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FICHA TÉCNICA
Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não
o indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas
Certificados, entidade que detém os direitos de autor.
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 7
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Infrações Tributárias
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......................................................................................................................................... 140
........................................................................................................................................................ 169
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Lista de Abreviaturas
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
1. INTRODUÇÃO
A matéria relativa à punição das infrações tributárias ou fiscais pode ser bastante
penalizante para o contribuinte ou outro obrigado tributário que não tenha a
perceção correta da ilicitude e da gravidade da sua conduta. Para evitar esta
situação é fundamental deter um sólido e adequado conhecimento das leis fiscais
substantivas em ordem a possuir o domínio do acervo das obrigações tributárias a
cumprir e da respetiva composição e estrutura do calendário fiscal. É ainda
necessário estar imbuído de uma consciência ética, deontológica, social e
profissional que afaste qualquer conduta desviante dos quadros obrigacionais
legalmente instituídos. Os Contabilistas Certificados em virtude da sua
preparação técnica e do seu enquadramento socioprofissional são pessoas que
ocupam uma posição privilegiada no contexto das entidades que têm de participar
no cumprimento das obrigações tributárias, quer diretamente enquanto sujeitos
passivos da relação jurídica tributária, quer indiretamente através de atos
praticados no exercício das suas funções profissionais, as quais se substanciam
na prestação de serviços a diversos agentes económicos, e cuja responsabilidade
técnica, contabilística e fiscal lhe é imputada.
Este manual sobre a matéria das infrações tributárias tem o propósito de
participar e contribuir para o desenvolvimento e incremento dos conhecimentos
dos Contabilistas Certificados em domínios que, tendencialmente, possam ser
menos apelativos, em virtude de assumirem um cariz excessivamente jurídico.
Temos a perceção de que não é suficiente conhecer o leito do rio, torna-se
também necessário saber onde fica a sua foz e quais os seus afluentes. Com
efeito, só com um conhecimento sólido nos poderemos defender dos dilúvios e
das inundações provocadas pela complexidade das contingências, vicissitudes e
azáfama da vida quotidiana. Nesta medida, reconhecemos que é essencial
dominar toda a fiscalidade substantiva, mas, em nossa opinião, também é
extremamente importante saber como agir em caso de intervenção direta ou por
comparticipação na prática de algum ilícito fiscal, ainda que por ação involuntária.
Este manual tem por objetivo transmitir de uma forma global e simples, mas
rigorosa e sistematizada, uma visão consistente sobre a problemática dos tipos
legais de crimes fiscais e dos tipos legais de contraordenação, fixando algumas
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O Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT) foi aprovado pela Lei n.º
15/2001, de 5 de junho e entrou em vigor no dia 5 de julho de 2001. Antes da
entrada em vigor deste regime jurídico das infrações tributárias existiam regimes
jurídicos autónomos para as infrações fiscais e para as infrações aduaneiras. As
infrações aos regimes contributivos e das prestações relativas aos sistemas
providenciais de segurança social também eram tratadas através de diplomas
avulso e autónomos. O legislador do RGIT teve o propósito de unificar e
uniformizar estes três regimes jurídicos sancionatórios num único diploma legal,
porém, não foi possível alcançar na totalidade este desiderato ou objetivo.
As infrações aos regimes aduaneiros estavam previstas no Regime Jurídico das
Infrações Fiscais Aduaneiras (RJIFA), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 376-A/89, de
25 de outubro, cuja disciplina jurídica transitou, com alterações, para o RGIT. No
tocante à regulamentação das infrações aos regimes contributivos do sistema
providencial de segurança social, apenas foram integrados no RGIT a tipificação
das infrações de natureza criminal, visto que, não obstante os esforços encetados
e empreendidos pela comissão que desenvolveu os trabalhos técnicos e
legislativos, não foi possível desenvolver os trabalhos no sentido de permitir que o
RGIT também contemplasse as infrações de natureza contraordenacional. Deste
modo, as infrações tipificadas como contraordenações aos regimes dos sistemas
providenciais de segurança social, no que respeita à sua previsão, punição e
processamento continuam a estar previstos em regimes jurídicos autónomos e
específicos da segurança social, bem como no Código Contributivo. No RGIT,
sem prejuízo dos crimes tributários comuns, no que se refere à segurança social
apenas estão previstos os crimes de fraude e de abuso de confiança. Estes
crimes específicos da segurança social estão previstos nos artigos 106.º e 107.º
do RGIT. Os crimes tributários comuns podem ser consumados por infração aos
regimes contributivos da segurança social ou por ação conduta que
consubstancie a prática de infração às matérias integradas no âmbito das
atribuições da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT).
Até 5 de julho de 2001, as infrações fiscais estiveram previstas no Regime
Jurídico das Infrações Fiscais Não Aduaneiras, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 20-
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A/90, de 15 de janeiro. Este regime jurídico transitou em bloco para o RGIT, com
as necessárias adaptações e inovações.
Na origem do RGIT esteve o objetivo de concentrar e sistematizar em diploma
único os regimes jurídicos penais aplicáveis às infrações aos regimes jurídicos
que estabelecem as obrigações tributárias e de prestação tributária conexas com
os tributos fiscais e parafiscais – artigo 3.º da Lei Geral Tributária (LGT). Como já
se referiu, não foi possível concretizar na plenitude tal objetivo e, nessa medida, o
legislador decidiu manter as contraordenações aos regimes da segurança social
tipificadas em diplomas autónomos. Os princípios gerais, definição e tipificação de
algumas das contraordenações aos sistemas providenciais da segurança social
constam das normas ínsitas nos artigos 221.º a 246.º do Código Contributivo,
aprovado pela Lei n.º 110/2009, de 16 de setembro. A disciplina jurídica relativa
ao processo e procedimento das contraordenações à segurança social, encontra-
se prevista nos artigos 247.º e 248.º do Código Contributivo e no regime
processual aprovado pelo Decreto-Lei n.º 107/2009, de 14 de setembro.
O RGIT aplica-se, então, às infrações aos regimes aduaneiros e às infrações
fiscais, quer estas preencham tipos legais de crimes ou tipos legais de
contraordenação. No domínio fiscal e aduaneiro o RGIT contém a disciplina
jurídica referente à tipologia das infrações, dos princípios gerais aplicáveis e
demais aspetos substantivos, bem como o respetivo processamento das
contraordenações e algumas normas relativas à instauração e prática dos atos de
inquérito.
O RGIT não é um diploma auto-suficiente, pelo que o legislador no seu artigo 3.º
definiu e estabeleceu o direito subsidiário aplicável. Assim, em função da natureza
da infração fiscal identificada aplica-se o direito complementar seguinte:
Importa ainda sublinhar que, com exceção de áreas tributárias muito específicas,
de que é exemplo o regime jurídico do planeamento fiscal abusivo, aprovado pelo
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Este diploma foi revogado pela Lei n.º 26/2020, de 21 de julho, que estabeleceu a obrigação de
comunicação à Autoridade Tributária e Aduaneira de determinados mecanismos internos ou transfronteiriços
com relevância fiscal, transpondo a Diretiva (UE) 2018/822 do Conselho, de 25 de maio de 2018, e revogou
o Decreto-Lei n.º 29/2008, de 25 de fevereiro.
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O legislador do RGIT fixou no artigo 2.º deste diploma legal o conceito de infração
tributária. Nestes termos, constitui infração tributária o facto típico, ilícito e culposo
declarado punível por lei tributária anterior. Este conceito de infração tributária
obedece aos princípios gerais aplicáveis ao direito penal e que, nos termos da
Constituição da República Portuguesa (CRP), assumem a categoria de direitos
fundamentais de um Estado de Direito.
O n.º 1 do artigo 29.º da Constituição da República Portuguesa (CRP) prescreve
que ”[n]inguém pode ser sentenciado criminalmente senão em virtude de lei
anterior que declare punível a ação ou omissão, sem sofrer medida de segurança
cujos pressupostos não estejam fixados em lei anterior”.
No âmbito do RGIT as infrações tributárias dividem-se em crimes e
contraordenações.
Tendo por base a referência conceptual do legislador do RGIT podemos definir
infração fiscal como o facto típico, ilícito e culposo declarado punível por lei fiscal
anterior ao comportamento do contribuinte, quer este seja uma pessoa singular,
uma pessoa coletiva, uma sociedade ou outra entidade fiscalmente equiparada.
A infração fiscal é um facto típico porque os seus elementos constitutivos estão
legalmente identificados na lei. O comportamento do contribuinte consubstanciará
uma infração fiscal, independentemente da conduta daquele ser por ação ou por
omissão, se integrar os elementos objetivos ou de natureza subjetiva tipificados
na lei como enformadores de um determinado tipo legal de infração fiscal. Os
elementos objetivos podem consistir na não entrega de uma declaração ou na
falta de entrega da prestação tributária, mas também podem consistir na
ocultação ou omissão de factos ou valores, na celebração de negócio simulado ou
na viciação ou falsificação de documentos fiscalmente relevantes2.
