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DIREITO CIVIL
Contratos em Espécie – Parte III
Carlos Elias
Apresentação..................................................................................................................4
Contratos em Espécie - Parte III......................................................................................5
1. Mandato.......................................................................................................................5
1.1. Legislação.................................................................................................................5
1.2. Definição e Espécies (Judicial e Extrajudicial)............................................................5
1.3. Natureza Personalíssima..........................................................................................6
1.4. Forma do Mandato. ...................................................................................................6
1.5. Objeto do Mandato. ...................................................................................................8
1.6. Classificação. ............................................................................................................8
1.7. Presunção de Gratuidade........................................................................................ 10
1.8. Representação vs Mandato..................................................................................... 10
1.9. Mandato e Representação vs Nunciatura................................................................. 11
1.10. Incapaz como Mandante......................................................................................... 11
1.11. Incapaz como Mandatário....................................................................................... 12
1.12. Proibições Legais de ser Mandatário. . .................................................................... 12
1.13. Substabelecimento................................................................................................ 13
1.14. Procuração em Causa Própria................................................................................17
1.15. Obrigações do Mandatário.................................................................................... 20
1.16. Obrigações do Mandante...................................................................................... 20
1.17. Conflito de Interesse. .............................................................................................22
1.18. Excesso de Poderes: o Mandante e o Terceiro. . ......................................................24
1.19. Extinção do Mandato.............................................................................................25
1.20. Mandato Aparente............................................................................................... 30
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Contratos em Espécie – Parte III
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Contratos em Espécie – Parte III
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Apresentação
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1.1. Legislação
Mandato1 é contrato por meio do qual o mandatário recebe poderes para praticar atos e
administrar interesses em nome e por conta do mandante. Por isso, o mandante é que fica
obrigado pelo ato do mandatário. Em poucas palavras, pelo mandato, uma pessoa (mandante)
pode praticar um ato jurídico por meio de outra (mandatário).
A característica principal do mandato é a de que ele implica representação, o que não su-
cede na locação de serviços nem na comissão mercantil tampouco na preposição (como a de
funcionários).
Os mandatos podem ser extrajudicial (ou ad negotia) ou judicial (ad judicia).
O mandato extrajudicial se destina aos demais casos, para prática de negócios. Instrumen-
taliza-se pela procuração ad negotia.
Já o mandato judicial é o celebrado para outorgar poderes ao advogado para postulação
judicial, pois, em regra, só o advogado tem capacidade postulatória (ou seja, capacidade para
praticar atos em juízo). Rege-se pela lei processual e, supletivamente, pelo CC (art. 691, CC).
Instrumentaliza-se pela procuração ad judicia.
1
“A denominação deriva de manu datum, porque as partes se davam as mãos, simbolizando a aceitação do encargo e a
promessa de fidelidade no cumprimento da incumbência. O vocábulo mandato designa ora o poder conferido ao mandante,
ora o contrato celebrado, ora o título deste contrato, de que é sinônima a procuração” (Gonçalves, 2010, p. 410).
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O mandato é contrato não solene, por poder ser realizado, de regra, sob qualquer forma.
O CC admite expressamente mandato verbal e tácito (art. 656, CC). Ex. de mandato verbal: dei-
xo cheque assinado em branco para meu colega pagar a conta do almoço; dou meu cartão e a
senha pessoal a colega para que este saque valores a mim.
1.4.2. Procuração
Por ser contrato – negócio jurídico bilateral (resulta de duas ou mais vontades) –, o man-
dato depende do consentimento de ambas as partes para se aperfeiçoar.
Todavia, a aceitação não precisa ser expressa; pode ser tácita, quando resulta do começo
da execução (art. 659, CC).
Apesar de haver quem que admita presumir a aceitação do mandato na hipótese de um
profissional receber uma procuração e manter silêncio, tudo com fundamento do no art. 111
do CC (Gonçalves), entendemos diferente em razão da especialidade do art. 659 do CC, que
exige a aceitação tácita do mandato envolva o começo da execução. Assim, o mero fato de um
cliente entregar uma procuração a um advogado não significa que ele já aceitou o mandato.
É necessário que o advogado use a procuração.
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Em regra, a forma do mandato é livre (art. 656, CC). Sucede que, pelo princípio da atração
das formas (art. 657, CC), o mandato deve revestir-se da mesma forma exigida, por lei (art. 107,
CC) ou por vontade (art. 109, CC), ao ato final a ser praticado. Ex.: procuração em escritura pú-
blica para alienação de imóvel de valor superior a 30 salários-mínimos (art. 108, CC); procura-
ção deve ser escrita para doação ou fiança, que estas exigem forma escrita em regra (arts. 541
e 819 do, CC).
Se o ato final pode ser celebrado por qualquer forma, o mandato também o poderá, de ma-
neira que a forma da procuração não precisará coincidir com a forma escolhida voluntariamen-
te para o ato final. Assim, uma procuração por instrumento particular pode ser utilizada para
celebrar um contrato por escritura pública, se a forma pública do ato final não era obrigatória
por lei ou por vontade das partes na forma do art. 109 do CC, mas decorreu de mera conveni-
ência das partes.
Cegos e analfabetos, por não terem como assinar nem entenderem o teor do mandato (pre-
cisam de assinatura a rogo), só podem outorgar procuração escrita por instrumento público.
Quando se tratar de mandato verbal, não há óbices a que o mandante seja cego ou anal-
fabeto. Nesse caso, porém, não há uma procuração, que é o instrumento escrito do mandato.
Como o mandato é não solene, não há, em regra, necessidade de reconhecimento de firma.
Todavia, no mandato ad negotia (extrajudicial), o terceiro pode exigir o reconhecimento de
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firma (art. 654, § 2º, CC). Essa exceção não vale para o mandato ad judicia se esta for apre-
sentada pelo advogado em juízo, pois, no sistema processual, o advogado tem fé pública para
declarar a autenticidade de documentos (interpretação extensiva do art. 425, IV, CPC).
Por fim, a procuração apresentada perante Cartório de Registro de Títulos e Documentos
precisa ter firma reconhecida e, nesse caso, entendemos que isso não vale para procuração ad
judicia se houver declaração do advogado quanto à autenticidade do documento (art. 158, Lei
n. 6.015/1973).
O mandato não se restringe a atos patrimoniais, mas a todos os atos da vida civil em geral.
Ex.: mandato para reconhecimento de filho e para casamento.
Ademais, é possível acionista constituir mandatário para votação em assembleia geral de
sociedade anônima, atendidas certas condições legais (art. 126, § 1º, da Lei n. 6.404/1976).
