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Oliveira e Lemos

Advogados Associados

AO JUÍZO DA 3ª VARA DE FAMÍLIA E DE ÓRFÃOS E SUCESSÕES DA


CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE TAGUATINGA – DF.

ANTÔNIA MARIA GOMES DA SILVA, brasileira, maior,


convivente em união estável, doméstica, filha de Silivino Gomes da Silva e
Maria Gomes do Nascimento, portadora da Cédula de Identidade nº.
2.421.701, SSP/DF e inscrita no CPF sob nº. 500.356.813-49, residente e
domiciliada na QNH 5, Lote 43, Apartamento 101, Taguatinga Norte/DF,
CEP: 72.130-550, Telefone: (61) 99511-6226, endereço eletrônico:
Bianca_gomesc16@outlook.com, por intermédio de seus procuradores, com
procuração anexa, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
promover a presente ação:

DECLARATÓRIA DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE


UNIÃO ESTÁVEL

em face de WILIAN DA CONCEIÇÃO DOS SANTOS, brasileiro, maior,


solteiro, convivente em união estável com Antônia Maria Gomes Da Silva,
comerciante, filho de Anísio Oliveira dos Santos e Maria da Paz Conceição,
portador do RG n° 013477, expedido pelo MTE/MA e inscrito no CPF sob nº
034.354.303-62, residente e domiciliado na QNN 05, Conjunto N, casa 42,

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CEP 72.225-064, Ceilândia Norte/DF, Telefone: (61) 99295-2424, , endereço


eletrônico: não informado, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

PRELIMINARES
1. GRATUIDADE DE JUSTIÇA
A parte autora trabalha como doméstica para manter sustento e
não tem condições de custear as despesas do processo sem prejuízo do
próprio sustento, motivo pelo qual necessita e faz jus à gratuidade de
justiça, nos termos do art. 98 do Código de Processo Civil.
A propósito de sua concessão, é expresso o § 3º do art. 99 do
Código de Processo Civil no sentido de que “presume-se verdadeira a
alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural”,
admitido o indeferimento somente “se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade”
(art. 99, § 2º, primeira parte) e desde que a parte não tenha atendido a
determinação de comprovação do preenchimento dos pressupostos.

2. AUSÊNCIA DE DADOS DE QUALIFICAÇÃO


Declara a parte requerente que em razão da não obtenção do
endereço eletrônico, não lhe é possível declinar tal informação em suas
qualificações.
Caso o juízo entenda necessário, que se realizem as diligências
para descobrir tal dado do réu que o autor desconhece e que cuja indicação
é requisito necessário da petição inicial, conforme art. 319, II, do CPC.

Portanto, requer desde já que o presente feito seja recebido pelo


Juízo, mesmo sendo a inicial omissa nos requisitos alhures, facilitando,
dessa forma, o acesso do requerente à justiça, conforme art. 319, § 2°, do
CPC.

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DOS FATOS E DO DIREITO


A Lei nº 9.278/96 reconhece como entidade familiar, por força
de mandamento constitucional (art. 226, § 3º), “a convivência duradoura,
pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo
de constituição de família”.
O art. 19, inc. I, do CPC, por sua vez, reconhece o direito à
obtenção de sentença exclusivamente para fins de declaração da existência,
inexistência ou modo de ser de uma relação jurídica.
No caso, as partes viveram em união estável desde 15 do mês de
abril de 2008, a qual teve fim em 03 do mês de janeiro de 2018 em razão de
traições do requerido durante algum o tempo de convivência, bem como em
razão de um quadro clínico que surgiu durante a união estável.
Ressalta a parte autora que a filha presenciou vários fatos
relacionados às traições.
Afirma a parte autora que durante o convívio em união estável
houve várias discussões verbais.
A autora ressalta que o réu propôs uma ação judicial em face
de seu último empregador, onde houve uma decisão favorável ao ora
réu.
Esclarece a autora que após ter certeza do recebimento da
indenização, o requerido saiu de casa, não partilhou os bens nem os valores
que deveria ser partilhados.
Acrescenta que teve conhecimento pelos resgates junto ao
Tribunal Regional Trabalho, conforme documentos anexos, que o requerido
recebeu mais de R$ 290.000,00 (duzentos e noventa mil) não sabendo
precisar se ainda há algum valor a ser recebido.
A autora alega ainda que o requerido saiu do imóvel após ter a
certeza do recebimento da indenização e com o intuito de não partilhar os
valores recebidos, deixou a companheira.

