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AO DOUTO JUÍZO DO 1º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DE

_________________________.
Processo nº ________________
_______________________, brasileiro, solteiro, inscrito no RG son o nº __________ SSP/PI e com CPF
nº _____________________, residente e domiciliado no ____________________________, Cep:
_______________, nos autos da Açã o de Obrigaçã o de Fazer c/c Indenizaçã o por Danos Morais
movida por ___________________________________ (“Autor”), contra si, vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, CHAMAR O FEITO A ORDEM, com fundamento no que a
seguir se expõ e.
PRELIMINAR
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
O requerendo declara ser juridicamente pobre, razã o pela qual REQUER a conceã o dos
benefícios da Assistência Judiciá ria Gratuita, nos termos da Lei nº 13.105/2015, art. 98 e
ssss., por nã o possuir condiçõ es de arcar com as despesas processuais sem prejuízo do
pró prio sustento e de sua família.
I. SÍNTESE DA DEMANDA
i. Trata-se de açã o por meio da qual o Autor aduz, em síntese, que no dia ___________
vendeu ao requerido o veículo _______________, cor ___________, placa _________________,
chassi _______________, ano/modelo _____________________ e que até a presente data, o réu
nã o providenciou a transferência do bem junto ao Ó rgã o de trâ nsito, constando
débitos em nome do requerente, o que vem causando danos de ordem moral e
material.
ii. Diante dos fatos narrados, requereu: (i) a efetivaçã o da transferência do veículo; (ii) a
condenação do requerido ao pagamento dos débitos de licenciamento e seguro
obrigatório; (iii) requer a condenação do requerido ao pagamento de uma indenização
equivalente a 3 mil reais.
II. DA NULIDADE DA CITAÇÃO DO RÉU
3. Determinada a citaçã o, o mandado fora expedido ao Réu, com endereçamento que nã o
corresponde ao verdadeiro endereço deste peticioná rio, informado pelo Autor em sua peça
exordial – qual seja: __________________________”:
i. Neste sentido, destaca-se que o endereço apontado pelo Autor quando da qualificaçã o
deste peticioná rio em sua inicial nã o guarda qualquer relaçã o com o verdadeiro
domicílio do Réu, vez que, conforme verifica-se da ______________________(documento
anexo) o requerido reside no ____________________________________, desde ________________,
quase dois anos anteriores ao ajuizamento da açã o. Sendo assim, o endereço
apresentado encontra-se erroneamente informado.
ii. Ato contínuo, o mandado citató rio encaminhado ao endereço equivocado apontado
pelo Autor foi recebido, em nome de __________________________________, por pessoa
estranha e desconhecida, razã o pela qual esta Ré foi considerada como citada, em que
pese jamais haver tomado conhecimento desta demanda até o presente momento.
iii. Nota-se que, o requerido vendeu o imó vel e nã o reside desde _______________ e o Aviso de
Recebimento do Mandado foi entregue à terceiro desconhecido em ________________,
muito tempo depois da mudança de endereço.
iv. Dessa forma, nã o tendo recebido qualquer citaçã o relacionada à audiência de
conciliaçã o designada para __________, à s 15h, deixou o Réu de comparecer ao referido
ato, motivo pela qual fora declarada sua revelia, bem como imposta a condenaçã o, na
sentença proferida em ________________, a CONDENAR o requerido na obrigaçã o de fazer
consistente na transferência de propriedade do veículo ____________, cor amarela, placa
_____________, chassi __________, ano/modelo ________________, junto ao Ó rgã o de trâ nsito,
para o seu nome ou de terceiro, devendo adotar as medidas cabíveis, incluindo o
pagamento dos débitos incidentes sobre o veículo e que permitam a transferência com
a devida expediçã o do novo Certificado de Registro de Veículo, no prazo de 15 (quinze)
dias ú teis, contados do trâ nsito em julgado da sentença, sob pena de multa que fixo em
R$3.000,00 (três mil reais) pelo descumprimento, valor que também fixo, desde já , a
título de perdas e danos.
v. Ato contínuo, em ___________ houve o bloqueio judicial em sua conta no valor de R$
3.000,00, MOTIVO PELO QUAL ESTA PETICIONÁRIA, FINALMENTE, TOMOU
CIÊNCIA DA EXISTÊNCIA DA PRESENTE DEMANDA, EM _________________ pelo seu
gerente, o que ensejou a apresentaçã o da presente manifestaçã o requerendo o
chamamento do feito à ordem.
vi. Assim, a presente petiçã o tem a finalidade de requerer a anulaçã o da r. sentença, uma
vez que é indubitá vel e indiscutível a nulidade na citaçã o realizada em endereço
TOTALMENTE DIVERSO DAQUELE NO QUAL RESIDE O RÉU, o que impediu, dessa
forma, o exercício do contraditó rio e da ampla defesa por este peticioná rio, conforme
se comprovará a seguir.
