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Augusto Cezar Cozer

_____________________________________________________ OAB-ES 11.682


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR
RELATOR CARLOS SIMÕES FONSECA DA SEGUNDA CÂMARA
CÍVEL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO
ESPÍRITO SANTO

PROCESSO nº. 0035633-80.2014.8.08.0035


AGRAVO DE INSTRUMENTO

ADELIANE ANACLETO RANGEL E ESTEVÃO


DE OLIVEIRA, devidamente qualificados nos autos do processo em
referência, vêm à presença de Vossa Excelência, com o devido
acatamento e respeito, por seu Advogado, AUGUSTO CEZAR COZER,
inscrito na OAB-ES sob o nº. 11.682, Tel.: (27) 99962-3662, E-mail:
augustocozer@hotmail.com, com escritório na Avenida Carlos
Lindenberg, 550, Glória, Vila Velha - ES, CEP 29.122-036, onde recebe
intimações e notificações, apresentar a CONTRAMINUTA AO
AGRAVO DE INSTRUMENTO interposto por MASB 20
EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO LTDA, ante as razões de fato e de
direito a seguir expostas:

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Augusto Cezar Cozer
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PRELIMINARMENTE

Da Assistência Judiciária Gratuita

Os Agravados não possuem condições de


arcarem com as custas processuais e honorários advocatícios, sem
prejuízo próprio ou de sua família, preenchendo assim, os
requisitos exigidos pelo artigo 2º, parágrafo único da Lei 1.060/50,
concernente à necessidade, para os fins legais, deste benefício.

Diante da situação descrita, se insere o artigo 4º


da Lei 1.060/50, in verbis:

“Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da


assistência judiciária, mediante simples
afirmação, na própria petição inicial, de que não
está em condições de pagar as custas do
processo e os honorários de advogado, sem
prejuízo próprio ou de sua família.”

Ademais, a Constituição Federal assegura em


seu artigo 5º, LXXIV:

"Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:"

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"LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica
integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;"

A Jurisprudência é pacífica no entendimento que


os Agravados fazem jus aos benefícios da Assistência Judiciária
Gratuita, conforme se observa abaixo:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – JUSTIÇA


GRATUITA – ART. 4º, § 1º, DA LEI 1.060/50 –
Inexistência de incompatibilidade com o art. 5º,
inciso LXXIV, da constituição federal/88. O § 1º
do art. 4º da Lei 1.060/50 permanece em vigor,
posto que nenhuma incompatibilidade existe
entre ele e o inciso LXXIV do art. 5º da
Constituição Federal. Assim, para que a parte
obtenha os benefícios da justiça gratuita, basta
que declare a insuficiência de recursos para
arcar com as custas do processo e honorários de
advogado, sem necessidade de prévia
comprovação. Precedentes do c. STF. (TJDF –
AGI 20030020053868 – DF – 4ª T.Cív. – Rel.
Des. Sérgio Bittencourt – DJU 03.12.2003 – p.
61)

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA – REQUERIMENTO


E CONCESSÃO – QUALQUER FASE DO
PROCESSO – ADMISSIBILIDADE – Em
qualquer fase do processo pode ser concedida a
justiça gratuita; basta a afirmação da pobreza,
sem necessidade de prova da insuficiência de
recursos. (2º TACSP – AI 702.504-00/2 – 1ª C. –
Rel. Juiz Vanderci Álvares – DOESP 08.02.2002)

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Da Tempestividade

A publicação de intimação ao Patrono dos


Agravados se deu em 18 de setembro de 2014, conforme certidão de fl.
220, contudo devido ao movimento grevista deflagrado pelo
Sindijudiciário, o Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo, resolveu
através dos atos normativos 184/2014, 195/2014 e 199/2014 suspender
os prazos processuais, no período compreendido entre os dias 15 de
setembro de 2014 a 03 de outubro de 2014, bem como devolver
integralmente os prazos com termo final previsto para o referido
período.

Tempestivo, portanto, a presente Contraminuta


ao Agravo de Instrumento.

