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506
CARLOS JOSÉ RIBEIRO Altair José de Oliveira - OAB/RJ nº 137.164
ADVOGADOS Lucas de Oliveira Ribeiro - OAB/RJ nº 214.111
Matheus de Oliveira - OAB/RJ nº 220.069
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE RESENDE/RJ.
DEFESA PRELIMINAR
Com fulcro no artigo 396 do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos.
1) DAS PUBLICAÇÕES:
Desde já requer que as futuras INTIMAÇÕES e NOTIFICAÇÕES nos presentes autos,
sejam realizadas exclusivamente em nome do patrono Dr. CARLOS JOSÉ RIBEIRO –
OAB/RJ nº 090.506, sob pena de nulidade;
2) DA TEMPESTIVIDADE:
O Mandado de intimação do ora requerido, foi efetivamente cumprido. Por sua vez,
conforme preconiza o supedâneo artigo anteriormente citado, se faz pertinente o prazo de
10 (dez) dias para apresentação desta; senão, vejamos o que está elencado no excelso
arcabouço jurídico:
Desta forma, é criterioso destacar que ao teor do referido mandado, podemos evidenciar
que o presente fora recebido no fia 23 de outubro de 2020, sendo certo que a presente
Defesa Preliminar é TEMPESTIVA.
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Nesta vertente, o requerente encontra-se desempregado, sendo certo que esta não há renda
que ampare de forma garantida o sustendo de sua família.
Neste diapasão, é criterioso destacar que não possui condições financeiras para arcar com
as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do seu sustento e de sua
família. Nesse sentido, junta-se declaração de hipossuficiência e declaração de pobreza a
fim de que lhe seja concedida a Gratuidade de Justiça.
Informa ainda o Autor que é isento da declaração anual de imposto de renda, tendo em vista
os seus vencimentos.
Por derradeiro requer a Vossa Excelência, seja deferida a Concessão da Gratuidade de
Justiça ao Autor, nos termos da Lei 1060/50, por não ter condições de arcar com as custas
processuais sem prejuízo do próprio sustento e da família.
Por tais razões, pleiteiam-se os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela
Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (CPC), artigo 98 e
seguintes.
4) DO BREVE RELATO DOS FATOS:
Supostamente, o ora denunciado teria no dia 16 de novembro de 2019, ofendido a
dignidade do Sr. José Rodrigues de Souza, dizendo “seu velho safado”, “ladrão”, “viado
velho”.
Neste mesmo dia, supostamente, o requerido teria colidido a sua bicicleta contra o Sr. José
Rodrigues de Souza, causando-lhe algumas escoriações.
O M.M. Juízo aceitou a denúncia realizada pelo Nobre Parquet, fazendo com que o
referido caso chegasse a este momento da apresentação da Defesa Preliminar.
Diante o exposto, passa a parte requerida a fundamentar a sua defesa, bem como provar
que as imputações realizadas merecem improcedência.
Mas de acordo com o que houve naquela fatídica data, é criterioso destacar que o Termo de
Declaração exposto às fls. 09/10 não condiz com a realidade dos fatos.
O requerido que sofre de transtornos psiquiátricos, naquela data, estava sem tomar os
medicamentos que são essenciais para a sua vida para que não ocorra nenhum tipo de
distúrbio e, como já é sabido, a família do Requerente, Sr. José Rodrigues de Souza,
anteriormente ao fato, já tinha o “currículo” de importunar o acusado. Corroborado a esses
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fatos, no dia do ocorrido, como já anteriormente relatado, o requerido não estava fazendo
uso de seus remédios e ao passar próximo a vítima, estava nervoso e ouviu diversas vozes
e pensou que o Sr. José estaria promovendo mais uma importunação a sua paciência.
Nobre Julgador, o requerido namorou a filha da vítima por um período de 6 (seis) meses. E
ela vivia perseguindo o requerido depois do término, uma vez que queria uma quantia no
valor de R$600 (seiscentos reais) mensais e que se não realizasse o pagamento, ela o
mataria.
M.M. Juízo, sabemos que tal conduta não possui relação direta com o caso concreto, mas
se levarmos pela aproximação das condutas, como uma pessoa que sofre de distúrbios
psicológicos, consegue viver sob ameaça daquela que um dia foi a sua companheira? Insta
salientar que no período em que estavam juntos, o pai da namorada, a ora vítima, distratou
por várias vezes o requerido, fazendo com que esse tivesse certa insegurança quando
estava perto. Sendo assim, podemos observar que tal relação abrasiva teve o seu início em
tempos anteriores, tendo o seu estopim no momento do distúrbio do requerido.