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Afirma a requerente que, apesar do requerido ter deixado o


imóvel onde moravam, ele sempre prometeu partilhar os valores da
indenização com sua convivente, conforme conversa por aplicativos de
telefone anexa.
Insta salientar que desta união estável entre os conviventes não
advieram filhos.
Por fim, a autora alega que após o requerido receber a
indenização as partes não se falaram.
Acrescenta a parte Autora que o veículo descrito nos (ids
69701495 e 69701496) foi adquirido com o valor da indenização trabalhista,
desta forma compõe os bens a serem partilhados.
Lado outro, por ser um reconhecimento e dissolução de união
estável litigioso, a parte Requerente não tem meios de solicitar o CRLV senão
por via judicial, pois somente o proprietário constante no banco de dados do
Detran/DF é quem pode requerer junto ao órgão de trânsito.
Ademais, a Autora tentou diversas vezes a emissão do
documento, CRLV, mas por ser litigiosa a questão não conseguiu obter
resultado positivo.
Assevera a Autora que não obteve nenhuma remuneração ou
valor partilhado pelo réu.

1. BENS E CRÉDITOS (Regime de Comunhão Parcial de


Bens)

O fim da convivência entre o casal enseja a partilha dos bens


adquiridos e contraídos na constância da união, de acordo com as regras
aplicáveis ao regime em que celebrado.
A propósito do regime, dispõe o art. 1.725 do Código Civil que
“na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às
relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial
de bens”.

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No caso dos autos, as partes não celebraram contrato escrito


estipulando regras específicas sobre a comunhão de bens, mostrando-se
aplicáveis, portanto, aquelas relativas ao regime de comunhão parcial de
bens, cujos dispositivos do código civil assim dispõem:
“Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se
os bens que sobrevierem ao casal, na constância do
casamento, com as exceções dos artigos seguintes.”
“Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe
sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou
sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente
pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens
particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão
em proveito do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de
profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas
semelhantes.”
“Art. 1.660. Entram na comunhão:
I - os bens adquiridos na constância do casamento por título
oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges;
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o
concurso de trabalho ou despesa anterior;
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em
favor de ambos os cônjuges;
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada
cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou
pendentes ao tempo de cessar a comunhão.”

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“Art. 1.661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver


por título uma causa anterior ao casamento.”
“Art. 1.662. No regime da comunhão parcial, presumem-se
adquiridos na constância do casamento os bens móveis,
quando não se provar que o foram em data anterior.
................................................................................................
...... Art. 1.664. Os bens da comunhão respondem pelas
obrigações contraídas pelo marido ou pela mulher para
atender aos encargos da família, às despesas de administração
e às decorrentes de imposição legal.
................................................................................................
...... Art. 1.666. As dívidas, contraídas por qualquer dos
cônjuges na administração de seus bens particulares e em
benefício destes, não obrigam os bens comuns.” (grifo nosso)

Nesse diapasão, vejamos o entendimento do STJ sobre o


assunto:
PROCESSO CIVIL. PARTILHA. COMUNICABILIDADE DE
VERBA INDENIZATÓRIA TRABALHISTA. INTERPRETAÇÃO
DOS ARTS. 1.658 E 1.659, VI, DO CC.

VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC CONFIGURADA.