É esta diferenciação de elementos objetivos que concorre para a definição dos
diversos tipos legais de infração fiscal, pelo que o tipo legal de ilícito é identificado
em função da qualificação jurídica dos factos integradores do comportamento do
contribuinte.
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A definição de documento fiscalmente relevante consta do n.º 4 do artigo 113.º do RGIT, normativo que
estabelece que “consideram-se documentos fiscalmente relevantes os livros, demais documentos e respetivas
versões eletrónicas, indispensáveis ao apuramento e fiscalização da situação tributária do contribuinte”.
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Cfr. Ac. do STA, de 26.04.2007, processo n.º 01168/06, que prescreve que “a culpa é, por força da lei, um
elemento constitutivo da contra-ordenação, diferenciado da tipicidade e da ilicitude. A culpa analisa-se na
possibilidade de um juízo de censura ou de reprovação da conduta do agente, por, em face das circunstâncias,
poder e dever agir de outro modo”.
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estabelece que ”[n]ão podem ser aplicadas penas ou medidas de segurança que
não estejam expressamente cominadas em lei anterior”.
A lei penal só pode ser aplicada retroativamente quando em concreto for mais
favorável ao agente da infração fiscal – n.º 4 do artigo 29.º da CRP e n.º 4 do
artigo 2.º do CP.
Importa dizer que as normas do RGIT constituem preceitos de direito penal
tributário, quer as mesmas sejam relativas aos ilícitos de natureza criminal ou aos
ilícitos de natureza contraordenacional.
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Cfr. Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, tirado no processo n.º 15/14.1GTALQ.L1-9, datado de
04.04.2019, em que se refere que “i) A construção dos crimes dolosos e dos crimes negligentes é, pela sua
própria natureza, fundamentalmente diversa. O tipo de crime negligente e a qualificação da conduta
negligente incluem, como elemento base, o desvalor de ação, com a infração de dever objetivo de cuidado, a
que podem acrescer a previsibilidade, a cognoscibilidade e a evitabilidade do resultado. A violação do dever
de cuidado, ou a contrariedade ao cuidado devido, constitui o desvalor de ação, discutindo-se na doutrina o
lugar dogmático do resultado nos crimes negligentes de resultado: se pertence ainda ao tipo de crime
negligente ou se constitui unicamente uma condição objetiva de punibilidade que se situa fora do tipo de
injusto; ii) O elemento estrutural e estruturante do crime negligente (ação ou omissão negligente) é o dever
objetivo de cuidado. O ilícito negligente supõe sempre a violação de um dever objetivo de cuidado valorada
por um critério individual e geral, mas também a exigência de uma conexão de condições objetivas e
subjetivas entre a violação de dever e o resultado, sendo que nos factos negligentes surgem algumas
especialidades para a aceitação da unidade e pluralidade de infrações quer na doutrina quer na jurisprudência;
III- Na negligência, em que o elemento estrutural e estruturante (ação ou omissão negligente) é a violação do
dever objetivo de cuidado, a pluralidade de processos resolutivos depende da forma como o acontecimento
exterior se desenvolveu, atendendo fundamentalmente à conexão temporal que liga os vários momentos da
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O ilícito fiscal pode ser praticado através de uma ação dolosa ou através de uma
conduta negligência, mas no nosso ordenamento jurídico penal tributário o agente
da infração só estará a concorrer para a prática de um crime fiscal se o seu
comportamento encerrar uma intenção dolosa. O dolo não pode ser presumindo,
ao invés, a ação dolosa tem de ser sempre objetivamente provada no processo
de investigação tendente à imputação da responsabilidade criminal fiscal.
A prática do crime fiscal exige um nexo de causalidade entre o comportamento
humano e o resultado, pelo que o facto ilícito abrange não só a ação adequada a
produzir o crime, bem como a omissão da ação adequada a evitá-lo, salvo se
outra for a intenção da lei - artigo 10.º do Código Penal (CP).
Assim, o crime fiscal pode ser praticado por ação ou por omissão e o ilícito
considera-se praticado no lugar e no momento em que o agente agiu ou devia ter
atuado ou naquele em que o resultado típico se tiver produzido – artigo 5.º do
RGIT.
Se o crime fiscal for praticado por omissão, isto é, por ausência de cumprimento
das obrigações tributárias, a infração fiscal considera-se praticada na data em que
terminar o prazo legal para o cumprimento dos respetivos deveres tributários.
O crime fiscal pode ser consumado através de uma ação individual ou através de
co-autoria ou comparticipação, verificando-se esta última situação quando o ilícito
fiscal se consumar por efeito da intervenção ou ação de vários agentes.
O ilícito de natureza criminal representa uma conduta cujo resultado se traduz em
elevado desvalor para os objetivos da atividade tributária.
conduta do agente, que revele externamente se o agente renovou ou não renovou os respetivos processos de
motivação pela norma de determinação; (…)”
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O regime do ilícito de mera ordenação social (RGCO)5 define no seu artigo 1.º
contraordenação como todo o facto ilícito e censurável que preencha um tipo legal
no qual se comine uma coima (sanção pecuniária).
A ilicitude da contraordenação resulta da circunstância de materializar um
comportamento desconforme com o direito, neste caso, desconforme com a lei
fiscal.
Na contraordenação também tem de existir um nexo da causalidade entre a ação
do agente e o resultado produzido e a culpabilidade também se manifesta através
de uma intenção dolosa ou através de uma ação negligente. É evidente que a
tipificação legal efetuada pelo legislador teve em consideração a natureza e fins
dos deveres legais impostos pelas leis tributárias e que a definição dos diversos
tipos legais está diretamente dependente do desvalor da ação e da gravidade da
violação dos bens protegidos, sendo que as contraordenações fiscais
consubstanciam ilícitos fiscais cuja expressão é de menor danosidade e
socialmente menos censuráveis do que aqueles que se verificam por efeito dos
ilícitos criminais.
A contraordenação fiscal pode ser praticada através de um comportamento
doloso ou de uma conduta negligente, estando esta qualificação subjetiva
dependente da representação factual efetuada pelo agente do ilícito, da
consciência da ilicitude, da sua intenção de praticar o facto ilícito e da vontade de
se conformar ou não com o resultado produzido.
A norma do n.º 1 do artigo 24.º do RGIT dispõe que “[s]alvo disposição da lei em
contrário, as contraordenações tributárias são sempre puníveis a título de
negligência”.
Daqui decorre que, com exceção dos tipos legais de contraordenação previstos
nos artigos 113.º e 118.º do RGIT, as quais são puníveis exclusivamente a título
de dolo, todos os tipos legais de contraordenação fiscal são puníveis a título de
negligência, salvo se a lei na estatuição do ilícito estabelecer a punição por ação
dolosa. Todavia, e ainda assim, é fundamental ter presente que o dolo não se
presume, é necessário que no respetivo processo sancionatório, na prática dos
atos de instrução e de investigação, sejam recolhidos elementos probatórios
adequados a provar o dolo, sob pena da ação ou conduta do agente não ser
punida ou, então, sê-lo-á apenas a título de negligência.
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Este regime jurídico foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de outubro.
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determinado a ação ou omissão do agente, não devendo a pena ser mais grave
do que aquilo que o agente do ilícito merecer segundo a sua culpabilidade.
Para que a responsabilidade penal possa ser imputada ao agente da infração é
necessário que se verifiquem duas condições:
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Cfr. Acórdão do Tribunal da Relação do Porto, tirado no processo n.º 155/05.8TAVNG.P1, datado de
12.10.2011, em cujo sumário é fixada jurisprudência no sentido de que i) O representante legal ou voluntário
de uma sociedade só deve ser considerado como autor de facto penalmente ilícito quando tenha um pleno
domínio das condutas descritas no tipo legal. ii) No caso do crime de abuso de confiança em relação à
Segurança Social, são autores todos os gerentes que tenham conhecimento da retenção e não entrega das
correspondentes prestações tributárias, ou dizer que estejam a par das decisões societárias, tendo o respetivo
domínio direto dos factos. iii) Todos os dirigentes societários que têm o dever de ação sobre as situações
geradoras de violação dos bens jurídico-penalmente tutelados, encontram-se numa situação de domínio sobre
essas fontes de perigo e, como tal, têm um domínio, ao menos funcional, sobre o subsequente resultado
criminalmente desvalioso que decorre da sua conduta de omissão. Destarte, iv) No âmbito dos crimes fiscais
ou tributários, o sujeito ativo estende-se aos membros ou representantes, legais ou de facto, dos órgãos
dirigentes das pessoas coletivas infratoras, que para o efeito tenham agido voluntariamente e cuja conduta
tenha conduzido à correspondente tipificação do tipo legal, tanto por terem o domínio direto dos factos como
por terem o domínio funcional dos mesmos.”
