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Augusto Cezar Cozer

_____________________________________________________ OAB-ES 11.682

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO


DA 1ª VARA CÍVEL DE VILA VELHA - COMARCA DA CAPITAL -
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Processo nº. 0025477-33.2014.8.08.0035

ADELIANE ANACLETO RANGEL e ESTEVAO


DE OLIVEIRA RANGEL, ambos devidamente qualificados nos autos do
processo em referência, vem à presença de Vossa Excelência, com o
devido acatamento e respeito, por seu comum Advogado, AUGUSTO
CEZAR COZER, inscrito na OAB/ES sob o nº. 11.682, e-mail:
augustocozer@hotmail.com / Tel.: (27) 9-9962-3662, com escritório na
Rua Felicidade Siqueira, 344, Alvorada, Vila Velha / ES, CEP.:29.117-
510, onde recebe intimações e notificações, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS

expondo e requerendo o seguinte:

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Augusto Cezar Cozer
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I - DOS FATOS

Os Autores firmaram Contrato Particular de


Promessa de Compra e Venda com a Requerida MASB 20
EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO LTDA para aquisição do
apartamento nº 805, da Torre Praia, do Empreendimento Happy Days
Manguinhos, no valor de R$ 215.240,04 (duzentos e quinze mil
duzentos e quarenta reais e quatro centavos), conforme documentos
anexados aos autos.

A decisão de aquisição do imóvel se deu em


razão da chegada da segunda filha do casal, pois a Autora Adeliane
estava em seu 7º mês de gravidez, e os Autores esperavam que já
estivessem morando em seu novo apartamento antes do nascimento da
criança, pois o novo apartamento seria bem mais próximo ao local de
trabalho da mesma, evitando assim percorrer uma longa distância,
equivalente aproximadamente 90 km (ida e volta) entre a residência
atual (Vila Velha-ES) e o trabalho da autora (Serra-ES) gestante a
época.

No ato da assinatura do contrato foi efetuado o


pagamento da entrada no valor de R$4.200,00 (quatro mil e duzentos
reais), com 30 e 60 dias foram pagos mais 02 parcelas no valor de
R$3.030,00 (três mil e trinta reais) cada, em 04/12/2012 foi pago uma
parcela única de R$2.880,00 (dois mil oitocentos e oitenta reais), e
também foi pago mais 10 parcelas mensais no valor de R$720,00
(setecentos e vinte reais) cada, restando a ser pago o valor de uma
parcela única no valor de R$ 22.708,00 (vinte e dois mil setecentos e
oito reais), que conforme negociação seria inclusa junto com o
financiamento de R$172.192,00 (cento e setenta e dois mil cento e
noventa e dois reais).

Neste período os Autores já começaram a ter


grandes aborrecimentos com a total desorganização da Requerida,
devido a dificuldade de contato, retorno de informações, e ainda por não
ter efetuado o devido cadastramento de dados dos autores (e-mail da
Autora cadastrado errado, conforme documento juntado a Fl. 118
dos autos) e com isso os mesmos não tiveram acesso a chave de
acesso ao site da requerida para impressão de seus boletos.

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E como os boletos para pagamento não


chegavam na data estipulada, estes eram sempre acrescidos de
correção, juros, multa e encargos, conforme comprova os e-mails
juntados aos autos.(Doc. fls. 117/118)

Ocorre que o prazo previsto para término das


obras deveria ser em 30/06/2013 e os autores buscaram a instituição
bancária para que fosse providenciada a liberação do valor a ser
financiado, porém devido à falta de disponibilização da documentação
de regularização do imóvel, no primeiro momento, o HABITE-SE e em
uma segunda oportunidade, faltou a CERTIDÃO DE AVERBAÇÃO, e
desta forma o Banco não pôde formalizar o financiamento do imóvel,
fato este também suportado por outros compradores, conforme
consta no depoimento da testemunha William Schuwanbach Stein,
bem como nos e-mails de outros compradores, juntados pelos
Autores na Audiência de Instrução.