1. No regime de comunhão parcial ou universal de bens, o


direito ao recebimento dos proventos não se comunica ao fim
do casamento, mas, ao serem tais verbas percebidas por um
dos cônjuges na constância do matrimônio, transmudam-
se em bem comum, mesmo que não tenham sido utilizadas
na aquisição de qualquer bem móvel ou imóvel (arts. 1.658 e
1.659, VI, do Código Civil).

2. O mesmo raciocínio é aplicado à situação em que o fato


gerador dos proventos e a sua reclamação judicial ocorrem
durante a vigência do vínculo conjugal,
independentemente do momento em que efetivamente

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percebidos, tornando-se, assim, suscetíveis de partilha. Tal


entendimento decorre da ideia de frutos percipiendos, vale
dizer, aqueles que deveriam ter sido colhidos, mas não o
foram.

Precedentes.

3. No caso, conquanto alegue a recorrente que o ex-cônjuge


ficou desempregado durante a constância do casamento, é
certo que o Tribunal de origem (TJ/SP), a despeito da
determinação anterior deste Superior Tribunal de Justiça
(REsp 1.193.576/SP) para que explicitasse qual o período em
que teve origem e em que foi reclamada a verba auferida na
lide trabalhista, negou-se a fazê-lo, em nova e manifesta
ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil.

4. Recurso especial provido. (grifo nosso)

(REsp 1358916/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,


QUARTA TURMA, DJe 15/10/2014).

Nos precedentes abaixo, a versar sobre diferenças de


remuneração e indenizações trabalhistas,
respectivamente, a Quarta Turma proclamou:

RECURSO ESPECIAL. CASAMENTO. COMUNHÃO PARCIAL


DE BENS. SERVIDOR PÚBLICO. REAJUSTE DE 28,86%. LEI
8.622 E 8.627 DE 1993. DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÃO.
PATRIMÔNIO COMUM. PARTILHA DE BENS.

1. Os rendimentos do trabalho, pertinentes a fato gerador


ocorrido durante a vigência da sociedade conjugal,
integram o patrimônio comum na hipótese de dissolução
do vínculo matrimonial, desde que convertidos em
patrimônio mensurável de qualquer espécie, imobiliário,
mobiliário, direitos ou mantidos em pecúnia.

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2. Os atrasados oriundos de diferenças salariais relativas ao


reajuste de 28,86% concedido aos servidores públicos federais
pelas Leis 8.622 e 8.627, ambas de 1993, recebidos por um
dos ex-cônjuges por força de decisão judicial, após a
dissolução do vínculo conjugal, mas correspondentes a
direitos adquiridos na constância do casamento celebrado
sob o regime da comunhão parcial de bens, integram o
patrimônio comum do casal e devem ser objeto da partilha
decorrente da dissolução do vínculo conjugal. Precedentes.

3. Recurso especial provido. (grifo nosso)

(REsp 1096537/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,


QUARTA TURMA, julgado em 23/10/2014, DJe 07/11/2014).

....................................................................

.......................................................

RECURSO ESPECIAL. CASAMENTO. COMUNHÃO


UNIVERSAL DE BENS.

RENDIMENTOS DO TRABALHO. PATRIMÔNIO PARTICULAR.


INDENIZAÇÃO TRABALHISTA. PATRIMÔNIO COMUM.
PARTILHA DE BENS.

1. Os rendimentos do trabalho recebidos durante a vigência da


sociedade conjugal integram o patrimônio comum na
hipótese de dissolução do vínculo matrimonial, desde que
convertida em patrimônio mensurável de qualquer espécie,
imobiliário, mobiliário, direitos ou mantidos em pecúnia.

2. A indenização trabalhista recebida por um dos ex-cônjuges


após a dissolução do vínculo conjugal, mas correspondente a
direitos adquiridos na constância do casamento celebrado sob
o regime da comunhão universal de bens, integra o patrimônio

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comum do casal e deve ser objeto da partilha decorrente da


dissolução do vínculo conjugal. Precedentes da 2ª Seção.

