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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE

DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Objeto: Agravo de instrumento c/ pedido liminar e efeito suspensivo1

_______________________________2, brasileiro, casado, empresário,


portador da cédula de identidade RG nº e CPF nº, residente e domiciliado em
_____, vem à presença de Vossa Excelência, por seus procuradores
signatários, para AGRAVAR da decisão de fls. 159 3, prolatada pela Exma.

1 Esclarece que está sendo juntada cópia dos autos principais (artigo .......), e cópia da
ação de exoneração/revisional de alimentos, bem como declaramos sua autenticidade.
Cópia da alienação fiduciária de sua residência.
2 O agravante está representado pelos advogados _____e _______, inscritos na

OAB/SP sob os nºs _____ e ____, respectivamente, com endereço profissional na


_______, consoante cópia da procuração anexa (fl.89).
3 Primeiramente, para apreciação do pedido de Justiça Gratuita, providencie o executado, no
prazo de dez dias, cópia da sua última declaração de Imposto de Renda.
O pagamento parcial do débito alimentar não afasta a prisão civil decorrente do
inadimplemento da pensão alimentícia.
A jurisprudência acerca da matéria assentou: “HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. 1.
ALIMENTOS. A obrigação alimentar, sua redução ou desoneração não podem ser
Sra. Dra. Juíza de Direito da ____Vara de Família e Sucessões do Foro
_____, nos autos da ação de EXECUÇÃO DE ALIMENTOS de nº _________,
em que figura como agravada ______4, brasileira, divorciada, empresária,
inscrita sob o RG nº _______e CPF nº _______, residente e domiciliada nesta
Capital, na Rua Boa Morte, nº 65, pelo que passa a dizer:

I
DA JUSTIFICATIVA
1 Em que pese o respeito e a relevância do
despacho agravado, certamente não é a decisão mais acertada, pois, conforme
será demonstrado, muito embora o agravante tenha sido empresário bem
sucedido, hoje está em precária situação financeira.

2 Tal pleito tem fundamento na derrocada


da sua atividade empresária, a partir de 2006, tendo em vista grandes
mudanças na legislação referente aos seus negócios, e grandes
problemas de inadimplência com clientes, e mesmo assim o agravante
pagou os valores fixados a título de alimentos, à custa de inúmeros
sacrifícios e empréstimos bancários, causando-lhe débito superior a R$
100.000,00 (cem mil reais) junto ao Bradesco, conforme os anexos
documentos.

discutidas no âmbito do habeas corpus; só no juízo cível, mediante ação própria, é


possível fazê-lo. 2. PAGAMENTO PARCIAL DAS PRESTAÇÕES. A falta do pagamento
integral das prestações alimentícias autoriza a prisão do devedor. Recurso ordinário não
provido”. (STJ RHC 21514/GO Ministro Ari Pargendler DJ 17.09.2007).
Diante do exposto, decreto a prisão civil de ____________, pelo prazo de 30 dias.
Expeça-se mandado de prisão.
Para tanto, remetam-se os autos à Contadoria Judicial para atualização do débito exeqüendo,
sem prejuízo do abatimento do valor adimplido pelo executado (fls. 104), bem como
observando-se o período da execução que deverá ser calculado junho e agosto de 2010, e
também as vincendas a partir de janeiro de 2011 (fls. 143).
4A agravada está representada pela advogada ______, inscrita na OAB/SP sob nº
___
3 Ainda que a sua frágil situação financeira
tenha sido cabalmente demonstrada, o Juízo de origem, sem qualquer
audiência de conciliação, decretou a prisão civil do agravante pelo prazo
de 30 dias, e mais, sequer apreciou os pedidos requeridos na justificativa
quanto:

a) expedição de ofício ao BACEN;

b) expedição de ofício à Junta Comercial


de São Paulo;

c) expedição de ofício ao INSS;

d) expedição de Ofício ao Cartório de


Registro de Títulos e Documentos.

para inclusive demonstrar que, o Executado está impossibilitado de fazer o


pagamento, bem como a exeqüente tem outros rendimentos e que não está na
situação que demonstra fazer crer.