Ademais, atos personalíssimos não podem ser objetos de mandato. Ex.: testamento, pres-
tação de serviço público, mandato eletivo, voto em eleições de políticos e exercício de poder
familiar.
1.6. Classificação
Quanto à extensão dos poderes, o mandato pode ser em termos gerais ou com poderes
especiais.
Mandato em termos gerais (ou com poderes gerais) é aquele que só confere poderes de
administração (art. 661, CC).
Mandato com poderes especiais é aquele que expressamente prevê a prática de atos que
excedem a administração ordinária, como alienar, hipotecar e transigir (art. 661, § 1º, CC).
Outros casos em que se exigem poderes especiais: prestar fiança, casar (art. 1.542 do CC),
representar testamenteiro (art. 1.985, CC), prestar aceite em cambial.
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A interpretação dos poderes outorgados no mandato deve ser restritiva, segundo doutrina,
embora se admitam poderes implícitos.
Poderes implícitos são aqueles que, por imperativo lógico, guardam conexão com o poder
explícito. Por exemplo, o poder de vender o imóvel implica implicitamente o poder de assinar a
escritura de venda desse bem; o poder de receber o pagamento pressupõe tacitamente o poder
de dar quitação.
1.6.2. Quanto aos atos a serem praticados (mandato geral e mandato espe-
cial)
Quanto aos atos a serem praticados, o mandato pode ser geral ou especial.
O mandato geral é outorgado para qualquer negócio do mandante (art. 660, CC).
Essa classificação não se confunde com a já tratada classificação quanto à extensão dos
poderes; elas coexistem. Assim, por exemplo, se dou procuração para uma imobiliária cuidar
do meu imóvel para resolver problemas em geral, estou celebrando um mandato especial (por-
que se volta apenas a um negócio especificado: administrador o imóvel; e não para cuidar de
todos os meus bens e interesses) e em termos gerais (a imobiliária pode praticar qualquer ato
de administração ordinária do imóvel). Se, nesse mesmo exemplo, eu só estou dando poderes
para a imobiliária vender o imóvel, o mandato aí é especial e com poderes especiais.
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a) Solidário: Qualquer mandatário pode atuar sozinho. presume-se que o mandato plural
é solidário, salvo estipulação diversa (art. 672, CC). É a cláusula in solidum, que se presume
presente no mandato, se não existente cláusula em sentido diverso.
b) Conjunto: todos devem agir conjuntamente ou com ratificação posterior do outro (caso
em que a ratificação retroagirá à data do ato, conforme art. 672, CC).
c) Fracionário: os limites da atuação de cada mandatário são traçados no mandato, de
modo que cada um atua dentro de sua esfera de competência.
Presume-se que o mandato é gratuito, salvo pacto contrário ou o mandatário exerce ativi-
dade por profissão. Se não houver retribuição estipulada e a natureza do mandato for onerosa
(a saber, quando o mandatário age profissionalmente), a remuneração será fixada por arbitra-
mento pelo juiz com base na natureza, complexidade e duração do serviço (art. 658, CC).
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representada por seus pais, outorgue procuração em favor de um paulista que se incumba de
se incumba de ir perante o fisco paulista para pagar ou parcelar a dívida. Nesse caso, sequer
haveria necessidade de autorização judicial, pois o ato não extrapola os limites da mera ad-
ministração dos bens do infante (art. 1.691, CC). Se, porém, o objetivo é a vender o imóvel de
São Paulo, o menor poderá, representado ou assistido por seus pais, outorgar procuração a
um corretor de imóveis paulista, mas também fornecer-lhe um autorização judicial (alvará) que
autorize a venda do bem, pois aí não se tem ato de simples administração (art. 1.691, CC). Não
há necessidade de esse alvará autorizar o mandato; basta que ele autorize a venda do imóvel.
Igualmente, se o menor precisa de um advogado para impugnar um tributo cobrado indevida-
mente, nada impede que ele, representado ou assistido pelos seus pais, outorguem procuração
ao advogado sem autorização judicial por se cuidar de ato de mera administração.
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Servidor público não pode ser procurador perante repartição pública, salvo de parente
até 2º grau em obtenção de benefícios previdenciários ou assistenciais (art. 117, XI, da Lei
n. 8.112/90).
1.13. Substabelecimento
1.13.1. Definição, cabimento e responsabilidade civil do substabelecente
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ção indébita, causando dano ao cliente. Nesse caso, temos que o art. 667 do CC seria aplicável
apenas em favor de João, que não mantinha contrato de prestação de serviço com o cliente.
Assim, João só poderia ser responsabilizado se tivesse incorrido em culpa in eligendo ou em
culpa na instrução de Manoel. Por outro lado, o advogado contratado responderia perante o
cliente com fundamento no contrato de prestação de serviço.
Portanto, entendemos que o art. 667 do CC, que trata da responsabilidade civil do substa-
belecente por ato do substabelecido, não se aplica quando o substabelecente mantiver, com
a vítima, contrato de prestação de serviço em coligação com o contrato de mandato, pois o
fundamento da responsabilidade civil será aquele primeiro contrato.
A matéria é nova no STJ: só foi analisada pela sua 3ª Turma em apenas um julgado. A 4ª
Turma ou 2ª Seção ainda haverão de julgar um caso similar e poderão adotar outro caminho.
A própria 3ª Turma poderá mudar seu entendimento com outros casos.
O substabelecimento pode ser instrumento particular, ainda que a procuração tenha sido
pública (art. 655, CC). Todavia, segundo doutrina majoritária, segue aplicável o princípio do
paralelismo das formas do art. 657 do CC, de sorte que, se o ato a ser praticado exigir forma
pública, o substabelecimento deverá também ser por escritura pública. É o que dispõe o enun-
ciado n. 182 das Jornadas de Direito Civil (“O mandato outorgado por instrumento público pre-
visto no art. 655 do Código Civil somente admite substabelecimento por instrumento particular
quando a forma pública for facultativa e não integrar a substância do ato”).
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É comum de ser utilizado como forma de “alienar o bem”: o “vendedor”, no lugar de celebrar
um contrato de compra e venda, outorga poderes ao “comprador” por meio de procuração em
causa própria e recebe o preço do imóvel. Essa procuração não transfere o direito real de pro-
priedade, mas dá poderes ao “comprador” para alienar a coisa para si mesmo ou para terceiros.