III. DA INAPLICABILIDADE DA TEORIA DA APARÊNCIA AO PRESENTE CASO
10. Em que pese a carta de citaçã o expedida nos presentes autos, o requerido, em
nenhum momento, tomou conhecimento da presente demanda e teve a
oportunidade de responder às alegações perpetradas pelo Autor.
11. Isso porque, tal como se verifica no mandado de citaçã o expedido e respectivo aviso de
recebimento acostado aos autos, este fora direcionado a endereço diverso de sua
residência, comprovadamente, _____________________________, desde __________________,
conforme já demonstrado por esta peticioná ria anteriormente.
12. Nessa linha, a citaçã o do Réu nã o ocorreu de forma regular e vá lida, assim, devendo ser
decretada a nulidade do ato, pois nã o alcançou sua finalidade, de acordo com o Princípio da
Instrumentalidade dos atos.
13. Nesse sentido, imperiosa a citaçã o da doutrina do Humberto Theodoro Jú nior
“Embora se reconheça a importância das formas para a garantia das partes e fiel
desempenho da função jurisdicional, não vai o Código, na esteira das mais modernas
legislações processuais, ao ponto de privar sempre o ato jurídico processual de efeito apenas
por inobservância de rito, quando nenhum prejuízo tenham sofrido as partes.
O princípio que inspirou o Código, nesse passo, foi o que a doutrina chama de princípio da
instrumentalidade das formas e dos atos processuais, segundo o qual o ato só se considera
nulo e sem efeito se, além da inobservância da forma legal, não tiver alcançado a sua
finalidade.” – Grifou-se
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: volume I. Rio de Janeiro:
Forense, 2008. p. 290.
14. Observe-se que no processo civil pá trio prevalece o princípio da pessoalidade,
segundo o qual a citaçã o deve ser feita preferencialmente ao réu ou interessado, na sua
pró pria pessoa, na de seu representante legal ou na de seu procurador legalmente
autorizado (art. 215, CPC). Apenas em situaçõ es excepcionais permite-se que a citaçã o nã o
seja realizada pessoalmente, mas repita-se, isso é exceçã o e depende de expressa previsã o
legal.
15. No má ximo, admite-se a flexibilizaçã o do princípio da pessoalidade em situaçõ es
excepcionais e previstas expressamente no ordenamento jurídico, ou entã o, admite-se
ainda a teoria da aparência. Mas nã o se verifica a ocorrência de nenhuma dessas exceçõ es
no caso em comento, porque o endereço no qual supostamente realizou-se a citaçã o nã o
correspondia ao endereço do Réu, razã o pela qual nunca existiu citaçã o.
16. Corroborando tal entendimento está a jurisprudência de diversos Tribunais, conforme
se lê nos julgados abaixo colacionados:
“PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. CITAÇÃO
PELO CORREIO. ASSINATURA DO CITANDO. NECESSIDADE. PRECEDENTES. DECISÃO
MANTIDA.1.Correta se mostra a decisão que declarou a nulidade da citação, eis que a
assinatura aposta no aviso de recebimento não é o da requerida na ação proposta, pois,
conforme preceito inserto no parágrafo único do art. 223 do Código de Processo Civil, é
necessária a entrega direta ao citando, do qual o carteiro deve exigir a assinatura.
Precedentes desta Corte e do Superior Tribunal de Justiça. 2.Recurso desprovido.” (TJDFT –
Agravo de Instrumento nº 201200202458 - Acórdão nº 670043 - Relator: MARIO-ZAM
BELMIRO – Julgado em 10/04/2013) - Grifou-se
“RELAÇÃO DE CONSUMO. CONTRATO DE PROMESSA COMPRA E VENDA DE IMÓVEL.
INADIMPLEMENTO CONTRATUAL POR PARTE DA CONSTRUTORA. ATRASO NA ENTREGA DO
IMÓVEL. NULIDADE DO DECISUM VERGASTADO. In casu,a ré postula pela nulidade da
sentença , eis que a citação foi realizada em endereço que não mais exercia suas atividades ou
mantinha qualquer vínculo . Comprovação do endereço da ré no site da Receita Federal .
