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A violência doméstica é um tema The household violence is a issue
bastante discutido na atualidade. Este discussed in the presente. This article
artigo trata da situação econômica como analyse the economic situation as a factor
fator capaz de contribuir para o aumento that contribute to the increase of this
desta violência. O estudo é ilustrado por violence. The study is illustrated with a
uma pesquisa realizada na Delegacia da research realized in a women’s police
Mulher de Florianópolis, onde fica clara a headquarters in Florianópolis, where the
posição das mulheres e as dificuldades position of the women and their trouble
que têm de perceberem seus direitos. Mas to understand their rights are observed.
é necessário debater o tema, pois assim But, is necessary to discuss the issue,
poderemos contribuir para que as because of this way we’ll can help the
mulheres rompam com as formas de woman to put an end to the submission
submissão que marcam suas vidas e in their lifes and to understand that the
entendam, que a conquista da indepen- economic independence is the first step
dência econômica é o primeiro passo para to establish a equality relation with the
estabelecerem relações de igualdade entre men.
os gêneros.
Palavras-chave: violência doméstica, Key words: household violence, violence
violência contra a mulher, situação against to woman, economic situation.
econômica.

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Assistente Social da Catedral Metro-


politana de Florianópolis e, graduanda do
Curso de Jornalismo da UFSC.
 
 
 

$
s mulheres foram e são Mulher de Florianópolis, quando atuei e psicólogos. Nesse sentido, são pou-
vítimas das formas so- como estagiária do curso de gradua- cos os autores, como Safira Bezerra
cietárias mais opressi- ção em Serviço Social. Ammann, Heleieth Saffioti, Luiza
vas, excludentes e autoritárias que, du- Carvalho, Israild Giacometti Chinali,
Na ocasião, sentimos a necessida-
rante muitos séculos, constituíram e dentre outros, que se propuseram es-
de de conhecer de perto e mais a fun-
determinaram o viver em sociedade. tudar a situação econômica sob este
do esta temática, procurando partici-
Mas a sociedade ainda finge não per- foco. Assim, não pretendemos afir-
par da sua publicização dando as pos-
ceber o fenômeno da violência e da mar que a violência só exista nas
síveis contribuições do Serviço Social
discriminação por elas sofridas e, as- classes subalternas, mas, evidenciar
na prevenção e no combate à violên-
sim, a mitologia da igualdade reina na a interligação da situação econômi-
cia contra a mulher, que é um aspecto
relação entre os gêneros, como for- ca que pode gerar esta violência com
constituinte dos diversos tipos de rela-
ma de camuflar a realidade, confor- três fatores: a ida precarizada da mu-
ções sociais firmadas entre os sexos.
me nos alerta com firmeza Azevedo lher para o mercado de trabalho, em
(1985, p. 160): Para tanto, no transcorrer do mes- especial após todas as alterações en-
mo, detivemo-nos em aprofundar um frentadas pela economia do país de-
Toda essa mitologia tem ser- dos aspectos que se acredita colabo- pois da implementação do Plano
vido e continua a servir para rar para o agravamento da violência Real; a dependência econômica da
abafar o grito das mulheres doméstica, ou seja, a situação econô- mulher em relação ao marido e a fal-
espancadas, fazendo-nos mica, propriamente dita. A opção em ta de dinheiro.
crer que as relações entre ho- voltar para este tema deveu-se ao fato
mens e mulheres são relações Para Zaluar e Abranches (1995,
de, num período aproximado de seis
cordiais, amorosas, amisto- p. 90):
meses, termos observado, durante os
sas e não relações perigosas, atendimentos feitos pelo Serviço So-
cruéis, brutais, como procu-
ramos demonstrar. Que cada
cial da 6ª Delegacia de Polícia da
Capital – Delegacia de Proteção à
 ()     
vez mais as mulheres se re- Mulher, que um número considerável
de vítimas apresentava relacionamen-
 & * &  +
cusem a serem mistificadas.
Que cada vez mais elas re- to conjugal violento, agravado pela si-
tuação econômica, onde elas mesmas
   +
cusem o cômodo e resignado
papel de cúmplices da violên- relatavam que a relação que manti-
nham com seus companheiros pare-
 ,     
cia de que são vítimas mas de
que não devem envergonhar- cia piorar quando os problemas finan-
ceiros emergiam ou se agravavam.
    
