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Curso: Direito.

Professora: Aline.
Disciplina: Direito Civil II.
2° Período - Turno: Matutino.
Acadêmico(a): Rafaela Aparecida de Oliveira Cunha.

1. Explique a diferença entre manifestação de vontade e declaração de vontade.

Resposta:
A manifestação ou declaração de vontade poderá ser expressa — através da
palavra escrita ou falada, gestos ou sinais — ou tácita — aquela que resulta de um
comportamento do agente.
Há exteriorizações de vontade que, para surtirem efeitos, necessitam chegar à
esfera de conhecimento da outra parte. Fala-se, pois, em declarações receptícias de
vontade. Note-se que o emprego de meios que neutralizem a manifestação volitiva,
como a violência física (vis absoluta), estupefacientes ou, até mesmo, a hipnose,
tornam inexistente o negócio jurídico. Aliás, “a exteriorização de vontade consciente
constitui o elemento nuclear do suporte fáctico do ato jurídico ‘lato sensu’”
(MARCOS BERNARDES DE MELLO).

2. A interpretação dos negócios jurídicos sempre deve ser norteada pela autonomia da
vontade, a supremacia da ordem pública e a boa-fé. Com isso, o que pode ser dito
em relação aos vícios de consentimento e aos vícios sociais? Justifique sua reposta.

Resposta:
- Vícios de consentimento referem-se a situações em que a manifestação de
vontade de uma das partes é viciada, seja por erro, dolo, coação ou estado
de perigo. Esses vícios podem anular ou tornar anulável um contrato, pois
comprometem a liberdade e a validade do consentimento.
- Vícios sociais, por outro lado, estão relacionados a circunstâncias externas
que afetam a formação do contrato, como fraude contra credores, sonegação
fiscal, entre outros. Esses vícios têm implicações mais amplas, afetando não
apenas as partes envolvidas, mas também a sociedade como um todo. Eles
estão em consonância com o princípio da ordem pública.
A interpretação dos negócios jurídicos equilibra a autonomia da vontade com a
necessidade de preservar a ordem pública e promover a boa-fé. Vícios de
consentimento e vícios sociais são considerados elementos que podem
comprometer a validade dos contratos, sendo analisados à luz desses princípios
para garantir a justiça e a equidade nas relações jurídicas.

3. Conceitue erro acidental e como a falsa causa pode ser considerada como tal.

Reposta:
Segundo o Prof. CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, “quando o agente, por
desconhecimento ou falso conhecimento das circunstâncias, age de um modo que
não seria a sua vontade, se conhecesse a verdadeira situação, diz-se que procede
com erro. Enquanto o erro acidental está relacionado a equívocos não intencionais
das partes sobre fatos ou elementos essenciais do contrato, a falsa causa diz
respeito à presença de uma causa fictícia ou enganosa na formação do acordo.
Ambos são fundamentais no contexto da validade e anulabilidade dos contratos.
Em sentido contrário era o pensamento de ESPÍNOLA, lembrado por CARVALHO
SANTOS: 86). Espínola, ao contrário, entende que o erro de direito, especialmente a
respeito da causa, pode determinar a nulidade do ato jurídico”

4. Explique o que é uma condição nos negócios jurídicos e quando a mesma não será
considerada.

Resposta:
Condição “é a determinação acessória, que faz a eficácia da vontade declarada
dependente de algum acontecimento futuro e incerto.” Trata-se, portanto, de um
elemento acidental, consistente em um evento futuro e incerto, por meio do qual
subordinam-se ou resolvem-se os efeitos jurídicos de um determinado negócio.
A doutrina, por outro lado, costuma lembrar a hipótese de a morte vir a ser
considerada condição. Se a doação, figurada linhas acima, for subordinada à
morte de meu tio dentro de um prazo prefixado (doarei a fazenda, se o meu tio,
moribundo, falecer até o dia 5), o acontecimento subsume-se à categoria de
condição, uma vez que, neste caso, haverá incerteza quanto à própria ocorrência
do fato dentro do prazo que se fixou.
No entanto, essas condições devem ser expressas de maneira clara e não podem
ser contrárias à lei, à ordem pública ou à boa-fé, sendo feitas assim, deixa de ser
considerada.