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qualificação dos factos constitutivos do ilícito fiscal cometido pela sua ação ou
omissão.
5. MOLDURA SANCIONATÓRIA
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Sempre que exista possibilidade de escolha da pena, por exemplo nos crimes
fiscais ou no domínio das sanções acessórias, a entidade competente para aplicar
a pena/sanção deve dar sempre preferência àquela que revista a forma mais
adequada e suficiente para realizar as finalidades da punição, que no caso dos
ilícitos fiscais visam a proteção do património financeiro do Estado e a
socialização do agente da infração.
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Cfr. Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, tirado no processo n.º 0270/18.8BEPRT-S1, datado de
06-02-2019, em que foi fixada jurisprudência no sentido de que “[v]erificando-se os requisitos da apensação
de processos de contraordenação, impõe-se ao juiz de qualquer desses processos, ou pedir os demais
processos para proceder à sua apensação, caso o seu processo seja o mais antigo, ou remeter os autos ao
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Aos crimes tributários cometidos por pessoas coletivas, sociedades, ainda que
irregularmente constituídas, e outras entidades fiscalmente equiparadas, é
aplicável exclusivamente a pena de multa compreendida entre 20 e 1920 dias, a
determinar em função da gravidade dos factos e da culpabilidade do agente da
infração fiscal.
Deste modo, às pessoas singulares pela prática de crimes tributários/fiscais pode
ser aplicada uma pena de prisão ou uma pena de multa. Às pessoas coletivas a
pena aplicável é exclusivamente de multa.
A pena de multa é aplicada pelo juiz do tribunal judicial competente para o
julgamento do processo penal fiscal. Sendo a pena de multa uma sanção
pecuniária, o seu valor é calculado com base no número de dias fixado pelo juiz e
no valor da multa para cada dia também fixado pelo juiz. O valor da multa para
cada dia é fixado pelo juiz a partir da moldura penal estabelecida entre € 1 e €
500 para as pessoas singulares e entre € 5 e € 5 000 para as pessoas coletivas
processo mais antigo, a fim de ser apensado a este, tudo nos termos do disposto nos art.ºs 28.º, alínea c) e 29.º
do CPP, aplicável subsidiariamente [art.º 3.º, alínea b), do RGIT e art.º 41.º, n.º 1.º do RGCO]”.
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O valor atual da unidade de conta é € 102.
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Estas penas acessórias vão sendo aplicadas pelos tribunais, algumas delas, face
à sua natureza, têm um efeito dissuasor muito grande e contribuem para reforçar
a prevenção contra a prática de ilícitos fiscais.
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a) a gravidade do facto;
b) a culpa do agente;
Quando a infração fiscal for cometida por omissão, para além dos aspetos supra
referidos, na graduação da coima deve ainda ser considerado o tempo decorrido
entre o prazo estabelecido para cumprimento da obrigação tributária e o momento
da regularização da situação tributária.
Não obstante existir para cada tipo legal de contraordenação uma moldura
sancionatória, o legislador definiu no artigo 26.º do RGIT um limite máximo para a
coima aplicada, o qual não pode exceder os montantes seguintes:
Pessoas singulares:
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Pessoas coletivas:
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6. RESPONSABILIDADE CIVIL
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Cfr. Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 437/2011, de 3.109.2011, processo n.º 206/10
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Deste modo, as pessoas contra quem pode ser revertido o processo de execução
fiscal para cobrança da coima têm de ser identificadas em função dos momentos
temporais referidos nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 8.º do RGIT. A reversão
da execução fiscal não pode ser feita contra qualquer pessoa, só porque esta
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Por outro lado, a reversão não deve ser feita simultaneamente contra os
administradores ou gerentes e os contabilistas certificados. A reversão contra os
contabilistas certificados só deve ocorrer se a Administração Tributária não
conseguir cobrar as dívidas aos administradores e/ou gerentes. Se o contabilista
certificado tiver feito a comunicação a que se refere o n.º 3 do artigo 8.º do RGIT,
a reversão da execução fiscal não deve ser determinada contra ele, porém, é
nossa convicção que, ainda assim, a reversão pode ocorrer contra o CC.
A reversão do processo de execução fiscal concretiza-se no momento em que o
responsável subsidiário for citado, sendo que antes da citação tem de ser
notificado, nos termos do n.º 4 do artigo 23.º e do artigo 60.º da LGT, para exercer
o direito de audição. Em face dos fundamentos, designadamente dos
pressupostos e extensão da reversão, o responsável subsidiário, podendo este
ser o contabilista certificado, não deve perder a oportunidade de, em sede de
direito de audição, apresentar as suas razões e de explicar à Administração
Tributária, na pessoa do órgão da execução fiscal, que não é responsável pelo
pagamento da dívida exequenda. Se o fizer e não lograr resultados positivos, ou
seja, embora tenha sido explícito, objetivo e inequívoco, e ainda assim não tenha
conseguido convencer a Autoridade Tributária e Aduaneira de que a dívida não
lhe pode ser exigida, tendo aquela efetuado a sua citação, então, neste caso, o
revertido (responsável subsidiário) não pode, no prazo de 30 dias a contar da
citação, deixar de apresentar oposição judicial com o fundamento indicado na
alínea b) do n.º 1 do artigo 204.º do CPPT (iIegitimidade da pessoa citada), sob
pena do seu património pessoal responder irreversivelmente pelas dívidas em
causa.
Portanto, refira-se que a reversão da execução fiscal para cobrança de coima não
tem qualquer relação com a culpa pela prática do ilícito fiscal, tem sim com a
culpa pelo facto ilícito que motivou a insuficiência do património da pessoa
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coletiva ou sociedade, daí que seja uma situação de responsabilidade civil e não
uma situação de transmissão de responsabilidade penal fiscal.
Uma vez concretizada a reversão do processo de execução fiscal, o destinatário
desta decisão do órgão da execução fiscal, caso pretenda efetuar a defesa dos
seus legítimos interesses, não pode deixar de acionar, tempestivamente, o meio
processual idóneo para o efeito, o qual é a oposição judicial, como é sublinhado
no acórdão do STA, proferido no processo n.º 0122/11, datado de 23.11.2011,
que afirma que “[a] oposição à execução fiscal é o meio processual adequado
para reagir contra o despacho de reversão que determinou o prosseguimento da
execução contra o responsável subsidiário, por dívidas de coimas, multas e
respetivas despesas de justiça da responsabilidade da responsável originária”.
Outro aspeto contemplado no artigo 8.º do RGIT é referente a uma situação de
responsabilidade solidária pelo pagamento da multa ou coima, mas esta só
ocorrerá se no processo fiscal penal ou de contraordenação respetivo for provado
que existiu ação direta – colaboração – dolosa na prática da infração fiscal. Esta
situação é bem diferente daquelas que podem motivar a responsabilidade
subsidiária e, na maioria dos casos, envolverá também responsabilidade penal
fiscal, visto que estará muito próxima da figura da comparticipação ou co-autoria.
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Os crimes tributários comuns são tipos legais de crimes que visam a tutela de
bens jurídicos cuja violação se pode registar através do não cumprimento de
obrigações para com a Administração Tributária (fiscal e aduaneira) ou para com
a Administração da Segurança Social. Daí que, em termos sistemáticos, no RGIT
os crimes tributários constituam um capítulo autónomo – artigos 87.º a 91.º.do
RGIT.
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Cfr. Acórdão do Tribunal da Relação de Évora, tirado no processo n.º 1598/05-1, datado de 08.11.2005,
em cujo sumário é fixada jurisprudência no sentido de que “i) O crime de burla tributária, aqui em causa, está
estruturado como um crime de resultado, aparecendo como um verdadeiro tipo de burla especial, em que o
processo típico é de execução vinculada (e não livre), mas, simultaneamente, estabelece elementos
integradores mais formais. Não se confundem, por isso, os seus elementos típicos com os do tipo de fraude
fiscal. ii) São elementos constitutivos deste crime de burla tributária os seguintes: - Uso de erro ou engano
sobre os factos, provocado por meios fraudulentos, como falsas declarações, falsificação ou viciação de
documento fiscalmente relevante; - Que sejam aptos ou idóneos a determinar a administração tributária ou a
administração da segurança social a efetuar atribuições patrimoniais das quais resulte enriquecimento do
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agente ou de terceiro. iii) De acordo com a configuração do tipo, exige-se o uso de um meio fraudulento
“ativo” ou seja uma conduta astuciosa comissiva que diretamente induziu o erro ou engano e não uma mera
conduta omissiva do agente. iv) Só a utilização de meios fraudulentos determinantes de ilegalidade relativa à
atribuição, ao montante ou ao período de concessão das prestações de desemprego pode configurar o ilícito
penal prevenido no art.º 87 n.º 1 do RGIT. E a atribuição das prestações de desemprego depende da
apresentação do requerimento à instituição de segurança social, instruído nos termos do referido DL n.º
119/99, precedida da inscrição do trabalhador como candidato a emprego no centro de emprego da área da
sua residência (cf. art.º 61 e ss). v) Parece-nos necessário para verificação do crime de burla tributária que o
estado de erro ou engano do sujeito passivo tenham sido provocados astuciosamente pelo agente da infração,
isto é, usando de um meio enganoso ou fraudulento para enganar ou induzir um erro. vi) Não configura o
crime de burla tributária a situação configurada na acusação pública, pois, como refere o senhor juiz “a quo”,
“temos sem dúvida uma conduta ilícita do arguido: a não comunicação da alteração da situação que
determinou a atribuição da pensão social. Contudo, a omissão do arguido não determinou qualquer ato de
atribuição patrimonial por parte da administração da segurança social. A administração já tinha atribuído a
prestação.” O pagamento em prestações constitui apenas uma forma de cumprimento da obrigação a que a
Segurança Social se vinculou para com o arguido. vii) A conduta omitida pelo arguido não era idónea à
atribuição patrimonial, mas tão-somente à continuação do pagamento da prestação de subsídio social de
desemprego que havia sido atribuída até ao termo da concessão. viii) Não sendo referido na acusação
qualquer facto que revele a utilização de meios fraudulentos na atribuição do subsídio social de desemprego é
a mesma manifestamente infundada.”