se. Que cada vez mais se faça
ouvir o grito, até então silen- No entanto, muitas mulheres parecem
ainda não perceber a questão econô-
-       
cioso, das mulheres espan-
cadas, e que seu clamor faça
mica como um agravante da relação
que têm com seus companheiros e não
   . 
avançar a luta por um pa-
drão igualitário de relações
a vêem como um detonador das bri-
gas entre eles. Não obstante, a pes-
    /0
entre os sexos.
quisa realizada por Knabben (1992),
nesta mesma Delegacia, constatou Contudo, o que objetivamos, ao nos
A violência praticada contra a
que a situação econômica é o segun- determos no estudo da questão eco-
mulher instaura-se na sociedade ocor-
do fator precipitante para a violência nômica e sua ligação com a violência
rendo geralmente dentro do lar, a por-
doméstica. doméstica é poder evidenciar se as
tas fechadas, onde este, ao invés de
se tornar um abrigo inviolável e de Todavia, convém ressaltar que, mulheres percebem e compreendem
proteção, afigura-se como o muro do embora a questão da violência do- a influência da situação econômica no
medo e da crueldade. É um delito, ain- méstica seja um tema que atualmen- agravamento da violência doméstica;
da, raramente denunciado e que, no te vem ganhando destaque em nível relacionar as principais atividades re-
momento em que ocorre, conta com nacional e internacional, a problemá- muneradas exercidas pelos casais;
o descaso de muitos, que preferem tica abordada neste artigo ainda é re- indicar a conseqüência da participa-
descomprometer-se com a questão. lativamente nova e muito pouco ex- ção da mulher na renda familiar, rela-
plorada por profissionais da área das cionada com a violência doméstica;
Este trabalho foi efetuado no Se- problematizar se a crise econômica
tor de Serviço Social da Delegacia da ciências humanas, sejam eles: assis-
tentes sociais, filósofos, antropólogos vivenciada pelo país, principalmente

 
  

depois do Plano Real e da política que, quando a atividade ou E a situação econômica como ele-
neoliberal, tem contribuído para o au- a fala de outrem são impedi- mento também inerente à violência do-
mento da violência doméstica e, por das ou anuladas, há violên- méstica, possibilitando o desencadear
fim, verificar se a dependência eco- cia. Portanto, a violência é da mesma, está relacionada às alte-
nômica da mulher em relação ao ho- uma relação de força carac- rações ocorridas na política econômi-
mem contribuiu ainda mais para a sub- terizada, num pólo, pela do- ca de governo, a qual tem tornado-se
missão à violência. minação e, no outro, pela cada vez mais concentradora de ri-
coisificação. quezas em favor de uma minoria. Es-
Mas, para podermos desvelar a real
tas mudanças ocorridas na estrutura
relação existente entre o econômico e
Essa violência, nas relações inter- econômica do Brasil, com maior afin-
o surto de atos violentos que se desen-
pessoais e com atenção especial às co após o Plano Real, implantado em
cadeiam nas relações sociais e em es-
relações de gênero, ainda hoje é pou- julho de 1994, têm atingido a vida das
pecial em algumas famílias, tendo como
co publicizada: ou por as mulheres famílias e em especial as de menor
principais vítimas as mulheres, preci-
acharem que o companheiro vai mu- poder aquisitivo. São mudanças como:
samos entender também o cenário só-
dar, ou por acreditarem no casamento aumento de desemprego, privatiza-