Com tantos dissabores e aborrecimentos


gerados pela Requerida, agravado pelo descaso da mesma em
providenciar a documentação necessária a liberação de financiamento
bancário, todo o projeto de mudança dos autores foi frustrado, o que
resultou em sérias complicações emocionais e fisiológicas à
requerente gestante Adeliane, atingindo diretamente a sua
gestação.(doc. fls.50 (certidão nascimento),151 e 152 (atestados))

Já cansados de tanto sofrer e totalmente


frustrados com o malfadado negócio, os Autores decidiram fazer o
Distrato do contrato, fazendo comunicação a Requerida para que fosse
apurados os valores já pagos e os mesmos fossem devolvidos aos
autores.

Mas para desespero dos Autores a Requerida


fez os cálculos para Distrato, e o mesmo era negativo em R$185,08
(cento e oitenta e cinco reais e oito centavos) para os Requerentes.
(doc. fl.139).

Os Autores na tentativa de solucionar o


problema entraram em contato com a Requerida por diversas vezes, e
esta por sua vez jamais tentou solucionar o problema.(Ver doc.
fls.142/143/144 - e-mail a Diretoria da Requerida).

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Além do prejuízo material sofrido pelos Autores


em virtude de não ter a devolução dos valores pagos diante da
solicitação de distrato contratual, somente ocorrido por culpa exclusiva
da Requerida, ainda sofreram o constrangimento ilegal e imoral de
verem-se frustrados da realização do projeto de nova moradia, e ainda
por ter resultado em sérias complicações emocionais e fisiológicas à
requerente gestante Adeliane, atingindo diretamente a sua fisiologia e
gestação, conforme narrado na inicial.

Está evidente a ocorrência de danos materiais e


morais aos Autores, decorrente exclusivamente por culpa do Requerido.

Os documentos juntados, bem como o


depoimento testemunhal, levarão esse Juízo a certeza do direito
pleiteado.

Diante de tal situação os Autores não


encontraram outra forma a não ser ajuizar a presente ação para ter
seus direitos garantidos.

II - DA CONTESTAÇÃO APRESENTADA PELA REQUERIDA

A contestação apresentada em nada destrói os


motivos que objetivaram a presente ação e, nem tampouco, os termos
da inicial.

Todos os argumentos pertinentes ao mérito da


demanda que foram levantados pela Requerida devem ser
desconsiderados, visto que os fatos narrados na Inicial são
cristalinos, falam por si só. Inegável que os argumentos oferecidos
pela Requerida são inconsistentes, levantados apenas para protelar o
direito indiscutível dos Requerentes.

Em síntese, temos que, como o prazo previsto


para término das obras, e entrega do apartamento deveria ser em 30 de
junho de 2013, conforme prometido pelo Réu no momento da
venda, os Autores buscaram a Instituição Bancária para que fosse
providenciado a liberação do valor a ser financiado, porém devido a
falta de documentação necessária de comprovação de
regularidade do imóvel (Habite-se e Averbação) o Banco não pode
formalizar o financiamento do imóvel.

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E em contrapartida ao alegado pelo Requerido,


apesar do Habite-se ter sido liberado em 22 de maio de 2013, este não
foi disponibilizado aos Autores para que pudessem providenciar o
financiamento, e ainda que fosse, o financiamento não seria aprovado
uma vez que a certidão de Averbação, também não havia sido
disponibilizada, conforme também relata a testemunha Willian
Schuwanbach Stein em seu depoimento, senão vejamos:

(...)

que o depoente somente conseguiu entrar no


imóvel recebendo as chaves no ano de 2014 por
que foi necessário financiamento e era
necessário o Habite-se; que por várias vezes o
depoente foi até na Caixa Econômica Federal e
não pode fazer o financiamento pois faltavam
documento da requerida e quando o depoente
entrava em contato com a requerida afirmavam
que estavam com problemas no cartório;

(...)