Desse modo, se o “comprador” quiser transferir o direito real para si, basta ele, usando
a procuração, celebrar um contrato consigo mesmo (ou autocontrato3), ou seja, celebrar um
contrato de compra e venda em que o “comprador” assinará o campo da assinatura dos dois
polos contratuais: assinará no polo do “vendedor” na condição de mandatário do titular do
titular do direito real de propriedade (assinará “por procuração”) e, também, assinará no polo
do “comprador” em nome próprio. Soa estranha a aparência da escritura: uma mesma pessoa
assinando os dois polos da escritura de compra e venda, como se ela estivesse vendendo o
imóvel para si mesmo. Juridicamente, porém, não se trata de uma venda para si mesmo, pois,
no campo do “vendedor”, a pessoa está assinando em nome do mandante, e não em nome
próprio.
O mandato em causa própria é usada também como forma de burlar o pagamento de ITBI,
imposto cujo fato gerador é, à luz do STJ, transferência da propriedade imobiliária, que somen-
te se opera mediante registro do negócio jurídico no ofício competente” (STJ, AgRg no AREsp
n. 215.273/SP, 2ª Turma, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJe 15/10/2012). Se eu quero com-
prar um imóvel a preço baixo com a intenção de revendê-lo a terceiros a um preço maior para
ter um lucro, esse arranjo negocial exigiria duas transmissão onerosas de imóvel: uma do atual
proprietário para mim por meio do registro da escritura de compra e venda que celebraríamos;
outra de mim para o terceiro adquirente. Haveria, pois, a cobrança de dois ITBIs. Para contornar
um dos ITBIs, eu poderia obter uma procuração em causa própria do atual proprietário, pagan-
3
A autocontratação é admitida apenas nos casos permitidos em lei (art. 117, CC), como é o caso do emprego da procura-
ção em causa própria (art. 685, CC). Não se admite a autocontratação quando for evidente o conflito de interesses entre o
dominus negotii e o representante. Essa é a ratio essendi da Súmula n. 60/STJ: “É nula a obrigação cambial assumida por
procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste”.
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do-lhe o preço do imóvel. Nesse caso, não há uma efetiva compra e venda e, portanto, não há
transferência do direito real de propriedade, de maneira que não haverá o fato gerador do ITBI.
Em seguida, eu posso, representando o atual proprietário, assinar uma escritura pública de ven-
da do imóvel para o terceiro, que, em contrapartida, pagará para mim o preço maior que eu co-
brei. Com o registro dessa escritura, o direito real de proprietário será transferido diretamente
para esse terceiro, sem passar por mim, o que será o fato gerador do ITBI. Nessa sistemática,
só haverá a cobrança de um ITBI.
Há controvérsias se essa operação configura ou não fraude fiscal e também se a procura-
ção em causa própria poderia ser registrada no Cartório de Imóveis. Entendemos que não há
fraude fiscal, pois o mandatário “em causa própria”, além de ter-se valido de um negócio jurídi-
co expressamente previsto em lei (no art. 685 do CC), jamais se tornou titular do direito real de
propriedade e, portanto, nunca desfrutou dos privilégios desse tipo de direito (como a oponi-
bilidade erga omnes), de modo que seria descabido cobrar ITBI para essa hipótese a pretexto
de simulação. Não há simulação nem fraude. Entendemos ainda que a procuração em causa
própria não pode ser objeto de registro na matrícula do imóvel em razão da taxatividade dos
atos de registro (art. 167, I, da LRP), mas poderia ser objeto de averbação por força da natureza
exemplificativa dos atos de averbação (art. 246, LRP), mas isso não terá o condão de transferir
o direito real de propriedade.
Quando, por exemplo, a lavratura da escritura pública de compra e venda de um imóvel não
pode ser efetuada em razão da ausência de reunião de todos os documentos necessários e
o proprietário se vê impossibilidade de aguardar essa regularização documental por motivo,
por exemplo, de uma iminente viagem, poderá o vendedor outorgar um mandato ao adquirente
para que este, após sanar as falhas documentais, conclua o negócio jurídico, lavrando o instru-
mento translativo correspondente (escritura pública ou instrumento particular, a depender da
hipótese) e, em seguida, registrando a operação no Registro de Imóveis.
Nesse caso, a lavratura do supracitado instrumento translativo configurará um contrato
consigo mesmo, assinado pelo adquirente, de um lado, em nome próprio, como comprador e,
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de outro lado, como mandatário, como alienante. O adquirente, pois, figurará nos dois polos
contrapostos do negócio, motivo por que se fala em contrato consigo mesmo.
Além das obrigações inerentes ao mandato (ser diligente, agir dentro dos poderes e inde-
nizar danos culposamente causados) – tudo previstas no art. 667 do CC –, o mandatário tem
o dever de:
Prestar contas e transferir vantagens ao mandante (art. 668, CC).
Não compensar vantagens obtidas com prejuízos a que deu causa (art. 669, CC).
Apresentar o instrumento de mandato a terceiros.
Concluir negócio já iniciado, mesmo ciente da morte, interdição ou mudança de estado do
mandante (algumas das causas extintivas do mandato), se houver perigo na demora (art. 674,
CC). Semelhantemente, o procurador judicial fica obrigado durante dez dias após notificação
de renúncia a praticar atos que evitem prejuízo ao mandante (art. 45 do CPC).
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Sistema Financeiro de Habitação.
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Para cobrar os seus créditos perante o mandante (remuneração e indenização pelas des-
pesas havidas na execução do mandato), o CC dá garantias ao mandatário: o direito de reten-
ção e a solidariedade passiva dos mandantes.
Em primeiro lugar, ele possui o direito de retenção da coisa obtida por conta do mandato
enquanto o mandante não pagar sua dívida (art. 681, CC). Embora o art. 681 do CC textualmen-
te só faça menção à indenização pelas despesas tidas pelo mandatário, a doutrina majoritária
confere-se interpretação extensiva para entender que o direito de retenção é para qualquer
dívida do mandante, inclusive a relativa à remuneração devida ao mandatário. Nesse sentido
é o enunciado n. 184/JDC (“Da interpretação conjunta desses dispositivos [arts. 664 e 681 do
CC], extrai-se que o mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi come-
tida, tudo o que lhe for devido em virtude do mandato, incluindo-se a remuneração ajustada e
o reembolso de despesas”).
Em segundo lugar, se houver mais de um mandante, todos eles são solidariamente respon-
sáveis pela dívida, assegurado o direito de regresso entre eles (art. 680, CC).