cio-cultural que perpassa o fenômeno
definitivo, ou pelo fato de a socieda- ção, livre comercialização, programas
da violência e com maior ênfase, a vi-
de vê-la como problema particular. de estabilidade econômica,... idéias
olência doméstica praticada contra a
Com uma série de dados históricos e liberais, que persuadem o povo e o
mulher. Tal violência é um mecanismo
culturais que tendem a reafirmar esta impede de ver as restrições de garan-
de opressão e subjugação do outro, que
posição de subalternidade da mulher tias trabalhistas e os cortes na área
visa impor a uma pessoa determina-
em relação ao homem, parece evi- social, fazendo com que se atentem
das normas e formas de agir, tentando
dente, que a única forma de romper mais as oportunidades de consumo.
tolher a sua capacidade de expressão
e discernimento. com o ciclo da violência doméstica é Esta política neoliberal empurra
fazer com que as mulheres se deliberadamente milhões de cidadãos
Para Chauí (apud Azevedo, 1985, conscientizem da igualdade entre os para a marginalidade e em especial,
p. 18), gêneros, conheçam os seus direitos para fora do mercado de trabalho.
e saibam onde garanti-los com mais Tanto é verdade, que, segundo o
[...] violência é uma realiza-
afinco. Só assim, as mulheres pode- DIEESE apud Ammann (1997) a taxa
ção determinada das rela-
rão escusar-se da violência que so- de desemprego em São Paulo, em
ções de força tanto em ter-
frem e sentir-se capazes de ajudar 1996, era de 15%.
mos de classes sociais quan- na reconstrução de uma sociedade
to em termos interpessoais. justa e democrática, onde homens e ... é nas questões relativas ao
Em lugar de tomarmos a vio- mulheres não sejam mais vistos como emprego, ao contrato de tra-
lência como violação e trans- rivais, mas como cúmplices, como balho e aos direitos sociais
gressão de normas, regras e iguais. que o neoliberalismo vem de-
leis, preferimos considerá-la
monstrando o seu significado
sob dois outros ângulos. Em Não é o homem superior a
mais repugnante e onde vem
primeiro lugar, como conver- mulher, nem a mulher supe-
encontrando as maiores rea-
são de uma diferença e de rior ao homem. Mas também
ções populares. São essas
uma assimetria numa relação não é certo dizer que ambos
questões que têm motivado as
hierárquica de desigualdade, são iguais em tudo. A reali-
lutas sindicais e populares em
com fins de dominação, de dade é maior e mais bonita. todo o mundo, bem como são
exploração e de opressão. A mulher possui qualidades elas também que vêm desequi-
Isto é, a conversão dos dife- especificamente femininas librando as disputas eleito-
rentes em desiguais e a desi- que, quando se unem as qua- rais, em favor da esquerda e
gualdade em relação entre lidades especificamente mas- da centro-esquerda, em diver-
superior e inferior. Em segun- culinas, permitem conseguir sos países. Portanto, podemos
do lugar, como a ação que resultados maiores, mais ex- afirmar que a questão social
trata um ser humano não pressivos e mais ricos que os é um dos maiores ganchos
como sujeito, mas como uma que se poderiam alcançar, para a reversão da onda
coisa. Esta se caracteriza quando cada um dos sexos neoliberal que tomou conta
pela inércia, pela passivida- trabalha separadamente do planeta nos últimos anos
de e pelo silêncio de modo (CÂMARA, 1990, p. 14). (ARAÚJO, 1998, p. 31).
 