11
Cfr. Acórdão do Tribunal da Relação do Porto, tirado no processo n.º 44/14.5TACPV.P1, datado de
13.09.2017, em cujo sumário foi fixada jurisprudência no sentido de “i) Tendo em conta o valor da dívida, a
data do PER, a data da cessão de créditos à sociedade arguida, que tem como sócia gerente a arguida pessoa
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Este tipo legal de crime ocorre quando alguém, sabendo que tem de
entregar tributo já liquidado ou em processo de liquidação, alienar,
danificar ou ocultar, fizer desaparecer ou onerar o seu património com
intenção de, por essa forma, frustrar total ou parcialmente o crédito
tributário.
Pratica ainda este tipo de crime quem outorgar em atos ou contratos
que importem a transferência ou oneração de património com a
intenção de alienar, fazer desaparecer ou onerar, sabendo que o tributo
já está liquidado ou em processo de liquidação.
É evidente que o terceiro para ser considerado agente ou co-autor do crime tem
de ter conhecimento de que o seu contratante é devedor à Administração
Tributária e que a razão da alienação/oneração dos bens é criar voluntariamente
uma situação de insolvência para impedir (frustrar) a cobrança dos créditos
tributários. Em suma, tem de existir um comportamento doloso de ambas as
partes.
O crime será praticado quando um contribuinte que já sabe que é devedor,
porque foi notificado da liquidação do tributo, ou que o vai ser, visto que já foi
notificado do relatório final do procedimento de inspeção tributária e pôde
percecionar as dívidas que terá de pagar à Administração Tributária, praticar os
factos típicos que consubstanciam a alienação, oneração ou desaparecimento
singular, que implicou que os pagamentos passassem a ser feitos a esta sociedade, em detrimento de outra
sociedade arguida e, a transferência de bens de uma sociedade para a outra, bem como, dos bens do sócio
gerente para a nova sociedade, resulta inequívoco, segundo as regras da experiência, que a intenção – ainda
que outras lhe possam ter presidido - foi a de obstar, a que todo o património que pode ser penhorado para
pagamento das dívidas ou tributos, seja afeto a esse pagamento. ii) Os pressupostos legais da perda de
vantagens são a existência de um facto anti-jurídico e de proveitos. iii) Se a fração autónoma foi entregue à
arguida em dação em pagamento pelo cliente da sociedade trata-se de um imóvel que foi retirado do
património ativo daquela para impedir a cobrança de créditos tributários, com proveito patrimonial para a
arguida. iv) Trata-se, assim, de uma vantagem determinada em consequência da prática de um crime, na
sequência da qual a arguida viu aumentado o sem património, sem qualquer justificação, impossibilitando o
credor de satisfazer o seu crédito. v) Nem o facto de o imóvel constituir casa de morada de família, nem de
sobre ele incidir uma hipoteca, nem a impossibilidade de penhora ou venda da casa de morada de família
introduzida pela Lei 13/2016 - que se reporta a processo de execução fiscal - tem a virtualidade de impedir a
declaração de perdimento.”
42
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Este tipo legal de crime ocorre quando alguém que tem o dever de
obediência a ordem ou mandado legítimo regularmente comunicado e
12
Cfr. Acórdão do Tribunal da Relação do Porto, tirado no processo n.º 9910589, datado de 20.01.1997, em
cujo sumário é fixada jurisprudência no sentido de que “i) São elementos constitutivos do crime de
associação criminosa, pelo lado subjetivo, o dolo; pelo lado objetivo, um acordo de vontades de duas ou mais
pessoas, visando a prática de crimes em abstrato, e uma certa permanência, com um mínimo de organização.
ii) O acordo tem por objeto a formação da associação criminosa, assim se destinguindo da comparticipação,
que tem por objetivo a prática de um crime concreto. iii) - Quem, sabendo da finalidade criminosa da
associação, voluntariamente desempenhe alguma das ações previstas na norma incriminadora, torna-se
agente do crime de associação criminosa. iv) O dolo não se dirige à comissão de cada um dos crimes que
integram o objeto da associação, mas sim à criação, fundação, participação, apoio, chefia ou direção da
mesma, com conhecimento da sua finalidade criminosa. v) Trata-se de um crime contra a paz pública e tanto
mais perigoso quanto mais rudimentar for a sua organização, porque mais dificulta a sua deteção.
43
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Este tipo legal de crime ocorre quando alguém, sem justa causa e sem
consentimento de quem de direito, dolosamente revelar ou se
aproveitar do conhecimento do segredo fiscal de que tenha
conhecimento no exercício das suas funções ou por causa delas.
Pratica ainda este crime o funcionário que revele segredo de que teve
conhecimento ou que lhe foi confiado no exercício das suas funções ou
por causa delas ou que, sem estar devidamente autorizado, revele
segredo de que teve conhecimento ou que lhe foi confiado no exercício
das suas funções ou por causa delas com a intenção de obter para si
ou para outrem um benefício ilegítimo ou de causar prejuízo ao
interesse público.
13
As entidades bancárias, instituições de crédito e sociedades financeiras são notificadas nos termos dos n.ºs
7 e 8 do artigo 63.º da LGT do despacho do Diretor-Geral que derrogar o sigilo bancário em ordem a fornecer
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Este crime tem uma conexão direta com o direito dos contribuintes, previsto no
artigo 64.º da LGT, à confidencialidade sobre os dados recolhidos sobre a
situação tributária e os elementos de natureza pessoal obtidos no procedimento
tributário, nomeadamente os decorrentes do sigilo profissional ou qualquer outro
dever de segredo legalmente regulado. Estão, outrossim, protegidos por este
direito à confidencial todos os dados ou elementos suscetíveis de relevar a
capacidade contributiva do sujeito passivo da relação jurídica tributária.
A quebra deste segredo profissional ou do sigilo fiscal pode traduzir-se na prática
do crime de violação de segredo previsto no artigo 91.º do RGIT.
à AT os elementos e dados financeiros e bancários de que seja titular a pessoa/entidade inspecionada e cujo
sigilo bancário tenha sido derrogado.
14
Cfr. Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, tirado no processo n.º 1596/03.0JFLSB.L1-3, datado de
45
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
08.03.2017, em cujo sumário é fixada jurisprudência no sentido de “i) O crime de fraude fiscal através de
faturas falsas ou de favor insere-se na categoria de crime de perigo abstrato na forma de crime de aptidão. ii)
A idoneidade objetiva da concreta atividade ou conduta desenvolvidas para criar alguma das situações
expressamente previstas no preceito incriminador (não liquidação, entrega ou pagamento da prestação
tributária ou a obtenção indevida de benefícios fiscais, reembolsos ou outras vantagens patrimoniais
suscetíveis de causarem a diminuição das receitas tributárias) integra a factualidade típica, encontra-se sujeita
a prova e a valoração judicial. iii) A consumação do crime de fraude fiscal, enquanto momento relevante para
a fixação do início do decurso do prazo de prescrição do procedimento, ocorre na ocasião da emissão da
fatura falsa, independentemente de ter havido ou não declaração do contribuinte.”
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
15
Cfr. Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, tirado no processo n.º 55/13.8IDSTB.L1-5, datado de
24.11.2015, em cujo sumário foi fixada jurisprudência no sentido de “i) O crime de fraude fiscal, previsto no
artigo 103º, do RGIT, consuma-se ainda que vantagem patrimonial indevida alguma venha a ocorrer
efetivamente, bastando que as modalidades de execução previstas tenham como escopo “a não liquidação,
entrega ou pagamento da prestação tributária ou a obtenção indevida de benefícios fiscais, reembolsos ou
outras vantagens patrimoniais suscetíveis de causarem diminuição das receitas tributárias”. ii) Nas situações
de omissão – não declaração de factos ou valores com relevância tributária – em que a arguida não entregou
ou fez entregar à Administração Tributária, no prazo para tanto legalmente estabelecido, as declarações dos
rendimentos percebidos e sujeitos a tributação a que estava obrigada, o momento da consumação do crime
será o do termo do prazo para a apresentação dessas declarações à administração fiscal.”