que vários outros consumidores ficaram na


mesma situação do depoente e os autores;

(...)

que o depoente não sabe a data exata mas que


o Habite-se do empreendimento ocorreu no
primeiro semestre do ano de 2014;

(...)

que quando procurava a requerida os


funcionários não informavam uma data certa
de quando resolveriam o problema de
documentação para o financiamento.
(grifo nosso)

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E assim, em sintonia com o alegado na exordial,


apesar da Requerida informar da existência de Habite-se e Averbação,
estes e outros documentos necessários ao processo de financiamento
não foram disponibilizados aos Autores e demais compradores,
conforme também faz prova os e-mails de outros compradores juntados
na Audiência de Instrução.

Apesar das argumentações despendidas pela


Requerida em sua contestação, despidas de qualquer fundamentação
legal, não conseguiram destruir os motivos que objetivaram a presente
ação, e nem tampouco, os termos da Inicial.

Não há como negar que por culpa da Requerida


os Autores foram lesados na esfera material e moral.

No que diz respeito às demais alegações feitas


pela Requerida na peça contestatória e especialmente a validade de
cláusulas abusivas, nos reportamos aos argumentos já expostos
na Inicial.

III - DA DOCUMENTAÇÃO JUNTADA PELA REQUERIDA AS FLS.


261/262 (DOC.7)

O e-mail juntado as fls. 261/262 dos autos deve


ser desconsiderado, visto que o emitente Sr. Erick Leite,
correspondente Caixa, faz afirmação baseada em "suposição" uma
vez que não possui certeza do que esta informando, e como prova
desta assertiva podemos ver a frase utilizada pelo mesmo em seu texto,
qual seja: "salvo engano", ou seja ele não possui certeza no que está
afirmando.

IV - DOS DOCUMENTOS JUNTADOS PELOS AUTORES AS FLS.


270-291

Diversamente do alegado pela Requerida, os


Autores em nenhum momento tentaram alterar a verdade dos fatos, e
muito menos induzir este juízo a erro.

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Tais documentos simplesmente foram juntados


para desconstruir a tese absurda da Requerida, alegada em sua
contestação, onde afirmou que o financiamento bancário foi negado em
razão de insuficiência de renda dos Autores.

Tanto é inverídica a tese da Requerida, que ficou


demonstrado no processo, que não só os Autores tiveram problemas
com o financiamento bancário devido a falta de documentação de
regularização do imóvel, como também outros compradores, como foi
o caso da testemunha Willian Schuwanbach Stein comprovado em seu
depoimento e também conforme demonstrado nos e-mails juntados na
audiência de instrução.

V - DO DANO MORAL

É garantia fundamental o determinado no artigo


5º, incisos V e X da Carta Magna, que aduz o seguinte:

“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

...

V - é assegurado o direito de resposta,


proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;

...

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a


honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação;”

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A dor moral e o abatimento de ânimo sofridos


pelos Autores em decorrência dos fatos narrados não carece de
demonstração específica, porquanto são deduzíveis. Não se pode
negar que para os Autores que são pessoas honestas e prezam pelo
bom nome, o fato ocasionou-lhe perturbações íntimas e
aborrecimentos.

Em virtude da frustração e constrangimento


sofridos pelos Autores por não poderem usufruir de seu novo imóvel,
devido a culpa exclusiva da Requerida, que não providenciou toda a
documentação necessária a regularização do imóvel dentro do prazo
estipulado em contrato para que fosse viabilizado o financiamento
bancário, caracteriza-se os danos morais.

Ainda cabe frisar, que o dano foi tão grave que


a Autora Adeliane necessitou se afastar do trabalho por 14 dias sobre a
necessidade de repouso médico absoluto, com risco de perda da
gravidez. E devido ao estado de sério risco, e uma iminente
necessidade de interrupção da gestação por ato não programado, o
médico da Requerente também receitou a injeção de corticoide para
que houvesse uma aceleração na formação do pulmão e demais órgãos
do bebê, para que o mesmo não viesse a óbito.