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O mandatário age não apenas em nome, mas também no interesse do mandante. Há, po-
rém, situações em que o mandatário pode também ter um interesse pessoal no negócio, caso
em que estaríamos diante de um conflito de interesse entre o mandatário e o mandante.
O tema precisa ser tratado sob duas perspectivas: uma na relação entre mandante e man-
datário e outra na perante terceiros. A resposta passa pela boa-fé objetiva e pela autonomia da
vontade.
Sob a primeira perspectiva (mandante vs mandatário), temos que o conflito de interesse
não é impeditivo para a celebração do contrato de mandato, mas, em nome da boa-fé objetiva,
é dever do mandatário comunicar o mandante acerca dessa situação de conflito de interesse
para ciência. Eventual atuação do mandatário contrariamente aos interesses do mandante
poderá gerar responsabilização civil. O mandante, por conta da autonomia da vontade, pode
querer determinada pessoa como mandatário apesar do conflito de interesse: não há óbice
jurídico a tanto.
Sob a segunda perspectiva (mandante vs terceiro), o terceiro de boa-fé não pode ser preju-
dicado. Por isso, se o terceiro sabia, ainda que potencialmente, a existência de conflito de inte-
resse entre mandante e mandatário e, ainda assim, concretizou o negócio, esse negócio será
anulável no prazo decadencial de 180 dias, conforme art. 119 do CC. Apesar do silêncio desse
dispositivo, entendemos que a anulabilidade depende de prova do prejuízo para o mandante,
tudo em nome do princípio da conservação do negócio jurídico.
Indaga-se: Pode uma mesma pessoa ser mandatário de todas as partes de um mesmo
contrato? Por exemplo, poderia uma mesma pessoa ser mandatário do vendedor e do compra-
dor de um imóvel e, nessa condição, assinar a escritura pública de compra e venda em nome
dos dois?
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O tema é controverso.
A Corregedoria-Geral de Justiça do TJRS proíbe situação de a mesma pessoa ser mandatá-
ria de pessoas com interesses diferentes, conforme o art. 591 do Provimento n. 32/06-CGJ, in
litteris: “Uma só pessoa pode assinar por diversas, mas há de ser idêntico o interesse delas;
se não o for, devem intervir tantas pessoas quantos sejam individualmente ou em grupos
com interesses opostos e ainda em relação às impossibilitadas de assinar, inclusive por não
saber”.
Entendemos diferente, tudo com base no princípio da autonomia da vontade e da boa-fé
objetiva. Fora os casos em que há proibição legal ou proibição no contrato de mandato, não ve-
mos impedimento a que a mesma pessoa seja mandatária de pessoas diferentes por falta de
vedação legal. Seja como for, em nome do princípio da boa-fé objetiva, caso o mandatário não
comunique esse fato ao mandante e cause prejuízo a ele, deverá pagar a indenização devida.
Isso, porém, é um problema interno ao contrato de mandato.
Assim, se um brasiliense quer vender um apartamento em Copacabana (Rio de Janeiro)
para um paulista, nada impede que as partes deem procuração a um carioca (o corretor de
imóveis, por exemplo), que irá ao Tabelionato de Notas do Rio de Janeiro para assinar a escri-
tura em nome de ambas as partes.
Chamamos a atenção para o fato de que o art. 119 do CC, ao cominar a anulabilidade,
e não a nulidade, para negócios feitos em conflito de interesse, tutela interesse meramente
particular, e não público, de maneira que soa exagerado, por mera interpretação extensiva, re-
putar nulo o contrato de compra e venda em que as partes foram representadas pela mesma
pessoa. Afinal de contas, a nulidade dependeria da violação de uma norma de ordem pública
(art. 166, VI, CC). Tampouco é possível sustentar a anulabilidade para essa hipótese, pois a
anulabilidade depende de previsão legal específica (art. 171, caput, CC).
No mesmo sentido do aqui defendido, o próprio Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mo-
dificou o art. 12 do Provimento n. 35/2008-CN/CNJ para permitir que um único advogado seja
não apenas o assistente técnico das partes, mas também o representante delas na assinatura
da escritura de inventário e partilha consensuais, o que já era admitido para a escritura de di-
vórcio consensual no art. 36 do mesmo provimento. Aliás, até mesmo em processos judiciais
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Contratos em Espécie – Parte III
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Ato além dos poderes outorgados não vincula o mandante, salvo se este ratificá-lo. A rati-
ficação, nesse caso, retroage à data do ato (art. 662, CC).
A ratificação não precisa ser expressa; ela pode ser também tácita, desde que seja por ato
inequívoco.
Ex.: João, com procuração de administração em geral de bens de Manoel, vende imóvel
deste a Antônio. A venda é ineficaz, salvo se Manoel ratificar o negócio. Se Manoel ratificar a
daqui 1 ano, seja de forma expressa, seja de modo tácito (embolsando, por exemplo, o valor
da venda), considerar-se-á que a venda ocorreu na data do ato, e não na data da ratificação.
Os efeitos tributários (ITBI ou outros), por exemplo, deverão levar em conta a legislação da
época do ato, e não da ratificação.
Mandatário é considerado mero gestor de negócios, quando atua em excesso de poderes,
enquanto não houver ratificação pelo mandante (art. 665, CC). Lembre-se que a ratificação do
dono do negócio imprime à gestão de negócios os efeitos do mandato (art. 873, CC).
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Em razão da boa-fé, se o terceiro sabia dos limites dos poderes do mandatário e, mesmo
assim, praticou o ato exorbitante, ele pode ser considerado um cúmplice da violação contratual
por ter agido de má-fé, de maneria que não poderá pleitear nem o mandatário nem o mandante
(arts. 662 e 673, CC). Afinal de contas, ninguém pode se servir da própria torpeza (tu quoque).
1.19.1. Hipóteses
1.19.2. Revogação
1.19.2.1. Espécies e natureza receptícia
A revogação do mandato pode ser expressa (declaração do mandante) ou tácita (ato in-
compatível do mandante, como assume pessoalmente o negócio). A nomeação de outro pro-
curador, comunicado ao anterior, implica revogação (art. 687, CC).
A revogação do mandato ou a sua renúncia possuem natureza de declaração receptícia,
pois a declaração de vontade precisa chegar à ciência da outra parte para gozar de eficácia
(arts. 686 e 688, CC). Para ter eficácia contra terceiros de boa-fé, a revogação deve ser comuni-
cada também a estes, sob pena de atrair a teoria da aparência em prol dos terceiros de boa-fé
(art. 686, CC).