 
 

Os dados do Relatório sobre o Ín- contribuir para o aumento do rendi- e preponderante que as mulheres têm
dice de Desenvolvimento Humano no mento familiar. A saída do mercado na vida humana, pois em épocas de
Brasil (apud Rodrigues, 1998), tam- de trabalho e a procura por formas crise, enfrentam as dificuldades e mui-
bém confirmam este grande número alternativas de obter rendimentos, tas vezes se tornam o arrimo familiar.
de cidadãos que atualmente vivem às devido a todas as mudanças econô- Esta situação pode ser confirmada
margens do mercado de trabalho, micas ocorridas na atualidade e à in- através da pesquisa que realizamos na
através de indicadores que ressaltam suficiência de apenas uma renda para Delegacia da Mulher de Florianópolis,
as taxas de pauperismo no país. As- prover o lar, chamou a mulher ao mer- que comprovou que, das 18 vítimas en-
sim, coloca-se a questão nos seguin- cado de trabalho e também um núme- trevistadas, 72% delas afirmaram ter
tes termos: “... estimou-se em 42 mi- ro expressivo de jovens constituintes aumentado os desentendimentos com
lhões o número de pobres no Brasil da realidade brasileira, possibilitando, o seu companheiro após a implanta-
em 1990, o que corresponde a 30% dessa forma, uma alteração na dinâ- ção do Plano Real.
da população brasileira” (Índice de mica familiar e nos padrões sociais.
Diante de todo este contexto, que
Desenvolvimento Humano apud
O mercado de trabalho, neste mo- explicita o quadro econômico presen-
Rodrigues, 1998, p. 270). “... um ter-
mento de recessão econômica por que ciado pelo país no transcorrer do Pla-
ço dos brasileiros estão vivendo em
passa o país, principalmente com o Pla- no Real, fica compreensível, o porquê
situação de pobreza” (Cúpula Mun-
no Real reduzindo as garantias traba- de a violência doméstica estar atrela-
dial para o Desenvolvimento Social,
lhistas de nossos trabalhadores, apre- da à situação econômica e à crise
1995, p. 18).
senta-se desfavorável tanto para o tra- financeira instaurada nas famílias.
balho feminino como para o masculino E como os membros destas mesmas
Ainda em 1996, no Brasil,
e a dificuldade em ter e manter-se em famílias, ao deixarem-se persuadir
num universo de 157 milhões
um emprego evidencia-se ainda mais pelos discursos demagógicos, muitas
de habitantes, 10% dos mais
quando a pessoa não possui um grau vezes não percebem que a violência,
abastados detinham uma ren- de instrução considerável e quando não que eclode dentro do lar é produto de
da 30 vezes superior a dos se atualiza frente às evoluções da todo um contexto externo, que se re-
40% mais pobres. Em termos informática e da tecnologia. flete na estrutura familiar. Geralmen-
de números absolutos, há no te, a intensidade dos conflitos sociais
país 48,9 milhões de pobres. As transformações demons- interfere nas relações conjugais, de-
A maior parte dos domicílios tram, sem dúvida, que há sencadeando comportamentos e atos
brasileiros em 1989 (77%) uma reafirmação do capita- violentos (MAZONI, 1997).
estava localizada em áreas lismo neste final de século. A Segundo Bernardes (1998), a mai-
urbanas e um terço deles se desvalorização da força de oria das mulheres mortas pelos
encontrava abaixo da linha trabalho é uma das alterna- agressores não têm emprego, nem sa-
da pobreza (LP). De acordo tivas do capital... embora, lário fixo. O pensamento da autora,
com os dados do Ministério contraditoriamente, a utiliza- certamente evidencia o fator econô-
do Bem-Estar Social, este ção das novas tecnologias mico como elemento presente na vio-
número em 1992 eqüivalia a faça emergir uma nova ca- lência física praticada contra as mu-
45 milhões de pessoas ou 11 mada de trabalhadores que lheres, onde, em determinadas circuns-
milhões de famílias. Entre se torna eminentemente po- tâncias, não saber administrar tal rea-
tais unidades domiciliares derosa em função de suas lidade, faz com que elas se sujeitem e
sobressaíam aquelas com- habilidades técnicas, resul- se tornem vítimas passivas dos diver-
postas por mulheres com fi- tando em maior segmentação sos tipos de violência que sofrem.
lhos e sem cônjuge (BIAN- na classe trabalhadora além A produção teórica, por sua vez,
CARELLI apud SALES, de criar os trabalhadores su- registra que a presença da mulher no
1998, p. 190). pérfluos (RAMOS e BAR- mundo do trabalho ainda é bastante
BOSA, 1998, p. 27). recente e se dá com mais afinco com
Neste contexto econômico favo- o advento do capitalismo, onde a mu-
rável ao desemprego, ocorre um au- Mas, apesar desta conjuntura eco- lher é convocada para a produção, não
mento da pobreza e das desigualda- nômica e política, que vem sendo so- com a finalidade de emancipá-la, mas
des sociais, rompendo com a tradição frida pelas famílias da atualidade e que de apenas extrair-lhe a mais valia, de
de famílias chefiadas por homens e incide no aumento dos desentendimen- forma pouco dispendiosa. Nesse mo-
exigindo a presença da mulher no tos entre os casais, não podemos ja- mento, quando ocorre o surgimento da
mercado de trabalho, como forma de mais desconsiderar o papel socializador propriedade privada, a mulher torna-