Autor que não fez qualquer prova de que o endereço declinado na inicial efetivamente
é local de estabelecimento do réu . Provimento do recurso na forma do art. 557,§ 1º-A do
Código de Processo Civil.” (TJRJ, Apelação n.º 0004737-66.2013.8.19.0008, Relator: Des.
Wilson do Nascimento Reis , julgado em: 12/01/2016)
“EMENTA: CITAÇÃO – Ação indenizatória – Ré pessoa jurídica – Revelia reconhecida –
Impugnação ao cumprimento de sentença – Nulidade da citação – Acolhimento – Aviso de
recebimento que não confere certeza de entrega da carta de citação a funcionário da
ré – Teoria da Aparência – Inaplicabilidade ao caso: Inadequada a aplicação, ao caso, da
Teoria da Aparência, a fim de ser considerada válida a citação de pessoa jurídica cuja revelia
foi reconhecida, devendo ser acolhida a tese de nulidade da citação, ventilada em impugnação
ao cumprimento se sentença. Isso porque o aviso de recebimento acostado aos autos não
confere certeza de entrega da carta de citação nas dependências da empresa ré, a
funcionário desta. RECURSO PROVIDO.” (TJSP – Agravo de Instrumento nº 2005974-
62.2015.8.26.0000 – 24ª Câmara de Direito Privado – Relator: Nelson Jorge Júnior - Julgado
em 23/04/2015)
17. Tendo tudo isso em vista – e nã o há como se entender de outra forma – é
imprescindível a declaração da nulidade dos atos processuais realizados sem que o
Réu tivesse a necessária ciência e pudesse exercer seu direito de defesa,
principalmente da r. sentença, que considerou este Réu revel, por violação aos princípios
do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, sendo patente a
ausência de pressupostos de existência e de validade processual.
18. Ressalte-se que os mencionados princípios, insculpidos no artigo 5º, inciso LV, da
Constituiçã o Federal, nã o foram em momento algum assegurados, uma vez que o Réu nã o
foi citado de forma vá lida, esteve por isso ausente durante todo o transcorrer do processo –
e, ao final, teve o bloqueio judicial de valores em sua conta, fundada em sentença
manifestamente invá lida. Só com esse dado, evidenciada está a necessidade de ser
reconhecida a nulidade de citaçã o in casu, diante da violaçã o a tais direitos constitucionais.
19. Assim, verifica-se que não há espaço para decretação de revelia, já que o mandado
citató rio foi encaminhado para endereço equivocado e recebido por terceiro alheio à este
peticioná rio, configurando nulidade absoluta.
20. Assim, tendo em vista que, de acordo com o preceituado pelo artigo 239, caput, do
Có digo de Processo Civil, é indispensável a citação do réu para a validade do processo
e, de acordo com o artigo 242 do mesmo livro legal a citação será pessoal, ou seja,
recebida por pessoa sem poderes não é válida, vem este peticionário requerer a
nulidade da citação ora combatida, com a anulação de todos os atos que ocorreram
posteriormente, bem como a devolução do prazo para apresentar sua defesa.
IV. DA INEFICÁCIA DA SENTENÇA
21. Conforme amplamente exposto, a citaçã o do Réu nã o ocorreu de forma vá lida e eficaz,
assim, nã o produziu seus regulares efeitos.
22. O vício de citaçã o fere os princípios constitucionais do devido processo legal, do
contraditó rio e o da ampla defesa, assim, as sentenças proferidas nessas situaçõ es
padecerã o de vício insaná vel, mesmo apó s o trâ nsito em julgado, no caso das sentenças
nulas, como na presente lide.
23. Apesar da existência material da sentença, ela nã o terá capacidade de surtir efeitos,
conforme a Doutrina da Tereza Arruda Alvim Wambier e Câ ndido Rangel Dinamarco,
dispõ e:
“Discute-se doutrinariamente se a sentença assim proferida é nula ou inexistente. O fato é,
porém, que é inútil, não produz efeito algum. A propósito, o “STF, que, a par de endossar
tese da inexistência, concluiu que uma sentença dada sem regular citação do réu é
portadora de nulidade absoluta, insuscetível de ser sanada pelo trânsito em julgado;
[...]”³ – Grifou-se
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Nulidades do Processo e da Sentença. 6 ed. São Paulo: RT,
2007. p.363.
