever de cuidado a qual sofreu durante a sua vida,
dessa maneira não resta dúvida a necessidade de amparo legal quanto a isso, reforço que todo o
exposto enquadra-se conforme precedente do STJ:

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. ABANDONO AFETIVO.


REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS. PEDIDO JURIDICAMENTE POSSÍVEL.
APLICAÇÃO DAS REGRAS DE RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES
FAMILIARES. OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS E PERDA DO PODER
FAMILIAR. DEVER DE ASSISTÊNCIA MATERIAL E PROTEÇÃO À
INTEGRIDADE DA CRIANÇA QUE NÃO EXCLUEM A POSSIBILIDADE DA
REPARAÇÃO DE DANOS. RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL DOS PAIS.
PRESSUPOSTOS. AÇÃO OU OMISSÃO RELEVANTE QUE REPRESENTE
VIOLAÇÃO AO DEVER DE CUIDADO. EXISTÊNCIA DO DANO MATERIAL OU
MORAL. NEXO DE CAUSALIDADE. REQUISITOS PREENCHIDOS NA
HIPÓTESE. CONDENAÇÃO A REPARAR DANOS MORAIS. CUSTEIO DE
SESSÕES DE PSICOTERAPIA. DANO MATERIAL OBJETO DE TRANSAÇÃO
NA AÇÃO DE ALIMENTOS. INVIABILIDADE DA DISCUSSÃO NESTA AÇÃO.

(...)

5- O dever jurídico de exercer a parentalidade de modo responsável compreende


a obrigação de conferir ao filho uma firme referência parental, de modo a propiciar
o seu adequado desenvolvimento mental, psíquico e de personalidade, sempre
com vistas a não apenas observar, mas efetivamente concretizar os princípios do
melhor interesse da criança e do adolescente e da dignidade da pessoa humana,
de modo que, se de sua inobservância, resultarem traumas, lesões ou prejuízos
perceptíveis na criança ou adolescente, não haverá óbice para que os pais sejam
condenados a reparar os danos experimentados pelo filho.

Sendo evidenciada essa violação, aplica-se o Código civil para a devida reparação pecuniária,
considerando que o mesmo dispõe em seus artigos.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

(...)

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de


culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.

A indenização por dano moral serve para financiar meios que possam diminuir a dor, a angustia, a
solidão, o desamparo ocorrido por quem tinha o dever de cuidar do filho, e não para substituir o laço
afetivo, pois esse laço jamais poderá ser substituído.

3. DOS PEDIDOS
Mediante o exposto, requer:
1. O recebimento da presente ação, atestando o seu cabimento;
2. A intimação da parte demandada para apresentar contestação dentro do prazo legal;
3. Informa o autor que possui interesse na conciliação e mediação;
4. Que ao final seja a demandada condenada a pagar R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de
indenização por danos morais;
5. A condenação do réu ao pagamento de honorários advocatícios nos parâmetros
previstos no art. 85, § 2º do CPC;
6. Análise psicossocial do Autor, evidenciando os danos psicológicos causados pelo
abandono.
Dá-se a causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais)

Nestes termos, pede deferimento.

ADVOGADO

OAB/XX nº 1000

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