16
Cfr. Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, tirado no processo n.º 709/08.0IDFUN-A.L1 – 3, datado
de 25.02.2015, em cujo sumário foi fixada jurisprudência no sentido de “i) O crime de fraude fiscal previsto e
punido no art.º 103.º do RGIT constitui um crime de perigo, bastando para a sua consumação que se
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
comprove que o agente quis a respetiva ação ou omissão e que elas eram adequadas e preordenadas à
obtenção das pretendidas vantagens patrimoniais e à consequente diminuição das receitas, não se exigindo
que se efetive a obtenção indevida de tais vantagens patrimoniais em prejuízo do fisco. ii) Estando em causa
o cometimento do crime (qualificado) através de faturas falsas, tratando-se de um crime de perigo, o
momento relevante para o efeito da consumação do crime é o da data de emissão das faturas em que o agente,
com intenção de lesar o Fisco, atenta contra a verdade e transparência exigidas na relação Fisco-contribuinte.
Para a punição do agente basta comprovar que ele quis incorporar aquelas faturas na sua contabilidade e que
elas eram adequadas à obtenção das pretendidas vantagens patrimoniais.”
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
17
Cfr. Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, tirado no processo n.º 385/08.0IDLSB.L2.-5, datado de
24.11.2015, em cujo sumário foi fixada jurisprudência no sentido de “i) O abuso de confiança fiscal é um
crime omissivo puro que se consuma no momento em que o agente não entregou a prestação tributária que
devia, ou seja, consuma-se no momento em que o mesmo não cumpre a obrigação tributária a que estava
adstrito. ii) É elemento constitutivo do tipo objetivo deste crime que o agente esteja legalmente obrigado a
entregar à administração fiscal a prestação tributária em dívida. iii) Não se tendo provado factos que
conduzam à conclusão que o arguido exerceu efetivamente (no plano fáctico - praticando atos próprios de
gestão - ou no plano jurídico - por ser sócio gerente) poderes de gerência da sociedade arguida no período
temporal em causa, tendo o domínio funcional dos factos referentes ao exercício das obrigações fiscais da
empresa e podendo, por força dele, optar pelo cumprimento ou incumprimento da obrigação tributária,
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
demonstrada não está essa obrigação relativamente ao recorrente e, consequentemente, a prática desse crime
que lhe é imputado.”
18
Cfr. Acórdão do Tribunal da Relação de Guimarães, tirado no processo n.º 157/03.9DBRG.G1, datado de
22.11.2010, em cujo sumário é fixada jurisprudência no sentido de “i) A exigência prevista na alínea b) do n.º
4 do artigo 105.° do RGIT, na redação introduzida pela Lei 53-A/2006, configura uma nova condição
objetiva de punibilidade que, por aplicação do artigo 2.° n.º 4 do Código Penal, é aplicável aos factos
ocorridos antes da sua entrada em vigor. ii) Esta nova condição objetiva de punibilidade não abarca todos os
crimes de abuso de confiança fiscal (e de abuso de confiança à Segurança Social); apenas é aplicável aos
casos em que a existência da dívida fiscal é participada pelo sujeito passivo, através da correspondente
declaração, que não foi acompanhada do respetivo meio de pagamento. iii) No caso de o arguido ser
notificado nos termos e para os efeitos da alínea b) do n.º 4 do artigo 105.° do RGIT, o processo deve
aguardar sempre o decurso do prazo de 30 dias a que alude aquele normativo legal. Este prazo de 30 dias não
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Nos artigos 106.º e 107.º dos RGIT estão tipificados os crimes de fraude de e
abuso de confiança contra a segurança social cuja tipologia é decalcada dos
artigos 103.º, 104.º e 105.º do RGIT. O crime de fraude contra segurança social
reveste a natureza de um prazo processual pelo que o arguido a ele não pode renunciar. iv) No caso de a
condenação, com transito em julgado, respeitar a crime único (ou continuado) em que algumas prestações
tributárias são iguais ou inferiores a €7500 e outras superiores, a aplicação da lei nova mais favorável deverá
ser feita no quadro do mecanismo da reabertura da audiência a que alude o artigo 371.º-A do CPP. v) A
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
reabertura da audiência apenas pode ter lugar a requerimento do condenado, não podendo ser decretada
oficiosamente, por iniciativa do juiz, nem a pedido (promoção ou requerimento) do Ministério Público.”
19
Cfr. Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, tirado no processo n.º 2002/17.9T9LSB.L1-5, datado de
04.05.2021, em cujo sumário é fixada jurisprudência no sentido de que “Não se verifica conflito de deveres
nem estado de necessidade, na circunstância em que o gerente e a entidade empregadora retêm os valos
deduzidos a título de contribuição para a Segurança Social, utilizando-os para pagamento de salários e de
fornecedores, vale dizer, para manter a empresa em funcionamento”, sendo certo que não ficou demonstrado
nem assente que as retenções foram utilizadas exclusivamente para pagamento de salários.
- Pese embora as dificuldades de tesouraria que a sociedade comercial vivenciava, o arguido podia sempre ter
optado por pagar à Segurança Social em detrimento de outros pagamentos. Todavia, fez exatamente o
contrário, pois conforme se deu como provado na sentença recorrida: “Ao não terem entregado à Segurança
Social as referidas quantias, os arguidos fizeram seu o montante total de 101.732,98 €, empregando-o, por
decisão do 1º arguido, na prossecução de outros fins mais favoráveis, no imediato, à prossecução do objeto
social, como, por exemplo, o pagamento de dívidas a fornecedores e de salários a trabalhadores.”
- Não resulta da factualidade apurada que as retenções e pagamentos devidos à Segurança Social foram
efetuados apenas ou exclusivamente por causa de preferência dada ao pagamento de salários mas sim e
também que as retenções foram canalizadas para outros fins como a manutenção do giro comercial da
empresa e para satisfação de créditos a fornecedores sem melhor garantia ou privilégio o que faria cair o
argumento do alegado conflito de deveres e essa razão salarial, quando muito, seria de considerar na
diminuição do grau de ilicitude e de culpa, como aliás o foi.
- A omissão do pagamento à Segurança Social foi causada por decisões do recorrente em nome da arguida
sociedade, e não diretamente pelo facto de clientes da 1ª arguida não terem pago os serviços prestados, pois
as quantias foram retidas para cotizações (e não o contrário, ou seja, não deixaram de o ser por falta de
pagamentos) e foram usadas para pagamentos também de fornecedores, além de salários.
- A falta de entrega dos montantes acima descriminados à Segurança Social ocorreu de uma forma
essencialmente homogénea, decorrente de dificuldades económicas de tesouraria resultantes de uma
diminuição da atividade no contexto de uma conjuntura económica difícil, conjuntura essa que diminui
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
consideravelmente a culpa daquele comportamento, o que nos termos do art.º 30.º do CP, leva a concluir pela
imputação apenas por um único crime mas na forma continuada.”
20
Cfr. Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, tirado no processo n.º 5/10.3IFLSB-5, datado de
17.12.2019, em cujo sumário é fixada jurisprudência no sentido de que “O princípio «ne bis in idem» não
constitui obstáculo a que alguém possa ser julgado por factos naturalísticos, total ou parcialmente
coincidentes com aqueles, pelos quais já tenha respondido no âmbito de outro processo, desde que os factos
sejam subsumidos a um tipo criminal diverso, que se encontre numa relação de concurso efetivo para com
aquele que motivou o primeiro processo.
– A pedra de toque, que permite distinguir entre as relações de concurso efetivo e outras realidades, reside na
não identidade dos bens jurídicos tutelados por cada uma das normas incriminadoras em confronto.
– O bem jurídico tutelado pela norma que prevê e pune o crime de abuso de confiança contra a Segurança
Social é integrado, antes do mais, pelas receitas da Segurança Social, nunca poderá perder-se de vista a
singularidade do financiamento desta. Singularidade que assenta em princípios como o da sustentabilidade,
autonomia orçamental, reserva de lei, ou contributividade, e que não interessam da mesma maneira na área
da fiscalidade.
– Diferentemente, aquilo que se pretende garantir, com a punição da fraude fiscal, é a efetiva arrecadação dos
impostos por parte do erário público.
– A condição estabelecida na al. b) do n.º 4 do art.º 105º RGIT é uma condição objetiva de punibilidade [Os
factos descritos nos números anteriores só são puníveis se…] mas cuja aplicação não se estende ao crime de
nos ocupamos nos presentes autos.