3.1 O juízo a quo embasou seu despacho em


quota ministerial de fls.146, sob a alegação de que o agravante “deixou de
demonstrar a impossibilidade de honrar o débito...”. Nobres julgadores: Como
uma pessoa que tem todas as suas contas bloqueadas pode efetuar
qualquer pagamento?

3.2 Ademais, o acima informado foi


amplamente apontado na justificativa apresentada pelo agravante, como se
observa às fls.99; 133-138.
3.3 Ainda, o executado, está prestes a
perder o imóvel, onde reside, pois também foi objeto de garantia e já está
sendo cobrado (documento anexo).

4 Ressalte-se ainda, que tramita neste Foro


perante a ___ Vara da Família e Sucessões, sob o nº _______, Ação de
Exoneração de Alimentos, tendo em vista que o executado sofreu drástica
alteração em sua condição financeira

5 Inclusive deve ser informado que, os


valores e meses cobrados na exordial pela exequente, ora agravada,
foram pagos, conforme demonstrado ás fls. e fls. da justificativa.

6 Assim, a ação de execução deveria ser


extinta de imediato, é o que se requer.

7 Dessa forma fica evidente que é


totalmente justificável o suposto inadimplemento.

II
DA AÇÃO DE EXONERAÇÃO/REVISÃO
DE ALIMENTOS

1 Com a devida vênia, nobres Julgadores, o


que não pode ocorrer é o desvio da verdadeira razão da prestação
alimentar, qual seja, a de satisfazer as necessidades básicas de quem não
pode provê-las por si, não é, portanto, escravizar o alimentante
compelindo-o a uma obrigação a qual já não mais suporta.
2 A obrigação alimentar cessa, pelo
desaparecimento de um de seus pressupostos, tanto em relação a quem
deles necessite como àquele que tem o dever de pagá-lo. Se o direito
prestacional de alimentos está condicionado à necessidade de quem os
pleiteia, em sentido contrário ao cessar esse estado, se extingue a obrigação
da outra parte, conforme demonstrado abaixo.

3 Agravante e agravada contraíram


matrimônio em 10/05/1975, separando-se consensualmente em 08/11/84. Da
união advieram ____filhos, hoje, maiores e capazes.

3.1 A separação judicial foi convertida em


divórcio em ______, com trânsito em julgado em _____, com a total partilha de
bens adquiridos pelos cônjuges na constância do matrimônio.

3.2 Por ocasião da separação consensual,


além da pensão alimentícia estabelecida e paga rigorosamente em dia, todos
os filhos estudavam em colégio particular, mantidos pelo executado, inclusive
quanto a uniformes, material escolar, transporte, assistência médica e
alimentação.

3.3 Quando da separação do casal, os bens


foram partilhados, e a agravada, além de expressivos valores em pecúnia ficou
com a totalidade do imóvel da Rua ______, bem como um imóvel de
veraneio no Balneário de Mongaguá, este em condomínio com o agravante.

3.4 Inclusive a agravada se apresenta como


sócia proprietária de um escritório de Assessoria em Cobrança [sic] documento
anexo.
3.5 Em ________, o agravante contraiu novas
núpcias com ______, e com esta, teve uma filha_______, nascida em ______.

3.6 Importante ressaltar que, durante todos


esses anos, apesar de todos os gastos com os filhos, que já haviam
cursado ensino superior, pagos pelo pai, a aquisição de veículos para
cada um deles, a pensão alimentícia da agravada, no valor de 7,30
Salários Mínimos foi mantida, embora os filhos do casal já não mais a
recebessem.

4 Ademais, o divórcio do casal transitou


em julgado em _____, portanto, lá se vão mais de ________anos, tempo
suficiente para que uma pessoa possa enfim, refazer-se de um divórcio e
continuar a prover-se por seus próprios recursos, e mais, OS FILHOS
HAVIDOS ENTRE AGRAVANTE E AGRAVADO, SÃO TODOS MAIORES E
CAPAZES, DESTA FORMA, PRIMORDIALMENTE, O DEVER DE
SUSTENTO É DOS FILHOS IMPUTANDO AO GENITOR, ORA AGRAVANTE,
APENAS O COMPLEMENTO, CASO HAJA NECESSIDADE.