24. Diante da citaçã o eivada de vício, neste caso da nulidade, a formaçã o integral da relaçã o
processual foi prejudicada, uma vez que a Ré nã o foi informada acerca da lide que contra
ele foi ajuizada e, assim, nã o pode exercer o contraditó rio e ampla defesa, ferindo o devido
processo legal, princípio fundamental do Estado Democrá tico.
25. Nesse mesmo sentido, segue entendimento pacífico na doutrina e jurisprudência:
“Assim, o meio autônomo adequado de declarar que a sentença, ainda que materialmente
existente, se faz ineficaz no plano jurídico, dada a existência de um grave vício de forma, como
no caso da ausência ou nulidade da citação no processo à qual foi ela proferida, será através
da querela nullitatis ou actio nullitatis. Não estará ela sujeita a qualquer prazo prescricional,
[...], visto que sequer se operou a formação, de maneira completa, da relação jurídica
processual, consoante as dicções tanto de validade do próprio processo (art. 214, caput) como
também os efeitos operados sobre a pessoa do réu (art. 263).” - GAIO JÚNIOR, Antônio Pereira.
A efetiva aplicabilidade da Querela Nullitatis. Disponível em: <
www.direitoprocessual.org.br>.
26. Igualmente, entendimento majoritá rio do Superior Tribunal de Justiça - STJ, que
convalida os argumentos aqui desenvolvidos, em sede do Recurso Especial nº 622.405-SP a
Ministra Denise Arruda pondera acerca da aplicabilidade da querela nullitatis diante de
vícios de citaçã o, nos seguintes termos:
“TRATA-SE DE INSTITUTO QUE AINDA SOBREVIVE NO DIREITO BRASILEIRO, SEGUNDO A
RENOMADA DOUTRINA DE OVÍDIO BATISTA DA SILVA, CONFORME ARTIGO INTITULADO
"SOBREVIVÊNCIA DA QUERELA NULLITATIS", PUBLICADO NA REVISTA FORENSE — V.
333 (JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO), RIO DE JANEIRO: EDITORA FORENSE, 1996, PÁGS.
115-121 —, DO QUAL SE EXTRAEM OS SEGUINTES TRECHOS:
"Calamandrei, em obra clássica a respeito do tema referente aos meios extraordinários de
impugnação à sentença, confirma essa verdade, de resto amplamente conhecida e aceita pela
doutrina, ao dizer: 'El concepto de nulidad de la sentencia en El derecho romano era un
concepto jurídico: esto és, la sentencia nula era juridicamente inexistente' (La Casación Civil,
trad. de 1945, vol. 1. tomo 1, p. 47).
Entretanto, pondera Calamandrei, esta inexistência jurídica encontrava-se em oposição à
existência material e sensível, no mundo exterior, de um provimento judicial com toda a
aparência de uma sentença juridicamente válida. Criavase, então, a necessidade de
estabelecer-se um meio adequado de declarar que a sentença materialmente existente
inexistia no plano jurídico. (...)
Entre nós, o ilustre processualista e magistrado, Adroaldo Fabrício, em estudo publicado na
Rev. Ajuris, versando precisamente sobre a eventual existência da querela nullitatis. proposta
pelo réu revel não citado, chega a conclusão idêntica à do jurista italiano: 'Subsiste em nosso
direito, como último resquício da querela nullitatis insanabilis, a ação declaratória de
nulidade, quer mediante embargos à execução, quer por procedimento autônomo, de
competência funcional do juízo do processo original. A sobrevivência, em nosso direito, da
querela nullitatis, em sua formação primitiva restrita aos vícios da citação inicial,
corresponde a uma tradição histórica, cujo acerto, na moderna conceituação da relação
jurídico-processual, adquire flagrante atualidade. Na evolução do direito luso-brasileiro, a
querela nullitatis evoluiu até os contornos atuais da ação rescisória, que limitou a antiga
prescrição trintenária para o lapso qüinqüenal de decadência. Todos os vícios processuais,
inclusive os da sentença, uma vez transitada em julgado, passaram a ser relativos, e, desde
que cobertos pela res iudicata, somente são apreciáveis em ação rescisória, específica à
desconstituição do julgado. Um deles, porém, restou indene à transformação da querela
nullitatis em ação rescisória: a falta de citação inicial, que permaneceu como nulidade ipso
jure, com todo o vigor de sua conceituação absoluta de tornar insubsistente a própria