Sendo assim Excelência, quanto aos fatos, podemos observar que ocorreram por conta da
abstinência de medicação do suspeito, mas que de forma alguma esse quis atentar contra a
vida do Sr. José e que as escoriações causadas, também ocorreram por conta da sua idade
avançada, uma vez que sabemos que quanto maior a idade, maior a fragilidade do corpo.
Mas, insurge salientar que a IMPUTAÇÃO DO CRIME ESCULPIDO NO ARTIGO
121 É DEVERAS EXAGERADA, uma vez que o requerido somente colidiu a sua
bicicleta por força alheia a sua vontade e mesmo assim, não foi atentado contra a vida.
Para corroborar com a realidade dos fatos expostas nesse momento, a parte requerida passa
a expor os fundamentos para corroborar a sua defesa.
6) DAS PRELIMINARES:
Antes de adentrarmos no mérito, é criterioso salientar algumas preliminares, afim de que a
ação ora impetrada seja resolvida corretamente a aplicar a verdadeira justiça e o devido
processo legal. Senão, vejamos:
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A) DA INÉPCIA DA DENÚNCIA – ARTIGO 395, I DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL:
A denúncia oferecida pelo Douto Representante Ministério Público encontra-se em
desrespeito aos preceitos do nosso sistema processual penal, devendo, pois, ser rejeitada,
conforme artigo 395, I do Código de Processo Penal, por ser inepta.
Tal informação se faz verdade porque na peça inaugural, o denunciado foi acusado por fato
descrito genericamente, no que tange ao crime exposto no artigo 121, §4º do Código Penal,
uma vez que não há conduta que seja designada como exercício ilícito contra a vida. Em
momento algum o denunciado teve o diapasão de matar o requerente. Sendo assim, causa
estranheza a aplicação do pedido de condenação no crime de homicídio culposo.
INSURGE SALIENTAR QUE O PACIENTE NÃO VEIO A ÓBITO!
Tal fato que é objeto de inépcia pode ser comprovado pelo teor da denúncia que nenhuma
vez foi mencionado que o requerido teve a intenção de matar e, mesmo assim ao final
desse instrumento processual, foi pedido o acolhimento da denúncia no crime de homicídio
culposo; situação DANTESCA; um crime jurídico sem explicação plausível.
Ora, Digníssimo Julgador de Piso, como se defender da imputação feita de forma tão
ampla e genérica? Se o denunciado em momento algum quis concorrer para o crime ora
descrito na denúncia? Não podemos permitir que imputações genéricas prosperem em
nosso ordenamento processual, inviabilizando o direito que o acusado tem de se defender
amplamente.
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II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do
agente, salvo inimputabilidade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Para tanto, é essencial vislumbrar o que está expresso na Lei nº 10.216/01 que dispõe sobre
as pessoas com transtornos mentais; nisto é possível compreender que o requerido se
encaixa perfeitamente no que o arcabouço jurídico condiz. Assim, se espera de Vossa
Excelência que tal preliminar seja acolhida.
Sabemos que é criterioso que tenhamos nos autos os procedimentos que comprovem essa
patologia. Para isso, estão anexados a essa manifestação os laudos médicos do requerido e,
seria de extrema necessidade que este M.M. Juízo, avaliasse a preliminar embasado nos
documentos médicos e, em caso de dúvida que suscite perícia no requerido afim de
comprovar e acolher a preliminar requerida.
7) DOS FUNDAMENTOS:
Neste momento, a parte requerida passa a contrapor os pontos articulados da denúncia,
afim de que seja feita a verdadeira justiça:
A) DA NÃO APLICAÇÃO DO ARTIGO 129, §7º C/C 121, §4º DO CÓDIGO
PENAL:
Nobre Julgador, primeiramente é criterioso destacar que não há fundamentação
contundente e nem fato que corrobore para que seja aplicada a pena esculpida no artigo
121 do Código Penal. NÃO EXISTIU HOMICÍDIO NO FATO EM TELA, nem ao
menos TENTATIVA DE HOMICÍDIO. Sendo assim não o que se falar em aplicação
concomitante dos artigos 129, §7º e do 121, §4º, ambos do Código Penal.