DOS FATOS

Os Agravados firmaram Contrato Particular de


Promessa de Compra e Venda junto a Agravante para aquisição do
apartamento nº 805, da Torre Praia, do Empreendimento Happy Days
Manguinhos, situado no Distrito de Carapina, no município da Serra-ES,
no valor de R$ 215.240,04 (duzentos e quinze mil duzentos e quarenta
reais e quatro centavos), tendo em vista a necessidade de mudança
para o município da Serra.

No ato da assinatura do contrato foi efetuado o


pagamento da entrada no valor de R$4.200,00 (quatro mil e duzentos
reais), com 30 e 60 dias foram pagos mais 02 parcelas no valor de
R$3.030,00 (três mil e trinta reais) cada, em 04/12/2012 foi pago uma
parcela única de R$2.880,00 (dois mil oitocentos e oitenta reais), e
também foi pago mais 10 parcelas mensais no valor de R$720,00
(setecentos e vinte reais) cada, restando a ser pago o valor de uma
parcela única no valor de R$ 22.708,00 (vinte e dois mil setecentos e
oito reais), que conforme negociação seria inclusa junto com o
financiamento de R$172.192,00 (cento e setenta e dois mil cento e
noventa e dois reais).

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Acontece que passados os primeiros
pagamentos negociados em contrato, a Agravante deveria emitir os
boletos para pagamento das parcelas mensais acordada, e foi neste
momento que se iniciaram os dissabores dos Agravados.

O primeiro boleto chegou com atraso superior a


04 meses da data combinada, sendo que neste interstício de tempo, os
autores realizaram vários contatos com a Agravante através de
ligações e e-mail, na tentativa de conseguir os boletos para pagamento
das parcelas mensais, conforme faz prova toda documentação
juntada ao processo.

Outrossim, neste mesmo período os Agravados


foram notificados por e-mail pela própria Agravante, solicitando o
pagamento das faturas em aberto.

E a resposta aos e-mails dos Agravados, com o


envio de boletos para pagamento?

Essa não chegou. Então como pagar ???

Aproveitando o mesmo e-mail de cobrança, os


Agravados solicitaram os boletos para o pagamento, e que fosse
concedido desconto de correção, juros, encargos e multa aos mesmos
devido a falha no envio da cobrança por parte da Agravante. Contudo
para desespero dos Agravados o pedido não foi atendido e os mesmos
pagaram todo o valor em aberto com correção, juros, encargos e multa.

E o martírio se perdurou pelas demais parcelas,


o boleto não chegava no endereço dos Agravados pelo correio e nem
por solicitação via e-mail, e apesar das incontáveis reclamações, a
Agravante não resolvia a situação, obrigando os Agravados a pagar
correção, juros, encargos e multa.

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Como o prazo previsto para término das obras e
entrega do apartamento deveria ser em 30 de junho de 2013, conforme
prometido pelo Agravante no momento da venda, os Agravados
que possuem crédito aprovado, conforme anexo, buscaram a
Instituição Bancária para que fosse providenciado a liberação do valor a
ser financiado, porém devido a falta de documentação necessária de
comprovação de regularidade do imóvel (Habite-se e Averbação) o
Banco não pode formalizar o financiamento do imóvel.

E em contrapartida ao alegado pelo Agravante,


apesar do Habite-se ter sido liberado em 22 de maio de 2013, este não
foi disponibilizado aos Agravados para que pudessem
providenciar o financiamento, e ainda que fosse, o financiamento não
seria aprovado uma vez que a certidão de Averbação, só foi registrada
em cartório em 25 de outubro de 2013, conforme informado pelo próprio
Agravante, e somente disponibilizada aos Agravados no final de
novembro de 2013, ou seja, passados 05 meses do prazo prometido
para a entrega do imóvel aos Agravados.

E em sintonia com o alegado na exordial, apesar


da disponibilização da Averbação no final de novembro de 2013, os
Agravados não tinham em mãos os Habite-se para aprovar o
financiamento, uma vez que o mesmo não foi disponibilizado pela
Agravante.

Importante frisar, que na negociação para a


compra do referido imóvel o Agravante nada informou a respeito da
liberação dos documentos necessários por parte da Construtora para
que houvesse a liberação do financiamento, pelo contrário as
informações raramente eram fornecidas e sempre destoavam da
realidade, demonstrando um total descaso para com os
Agravados.