5. Existe diferença entre termo e prazo? Explique.


Resposta:
Também espécie de determinação acessória, o termo é o acontecimento futuro e
certo que subordina o início ou o término da eficácia jurídica de determinado ato
negocial. O período de tempo entre os termos inicial e final denomina-se prazo.
“Esse espaço de tempo em que deve ser realizado o ato processual tem um termo
inicial, isto é, um momento de início da contagem do respectivo prazo (dies a quo) e
um termo final, ou seja, um momento em que o prazo se expira (dies ad quem),
sujeitando o titular do ônus ou do dever à respectiva consequência”
Ou seja, termo está mais associado a eventos futuros e incertos que condicionam a
produção de efeitos em um contrato ou ato jurídico, já o prazo refere-se ao período
de tempo durante o qual uma obrigação deve ser cumprida ou uma atividade
realizada.

6. Explique porque o dolo pode ser um vício de consentimento e um ato ilícito na teoria
dos vícios nos negócios jurídicos?

Resposta:
O dolo é um vício de consentimento quando afeta diretamente a formação do
contrato, comprometendo a validade do consentimento das partes. Além disso, o
dolo pode ser considerado um ato ilícito por sua natureza enganosa e desonesta,
sujeitando a parte responsável a consequências legais além da anulação do
contrato, como indenização por danos. Esses aspectos reforçam a importância de
manter a integridade e a transparência nas relações contratuais, promovendo a
justiça e a equidade. Dispensa-se, outrossim, a prova de efetivo prejuízo para a sua
caracterização, consoante antiga lição de CARVALHO SANTOS: “a melhor doutrina,
parece-nos, afasta do conceito do dolo qualquer exigência do prejuízo que venha a
sofrer o indivíduo enganado. Basta que o artifício tenha sido empregado para induzir
a pessoa a efetuar um negócio jurídico, o que não seria conseguido, na convicção do
agente do dolo, de outra maneira. O que se visa, afinal, não é um prejuízo, mas sim
obter para si ou para outrem certa vantagem que, aliás, pode algumas vezes não
redundar em prejuízo ou dano à pessoa iludida

7. Explique o que é o erro de direito elencado no art. 139, III, CC. Cópia literal de artigo
não será considerada como resposta.

Resposta:
O erro de direito, mencionado no artigo 139, III, ocorre quando uma das partes em
um contrato comete um equívoco quanto à norma jurídica aplicável à situação,
podendo levar à anulabilidade do contrato se certas condições forem atendidas.
CAIO MÁRIO admite o erro de direito, desde que não traduza oposição ou recusa à
aplicação da lei, e tenha sido a razão determinante do ato 7 . Em regra, o error juris
(que não se confunde com a ignorância da lei) não é causa de anulabilidade do
negócio, porém, como visto acima, por vezes a doutrina flexibiliza esse
entendimento.

8. Em relação a condição, a mesma pode ser possível e impossível. Quando


impossível, quais são as suas modalidades? Explique uma a uma.

Resposta:
Distinção legal de relevo diz respeito às condições física e juridicamente
impossíveis. Condições fisicamente impossíveis são aquelas irrealizáveis por
qualquer pessoa, ou seja, cujo implemento exigiria esforço sobrenatural. É o caso de
se exigir que o sujeito dê a volta ao redor do estádio da Fonte Nova em dois
segundos. Nos termos do art. 116 do CC-16, tal determinação acessória, assim
como a de não fazer coisa impossível, era simplesmente considerada inexistente, ou
seja, não escrita, remanescendo o negócio em sua forma pura.
Os seguintes exemplos de condições juridicamente impossíveis: realizar negócio
jurídico condicionado à alienação de bem de uso comum do povo; doação
condicionada à vinda do Rei do Brasil (quando o sistema republicano já aboliu a
monarquia) etc.
Beviláqua, citando GOUVEIA PINTO, preleciona que “as condições contrárias ao
direito e à moral contêm em si um vício que se propaga à declaração principal da
vontade, e a política jurídica aconselha que se destruam esses estímulos para a
prática do mal”

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