3. Recurso especial provido.

(REsp 861.058/MG, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,


QUARTA TURMA, julgado em 05/11/2013, DJe 21/11/2013).

Já no aresto abaixo, em que as partes foram casadas sob a


égide do Código Civil de 1916, a Terceira Turma, fazendo
remissão ao Código Civil atual, asseverou a comunicabilidade
dos créditos trabalhistas desde o momento em que pleiteados
:

DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. RECURSO ESPECIAL. DIVÓRCIO


DIRETO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MULTA PREVISTA
NO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC, AFASTADA.
PARTILHA DE BENS. CRÉDITO RESULTANTE DE
EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL.
EVENTUAIS CRÉDITOS DECORRENTES DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MATERIAIS E MORAIS PROPOSTA POR UM DOS
CÔNJUGES EM FACE DE TERCEIRO.
INCOMUNICABILIDADE. CRÉDITOS TRABALHISTAS.

COMUNICABILIDADE. FIXAÇÃO DOS ALIMENTOS.


RAZOABILIDADE NA FIXAÇÃO.

COMPROVAÇÃO DA NECESSIDADE DE QUEM OS PLEITEIA


E DA POSSIBILIDADE DE QUEM OS PRESTA.

(...) - O ser humano vive da retribuição pecuniária que aufere


com o seu trabalho. Não é diferente quando ele contrai
matrimônio, hipótese em que marido e mulher retiram de seus
proventos o necessário para seu sustento, contribuindo,
proporcionalmente, para a manutenção da entidade familiar.

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- Se é do labor de cada cônjuge, casado sob o regime da


comunhão parcial de bens, que invariavelmente advêm os
recursos necessários à aquisição e conservação do
patrimônio comum, ainda que em determinados momentos,
na constância do casamento, apenas um dos consortes
desenvolva atividade remunerada, a colaboração e o esforço
comum são presumidos, servindo, o regime matrimonial
de bens, de lastro para a manutenção da família.

- Em consideração à disparidade de proventos entre marido e


mulher, comum a muitas famílias, ou, ainda, frente à opção do
casal no sentido de que um deles permaneça em casa
cuidando dos filhos, muito embora seja facultado a cada
cônjuge guardar, como particulares, os proventos do seu
trabalho pessoal, na forma do art. 1.659, inc. VI, do CC/02,
deve-se entender que, uma vez recebida a contraprestação
do labor de cada um, ela se comunica.

- Amplia-se, dessa forma, o conceito de participação na


economia familiar, para que não sejam cometidas
distorções que favoreçam, em frontal desproporção, aquele
cônjuge que mantém em aplicação financeira sua
remuneração, em detrimento daquele que se vê obrigado a
satisfazer as necessidades inerentes ao casamento, tais
como aquelas decorrentes da manutenção da habitação
comum, da educação dos filhos ou da conservação dos
bens.

- Desse modo, se um dos consortes suporta carga maior de


contas, enquanto o outro apenas trata de acumular suas
reservas pessoais, advindas da remuneração a que faz jus pelo
seu trabalho, deve haver um equilíbrio para que, no
momento da dissolução da sociedade conjugal, não sejam
consagradas e referendadas pelo Poder Judiciário as

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distorções surgidas e perpetradas ao longo da união


conjugal.

- A tônica sob a qual se erige o regime matrimonial da


comunhão parcial de bens, de que entram no patrimônio do
casal os acréscimos advindos da vida em comum, por
constituírem frutos da estreita colaboração que se estabelece
entre marido e mulher, encontra sua essência definida no art.
1.660, incs. IV e V, do CC/02.

- A interpretação harmônica dos arts. 1.659, inc. VI, e


1.660, inc. V, do CC/02 permite concluir que os valores
obtidos por qualquer um dos cônjuges, a título de
retribuição pelo trabalho que desenvolvem, integram o
patrimônio do casal tão logo percebidos. Isto é, tratando-se
de percepção de salário, este ingressa mensalmente no
patrimônio comum, prestigiando-se, dessa forma, o esforço
comum.