 
  

se mercadoria do marido na esfera como desagregação da famí- ra oportunidade de emprego


doméstica e do capitalista, no âmbito lia, onde as mulheres se vêm fixo, o que em média se dava
da fábrica, ficando, também, à mercê obrigadas a trabalhar para em um período de dois me-
das poucas leis que existiam para a poderem continuar manten- ses. O novo trabalho surgia
proteção do trabalho feminino, as do o lar. As famílias chefia- predominantemente nas ati-
quais, não possuíam abrangência na- das por mulheres têm rendi- vidades domésticas, exigindo
cional e eram, na maioria dos casos, mentos médios de 2,6 salári- maiores períodos de ausên-
descumpridas. os mínimos, contra 6,3 das cia da casa e menor remune-
Mas, é só no fim da década de chefiadas por homens. ração. Até se vincular ao
1980, com a intensificação do desem- (ARAÚJO, 1998, p. 218-219). novo trabalho, a mulher re-
prego e devido à crise econômica e à alizava pequenos biscates
queda nos rendimentos masculinos, Todavia, na conjuntura atual, devi- nas suas comunidades para
que a mulher ganha maior espaço no do ao crescente número de desempre- manter a família. (CARVA-
mercado de trabalho, inserindo-se ge- go e a falta de dinheiro que atinge a
LHO, 1998, p. 83).
ralmente em atividades informais ou vida das famílias e provoca um maior
que tenham a ver com as profissões desentendimento entre os casais, per- Quando a mulher passa a ajudar
de caráter humanitário, semelhantes cebemos que as mulheres têm mais no sustento da casa surgem as com-
às atividades que desenvolve no lar. facilidade de conseguir emprego que parações de salário, o homem sente-
Estarem voltadas para as profissões os homens, pois quase nunca buscam se inferiorizado porque perdeu o seu
humanistas tem muito a ver com a um emprego similar ao anterior, papel de provedor do lar. Então, o
educação que as mulheres recebem, engajando-se em outras atividades casal não consegue ver a renda fami-
sendo incentivadas desde crianças liar como um montante, como uma
para serviços deste tipo, considerados O trabalhador desemprega- soma de esforços.
peculiares à mulher. E, para realizar do, independente de ter de-
tais serviços, é necessário: envolvi- pendentes ou não, permane- A face avessa desta questão da
mento emocional; vontade de fazer o violência, ligada com o fator econô-
ce longos períodos em bus-
bem e acabar com as injustiças soci- mico, permite também que as mulhe-
ca de trabalho similar ao
ais; intenção de preparar um mundo res se sujeitem a atos violentos, por
anterior, mantendo uma níti-
melhor para os filhos, características causa da dependência econômica que
da identidade com sua qua- nutrem em relação a seus maridos e
consideradas femininas. lificação profissional, rejei- companheiros. Não dependendo eco-
Com o passar dos tempos e as tando ofertas de trabalho nomicamente de seus companheiros,
mudanças econômicas torna-se pre- não qualificado ou mais mal as mulheres podem tornar-se mais
dominante o número de famílias che- remunerado. Permanece pro- respeitadas por eles e sentirem-se
fiadas por mulheres, sendo maior ain- curando emprego em média seguras para romperem com um re-
da, o número de discriminações, pre- de 3 a 6 meses, período no lacionamento conjugal violento. “As
conceitos e injustiças que estas mu- qual sobrevive dos rendimen- esposas geralmente agüentam as sur-
lheres sofrem em seu local de traba- tos de suas esposas ou de ras por causa da sua dependência
lho, onde geralmente ganham menos econômica [...]” (ONEGLIA apud
outros trabalhadores do do-
que o homem e são as primeiras a LANGLEY e LEVY, 1980, p. 151).
micílio. Embora persistindo
serem demitidas e as últimas a serem
em busca de trabalho quali- Nas palavras de Pallota e Louren-
empregadas.
ficado, quando enfim se ço (1999), a maioria esmagadora das
Atualmente, em nosso país, engaja em outra atividade mulheres sabem que têm direitos, mas,
24% das famílias são chefi- remunerada, dificilmente pelo fato de viverem sob o jogo eco-
consegue fazê-lo em trabalho nômico de seus companheiros, sub-
adas por mulheres. [...] Es-
similar ao anterior, devido à metem-se anos a fio a todos os tipos
tas mulheres estão se trans-
reestruturação no mercado de violência e somente procuram lu-
formando nas mantenedoras
tar por seusdireitos quando a situação
do lar, porque são abando- de trabalho industrial. Os
fica de fato intolerável. Constata-se
nadas pelos maridos, os autores identificaram que a
ainda, que as mulheres só percebem
quais também deixam de aju- mulher com dependentes sob
a situação econômica como um ele-
dar no sustento dos filhos. sua responsabilidade retor- mento que prejudica a vida do casal
Isso porém não pode ser vis- nava à atividade remunera- quando questionadas diretamente so-
to como emancipação, mas da tão logo surgisse a primei- bre o assunto, pois caso contrário, não
 