sentença transitada em julgado' (Rev. Ajuris, vol. 42, p. 24). Em tal caso, prossegue o jurista, 'a
sentença existe, mas é nula, podendo ser sua invalidade declarada mediante querela nullitatis,
assim como pode ser rescindida segundo o art. 485, V, do CPC, ou ainda, neutralizada em sua
execução pela via dos embargos do executado' (p. 29). (...) Em nossa jurisprudência, inúmeros
são os exemplos de reconhecimento da querela nullitatis, como foi o caso do acórdão que teve
como relator o hoje Min. Sydney Sanches, então Desembargadar do Tribunal de Justiça de São
Paulo, onde ficou reconhecida a persistência da querela nullitatis em nosso direito
contemporâneo (RJTJ-SP (Lex), 72-75). Tanto o STJ quanto o STF vêm proclamando a
persistência da querela nullitatis no Direito brasileiro, como se vê do acórdão da lavra do
Min. Moreira Alves, proferido no RE nº 96.374 (publicado na RTJ, vol. 110, p. 210).O STJ, por
sua vez, proclamou, em acórdão de que foi relator o Min. Dias Trindade: 'Perdura a querela
nullitatis insanabilis, solucionável em via ordinária, quando constatada a inexistência
de citação do fiador para a execução, de intimação da penhora sobre bem seu e da
designação de datas para a arrematação' (Rev. do STJ, vol. 32, p. 449). Torna-se, portanto,
evidente que a querela nullitatis, como de resto outros tantos institutos do direito medieval,
como as ações cautelares, ressurgem no direito contemporâneo, a demonstrar que as
pretensiosas ambições do iluminismo racionalista dos séculos anteriores, em suas tentativas
de reduzir o direito à pura lei escrita, como se o legislador do processo fosse onipotente,
encontram afinal seu ocaso, ao encerrar-se o século XX." (STJ, REsp n.º 622.405-SP, Relatora:
Min. Denise Arruda, julgado em 14/08/2007) – grifou-se
27. Pelo exposto, requer seja declarada a ineficá cia da sentença proferida nos autos, diante
do insaná vel vício de citaçã o do Réu __________________________________.
V. DA NULIDADE DO BLOQUEIO JUDICIAL
28. O artigo 281 do Có digo de Processo Civil dispõ e no seguinte sentido:
Artigo 281 do CPC – Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os subsequentes
que dele dependam, todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras que
dela sejam independentes.
29. Dessa forma, como é possível se depreender do artigo supra, todos os atos decorrentes
ou que dependerem da intimaçã o considerada nula, também deverã o ser considerados
nulos.
30. Diante do que foi exposto, o requerido pleiteia que Vossa Excelência anule o ato jurídico
em espécie, de pronto invalidando o ato de BLOQUEIO E PENHORA de R$ 3.000,00 (três mil
reais) existente na conta do Réu no Banco Itaú .
VI. DOS PEDIDOS
31. Requer o deferimento da preliminar de conceã o dos benefícios da Assistência Judiciá ria
Gratuita, nos termos da Lei nº 13.105/2015, art. 98 e ssss.;
32. Isso posto, requer _____________________________________ o recebimento do presente pedido, a
fim de ser regularizada a questã o apontada, requerendo sejam considerados nulos os atos
praticados a partir da citaçã o desta Ré com a devoluçã o do prazo para que o Réu possa
apresentar sua Contestaçã o em face aos fatos alegados pelo Autor, preservando-se, assim,
os princípios constitucionais do devido processo legal, da ampla defesa e do
contraditório;
33. Requer, ainda, seja expedido desbloqueio do valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) e a
revogaçã o da decisã o proferida anteriormente em face do Réu, ante a ausência de citaçã o
vá lida desta Ré;
34. Por fim, informa que pretende provar o alegado por todos os meios em direito
admitidos, especialmente pelos documentos ora juntados, outrossim, caso Vossa
Excelência, entenda necessá rio, por perícia e outros meios previstos em lei;
35. Por fim, requer-se que todas as intimaçõ es e publicaçõ es deste processo sejam
realizadas exclusivamente em nome do advogado __________________________________, inscrito
na OAB/__sob o n.º____________, sob pena de nulidade.
Termos em que
Pede deferimento.
____________, _______, ______ de __________ de 2021.
ADVOGADO
OAB

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