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
– A propósito da questão da agravação determinada pelo valor da vantagem patrimonial obtida pelos
arguidos, o que se mostra relevante não é a concreta determinação da prestação tributária que se mostra em
divida, ou passível de vir a ser apurada como sendo devida.
– O resultado vantagem patrimonial ilegítima, visado ou alcançado com as condutas, não constitui um
elemento objetivo do tipo de ilícito, não importando, por conseguinte, para determinar o momento da
consumação do crime (não obstante, não ser crime de resultado o desvalor de resultado, se o houver pode ser
relevante, designadamente para efeitos de determinação da medida da pena, e outros).
– De acordo com o disposto no art.º 103º, nº 2, do RGIT, os factos não são puníveis se a vantagem
patrimonial ilegítima for inferior a €15.000,00.
– O tipo não exige que o perigo venha efetivamente a verificar-se, mas permite que seja objeto de um juízo
negativo que exclui a responsabilidade penal, no caso em que o comportamento proibido não seja idóneo a
provocar uma vantagem patrimonial igual ou superior a €15.000,00.
– O relato de agentes de investigação (OPC) sobre dados, informações ou contribuições de que tomaram
conhecimento fora do âmbito de diligências produzidas sob a égide da oralidade (interrogatórios, acareações,
tomadas de declarações, conversas formais) e que não o devessem ser sobre tal formalismo, bem como no
âmbito das demais diligências, atos de investigação e meios de obtenção de prova (atos de investigação
proactiva, buscas e revistas, exames ao lugar do crime, reconstituição do crime, reconhecimentos presenciais,
entregas controladas, etc.) que tenham autonomia técnico-jurídica constituem depoimento válido e eficaz por
se mostrarem alheias ao âmbito de tutela dos Art.ºs 129.º e 357.º, ambos do CPPenal.
– Não tendo sido levadas a recurso, oportunamente, pelo M.º P.º, as questões da nulidade invocada acerca da
sujeição da suspensão de execução da pena decretada aos arguidos LT e LG à condição de “pagamento da
prestação tributária prestação tributária que vier a ser apurada, após liquidação pelos tribunais tributários,
devendo o arguido apresentar documento comprovativo desse pagamento.”, e a de não se mostrar
estabelecido um prazo para a respetiva comprovação do pagamento, trazer estas questões em sede de parecer
mais não representa que um alargamento das questões a conhecer por parte de sujeito processual que, tendo
legitimidade para o mesmo, não o quis interpor atempadamente, o que representaria para estes uma efetiva
reformatio in pejus na medida em que o quadro sancionatório, que não se esgota apenas na pena privativa de
liberdade ou da sua substituta fixada, se mostraria mais exigente e penoso, o que se mostra proibido por força
do disposto no art.º 409.º CPP.”
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
fiscal, pelo que vamos enunciar, em relação a cada tipo legal, os aspetos factuais
essenciais que concorrem para a prática de uma contraordenação.
CONTRAORDENAÇÕES FISCAIS
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Infrações Tributárias
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Esta contraordenação pode ser praticada por comportamento doloso ou por ação
negligente. Estar-se-á sempre perante esta contraordenação quando o
contribuinte que tiver procedido à retenção de IRS na fonte não concretizar a sua
entrega nos cofres do Estado, nos termos e prazos previstos no n.º 3 do artigo
98.º do CIRS, mas opte por proceder à regularização da situação tributária
através da entrega do imposto devido no prazo de 90 dias a contar do termo do
prazo legal.
Exemplos:
1. Pessoa singular:
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
2. Pessoa coletiva:
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
As declarações com maior relevância fiscal e cuja não entrega preenche este tipo
legal de contraordenação são as seguintes:
Esta contraordenação será praticada por via de uma ação cuja materialização tem
subjacente um comportamento negligente do sujeito passivo ou obrigado
tributário. Se a conduta do contribuinte for dolosa, em princípio, poderá estar
preenchido o tipo legal de crime de fraude fiscal previsto no artigo 103.º do RGIT,
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Exemplo:
a) Pessoa Singular
b) Pessoa Coletiva
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Infrações Tributárias
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Infrações Tributárias
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Exemplo:
a) Pessoa singular
b) Pessoa coletiva
a) Pessoa singular
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b) Pessoa coletiva
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Infrações Tributárias
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inexatidões relativas ao mapa plurianual das perdas por imparidade para risco
específico de crédito a incluir no processo de documentação fiscal, a que se
refere o artigo 130.º do Código do IRC, são puníveis com a coima prevista,
respetivamente, no n.º 4 e no n.º 5 do artigo 116.º do RGIT.
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Importa sublinhar que, nos termos do artigo 19.º da LGT, os sujeitos passivos
residentes no estrangeiro, bem como os que, embora residentes no território
nacional, se ausentem deste por período superior a seis meses, bem como as
pessoas coletivas e outras entidades legalmente equiparadas que cessem a
atividade, devem, para efeitos tributários, designar um representante com
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Infrações Tributárias
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21
O Espaço Económico Europeu (EEE) resultou de um acordo assinado em 1991 e que entrou em vigor em
1993 (ao mesmo tempo que o Mercado Único) entre os membros da Associação Europeia de Comércio Livre
(EFTA) e a então Comunidade Europeia (hoje União Europeia). O EEE é o maior mercado integrado do
mundo. Nos termos do acordo ficaram asseguradas aos países-membros da EFTA as quatro liberdades
fundamentais da Comunidade Europeia: livre circulação dos bens, dos serviços, das pessoas e dos capitais.
Esta iniciativa constituiu, portanto, um alargamento do mercado livre comunitário. O EEE nasceu da vontade
de permitir aos países parceiros da Comunidade Europeia beneficiar das vantagens do Mercado Único.
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Infrações Tributárias
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
a) ter recolhido prova bastante de não ter sido praticado qualquer crime,
ou
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ilícito fiscal praticado pelo agente é ou não algum dos tipos legais de crime
tributário/fiscal previstos no RGIT. Sem prejuízo das competências de outros
órgãos de polícia criminal, designadamente da Polícia Judiciária, o inquérito, nos
termos dos artigos 35.º a 42.º do RGIT, é instaurado nos serviços da Autoridade
Tributária e Aduaneira e os atos de investigação são praticados por um
trabalhador da AT, na qualidade de instrutor do processo, funções que
desempenha sob a direta orientação do Ministério Público e na sua dependência
funcional.
CRIMES
TRIBUTÁRIOS
EXERCÍCIO DA ACÇÃO PENAL
Art.º 219.º DA CRP
CRIMES
FISCAIS
MINISTÉRIO PÚBLICO
DCIAP
DIAP
DELEGA NOS ÓRGÃOS
DE POLÍCIA CRIMINAL PROCURADOR DA
REPÚBLICA
ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO
RESTANTES
TRIBUTÁRIA
COMARCAS
POLÍCIA JUDICIÁRIA
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O processo de inquérito deve ser instaurado logo que seja obtida a notícia do
crime, a qual é obtida por conhecimento próprio do Ministério Público ou dos
órgãos da Administração Tributária, por intermédio de órgão de polícia criminal ou
de agente tributário e, ainda, mediante denúncia – n.º 1 do artigo 35.º do RGIT.
Aos órgãos da Administração Tributária cabe, durante o inquérito, os poderes e as
funções que o Código de Processo Penal atribui às autoridades de polícia
criminal22 e aos órgãos de polícia criminal, presumindo-se-lhes delegada a prática
de atos que o Ministério Público pode atribuir àqueles órgãos. São órgãos de
polícia criminal todas as entidades e agentes policiais a quem caiba levar a efeito
quaisquer atos ordenados por uma autoridade judiciária, sendo esta
compreendida pelo juiz, o juiz de instrução ou o Ministério Público, cada um
relativamente aos atos processuais que cabem na sua competência.
Aos órgãos de polícia criminal compete coadjuvar as autoridades judiciárias com
vista à realização das finalidades do processo de inquérito. Os funcionários da
Administração Tributária que exerçam funções na área da investigação criminal
fiscal é nesta qualidade que desenvolvem a sua atuação no que respeita à prática
dos atos de investigação em ordem à recolha dos elementos probatórios
necessário à realização do inquérito.
Em regra, o processo de inquérito é instaurado com base em auto de notícia –
artigo 57.º do RGIT e artigo 243.º do CPP – mas também o pode ser com base
em participação ou denúncia.
O inquérito criminal é instaurado nos serviços da Administração Tributária ou nos
serviços do Ministério Público. Os atos de inquérito são praticados pelos órgãos
da Administração, designadamente o Diretor da Direção de Finanças com
jurisdição na área onde tiver sido cometido o crime fiscal, o Diretor da Unidade
dos Grandes Contribuintes (UGC) – Decreto-Lei n.º 118/2011, de 15 de
Dezembro, e artigo 34.º da Portaria n.º 320-A/2011, de 30 de Dezembro –, ou o
Diretor da Direção de Serviços de Investigação da Fraude e de Ações Especiais
(DSIFAE), conforme artigo 41.º do RGIT, na redação introduzida pelo Decreto-Lei
22
Nos termos da al. d) do artigo 1.º do Código de Processo Penal, são autoridades de polícia
criminal os Directores, oficiais, inspectores e subinspectores de polícia e todos os funcionários
policiais a quem as leis respectivas reconhecerem essa qualificação.