Excelência, a parte requerida de foram alguma está alegando que não houve lesão a vítima,
até porque é comprovado que houve sim; entretanto, a aplicação da concomitância dos
artigos acima nos passa uma sensação de aplicação exacerbada da Lei em um fato que não
existe essa observância, ou seja, mesmo agindo por circunstâncias alheias a sua vontade
NÃO HÁ O QUE SE FALAR EM HOMICÍDIO, já que a pessoa que foi vítima está
viva, recuperada e em momento algum houve fato que tentou a sua vida, sendo possível
adequar o ilícito a tipificação de Lesão Corporal somente, não precisando se falar em
HOMICÍDIO.
Lendo e relendo a denúncia Excelência, não nos parece adequado pedido de condenação
nesses crimes. Forma injusta e até mesmo um pedido arbitrário. Desqualificar o crime
requerido é necessário, até mesmo para ser aplicada, em caso de condenação, uma
sentença justa e adequada as circunstâncias do fato, ou seja, um denunciado que tem
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problemas mentais que por falta do seu remédio desencadeou em uma ação que não
correspondia a sua vontade. Insta salientar que no momento do ilícito, o denunciado
teve um de seus distúrbios, ouviu vozes e por isso pensou que fosse a vítima que já
tinha o histórico de lhe importunar por conta do relacionamento da sua filha com o
denunciado que havia durado 6 (seis) meses.
No mérito fundamental e até mesmo nos princípios que norteiam a nossa vida, por mais
que tenha havido algum crime, podemos observar que a sua concretizavam aconteceu por
circunstância alheia à vontade do denunciado, bem como este mesmo não se lembrando do
ocorrido, deseja que tudo isso termine e quer se redimir pedindo desculpas a vítima. Então
Excelência, pelas circunstâncias do caso concreto, não se tornaria legítima a aplicação da
justiça se o pedido de concomitância dos artigos fosse aplicado.
Sendo assim, de acordo com os fatos esculpidos nos autos, a parte requer que tal que a
perícia seja realizada afim de comprovar a insanidade o ora denunciado.
C) DO PERDÃO JUDICIAL:
Excelência, podemos observar que o suposto Autor dos fatos, nem se lembra como se deu
a sua participação no suposto ilícito uma vez que por conta da medicação que é parte do
seu cotidiano, a qual não fez uso na data do suposto ilícito, o fez “ouvir vozes” que
desencadearam na conduta ora objeto da ação.
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Nobre Julgador e Nobre Parquet, o denunciado. Embora não se lembre do fato, se sente
envergonhado pelo constrangimento causado, bem como quer se desculpar com a vítima,
mostrando que se arrependeu de todo imbróglio.
Tal afirmação é tão verídica que podemos comprovar até mesmo por confirmação da
vítima que o denunciado evita transitar no mesmo local que ele, para evitar qualquer tipo
de burburinho bem como pela vergonha que o fato lhe causou.
Assim, mesmo que o fato lhe conceda uma condenação, permite o ordenamento jurídico
que o M.M. Juízo lhe conceda o perdão judicial. Senão, vejamos:
Assim sendo, tendo em vista que o suposto Autor do fato é pessoa que possui deficiência
mental e que na data da ocasião do suposto ilícito, não estava com a medicação correta
bem como não se lembra do fato e ademais tem vergonha do que isso tenha causado tendo
a vontade de se desculpar com a vítima, torna-se totalmente aplicável por analogia o
instituto do PERDÃO JUDICIAL, o que se requer a Vossa Excelência.
8) DOS PEDIDOS:
Diante o exposto, requer a Vossa Excelência o que segue:
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denunciado é portador de patologia mental a qual
condiz com a causa excludente de culpabilidade por
não poder entender de forma profícua e contundente o
ilícito que concorreu no momento do fato;
f) Que seja CONCEDIDO por este M.M. Juízo, o PERDÃO JUDICIAL, uma vez
que possui deficiência mental e que na data da ocasião do suposto ilícito, não
estava com a medicação correta bem como não se lembra do fato e ademais tem
vergonha do que isso tenha causado tendo a vontade de se desculpar com a vítima,
torna-se totalmente aplicável por analogia o instituto do PERDÃO JUDICIAL;
MATHEUS DE OLIVEIRA
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