- "É difícil precisar o momento exato em que os valores deixam


de ser proventos do trabalho e passam a ser bens comuns,
volatizados para atender às necessidades do lar conjugal."

- Por tudo isso, o entendimento que melhor se coaduna


com a essência do regime da comunhão parcial de bens, no
que se refere aos direitos trabalhistas perseguidos por um
dos cônjuges em ação judicial, é aquele que estabelece sua
comunicabilidade, desde o momento em que pleiteados.
Assim o é porque o "fato gerador" de tais créditos ocorre no
momento em que se dá o desrespeito, pelo empregador,
aos direitos do empregado, fazendo surgir uma pretensão
resistida.

- Sob esse contexto, se os acréscimos laborais tivessem sido


pagos à época em que nascidos os respectivos direitos, não
haveria dúvida acerca da sua comunicação entre os cônjuges,

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não se justificando tratamento desigual apenas por uma


questão temporal imposta pelos trâmites legais a que está
sujeito um processo perante o Poder Judiciário.

- Para que o ganho salarial insira-se no monte-partível é


necessário, portanto, que o cônjuge tenha exercido
determinada atividade laborativa e adquirido direito de
retribuição pelo trabalho desenvolvido, na constância do
casamento. Se um dos cônjuges efetivamente a exerceu e,
pleiteando os direitos dela decorrentes, não lhe foram
reconhecidas as vantagens daí advindas, tendo que buscar a
via judicial, a sentença que as reconhece é declaratória,
fazendo retroagir, seus efeitos, à época em que proposta a
ação. O direito, por conseguinte, já lhe pertencia, ou seja, já
havia ingressado na esfera de seu patrimônio, e, portanto,
integrado os bens comuns do casal.

- Consequentemente, ao cônjuge que durante a constância


do casamento arcou com o ônus da defasagem salarial de
seu consorte, o que presumivelmente demandou-lhe maior
colaboração no sustento da família, não se pode negar o
direito à partilha das verbas trabalhistas nascidas e
pleiteadas na constância do casamento, ainda que
percebidas após a ruptura da vida conjugal. (grifo nosso)

(...) Recurso especial parcialmente provido. (grifo nosso)

(REsp 1024169/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,


TERCEIRA TURMA, julgado em 13/04/2010, DJe
28/04/2010).

Assim, as normas aplicáveis, portanto, ensejam a partilha dos


bens e dívidas da seguinte forma:

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Os proventos advindos de indenização conseguidos e pleiteados


durante a constância da união estável devem ser partilhados igualmente
entre os ex-conviventes.
A partilha do veículo descrito nos (id 69701495) e (id 69701496).
Não há dívidas a serem partilhadas.

2. ALIMENTOS ENTRE OS CONVIVENTES


Dispõe o art. 7º da Lei da União Estável que “dissolvida a união
estável por rescisão, a assistência material prevista nesta Lei será prestada
por um dos conviventes ao que dela necessitar, a título de alimentos”.
A parte autora, entretanto, tem condições de manter-se por si
só, razão pela qual deixa, por ora, de exercer o direito, o que não implica,
nos termos do art. 1.707 do CC, em renúncia, até porque vedada. Ressalte-
se, a propósito, que, não obstante entendimento anterior pacificado no
sentido da renunciabilidade dos alimentos devidos entre os cônjuges, a
partir do novo Código Civil esse entendimento restou superado, uma vez que
a irrenunciabilidade foi incluída no subtítulo que versa sobre os alimentos
devidos não só aos filhos, mas também aos separados judicialmente. Nesse
sentido, aliás, é o disposto no art. 1.704, que estabelece a possibilidade de
fixação de alimentos ao cônjuge já “separado judicialmente” que “vier a
necessitar”, dando a ideia de necessidade superveniente.