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
AUTO DE NOTÍCIA
PARTICIPAÇÃO
DENÚNCIA
PROCESSO DE INQUÉRITO
COMPETÊNCIA
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
CONCLUSÃO
Prazo de 8 meses
DIRECTOR DE FINANÇAS
DIRECTOR DA UGC
DIRECTOR DA DSIFAE EXCEPTO SE FOR
Art.º 41.º DO RGIT APRESENTADO PROCESSO
FISCAL GRACIOSO OU DE
CONTENCIOSO
ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO
Art.º 42.º DO RGIT
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Os atos de investigação têm por fim praticar diligências processuais com vista à
recolha de provas no sentido de descobrir a verdade sobre os factos e prosseguir
os fins do inquérito, através de exame das pessoas, dos lugares e das coisas, e
que no caso do crime fiscal implica o exame de elementos de natureza
contabilística e financeira, bem como a análise de operações económicas, sendo
muitas vezes extremamente difícil obter provas suficientes para demonstrar a
atuação ilícita dos obrigados tributários. No domínio do processo penal são
admissíveis todos os meios de prova que não forem proibidos por lei, pelo que a
recolha de elementos de prova pode implicar, designadamente, a apreensão de
documentos, a realização de revistas e buscas, a recolha de depoimentos dos
arguidos e de testemunhas, a derrogação de sigilo bancário, ou outras que se
mostrem idóneas e adequadas a provar os factos. Os atos de investigação ou de
inquérito realizados pelos órgãos da Administração Tributária, na qualidade de
órgãos de polícia criminal, devem estar concluídos no prazo máximo de oito
meses a contar da data da obtenção da notícia do crime.
Uma vez concluídas as investigações, o órgão da Administração Tributária com
competência delegada no inquérito procede à elaboração de um parecer
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infratores tarde ou nunca são punidos. Nos últimos anos, a investigação criminal
fiscal tem tido avanços significativos e os resultados obtidos têm contribuído para
reforçar a perceção de que o sistema fiscal é mais justo e equitativo, porém, os
níveis de fraude e evasão entre nós ainda são muito acentuados, havendo ainda
um longo caminho a percorrer neste domínio. Não obstante esta realidade, em
termos de estrutura sistemática a investigação criminal fiscal cede perante a
prioridade da definição da situação tributária do contribuinte indiciado como
agente de ilícito fiscal criminal. Com efeito, no artigo 47.º do RGIT, o legislador
consagrou a prioridade da definição da situação tributária ao estabelecer que, em
caso de pendência de processo de impugnação judicial ou de oposição à
execução em que se discuta a situação tributária de cuja definição dependa a
qualificação criminal dos factos imputados, o processo penal tributário fica
suspenso até transitar em julgado as sentenças proferidas naqueles processos –
artigo 47.º do RGIT. As referidas sentenças constituem caso julgado para o
processo penal tributário relativamente às questões nelas decididas e nos
precisos termos em que o foram – artigo 48.º do RGIT.
Esta opção de dar prioridade à definição da situação tributária é percetível no
quadro de um sistema jurídico que se pretende unitário e eficaz, mas é
questionável em termos de eficácia da ação de investigação criminal,
designadamente em relação aos comportamentos muito gravosos e de grande
danosidade social, mormente quando a criminalidade fiscal é muito complexa e
tem forte impacto na corrosão das receitas tributárias. As autoridades de
investigação criminal fiscal estão conscientes desta factualidade e através da sua
ação visam tornar efetivo, real e preventivo o combate contra a fraude fiscal, de
modo a induzir nos agentes económicos condutas direcionadas para o integral
cumprimento das obrigações tributárias.
Por estas razões é que, sem prejuízo da unidade do sistema que deve dar
prioridade à definição da situação tributária, o legislador, através da norma do n.º
5 do artigo 45.º da LGT, ampliou no tempo o direito à liquidação dos tributos
respeitante a factos relativamente aos quais tenha sido instaurado processo de
inquérito. Nestes casos, o prazo geral para o exercício do direito à liquidação – n.º
1 do artigo 45.º da LGT – é alargado até ao arquivamento ou trânsito em julgado
da sentença, acrescido de um ano. De igual modo, através da Lei n.º 66-B/2012,
de 31 de dezembro – Orçamento do Estado para 2013 – foi introduzida nova
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A dispensa da pena podia acontecer se o crime fosse punível com pena de prisão até 3 anos. Através da Lei
n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro – Orçamento do Estado para o ano de 2014 –, o legislador alterou o
normativo do n.º 1 do artigo 22.º RGIT e a dispensa da pena passou a ser só aplicável aos crimes punidos
com pena de prisão até dois anos. Em consequência, em relação aos crimes fiscais, o instituto da dispensa
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pena perdeu praticamente toda a relevância que tinha. Todavia, no âmbito da tramitação do processo penal
tributário os juízes estão a contornar esta dificuldade através da aplicação das medidas previstas no artigo
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281.º do CPP.
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Ninguém pode ser condenado duas vezes pelo mesmo ilícito.
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Cfr. Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, tirado no processo n.º 64/06.3IDVIS.C1, datado de
26.02.2014, em cujo sumário foi fixada jurisprudência no sentido de “i) O IVA - como outros impostos -,
abrange prestações tributárias dependentes de liquidação, a efetuar de acordo com os trâmites do Capítulo V
do CIVA, que contém as regras e a forma de cálculo do tributo a pagar. ii) Porém, a “infração dependente da
liquidação”, referida no n.º 3 do artigo 21.º do RGIT, pressupõe que o atinente elemento constitutivo
provenha do apuramento do valor do imposto; ou seja, o tipo de infração só se verifica depois de determinado
o valor da prestação tributária, através do ato da liquidação. iii) A perfetibilização do crime de abuso de
confiança fiscal, por não entrega de valores relativos a IVA, apurados e recebidos pelo sujeito passivo, não
depende de qualquer ato de liquidação que a administração fiscal haja de fazer. iv) Não sendo de aplicar ao
referido circunstancialismo a norma acima indicada, em consonância com o que dispõe o artigo 21.º, n.º 1, do
RGIT, é de cinco anos o prazo de prescrição do procedimento criminal relativo àquele crime.”
26
Cfr. Acórdão do Tribunal da Relação de Évora, tirado no processo n.º 64/01.0TALLE.E1, datado de
06.10.2020, em cujo sumário foi fixada jurisprudência no sentido de “i) Da prescrição da obrigação
“tributária” não decorre a extinção da ação cível enxertada na ação penal, pois aquela (prescrição) não se
confunde com a prescrição do direito à indemnização cível. ii) A fonte da obrigação, caso ocorra um crime e
este cause danos, não é a lei que delimita a obrigação de entregar certas quantias à Segurança Social (norma
de incidência) mas sim a responsabilidade civil, de modo que o pedido cível deduzido no processo penal, a
título de indemnização pelos danos causados pela prática do crime, pode ser superior ao montante das
prestações não entregues, desde que seja esse o prejuízo causado pelo ilícito, pois já não está em causa
apenas o incumprimento de uma obrigação legal. iii) A realidade em apreciação pode assim desencadear três
tipos de responsabilidade: responsabilidade penal, apreciada à luz da lei penal (do Regime Geral das
Infrações Tributárias e do Código Penal); responsabilidade civil, emergente do crime tributário; e
responsabilidade tributária, pelo pagamento da dívida fiscal, juros e outros encargos devidos, apreciada à luz
da lei Geral tributária. iv) A responsabilidade tributária e a responsabilidade criminal não se confundem,
assentam em pressupostos diversos, independentemente de terem na sua base circunstância ou facto comum,
como seja, a não entrega ao fisco de determinada prestação tributária. E também a responsabilidade civil
proveniente da prática de crime (fiscal) se distingue da responsabilidade tributária. v) A prescrição ocorrida
em sede de execução fiscal impede que esta execução prossiga e, consequentemente, que a dívida tributária
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ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
ENRERRAMENTO - PARECER
MINISTÉRIO PÚBLICO
FASE ARGUIDO
FACULTATIVA ASSISTENTE
ENTE
ABERTURA DE INSTRUÇÃO
DECISÃO INSTRUTÓRIA
JULGAMENTO ARQUIVAMENTO
seja cobrada ali. Mas nada determina em sede de responsabilidade penal e suas consequências, como seja as
suas consequências civis.”
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Estas condições são comuns às alíneas a), b) e c) do n.º 1 do artigo 29.º do RGIT,
com exceção do início do procedimento de inspeção tributária que constitui o
motivo de ativação do mecanismo no caso da alínea c) do n.º 1 do artigo 29.º do
RGIT.