 
 

conseguem ver as dificuldades eco- e hábitos; a novos papéis assumidos ela, situações de violência e lutar por
nômicas como um motivo que pode pelas mulheres; ao desenvolvimento uma verdadeira igualdade de gênero,
levar os homens à agressão. técnico-científico e à queda na econo- onde um não se coloque como “supe-
mia brasileira, que ocasionou um mai- rior ao outro”.
Embora nem sempre sejam valori-
or empobrecimento e uma
zadas no mercado de trabalho, as mu-
desqualificação nos serviços prestados. O aparato policial tem-se
lheres devem persistir porque
Este empobrecimento das famílias tam- constituído como uma insti-
Para a mulher, ter um empre- bém aparece como um elemento tuição opaca,... Não
go significa, embora isso nem precipitante para a violência domésti- obstante, este aparato insti-
sempre se eleve a nível de ca, onde se sabe que graus muito ele- tucional é um dos mais pró-
consciência, muito mais do vados de privação material podem le- ximos à população, sobretu-
var os casais a brigarem com mais fre- do aos trabalhadores urba-
que receber um salário. Ter
qüência, uma vez que não encontram nos pobres, posto que a de-
um emprego significa parti-
alternativas para suprirem as necessi- legacia policial funciona
cipar da vida comum, ser
dades daqueles que deles dependem. diuturnamente e acaba se
capaz de construí-la, sair da
natureza para fazer a cultu- Essas inovações e mudanças no pro- constituindo contraditoria-
ra, sentir-se menos insegura cesso produtivo e no mercado de tra- mente em um pronto-socorro
na vida. Uma atividade balho, atingem de forma diferente as fa- social devido à inexistência,
ocupacional constitui, por- mílias, buscando romper definitivamen- insuficiência ou inoperância
tanto, uma fonte de equilíbrio te com a idéia tradicional de homens da rede de equipamentos so-
(SAFFIOTI, 1979, p. 58). como provedores absolutos do lar. As ciais. (SILVA, 1992, p. 40-41).
mulheres, nesta nova realidade, passam
O destaque da mulher não a perceber a importância de trabalha- A violência contra a mulher, como
ocorreu apenas por necessi- rem fora e de como o trabalho que de- bem evidencia a realidade, tem sido
dade, mas porque elas pas- senvolvem pode contribuir para ajudar abusiva e invadido os mais diversos
saram a compreender melhor a melhorar o rendimento das famílias. espaços institucionais (local de traba-
o papel que têm na socieda- lho, lares). Todavia, como já vimos,
de e a importância da sua As transformações que têm ainda são poucas as profissões que
realização pessoal.[ ...], a repercutido sobre a estrutu- foram e estão sendo preparadas para
mulher buscou emprego não lidar com as questões de gênero. Al-
ra da família nas últimas dé-
apenas por necessidade [...], guns profissionais atuantes na área da
cadas têm sido, portanto, re-
mas também para obter au- família e da proteção e segurança pú-
pentinas, profundas, de lon- blica, por exemplo, muitas vezes não
tonomia financeira. (ROS-
go alcance e relativamente são formados para tratar com a cau-
SETTI e TOLEDO, 1998, p. 8).
concomitantes. Não se pode sa das mulheres e se depararem com
Segundo Mioto (1997), a família dos mais, nesse sentido, ignorar o fato de ter que atendê-las. A falta
anos 90 apresenta variações significa- a sua ocorrência (PEREIRA de preparo, em algumas ocasiões, faz
tivas em virtude da modernização so- apud SALES, 1998, p. 190). estes profissionais se questionarem,
frida pela sociedade e das alterações sem obterem as respostas satisfa-
econômicas promovidas pelo Não obstante, seria contraditório, tórias, sobre os porquês das mulhe-
neoliberalismo e pelo processo de se toda a história de lutas e conquis- res: demorarem tanto para denunciar
globalização. De acordo com o IBGE, tas construída pelas mulheres não re- a violência que sofrem; retirarem a
o perfil da família brasileira hoje é o sultasse em frutos visíveis e concre- queixa e não se separarem do mari-
seguinte: pequeno número de filhos; tos e em órgãos capazes de defendê- do. São importantes indagações que
gravidez predominando em mulheres las e assegurar-lhes os direitos que devem ser equacionadas, para evitar
jovens, de até 30 anos; aumento da constitucionalmente já têm garantido. que se tornarem novos preconceitos
união consensual e casamentos civis; Esse é o caso do surgimento das De- ou falsos juízos. O Assistente Social,
predomínio das famílias nucleares, po- legacias de Proteção à Mulher, que por sua vez, quando inserido em ór-
rém, um grande número de famílias são uma conquista delas e da socie- gãos que tratam das questões de vio-
nucleares com a mãe como chefe da dade, fruto das lutas do movimento fe- lência doméstica, deve realizar ações
casa; aumento das famílias recompos- minista que emergiu no Brasil a partir profissionais que valorizem a igualda-
tas. Essas alterações que vêm marcan- de 1840, com o surgimento de jornais de entre homens e mulheres e que
do o contorno das famílias da atualida- fundados por mulheres. São Delega- façam cada um ver-se como sujeito
de devem-se a mudanças de costumes cias que buscam enfrentar, junto com de sua própria vida. O profissional

 
  