Outrossim, os Agravados necessitavam mudar


para este imóvel o mais breve possível, visto que a gestação da
Agravada Adeliane avançava pelo 7º mês, e o novo apartamento seria
bem mais próximo ao local de trabalho da mesma, evitando assim
percorrer uma longa distância, equivalente a 90 km diários entre a
residência atual em Vila Velha e o trabalho da Agravada gestante na
empresa Sotreq, localizada no município da Serra .

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Ocorre que diante de tantos aborrecimentos


gerados pela Agravante, e ainda pelo descaso e atraso da mesma em
providenciar a documentação necessária para liberação de
financiamento bancário, todo o projeto de mudança dos Agravados foi
frustrado, o que resultou em sérias complicações emocionais e
fisiológicas à Agravada gestante Adeliane, atingindo diretamente a sua
gestação que teve o parto antecipado.

Diante do exposto e já cansados de tanto sofrer


e totalmente frustrados com o malfadado negócio, os Agravados
decidiram fazer o Distrato do contrato, fazendo comunicação a
Agravante para que fosse apurados os valores já pagos e os mesmos
fossem devolvidos aos Agravados.

Pasme Excelência!!! A Agravante, se valendo


de Cláusulas Abusivas, fez os cálculos para Distrato e o mesmo
era negativo em R$185,08 (cento e oitenta e cinco reais e oito
centavos) para os Agravados. ABSURDO!!!

Observa-se que os Agravados na tentativa de


solucionar o problema em questão buscaram todas as maneiras
possíveis para resolver o conflito, e diante da postura adotada pela
Agravante não encontraram outra forma a não ser ajuizar a competente
ação ordinária de desfazimento de relação contratual, declaratória de
nulidade de cláusulas com reembolso de parcelas adimplidas e
reparação por danos morais, com pedido de tutela antecipada,visando a
garantia de seus direitos.

DO IMPROVIMENTO DO RECURSO DE AGRAVO DE


INSTRUMENTO

Em que pese o profundo saber jurídico do


Procurador do Agravante, não devem, prevalecer às razões expostas
no recurso ora interposto, prevalecendo assim à decisão prolatada que
determinou “a suspensão da cobrança de qualquer valor relacionado ao
contrato em lide e a abstenção de inscrição do nome dos requerentes
junto aos orgãos de proteção ao crédito”.
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O recurso interposto pelo Agravante, não merece


ser acolhido, uma vez que desprovido de supedânio Legal, não
encontrando-se em perfeita consonância com a melhor forma de direito,
doutrina e jurisprudência, aplicáveis na espécie.

A r. Decisão da 1ª Vara Cível de Vila Velha - ES


(Processo nº. 0025477-33.2014.8.08.0035), ora atacada, merece ser
mantida in totum, confirmando-a e negando-se provimento ao recurso
oferecido, eis que a mesma nada mais fez do que aplicar o Direito, em
consonância com as provas produzidas no processo, inexistindo, pois,
reparos à mesma.

Isso porque foi proferida por Juíza culta e


inteligente, que conseguiu cumprir com seu honroso mister de dar o
bom direito a quem o tem.

Inatacável a r. Decisão da 1ª Vara Cível de Vila


Velha - ES (Processo nº. 0025477-33.2014.8.08.0035), eis que foi
proferida nos termos da Lei, e consoante com as melhores doutrinas e
jurisprudências.

Apesar das alegações feitas pelo Agravante no


recurso interposto, conclui-se que as mesmas não corroboraram com o
que ficou provado no presente feito e que a r. Decisão proferida pelo
Juízo a quo é acertada.

O Improvimento do recurso é um imperativo dos


fatos e do direito, já que a r. Decisão de autoria da Ilustre Juíza Paula
Moscon Lordes nada mais fez do que aplicar a melhor Justiça ao caso
em espécie.

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DOS PEDIDOS

Face ao exposto, requer a Vossa Excelência:

Os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita,


na forma da Lei 1.060/50, por não terem os Agravados condições de
arcarem com as custas processuais e honorários advocatícios.

Que seja o presente Agravo de Instrumento


totalmente inadmitido e improvido.

Nesses Termos,
Pede E. Deferimento.

Vila Velha-ES, 09 de outubro de 2014.

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AUGUSTO CEZAR COZER
OAB-ES Nº. 11.682

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