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Nesse caso, a inserção da cláusula-mandato acima livra o adquirente de, numa eventual
exigência feita pelo registrador imobiliário, chamar novamente o alienante ao Tabelionato de
Notas para lavrar uma escritura pública de re-ratificação. Isso pode ser muito útil, pois, muitas
vezes, o alienante está em local desconhecido ou não terá interesse em se deslocar ao Tabe-
lionato de Notas por já ter recebido o preço.
É óbvio que o poder conferido nessas hipóteses não pode alcançar a prática de atos des-
tinados a alterar elementos do negócio como o objeto do negócio jurídico ajustado, o preço e
a forma de pagamento, nem outras condições essenciais estipuladas em favor do alienante (a
exemplo de eventual condição resolutiva decorrente do inadimplemento).
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Como o mandato se baseia no vínculo de confiança, se qualquer das partes morre ou per-
de o discernimento dos atos negociais (interdição), é da essência do mandato que as partes
mantenham continuamente uma supervisão um do outro, de maneira que, com a morte ou a
interdição de um deles, essa supervisão se inviabiliza, o que justifica a extinção do mandato.
Seja como for, em nome da boa-fé objetiva, se se tratar de morte do mandatário e se havia
algum negócio pendente, os herdeiros do mandatário comunicar o mandante e deverão ado-
tar medidas conservatórias ou, se houver urgência, concluir o negócio que estava pendente
(arts. 690 e 691, CC).
No caso de morte do mandante, o direito a exigir contas que ele tinha transmite-se aos
seus herdeiros, os quais possuem legitimidade ad causam para exigir do mandatário o cum-
primento desse dever. Claro: os herdeiros do mandante têm o direito de saber se o mandatário
desempenhou adequadamente o seu dever para, no caso de mal exercício do mandato, cobrar
indenização (STJ, AgInt no AREsp 865.725/RS, 3ª Turma, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze,
DJe 06/08/2019).
No caso de morte do mandatário, indaga-se: o dever de prestar contas que ele tinha se
transmite ou não aos seus herdeiros?
A matéria não parece estar tão amadurecida no STJ, mas passamos a expor a melhor inter-
pretação que se extrai dos poucos julgados dessa Corte.
Segundo STJ, a regra é a de que o dever de prestar contas não se transmite aos herdeiros
do mandatário diante do caráter personalíssimo do mandato: os herdeiros, no mais das vezes,
não teria como prestar as contas por não deterem os documentos e as informações que só o
falecido mandatário tinha. Basta pensar em como uma criança de 2 anos de idade iria prestar
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contas no lugar do seu falecido pai, que era mandatário de outrem (STJ, REsp n. 1122589/MG,
3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 19/4/2012).
Entretanto, ocorrendo a morte do mandatário ocorrer no curso da ação de exigir contas,
esse feito não se extinguirá, e o dever de prestar contas se transmitirá aos herdeiros do fale-
cido se, nos autos, já houver documentos probatórios suficientes para avaliar a adequação
das contas. Em outras palavras, se o mandatário, em vida, já apresentou as informações e os
documentos de que dispunha no processo, os seus herdeiros (geralmente por meio do espólio)
poderão sucedê-lo no polo processual por já não haver mais provas a serem produzidas. O ca-
ráter personalíssimo do mandato aí se tornou irrelevante (STJ, REsp 1480810/ES, 3ª Turma,
Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 26/03/2018).
Sinaliza ainda o STJ para a possibilidade de haver a transmissibilidade do dever de prestar
contas para os herdeiros do mandatário a depender do caso concreto, especialmente quando
se verificar a viabilidade de os herdeiros acessarem as informações e os documentos neces-
sários à prestação das contas, especialmente quando o falecimento do mandatário ocorrer
no curso do ação de exigir contas (STJ, REsp 1203559/SP, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe
Salomão, DJe 17/03/2014).
Portanto, segundo o STJ, o dever de prestar contas não se transmite aos herdeiros do man-
datário no caso de morte deste. A exceção corre à conta da hipótese de o mandatário, em vida,
já ter juntado os documentos e as informações de que dispunha sobre as contas nos autos
da ação de exigir contas, visto que, nessa hipótese, não haverá prejuízos aos herdeiros com a
transmissibilidade.
Por fim, no caso de tutela e curatela, há previsão expressa da transmissibilidade do dever
de prestar contas no caso de morte do tutor ou do curador (arts. 1.749, II, e 1.774 do CC).
A tendência do STJ parece ser a de conferir interpretação restritiva a esse dispositivo para fixar
o mesmo entendimento acima do mandato, de modo que a transmissibilidade só ocorrerá se
já houver ação de exigir contas em curso com satisfatório suporte probatório relativo às con-
tas do falecido tutor ou do falecido curador. Isso é extraído do fato de que o STJ admitiu essa
transmissibilidade causa mortis do dever de prestar contas em um caso de falecimento de um
curador (que, antes, havia sido mandatário) no curso de ação de exigir contas, tudo porque o
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falecido já havia apresentado uma vastidão de documentos acerca do período de sua gestão
na condição de mandatário e, depois, de curador (STJ, REsp 1480810/ES, 3ª Turma, Rel. Minis-
tra Nancy Andrighi, DJe 26/03/2018).
Ao nosso sentir, o STJ caminha bem nessa sua tendência, mas nós acrescentaríamos ape-
nas a possibilidade de a transmissibilidade do dever de prestar contas ocorrer mesmo sem
haver uma ação de exigir contas em curso no momento da morte do mandatário, desde que, no
caso concreto, o juiz verifique que os herdeiros teriam condições de acessar documentos ou
informações necessárias à prestação de contas ou verifique que não há nada a ser acessado.
Assim, entendemos que o dever de prestar contas se transmite aos herdeiros do mandatário
sempre que, de acordo com o caso concreto, o juiz verificar que inexistirá prejuízo à defesa
deles.
O mandato aparente está previsto nos arts. 686 e 689 do CC e se baseia na teoria da apa-
rência.
Mandato aparente consiste na hipótese em que terceiro de boa-fé contrata com quem os-
tenta a aparência de mandatário, mas não o é por conta de revogação (art. 686, CC) ou de outra
forma de extinção do mandato, como a morte do mandante (art. 689, CC).