precisa colocar que seu papel não é ras familiares, independente de raça ou do, pois o tema aqui tratado é com-
punir o usuário mas mostrar-lhe alter- classe. E por fim, segundo Pavez plexo e as observações descritas
nativas para que saia da situação de (1997), ao tratar com mulheres vítimas podem vir a ser refutadas.
crise, sempre estimulando a denúncia de violência é necessário que o Assis- Neste sentido, destacamos no de-
e a autonomia da mulher. tente Social deixe de lado as ações correr do artigo que a submissão da
O Assistente Social, em seu agir interventivas voltadas para a tutela e o mulher em relação ao homem real-
profissional, pode empenhar-se também assistencialismo, pois isso vai contra a mente é um dado histórico, mas que
em formular políticas sociais que pre- conquista e o respeito dos direitos das no transcorrer dos anos, através de
tendam uma maior igualdade entre os mulheres. É preciso mostrar às mulhe- suas lutas, as mulheres têm procurado
gêneros, em especial, no que tange ao res que elas precisam e devem ser reverter esta realidade. Constata-se,
mercado de trabalho. Precisa entender ouvidas e ajudadas, mas que o sair que são poucas as que nunca traba-
as questões de gênero não como bioló- desta situação de vitimização e forta- lharam fora, estando a maioria delas,
gicas, mas como sociais e culturais, lecer a sua auto-estima, é uma tarefa atualmente, exercendo atividade de
transmitidas de geração para geração. antes de tudo pessoal. baixo prestígio profissional. Isto ocor-
Deste modo, como já colocado re também entre os homens, sendo que
Gênero se refere não apenas anteriormente, o artigo aqui apresen- quase todos fazem biscates, isso com-
a diferenças biológicas e se- tado foi extraído do trabalho de con- provou-se através dos companheiros
xuais entre mulher e homem, clusão de curso da graduação e ser- das vítimas entrevistadas na pesquisa.
mas também ao contexto de viu-nos para desvelar algumas reali- Porém, histórica e culturalmente, tal fe-
seu comportamento na socie- dades que parecem um pouco nômeno é mais prejudicial às mulhe-
dade, aos diferentes papéis truncadas, a cerca da questão de vio- res, uma vez que já são discriminadas
que cumprem, à variedade de lência entre gêneros e também, para no mercado de trabalho.
expectativas e constrangi- contradizer outras tantas afirmativas. Procuramos evidenciar, no trans-
mentos sociais e culturais que No que se refere aos perfis de agres- correr do texto, que as dificuldades fi-
sofrem graças ao seu sexo e sores e vítimas, podemos considerar nanceiras na conjuntura atual têm cha-
os modos com que lidam com que no decorrer dos anos eles têm-se mado a mulher ao mercado de traba-
as normas impostas pela so- alterado bastante, permitindo dizer que lho e embora a maioria dos homens
ciedade. (VLASSOF apud não há limites de idade pois a violên- concordem que elas trabalhem fora, o
VOLOCHKO, 1997, p. 120). cia apenas tem ocorrido com maior sentimento de ciúmes e competição ge-
freqüência entre casais de 31 a 50 rado por tal fato, tem se tornado o gran-
Ao lidar com questões de gênero li- anos. Tais casais geralmente consti- de causador das brigas entre os ca-
gadas à situação econômica, o profissi- tuem famílias pequenas, com até três sais. Por outro lado, se a mulher não
onal Assistente Social deve orientar as filhos e na maioria das vezes são contribui para a renda familiar e não
mulheres sobre a importância da inde- amasiados (56% das 18 vítimas en- trabalha fora, a dependência econômica
pendência econômica e da falta de di- trevistadas), contradizendo a afirma- dela em relação ao marido, ou compa-
nheiro vir a ser promotora dos desen- tiva de que a violência tem mais pro- nheiro, pode aparecer como um ele-
tendimentos, ressaltando que isso não é babilidade de ocorrer entre casais com mento colaborador para a submissão
problema particular delas, mas de toda laços firmados legalmente. à violência, por não se sentir em con-
uma conjuntura econômica, que perpas- Como as cores, que não podem dições de colocar-se como igual ao
sa a vida das famílias. Ele deve procu- ser pensadas sem extensão, a vio- companheiro, assumindo perante ele,
rar mostrar às mulheres que não estão lência só se determina quando con- uma postura de inferioridade e de al-
sozinhas e que outras passam por situ- siderados os pressupostos históri- guém incapaz de conquistar sua auto-
ações semelhantes a delas, por isso, não cos, culturais, políticos e econômi- nomia financeira.
devem julgar, mas sim unirem-se. cos que a fundamentam. Assim, não Afirmamos ainda, que a violência
Ao homem também o Assistente temos a pretensão de realizar con- física e a violência moral contra a
Social não pode reservar apenas o pa- siderações conclusivas a respeito do mulher, segundo estudos realizados,
pel de vilão, mas analisar o contexto assunto, até porque sabemos que parecem ser elementos que andam
em que a situação emergiu e colocar a não é possível visualizar o fenôme- associados e se agravam mais diante
mulher como co-partícipe do caso, ain- no da violência contra a mulher das dificuldades financeiras que atin-
da que passiva. Este profissional não como um “em si”. A realidade de gem a vida do casal. Assim, não po-
pode atribuir os conflitos de gênero à uma visão histórica dialética, nos faz demos deixar de marcar que as mu-
desestruturação familiar, pois eles atin- acreditar que tais considerações são danças ocorridas na economia nos
gem invariavelmente todas as estrutu- válidas apenas para um dado perío- últimos cinco anos, ou seja, depois do
 
 
 

