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AO JUÍZO DA 2ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE

RESENDE - RJ

Proc. Nº: 2024584-85.2023.8.19.0066

JOÃO PAULO MONSOURES, brasileiro, divorciado, engenheiro, portadora


do RG nº 167.143-2, expedido pelo DETRAN/RJ, inscrito no CPF sob nº 024.981.047-
63, residente e domiciliado na Rua Antônia Ramos Freira, nº 84, Bairro Bela Vista,
Resende - RJ, por intermédio de seu procurador signatário, com escritório em Rua
Crisântemos, nº 164, Água Limpa, Volta Redonda - RJ, perante vossa Ex.ª oferecer:

CONTESTAÇÃO

Com base no art. 335 do CPC, nos autos que lhe move KATARINA DE SOUZA
NOBREGA, Proc. Nº 2024584-85.2023.8.19.0066, Ação de Reconhecimento de
Dissolução de União Estável com Partilha de Bens, pelos motivos a seguir elencados:

I – PRELIMINAR: DA INCORREÇÃO DO VALOR

O valor aduzido na inicial pela parte autora é incorreto, pois deveria ser o valor
do patrimônio líquido somado com o valor do aluguel retroativo. Portanto, deve ser
corrigido.

II – DOS FATOS:

No dia 18 de junho de 2005 o autor e a ré começaram a namorar, conforme foto


do dia do inicio do namoro e testemunhas amigas do casal na época.

No dia 24 de outubro de 2008 o réu comprou sozinho o imóvel no qual residia o


casal situado em Resende, conforme RGI em anexo. No dia 28 de agosto de 2010 o réu
e a autora passaram a coabitarem no imóvel, sob titularidade do réu, como se casado
fossem, conforme fotos da mudança da autora em retiradas do facebook, onde ela diz
expressamente: ‘’ O inicio de uma nova etapa em nossas vidas’’. Além disso, os
vizinhos testemunham que começaram a se portar e se apresentar como casados a partir
da mudança da autora para o imóvel do réu, que até então apenas se apresentavam como
namorados, conforme declarações autenticadas em cartório em anexo e provas
testemunhais a produzir.

No dia 10 de fevereiro de 2003 veio a falecer, com isso foi aberto o inventario,
conforme certidão de óbito e fls. 01 e 02 do processo nº 0000235-54.2003.8.19.0066 em
anexo. Diante disso, no dia 14/02/2011 o réu recebeu sua quota em depósito na conta do
Banco Itaú, conforme fls. 250 e 251 do referido processo em anexo.

No dia 12 de julho de 2012 o réu vendeu um imóvel à Josmar da Silva por R$


1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais), conforme certidão em anexo. Com o
dinheiro da venda o réu comprou duas casas em Volta Redonda pelo valor de R$
600.000,00 (seiscentos mil reais) cada uma.

No réveillon de 2022, enquanto o casal viajava para o Rio de Janeiro, o réu se


apaixonou por Clarissa de Montecarlo. Neste mesmo mês no dia 12 o réu saiu de casa
para viajar para o Rio, mas levou consigo grande parte dos seus pertences, dando a
entender que não voltaria por um bom tempo. Ocorre que o réu havia terminado com a
autora para poder ir morar com sua nova namorada, fato provado pelos prints do
Instagram do réu, além das testemunhas que dizem ter havido o término do
relacionamento no dia descrito acima.

No dia 22 de maio de 2022 o réu ganhou na loteria o valor de R$ 900.000,00


(novecentos mil reais).

No dia 16 de junho de 2022 o réu voltou para casa em que residia com a autora,
pois havia terminado o prazo acordado para a autora procurar outro local para residir,
conforme o print de conversa em anexo.

III – DO MÉRITO:

III.I – DA UNIÃO ESTÁVEL:

A autora alega que a união estável haveria começado no dia 18 de junho de


2005, ocorre que a presente data marca o inicio do namoro e ninguém os via como
se casado estivessem, conforme os relatos de familiares de ambas as partes e de
testemunhas. Além disso não havia coabitação de ambos de caráter permanente até
a presente data.