4.1 Acerca deste assunto, a jurisprudência,


também se mostra clara:

CIVIL - EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS - BENEFÍCIO


PAGO A EX-CÔNJUGE - CARÁTER EXCEPCIONAL E
SUPLEMENTAR - FILHOS MAIORES E CAPAZES -
OBRIGAÇÃO PRIMORDIAL DOS DESCENDENTES -
POTENCIAL POSSIBILIDADE DE AUXÍLIO NO
SUSTENTO DA GENITORA - DIMINUIÇÃO DA
CAPACIDADE CONTRIBUTIVA DO ALIMENTANTE -
DEMONSTRAÇÃO - CONSTITUIÇÃO DE NOVA
FAMÍLIA - REDUÇÃO DA PENSÃO - POSSIBILIDADE.
(grifamos) 5

5 Ao longo de mais de vinte e cinco anos a


agravada recebeu religiosamente expressivos valores a título de pensão
alimentícia, o que representa hoje, quase R$ 4.000,00 (quatro mil reais)
mensais, além de valores em pecúnia e um patrimônio capaz de gerar renda, a
exemplo do imóvel situado no litoral.

6 Cabe ressaltar ainda que, o agravante e


sua esposa tiveram todas as suas contas bloqueadas, conforme
comprovantes anexos, o que o impossibilitaria de saldar sua dívida à
vista, sem qualquer audiência de conciliação, a fim de acordar o
pagamento.

7 O agravante ________, teve o bloqueio


de R$ __________ junto ao BRADESCO PRIME, e ainda tem um débito
junto à instituição financeira no valor de ___________, além de saldo
negativo, inclusive com devolução de cheque junto ao Banco ____
(documentos anexos).

8 Dessa forma fica evidente que é


totalmente justificável o suposto inadimplemento.

III
PROPOSTA DE ACORDO

5 TJDFT - 20060110276179APC, Relator J.J. COSTA CARVALHO, 2ª Turma Cível,


julgado em 23/04/2008, DJ 14/05/2008 p. 48.
1 Tendo em vista a cota ministerial de fls.
que mencionou “...Deixou, por fim, de apresentar qualquer proposta plausível
para solução do débito em aberto...”

2 Ora, se a defesa de justificativa do


executado, ora agravante foi a própria ação de exoneração/revisional (petição
anexa), não havia qualquer possibilidade de pagamento.

3 Por outro lado, o Nobre representante


Ministerial, tampouco sugeriu uma audiência de conciliação para tentativa
de solucionar o conflito, preferindo opinar pela pior hipótese que
infelizmente é a letra fria da Lei, A PRISÃO, que inclusive é objeto de projeto
de Lei6, para modificação desta grave e perigosa sanção.