No caso de revogação, o ato praticado perante o terceiro de boa-fé é válido e eficaz, asse-
gurado, porém, o direito à indenização contra o mandatário de má-fé, que já tinha ciência da
revogação em razão da notificação revocatória exigida pelo art. 686 do CC. A ideia aí é a de que
a revogação é ato privado e inacessível por terceiros, pois consiste numa comunicação privada
entre o mandante e o mandatário, de maneira que o terceiro
No caso de outras formas de extinção do mandato – as quais estão nos incisos II ao IV
(morte, interdição, mudança de estado e término do prazo do mandato),, o ato praticado pe-
rante o terceiro de boa-fé só será válido e eficaz se também o mandatário estava de boa-fé por
ignorar essa outra causa extintiva do mandato (art. 689, CC). Se, porém, o mandatário sabia
dessa outra causa extintiva, o ato praticado perante o terceiro não será eficaz, ainda que esse
terceiro esteja de boa-fé. A ideia é a de que o terceiro poderia, ainda que com esforço, descobrir
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a causa extintiva por se tratar de fato público. Além disso, prestigiar o terceiro de boa-fé aí seria
esvaziar a utilidade prática dessas causas extintivas diversas da revogação.
Com base na boa-fé, da qual decorre a teoria da aparência, é possível admitir o mandato
aparente em outras situações, independentemente de previsão legal. Essa tutela da boa-fé por
meio da teoria da aparência no contrato de mandato guarda coerência com outras hipóteses
do Código Civil, como a do credor putativo (art. 309, CC).
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nos contratos de cartão de private label5. Não há aí emissão de título de crédito em nome do
mandante (o cliente).
No tocante ao segundo uso (para buscar recursos no mercado financeiro), a administrado-
ra é obrigada a prestar contas ao cliente sobre o modo como exerceu o mandato para obter
recursos no mercado financeiro (STJ, REsp 387.581/RS, 4ª Turma, Rel. Min. Ruy Rosado de
Aguiar, DJ 01/07/2002).
Caso interessante julgado pelo STJ foi da Renner Administradora de Cartão de Crédito
Ltda, que oferece cartão de crédito private label com a marca “Renner” aos consumidores.
O voto do sempre talentoso Ministro Marco Buzzi detalha bem a hipótese (STJ, REsp 1084640/
SP, 2ª Seção, Rel. Ministro Marco Buzzi, DJe 29/09/2015).
Ela usa a cláusula-mandato para obter recursos no mercado financeiro quando precisa arcar
com parte das faturas mensais que não foram pagas integralmente pelo consumidor (= é comum
consumidor pagar as faturas do cartão de crédito parcialmente, o que leva a administradora do car-
tão a buscar dinheiro no mercado financeiro para cobrir esse pagamento parcial).
Até a Lei Complementar n. 105/2001, as administradoras de cartão de crédito não podiam
ser instituições financeiras, o que as levavam a buscar recursos perante os bancos. A partir
daí, várias administradoras passaram a se transformar ou a criar instituições financeiras, ob-
servando todos os requisitos normativas da lei e do Bacen. Desse modo, enquanto instituições
financeiras, essas administradoras não precisavam mais de buscar dinheiro no mercado fi-
nanceiro, pois elas mesmas se encarregavam de “financiar” o débito e, assim, na condição de
instituição financeira, poder cobrar diretamente do cliente os salgados juros remuneratórios
incidentes sobre a parcela não paga da fatura. Nesse sentido, é a Súmula n. 283/STJ (“As em-
5
Private label (marca própria) é uma espécie de terceirização da produção. Lojas grandes, como a Zara, por exemplo, podem
contratar outras empresas para produzir roupas e colocar nelas as etiquetas com a marca dessa grande loja (label se traduz
por etiqueta). No Brasil, as cadeias de supermercado Carrefour e Wall Mart foram as primeiras a se valerem da private
label, vendendo, em suas gôndolas, vários produtos a preço competitivo com suas etiquetas. Isso serve como estratégia de
branding (trabalho de divulgação da marca). Isso também ocorre nos cartões de crédito: lojas grandes produtos oferecem
cartões de crédito aos seus clientes com a marca da empresa e, para tanto, essas lojas grandes terceirizam essa atividade
financeira para uma administradora de cartão de crédito. É o caso dos cartões de crédito com a marca C&A, Renner, Tam,
nos anos 2000 Ipiranga, Gol etc. Trata-se do que se chama de cartões de crédito private label, as quais se desenvolveram
como forma de substituir os velhos sistemas de crediários. O comum é que esse cartão de crédito private label seja utili-
zado em qualquer estabelecimento que aceite a bandeira do cartão, mas há casos em que o cartão somente é aceito em
alguns estabelecimentos, como nos relacionados à empresa que dá a “marca” ao cartão.
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presas administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros
remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura”). Se a adminis-
tradora não fosse instituição financeira, ela só poderia cobrar, no máximo, os tímidos juros
remuneratórios autorizados pelo art. 591 do CC.
As administradoras de cartão de crédito private label, todavia, não costumam ser institui-
ções financeiras, a exemplo da supracitada Renner Administradora de Cartão de Crédito Ltda,
o que faz a cláusula-mandato ser essencial para o sucesso da atividade dessas administra-
doras, que, em nome do cliente, podem buscar recursos perante instituições financeiras para
cobrir a parcela não paga da fatura mensal pelo cliente. Assim, ao pagar parcialmente a fatura,
o consumidor irá pagar a diferença diretamente para a instituição financeira perante quem a
administradora, usando a cláusula-mandato, obteve o dinheiro. O consumidor pagará a dívida
com os juros remuneratórios elevados costumeiramente cobrados pelas instituições financei-
ras, mas isso é plenamente lícito pelo fato de a administradora informar essas condições e es-
ses valores ao cliente. O uso da cláusula-mandato nessas hipóteses é feito em favor do próprio
cliente, razão por que, nessa hipótese, ela é lícita.