OUTRAS INFORMAÇÕES
1. DA OPÇÃO PELA REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE
CONCILIAÇÃO
Em atenção à determinação constante do art. 319, inc. VII, do
Código de Processo Civil, a parte – após ter sido esclarecida sobre as
vantagens da composição amigável – registra INTERESSE na realização de
conciliação ou mediação.

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2. DAS PROVAS COM QUE SE PRETENDE PROVAR O


ALEGADO
Em atenção ao disposto no art. 319, inc. VI, do Código de
Processo Civil, registra-se que a parte autora pretende provar o alegado pelos
meios de prova indicados na relação anexa, que integra a presente
petição para todos os fins, sem prejuízo da indicação de outras que ao
longo da instrução se mostrarem necessárias.

DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer

a) seja concedida a gratuidade de justiça, nos termos da lei;


b) seja deferida, preliminarmente, a petição inicial, não obstante a ausência
de algumas informações exigidas pelo art. 319, inc. II, do CPC, uma vez
possível a citação da parte ré com os dados informados, nos termos § 2º de
referido dispositivo;
c) seja invertido o ônus da prova em relação à renda recebível objeto de partilha
da parte ré, devendo esta exibir perante este Juízo documentos
comprobatórios de sua renda, tais como os três últimas declarações de
imposto de renda, esclarecendo, ainda, se realizou alguma aquisição com esse
valor não documentadas (CPC, art. 373, inc. II e § 1º);
d) a citação da parte ré para tomar conhecimento e responder à presente
ação, intimando-a para que compareça a audiência de conciliação ou
mediação a ser designada, nos termos do art. 334 do CPC;
e) seja declarada, por sentença, a união estável entre as partes no período
compreendido entre 15/04/2008 e 03/01/2018;
f) a partilha dos bens do casal, quais sejam, os valores recebidos pela
indenização de (ids 59946801, 59946802 e 59946803), o veículo descrito nos
(ids 69701495 e 69701496), bem como o que se resultou dessa indenização,
com expedição do respectivo formal de partilha;
h) a determinação de expedição de ofício ao Detran/DF para que apresente o

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CRLV do veículo: WV/Voyage Comfortl, ano/modelo 2011/2012, placa: JGN-


9081, Renavam: 003339244630; chassi: 9BWDB45U8CT014591, no intuito
de comprovar a propriedade do veículo;
i) a condenação da parte ré ao pagamento de R$ 148.762,03 (cento e
quarenta e oito mil setecentos e sessenta e dois reais e três centavos)
referente à meação a que tem direito ou 50% do que do que resultou da
indenização, bem como as custas processuais e honorários advocatícios,
sendo estes últimos revertidos em favor dos Advogados, Allan Dias Oliveira e
Fabiana Belarmino Lemos, a serem depositados em conta oportunamente
informada.

DO VALOR DA CAUSA
Valor da causa: R$ 297.524,07 (duzentos e noventa e sete mil
quinhentos e vinte e quatro reais e sete centavos).

Ceilândia/DF, 9 de setembro de 2020.

__________________________________________________
ANTÔNIA MARIA GOMES DA SILVA
RG. n° 2.421.709, SSP/DF

_______________________________________
Allan Dias Oliveira
OAB/DF nº 39.381
(Assinado Eletronicamente)

_______________________________________
Fabiana Belarmino Lemos
OAB/DF nº 49.820
(Assinado Eletronicamente)

_______________________________________
Jéssica Pereira de Carvalho
OAB/DF nº 53771
(Assinado Eletronicamente)

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Testemunha:

1) Nalzira Mariana Pereira Pinto, CPF: 152.253.051-72, Qnh 5, casa 07,


Taguatinga Norte, CEP: 72.130-550

2) Luciano Oliveira dos Santos, CPF: 051.560.651-04 - QNH 10, casa 45,
Taguatinga Norte, CEP: 72.130-600

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