6 Projeto de Lei 991/11 - PROJETO DE LEI No , DE 2011 (Do Sr. Lira Maia ) Altera o artigo 1.698
da Lei nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002 – Código Civil. O Congresso Nacional decreta: Art. 1o Esta
lei altera a redação do o art. 1.698 da Lei nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002 – Código Civil. Art. 2o O
art. 1.698 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, passa a vigorar com a seguinte redação : ”Art.
1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar
totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas
obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada
ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. Parágrafo único. O pai ou a
mãe que não tenha condições de suprir alimentos aos seus filhos, deverá prestar serviços à comunidade
ou à entidade pública enquanto a obrigação de prestar alimentos recaia sobre outrem (NR).” Art. 3o Esta
lei entra em vigor na data de sua publicação. JUSTIFICAÇÃO Alimentos, em uma concepção jurídica,
são prestações para satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si, abrangem
tudo que é indispensável para satisfazer as necessidades humanas. Englobam o absolutamente preciso
ao sustento, vestuário, habitação, assistência médica e instrução. Em suma, o benefício não se resume
apenas ao essencial para a alimentação, mas abrange também as necessidades intelectuais e morais. O
próprio art. 1701 do Código Civil assim preconiza : Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos
poderá pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o
necessário à sua educação, quando menor. Parágrafo único. Compete ao juiz, se as circunstâncias o
exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestação. Vale nesse ponto trazer à colação as lições de
Sílvio Rodrigues sobre o tema: Alimentos, em Direito, denomina-se a prestação fornecida a uma pessoa,
em dinheiro ou em espécie, para que possa atender às necessidades da vida. A palavra tem conotação
muito mais ampla do que na linguagem vulgar, em que significa o necessário para o sustento. Aqui se
trata não só do sustento, como também do vestuário, habitação, assistência médica em caso de doença,
enfim de todo o necessário para atender às necessidades da vida; e, em se tratando de criança, abrange
o que for preciso para sua instrução.1 Cumpre evidenciar que o dever de prestar alimentos tem seus
alicerces na solidariedade familiar, que se consigna numa obrigação personalíssima devida pelo
alimentante ao alimentando em razão do parentesco que o une ao beneficiado. Portanto, o fundamento
da obrigação de alimentar reside na solidariedade entre os membros que fazem parte da mesma família.
Assim, em razão do princípio da solidariedade familiar, a obrigação de prestar alimentos pode recair sobre
os avós, tanto paternos quanto maternos. Essa situação ocorrerá no casos em que o pai ou a mãe, titular
do dever de alimentar não tiver condições de adimplir a referida obrigação. Essa é a inteligência que se
extrai do art. 1.698 do Código Civil, qual seja : 1 RODRIGUES, Sílvio. Direito civil; direito de família, v. 6,
São Paulo: Saraiva.
4. Ressalte-se que, com a prisão do
executado não solucionará o problema da exequente, que é o
recebimento do valor, supostamente em aberto.

5. Assim, o executado, ora agravante


através de empréstimos com terceiros, inclusive familiares, consegue garantir
uma proposta para a solução do conflito no valor de R$ ______, pagos da
seguinte forma:

a) R$ ______ no ato da assinatura do


acordo.

b) R$ _______ em ___de____de 20__.

c) 12 prestações de R$ ______a partir do


dia __do mês de _____ de 20__ e as demais nos mesmos dias dos meses
subsequentes.

5 Assim requer, seja concedida,


liminarmente, a revogação da decretação da prisão civil do agravante,
pelo menos, por ora, até que a agravada fique ciente da proposta do
acordo, bem como sua aceitação.

Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar
totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas
obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada
ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. A norma, ao garantir ao
descendente o direito de receber pensão alimentícia por parte dos avós visa garantir a subsistência
daqueles que não podem prover o próprio sustento. Desse modo, quando o ascendente de primeiro grau
não puder atender às necessidades do alimentando, a Lei, sabiamente, indica alguém, dentro do seio
familiar, que possa fazê-lo. Ocorre, porém, que tal regra tem incentivado , em muitos casos, o ócio dos
pais cuja responsabilidade fora transferida para outrem, em geral para os avós. Assim, julgamos de bom
alvitre que os pais faltosos com o dever de alimentar sejam, de alguma forma, penalizados com sanção
pedagógica. Nesse sentido, propõe-se alterar o Código Civil, estabelecendo que o pai ou a mãe, não
pagador de alimentos, preste serviços à comunidade ou à entidade pública até que possa atender às
necessidades de seus descendentes. Isso posto, contamos com o apoio dos ilustres Pares para a
aprovação do presente projeto de lei. Sala das Sessões, em de de 2011. Deputado LIRA MAIA
IV
DOS PEDIDOS

ISSO POSTO, requer a Vossa Excelência


se digne, liminarmente, conceder o efeito suspensivo do R. Despacho, no
que tange não apenas a decretação da prisão civil do agravante, bem
como, porque nenhum dos requerimentos apresentados na justificativa foi
concedido pelo juízo a quo, negando assim ao agravante, a ampla defesa e
contraditório cerceando totalmente sua defesa, já que não terá condições de
arcar com o valor sem uma audiência prévia, por ter suas contas bloqueadas
judicialmente.

Nestes termos
Pede deferimento

São Paulo, __ de _____ de 20__

_______________________ _______________________
OAB/SP _____ OAB/SP ____________

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