No caso analisado pelo STJ6, a Renner Administradora de Cartão de Crédito Ltda colocava
cláusula-mandato não apenas para que ela pudesse, em nome do cliente, buscar financiamen-
6
O texto da cláusula é esta (destacamos a parte declarada nula pelo STJ):
“O débito decorrente das aquisições pelo TITULAR ou seu(s) beneficiário(s), através do uso do CARTÃO DE CRÉDITO RENNER,
poderá ser parcial ou totalmente financiado por Instituição Financeira de livre escolha da LOJAS RENNER S.A e/ou da
RENNER ADMINISTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO LTDA., mediante a cobrança de encargos praticados pela Instituição
Financeira e/ou Administradora de Cartões de Crédito. Para tal fim, o TITULAR, neste ato e por este instrumento, nomeia e
constitui a LOJA RENNER S.A. e/ou RENNER ADMINISTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO LTDA. sua procuradora para o
fim especial de, em nome e por conta do TITULAR, negociar e obter financiamento aqui mencionado, em qualquer Institui-
ção Financeira e/ou Administradora de Cartões de Crédito de sua livre escolha, podendo esta, para tal fim, ajustar e fixar
prazos e juros, comissões encargos, lugar e pagamento e demais cláusulas e condições por mais especiais que sejam, cele-
brar contratos, aceitar letras de câmbio, emitir notas promissórias, assinar cheques, recibos, quitações e outros documen-
tos necessários ao cabal cumprimento deste mandato, razão pela qual o TITULAR desde já reconhece como líquida e certa
a dívida que assim vier a ser contraída em seu nome, além de cobrável por via executiva qualquer que seja o documento por
via executiva que o representar, com renúncia expressa dele, mandante, de opor qualquer contestação quer ao montante,
quer à qualidade da dívida e quer ainda, ao rito executivo para sua cobrança. Tendo em vista que o presente mandato só
poderá ser exercitado para e nas condições previstas neste contrato, fica desde já autorizado a LOJAS RENNER S.A e a
RENNER ADMINSTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO LTDA., em caráter irrevogável e irretratável a receber o produto das
operações de crédito que celebrar em nome do TITULAR para aplicá-lo no pagamento de suas compras e/ou na amortiza-
ção ou pagamento do débito dele, TITULAR, junto a LOJAS RENNER S.A.”
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to no mercado financeiro (o que seria lícito), mas também para a autorizar, em nome do cliente,
a emitir títulos de crédito para permitir a ações executivas contra o consumidor (o que já é
ilícito).
Enfim, quando se trata de administrador do cartão de crédito, a nulidade da cláusula-man-
dato à luz da Súmula n. 60/STJ só ocorre para a emissão de títulos de crédito em nome do
cliente (mandante), e não para os casos de pagar as dívidas perante os estabelecimentos em
que o cliente “passou o cartão” ou para os casos de busca de recursos no mercado financeiro
para cobrir as faturas não pagas pelo cliente.
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RESUMO
Amigos e amigas, quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os
exercícios. É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu apro-
fundar o conteúdo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com
as questões. De nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familia-
ridade com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir às
questões.
O resumo desta aula é este:
a) Mandato7 é contrato por meio do qual o mandatário recebe poderes para praticar atos
e administrar interesses em nome e por conta do mandante. Por isso, o mandante é que fica
obrigado pelo ato do mandatário.
b) Os mandatos podem ser extrajudiciais (ou ad negotia) ou judiciais (ad judicia).
c) O mandato é contrato não solene, por poder ser realizado, de regra, sob qualquer forma.
O CC admite expressamente mandato verbal e tácito (art. 656, CC).
d) Procuração é diferente de mandato. Aquela é o instrumento do mandato (art. 653, CC).
O mandato é o negócio jurídico (o contrato), ao passo que a procuração é o seu instrumento.
Por instrumento, entende-se um documento escrito, de modo que, se o mandato for verbal, não
há procuração.
e) Em regra, a forma do mandato é livre (art. 656, CC). Sucede que, pelo princípio da atra-
ção das formas (art. 657, CC), o mandato deve revestir-se da mesma forma exigida, por lei
(art. 107, CC) ou por vontade (art. 109, CC), ao ato final a ser praticado.
f) Menor de dezoitos anos e maior de dezesseis anos não emancipado pode ser manda-
tário, mas só responderá nos termos previstos para as obrigações contraídas por menores
(art. 666, CC). Cabe, porém, ação in rem verso para reaver do menor relativamente incapaz o
valor correspondente ao seu enriquecimento sem causa, decorrente do exercício indevido do
mandato.
7
“A denominação deriva de manu datum, porque as partes se davam as mãos, simbolizando a aceitação do encargo e a
promessa de fidelidade no cumprimento da incumbência. O vocábulo mandato designa ora o poder conferido ao mandante,
ora o contrato celebrado, ora o título deste contrato, de que é sinônima a procuração” (Gonçalves).
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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (FGV/CONSULTOR LEGISLATIVO/AL-RO/2018/ADAPTADA) Cláudia, 60 anos,
decide deixar Porto Velho para residir próximo aos filhos, que se encontram em Brasília. Em
Porto Velho, Cláudia possui imóveis, cujas locações lhe dão sustento. Ante a mudança de do-
micílio, Cláudia atribui a Jane, sua irmã, o poder de administração de seus interesses em Porto
Velho (locação de imóveis), o que faz mediante instrumento particular. A partir desta situação,
correto afirmar que Cláudia celebrou contrato de:
a) procuração;
b) corretagem;
c) comissão;
d) agência;
e) mandato.
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b) afiançado, sendo gratuito ou oneroso, mas o fiador, se como tal demandado, não poderá
compensar sua dívida com a do credor ao afiançado, porque, obrigando-se por terceiro uma
pessoa, não pode compensar essa dívida com a que o credor dele lhe dever.
c) afiançado, sendo necessariamente gratuito, mas o fiador, se como tal demandado, não po-
derá compensar sua dívida com a do credor ao afiançado, porque, obrigando-se por terceiro
uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a que o credor dele lhe dever.
d) credor do afiançado, podendo ser gratuito ou oneroso, e o fiador, se como tal demandado,
não poderá compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado, porque a compensação
exige que duas pessoas sejam, ao mesmo tempo, credoras e devedoras uma da outra.
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GABARITO
1. e 28. E
2. E 29. C
3. E 30. a
4. E
5. E
6. E
7. E
8. E
9. C
10. E
11. E
12. E
13. C
14. E
15. C
16. E
17. E
18. E
19. C
20. C
21. C
22. E
23. E
24. E
25. C
26. b
27. E
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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (FGV/CONSULTOR LEGISLATIVO/AL-RO/2018/ADAPTADA) Cláudia, 60 anos,
decide deixar Porto Velho para residir próximo aos filhos, que se encontram em Brasília. Em
Porto Velho, Cláudia possui imóveis, cujas locações lhe dão sustento. Ante a mudança de do-
micílio, Cláudia atribui a Jane, sua irmã, o poder de administração de seus interesses em Porto
Velho (locação de imóveis), o que faz mediante instrumento particular. A partir desta situação,
correto afirmar que Cláudia celebrou contrato de:
a) procuração;
b) corretagem;
c) comissão;
d) agência;
e) mandato.
Letra e.