A doutrina entende a existência de 4 elementos que caracterizam a união


estável, são eles:

a) Publicidade: É necessário que seja publico e que a coletividade veja que


existe uma relação de ‘’aparente casamento’’, o que não ocorre no caso,
pois as testemunhas dizem que eles se identificavam como namorados;
b) Continuidade: É necessário que haja um animus de definitividade, ou
seja, uma convivência continua, geralmente caraterizada pela união de
domicílios, que no caso só ocorreu no ano de 2010;
c) Estabilidade: A união estável não se caracteriza com um mero dormir
um dia ou outro na casa do outro, mas uma convivência duradoura;
d) Objetivo de constituição de família: É necessário que a união advenha
de um objetivo de construir e constituir uma sociedade familiar.

III.II – DA HERANÇA:

O art. 1.659, I do CC prevê que está excluído da partilha de bens os bens


que o cônjuge/companheiro possuir ao casar-se ou adquirir na constância do
casamento por sucessão. Portanto, o valor de R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais)
em depósito no banco Itaú não é partilhável, pois se trata de uma herança
conforme folhas do processo de inventário em anexo.

III.III – DOS IMÓVEIS:

III.III.1 – DO IMÓVEL SITUADO EM RESENDE:

O imóvel situado na cidade de Resende – RJ foi adquirido antes


da constância da união estável no nome apenas do Réu, conforme RGI
em anexo.

A autora alega na inicial ter adquirido o imóvel com o réu, mas


não provou em nenhum momento ter feito contrato com o réu. Mesmo
que tivesse ajudado financeiramente o réu tratar-se-ia de mera doação,
pois não há provas da onerosidade de prestação por parte da autora. O
argumento de ter havido contribuição da companheira não prospera, pois
não havia união estável, portanto, não é aplicável a jurisprudência que
regula a partilha de bens em união estável.

III.III.II – DOS IMÓVEIS SITUADOS EM VOLTA REDONDA:

Os imóveis situados em Volta Redonda foram adquiridos com


valor proveniente de uma alienação de outro imóvel, conforme certidões
em anexo e contrato de compra e venda. A teor do art. 1.659, II do CC
não entra na partilha os bens adquiridos por alienação de bens
particulares. Portanto, os imóveis situados em Volta Redonda não se
incluem na partilha.

III.IV – DO PRÊMIO NA LOTERIA:

O prêmio na loteria foi adquirido após a dissolução da união estável e, portanto,


não é partilhável pois se trata de fato posterior.

III.V – DOS AUTOMÓVEIS:

Os automóveis adquiridos pela autora na constância da união estável devem ser


partilhados conforme a autora na inicial. Trata-se, portanto, de fato incontroverso.
IV – DOS PEDIDOS

Pelos expostos requer:

a) O acolhimento da preliminar de incorreção do valor da causa;


b) No mérito que seja julgado procedente para reconhecimento da união estável com
início no dia 28/08/2010 e dissolução no dia 12/01/2022;
c) Que seja dada improcedência para o pedido da autora para partilha dos imóveis, do
prêmio e da herança;
d) Que seja dada improcedência ao pedido de aluguel retroativo;
e) Que seja dada procedência ao pedido da autora de partilha dos automóveis adquiridos
na constância da união estável;
f) A condenação da autora no pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios conforme artigos 82 § 2º e 85 do CPC.

VII - DAS PROVAS

Protesta provar o alegado por intermédio de todos os meios de prova admitidos em


de fato e direito, em especial:

a) Produção de prova testemunhal:


a. Joana dos Dias
b. José Edil
c. Marise Batista
d. Luiz Claudio Gonçalves
e. Clarissa de Montecarlo
b) Certidão dos Imóveis;
c) Fls. do Processo de inventário;
d) Prints das redes sociais da autora e do réu;
e) Documentos do prêmio da loteria.

Nestes termos pede deferimento

Volta Redonda, 25/10/2023

GABRIEL TEIXEIRA DE OLIVEIRA CARLOS

OAB/RJ: 152.654

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