Plano Real, contribuíram muito para ARAÚJO, José Prata de. Direitos nov. 1997.
ampliar o número e a freqüência dos sociais por segmentos da população.
PALLOTTA, Maria A., LOUREN-
desentendimentos entre os casais, In: Manual dos Direitos Sociais da
ÇO, Mariza. Violência. Disponível na
principalmente, porque a falta de di- População: as reformas constitucio-
internet. http:// 209.143.148.118/adv –
nheiro tornou-se o elemento chave na nais e o impacto nas políticas sociais.
pl/. 05 abr. 1999.
relação deles. Belo Horizonte: O Lutador, 1998. cap.
V, p. 212-225. PAVEZ, Graziela Acquaviva.
Apesar do contexto já referido, con-
Expressões da Violência: violência
segue-se vislumbrar uma maior AZEVEDO, Maria Amélia.
doméstica. São Paulo: FMUSP/CFSS,
conscientização das mulheres acerca Mulheres Espancadas: a violência
1997. p. 59-72.
dos seus direitos, da importância que denunciada. São Paulo: Cortez, 1985.
têm para o sustento da família e dos QUESTÕES urbanas, espaço global
BERNARDES, Betina. Crime contra
diferentes papéis que podem realizar. e regional interiorização: mortes
a mulher é cometido por parceiro.
Porém, é visível, em nossa sociedade, violentas, vítimas e homicídios.
Folha de São Paulo. São Paulo, 03
uma falta de solidariedade entre as RAMOS, Maria Helena Rauta,
mar. 1998. p.3.
mulheres que vivenciam situações se- BARBOSA, Maria José de Souza.
melhantes de violência, onde elas mes- CÂMARA, Hélder. Mulher e homem
Mutações nas relações econômicas
mas se rotulam e se discriminam. O imagem de Deus. Conferência
mundiais e a nova centralidade do
machismo, portanto, não se configura nacional dos Bispos do Brasil. São
trabalho. In: Anais do IX Congresso
somente como uma prerrogativa dos Paulo: Editora Salesiana Dom Bosco,
Brasileiro de Assistentes Sociais.
homens, há mulheres que acreditam e 1990.
Caderno de Comunicações. Goiânia:
propagam semelhantes atitudes. CÚPULA MUNDIAL PARA O 1998. p. 25-29.
Finalizamos, na esperança de que DESENVOLVIMENTO SOCIAL
RODRIGUES, Rúbia Lorena. Ser ou
estas mulheres rompam com todas (Copenhague – 1995). Relatório
Não Ser Amélia: uma questão de
as formas de submissão que asso- Nacional Brasileiro. Brasília, fev.
gênero. In: Anais do IX Congresso
lam suas vidas e que entendam, que 1995, 107 p.
Brasileiro de Assistentes Sociais.
a conquista da autonomia e da inde- FREITAS, Rita de Cássia Santos. Caderno de Comunicações. Goiânia:
pendência econômica é o primeiro Serviço Social e Gênero: um diálogo 1998, p. 270-273.
passo para estabelecerem relações necessário. In: Anais do VIII
efetivas de igualdade entre os gêne- ROSSETTI, Fernando, TOLEDO,
Congresso Nacional de Assistentes
ros e para solaparem de vez com to- José Roberto de. Família. Folha de
Sociais. Caderno de Comunicações.
dos os mecanismo promotores da vi- São Paulo. São Paulo, 20 set. 1998.
Bahia: 1995. p. 325-327.
olência doméstica. E, o fecho de tudo especial, 16p.
o que foi dito, condiz com o pensa- KNABBEN, Júlia de Macedo.
SAFFIOTI, Heleieth I. B. A Mulher
mento de Oliveira apud Freitas Mulher Vítima de Violência: atendida
na Sociedade de Classes: mito e
(1995), que afirma só ser possível a pela 6ª DP Cap. Florianópolis: UFSC,
realidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Vozes,
construção de uma sociedade iguali- 1992. 150p. Monografia apresentada
1979.
tária e justa quando homens e mu- no Departamento de Serviço Social
da Universidade Federal de Santa SALES, Mione Apolinário. A Família
lheres aprenderem a conviver respei-
Catarina. como Ela É: do reconhecimento de
tando as suas diferenças e demar-
novas necessidades à construção de
cando espaços em uma relação soli- LANGLEY, Roger, LEVY, Richard
políticas públicas. In: Anais do IX
dária, pois não é possível a recons- C. Mulheres Espancadas: fenômeno
Congresso Brasileiro de Assistentes
trução do feminino, sem a correlata invisível. 2. ed. São Paulo: HUCITEC,
Sociais. Caderno de Comunicações.
redefinição do masculino. 1980. 235p.
Goiânia: 1998. p. 188-192.
MAZONI, Lenira da Silveira. A
SILVA, Marlise Vinagre da. Violência
Questão do imaginário no
Contra a Mulher: quem mete a
1    && 2  atendimento a mulheres em situação
colher? São Paulo: Cortez, 1992. 180p.
de violência. São Paulo: FMUSP/
CFSS, 1997. p. 73-78. VOLOCHKO, Anna. Violência e
AMMANN, Safira Bezerra. Mulher: Gênero: a mortalidade materna. São
trabalha mais, ganha menos, tem fatias MIOTO, Regina Célia Tamaso.
Paulo: FMUSP/CFSS, 1997. p. 117-137.
irrisórias de poder. Revista Serviço Família e Serviço Social. Revista
Social e Sociedade. São Paulo, ano Serviço Social e Sociedade. São ZALUAR; ABRANCHES. Ques-
XVIII, n. 55, p. 84-102, nov. 1997. Paulo, ano XVIII, n. 55, p. 114-131, tões Urbanas, espaço global e regional

 
  

interiorização: mortes violentas,


vítimas e homicídios. In: Revista
Perspectiva. São Paulo: Fundação
SEDAE, jul./set. 1995, v. 9.

Endereço – Autora

Departamento de Serviço Social


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Campus Universitário – Trindade
Florianópolis – SC
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