Além das complicações gestacionais, as


injeções de corticoides provocaram diversos efeitos colaterais e ainda o
aumento da massa corporal da Autora em 14 quilos, mas foram
fundamentais para evitar óbito do bebê que felizmente nasceu com
saúde.

Como é cediço, dano é todo mal causado aos


nossos bens jurídicos como o patrimônio, o corpo, a vida, a saúde, a
honra, o crédito, o bem-estar, a capacidade de aquisição, entre outros,
causando-nos desconforto.

Estes bens jurídicos estão tutelados pelas


normas legais vigentes e a dor ocasionada pela lesão ou violação de
algum, ou alguns deles, traz ao ofendido repercussões patrimoniais e
não-patrimoniais.

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O dano causado ilicitamente a uma pessoa, que


não atinja o seu patrimônio, mas que acarrete um sofrimento psíquico é
denominado dano moral. Este possui como objeto a emoção, a dor, a
vergonha ou qualquer outra agressão à personalidade da pessoa.

A lei material brasileira traz em seu texto


respaldo legal para aqueles que, além do dever cívico de defender seu
direito numa visão social, buscam compensar um dano sofrido e evitar
que novas lesões ocorram.

O ressarcimento do dano moral encontra


respaldo no Código Civil, que demonstra o entendimento de que todo e
qualquer dano causado ilicitamente, acarretará a consequente e
inevitável reparação, seja ela de natureza patrimonial, seja
extrapatrimonial.

É inadmissível negar a existência de um


patrimônio moral e psíquico em uma época de tantos avanços sociais.

A condenação judicial deve servir como pena


para aqueles que, imprudentemente, praticam atos ilícitos sem medir
consequências para outrem.

Este tipo de conduta causou e ainda está


causando muita aflição e constrangimento aos Autores.

Cabe ainda registrar, que o aludido


procedimento pode estar acontecendo, bem como, poder vir a
acontecer à outra pessoa, originando constrangimentos e vexames da
mesma monta que os causados aos Autores, o que motiva a
penalização em seu grau máximo da condenação para que tal fato
não ocorra nunca mais com ninguém.

Assim, a penalização haverá de ser


suficientemente pesada, a ponto de inibir futuras reincidências.

Não se discute mais, no campo doutrinário e


jurisprudencial, a possibilidade de se buscar a indenização por danos
morais, em face da ofensa à honra e à moral de uma pessoa, até
mesmo pela dicção do artigo 5º, incisos V e X, da Constituição Federal.

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Sobre Dano Moral a Egrégia Corte do Superior


Tribunal de Justiça entende que:

“Ementa: Dano moral puro. Caracterização.


Sobrevindo em razão de ato ilícito, perturbação
nas relações psíquicas, na tranqüilidade, nos
entendimentos e nos afetos de uma pessoa,
configura-se o dano moral, passível de
indenização. (STJ, Min. Barros Monteiro, T. 04,
REsp 0008768, decisão 18/02/92, DJ
06/04/1998, p. 04499)”

O posicionamento incontroverso do Superior


Tribunal de Justiça prevê a possibilidade de se cumularem as
indenizações por dano moral e material, devendo incidir a correção
monetária desde a data do prejuízo:

“Súmula nº 37. São cumuláveis as indenizações


por dano material e dano moral oriundos do
mesmo fato.”

“Súmula nº 43. Incide correção monetária sobre


dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo
prejuízo.”

VI - DOS PEDIDOS

Face ao exposto, requer a V. Exª.:

Que sejam julgados TOTALMENTE


PROCEDENTES os pedidos constantes na inicial.

Os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita,


na forma da Lei 1.060/50, por não ter os Autores condições financeiras
de arcar com o pagamento das custas processuais e dos honorários
advocatícios.

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Nesses Termos,
Pede E. Deferimento.

Vila Velha-ES, 04 de setembro de 2017.

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