O mandato é o contrato por meio do qual alguém (mandante) outorga poderes para que ou-
trem (mandatário) pratique atos jurídicos em nome do mandante. É o caso da questão: Jane
é a mandatária e, nessa condição, pode praticar atos em nome de Cláudia relativamente ao
imóvel. Pode, por exemplo, assinar, em nome de Cláudia, um contrato para alugar o imóvel a
terceiros. Por isso, o gabarito é “E”. Veja o art. 653 do CC:
Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, prati-
car atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.
Errado.
Pode adotar forma diversa do mandato, conforme art. 655 do CC, que autoriza substabeleci-
mento por instrumento particular apesar de o mandato ter assumido a forma pública. Veja:
Art. 655. Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se me-
diante instrumento particular.
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Errado.
É o contrário (art. 655 do CC).
Errado.
Pode ser por instrumento particular, ao contrário do dito na questão (art. 655, CC).
Errado.
Pode ser tácita, consoante art. 659 do CC:
Errado.
É o contrário (art. 659, CC).
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Errado.
É o contrário (art. 659, CC).
Errado.
É o contrário, conforme art. 654, § 2º, do CC:
Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particu-
lar, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante.
§ 1º O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do
outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos po-
deres conferidos.
§ 2º O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a firma reconhe-
cida.
Certo.
Como os mandatários foram nomeados em conjunto, todos têm de atuar conjuntamente na
forma indicada na questão, sob pena de ineficácia do ato enquanto não houver ratificação dos
demais. Veja o art. 672 do CC:
Art. 672. Sendo dois ou mais os mandatários nomeados no mesmo instrumento, qualquer deles
poderá exercer os poderes outorgados, se não forem expressamente declarados conjuntos, nem
especificamente designados para atos diferentes, ou subordinados a atos sucessivos. Se os man-
datários forem declarados conjuntos, não terá eficácia o ato praticado sem interferência de todos,
salvo havendo ratificação, que retroagirá à data do ato.
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Errado.
Há sim solidariedade por força do art. 680 do CC:
Art. 680. Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para negócio comum, cada uma
ficará solidariamente responsável ao mandatário por todos os compromissos e efeitos do mandato,
salvo direito regressivo, pelas quantias que pagar, contra os outros mandantes.
Errado.
Menor com idade de 16 anos já pode ser mandatário. Não é preciso ser maior de 18 anos,
ao contrário do dito na questão. É o art. 666 do CC:
Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser mandatário, mas
o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às
obrigações contraídas por menores.
Errado.
Não há necessidade de concordância do mandante, ao contrário do dito na questão. É o art. 664
do CC:
Art. 664. O mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi cometida, quanto
baste para pagamento de tudo que lhe for devido em consequência do mandato.
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Certo.
É o art. 664 do CC.
Errado.
É o contrário, conforme art. 669 do CC:
Art. 669. O mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com os proveitos que, por
outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte.
Certo.
É o art. 669 do CC.
Errado.
Não envolve os poderes de hipotecar ou transigir, ao contrário do dito na questão. Veja o
art. 661 do CC:
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Errado.
Questão contraria art. 661, CC.
Errado.
É o contrário: não importa o poder de firmar compromisso (art. 661, § 2º, CC).
Certo.
É o art. 667, caput, do CC:
Art. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato,
e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem auto-
rização, poderes que devia exercer pessoalmente.
§1º Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na execução do man-
dato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos sob a gerência do substituto, embora
provenientes de caso fortuito, salvo provando que o caso teria sobrevindo, ainda que não tivesse
havido substabelecimento.
§2º Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os danos causados
pelo substabelecido, se tiver agido com culpa na escolha deste ou nas instruções dadas a ele.
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Certo.
É o art. 658 do CC:
Art. 658. O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada retribuição, exceto se o
seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa.
Parágrafo único. Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a retribuição prevista em lei ou
no contrato. Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, ou, na falta destes, por
arbitramento.
Certo.
É o art. 684 do CC:
Art. 684. Quando a cláusula de irrevogabilidade for condição de um negócio bilateral, ou tiver sido
estipulada no exclusivo interesse do mandatário, a revogação do mandato será ineficaz.
Errado.
Não se opera contra terceiros de boa-fé. É o art. 686 do CC:
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Art. 686. A revogação do mandato, notificada somente ao mandatário, não se pode opor aos tercei-
ros que, ignorando-a, de boa-fé com ele trataram; mas ficam salvas ao constituinte as ações que no
caso lhe possam caber contra o procurador.
Parágrafo único. É irrevogável o mandato que contenha poderes de cumprimento ou confirmação de
negócios encetados, aos quais se ache vinculado.
Errado.
Não foram arroladas todas as hipóteses do art. 682 do CC:
Errado.
É caso de extinção do mandato (art. 682, IV, CC).
Certo.
É o art. 674 do CC:
Art. 674. Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do mandante, deve o mandatá-
rio concluir o negócio já começado, se houver perigo na demora.
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Letra b.
São os arts. 682, II, e 674 do CC.
Errado.
Sã válidos, e não inválidos, conforme art. 689 do CC:
Art. 689. São válidos, a respeito dos contratantes de boa-fé, os atos com estes ajustados em nome
do mandante pelo mandatário, enquanto este ignorar a morte daquele ou a extinção do mandato,
por qualquer outra causa.
Errado.
É válido, conforme arts. 117 e 685 do CC:
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Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representan-
te, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Art. 685. Conferido o mandato com a cláusula “em causa própria”, a sua revogação não terá eficácia,
nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o mandatário dispensado de prestar
contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto do mandato, obedecidas as
formalidades legais.
Certo.
É o art. 685 do CC.
Letra a.
Em primeiro lugar, a fiança é contrato firmado entre fiador e credor; o afiançado não é parte.
Isso já faz sobrar apenas as alternativas “A” e “D” como viáveis. Acontece que somente a al-
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ternativa “A” é compatível com o art. 371 do CC, o que faz ela ser o gabarito. Veja o referido
dispositivo:
Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas o fiador pode
compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
Seja como for, a questão merecia ser anulada pelo fato de afirmar que a fiança pode ser onero-
sa. Trata-se de tema controverso da doutrina8. Seja como for, o examinador acabou seguindo
a corrente de doutrinadores que afirmar existir a fiança onerosa.
Carlos Elias
Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no
concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação para
concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União (Advogado
da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e Mestre em Direito
pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito no vestibular da UnB
de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito Público. Membro do
Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.
8 OLIVEIRA, Carlos E. Elias de Oliveira. O contrato típico de fiança pode ser oneroso? Disponível:
https://profcarloselias.blogspot.com/2020/06/o-contrato-tipico-de-fianca-pode-ser.html
. Elaborado em 3 de junho de 2020.
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