Nos casos das alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 29.º do RGIT, o contribuinte está
dispensado de fazer qualquer requerimento a pedir o pagamento da coima, visto
27
A partir de 1 de janeiro de 2022, o direito à redução da coima passa a estar regulado no artigo 30.º do
RGIT, na redação introduzida pela Lei n.º 7/2021, de 27 de fevereiro.
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Sublinha-se que nos casos das alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 29.º do RGIT, o
funcionamento do mecanismo do direito à redução da coima está absolutamente
dependente da iniciativa do contribuinte, sendo sempre vantajoso para o infrator
proceder à regularização da situação tributária.
Na situação da alínea c), os serviços de inspeção tributária já iniciaram o
procedimento de inspeção, mas desde que a(s) infração(ões) seja(m) o resultado
de uma ação negligente, logo de gravidade e culpa reduzida, o infrator ainda pode
beneficiar do direito à redução da coima, mas o seu exercício está, também neste
caso, dependente da vontade do contribuinte, pois, pertence-lhe a iniciativa de
requerer ou não o pagamento da coima reduzida e dar conhecimento do pedido
ao inspetor tributário.
No caso da alínea c) do n.º 1 do artigo 29.º do RGIT, a lei visa que o inspetor
tributário que iniciou o procedimento de inspeção tributária possa ter
conhecimento do exercício do direito à redução da coima. Caso contrário, se o
contribuinte não lhe der conhecimento do pedido, o inspetor tributário, na
sequência da deteção das infrações, procede ao levantamento do auto de notícia
para instauração do correspondente procedimento de contraordenação. De modo
a proporcionar a utilização deste direito por parte dos contribuintes, o RGIT
consagra expressamente que os inspetores tributários não devem proceder ao
levantamento de auto de notícia, por infrações negligentes, até ao termo do
procedimento de inspeção tributária (que ocorre nos termos do n.º 2 do artigo 62.º
do Regime Complementar do Procedimento de Inspeção Tributária Aduaneira
(RCPITA) com a notificação ao contribuinte, através de carta registada, do
relatório final do procedimento de inspeção tributária. É de sublinhar que antes do
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início da ação de inspeção externa, nos termos da alínea l) do n.º 3 do artigo 59.º
da LGT e do artigo 49.º do RCPITA, é enviada aos contribuintes uma carta-aviso
a informá-los do âmbito e extensão do procedimento de inspeção tributária, sendo
enviado, conjuntamente, com aquela um anexo (folheto) cujo fim é informar os
sujeitos passivos e demais obrigados tributários dos direitos, deveres e garantias
que têm no decurso do procedimento de inspeção tributária. O direito à redução
da coima, nos termos previstos no artigo 29.º do RGIT, é expressamente
mencionado no referido anexo.
Ao contrário do que acontece no processo de contraordenação, no qual existe um
despacho de fixação da coima, o mecanismo do direito à redução da coima não
exige a graduação da coima pela entidade competente, uma vez que o direito à
redução da coima previsto no artigo 29.º do RGIT funciona com base no montante
mínimo legal previsto para cada tipo legal de contraordenação. Só assim não será
caso a infração consistir em falta de entrega da prestação tributária, situação em
que o valor mínimo legal é determinado por efeito da aplicação do valor
percentual previsto no artigo 31.º do RGIT ao valor do imposto em falta.
Uma vez determinado o valor mínimo legal, a coima a pagar, conforme a situação
em causa, é o resultado da multiplicação de 12,5%, 25% ou 75% sobre o referido
valor mínimo legal. No direito à redução a coima a pagar não pode ser inferior a €
25 – n.º 3 do artigo 26.º do RGIT.
Nas três situações previstas no n.º 1 do artigo 29.º do RGIT, tendo o contribuinte
procedido à regularização da situação tributária com vista ao benefício da redução
da coima, o pagamento da coima tem de ser feito no prazo de 15 dias a contar da
notificação feita pelos serviços da Administração Tributária. Decorrido esse prazo
sem que o pagamento se mostre efetuado, o contribuinte perde o direito à
redução da coima e é de imediato instaurado o respetivo processo de
contraordenação – n.º 2 do artigo 30.º e n.º 2 do artigo 58.º do RGIT.
De forma a especificar melhor o funcionamento do mecanismo do direito à
redução da coima, refira-se que, nas situações enunciadas nas alíneas a) e b) do
n.º 1 do artigo 29.º do RGIT, o valor da coima é apurado do seguinte modo:
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Pessoa Singular
Tipo legal de contraordenação – artigo 117.º, n.º 2 do RGIT
Mínimo legal = € 300
a) € 300 x 12,5% = € 37,50 (coima a pagar)
b) € 300 x 25% = € 75 (coima a pagar)
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Pessoa Singular
Mínimo legal = € 2 000 x 10% (Art.º 31.º do RGIT) = € 200
a) € 200 x 12,5% = € 25 (coima a pagar)
b) € 200 x 25% = € 50 (coima a pagar)
Quando a situação for para enquadrar na alínea c) do n.º 1 do artigo 29.º do RGIT
o valor da coima a pagar é apurado da seguinte forma:
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Pessoa Singular
Tipo legal de contraordenação – artigo 117.º, n.º 2 do RGIT
Mínimo legal = € 300
€ 300 x 75% = € 225
Coima a pagar = € 225
Pessoa Singular
Mínimo legal = € 2 000 x 15% (Art.º 114.º, n.º 2 do RGIT) = € 300
€ 300 x 75% = € 225
Coima a pagar = € 225
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Os requisitos legais para a aplicação desta dispensa da coima são tão exigentes
que o seu âmbito de aplicação vai ser muito reduzido, porque é preciso que num
horizonte temporal de cinco anos o contribuinte não tenha praticado qualquer
contraordenação, por mais reduzida que seja a gravidade dos factos e a culpa do
agente da infração fiscal. Pois, basta que tenha procedido à entrega da
declaração de rendimentos no dia seguinte ao termo do prazo legal ou que tenha
realizado o pagamento do imposto único de circulação alguns dias após o termo
do prazo legal para não poder usufruir deste novo mecanismo de dispensa da
coima. Ainda que o contribuinte venha a beneficiar deste afastamento da coima,
só após o decurso do prazo de cinco anos é que poderá voltar a usufruir do
mesmo, sendo necessário estar preenchidos os requisitos previstos no n.º 4 do
artigo 29.º do RGIT, o que inclui a obrigação de não ter praticado qualquer
infração tributária durante aquele segmento temporal. Por outro lado, por razões
de unidade, equilíbrio e justiça do sistema sancionatório, não se percebe por que
razão este mecanismo não pode ser aplicado às pessoas coletivas caso as
mesmas sejam agentes de uma contraordenação e reúnam os requisitos legais
estabelecidos nos normativos do n.º 4 do artigo 29.º do RGIT. O legislador quis
ser inovador, todavia, o excessivo rigor e exigência na definição dos pressupostos
para a sua aplicação vai determinar a total irrelevância e inaplicabilidade desta
medida de afastamento da coima.
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passa a ter uma nova configuração, uma vez que as alíneas a) e b) do n.º 1 do
artigo 29.º do RGIT foram unificadas e, consequentemente, no n.º 1 do artigo 30.º
do RGIT, o direito à redução da coima integra apenas duas situações de redução
de coima. A coima será reduzida, nos termos do n.º 1 do artigo 30.º do RGIT, se o
pedido de pagamento for apresentado:
Sublinha-se que sempre que o pagamento das coimas reduzidas, nos termos
supra referidos, não for efetuado ao mesmo tempo que a entrega da prestação
tributária ou do documento ou declaração em falta, situação que será a regra
nestas situações, o contribuinte será, nos termos da alínea a) do n.º 3 do artigo
30.º do RGIT, notificado para efetuar o pagamento no prazo de 30 dias, sob pena
de ser levantado auto de notícia e instaurado processo contraordenacional.
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Atualmente, os autos de notícia são levantados diretamente os sistemas de informação da AT e os
processos são de imediato instaurados.
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Cfr. Acórdão do Tribunal Central Administrativo Sul, tirado no processo n.º 1026/12.7BESNT, datado de
11.04.2019, em cujo sumário é fixada jurisprudência no sentido de “i) A descrição dos factos visa assegurar
ao arguido a possibilidade de exercício efetivo dos seus direitos de defesa, os quais poderiam ficar
diminuídos se não constasse da decisão a descrição, ainda que sumária, dos factos que justificaram a
aplicação da coima; ii) A lei não se basta com a mera remissão para o que sobre os factos constitutivos da
infração se diga no auto de notícia; iii) A coima só é objeto de concreta fixação no momento da elaboração da
competente decisão administrativa de aplicação de coima. A notificação para o exercício de defesa apenas
visa notificar o arguido do facto ou factos apurados no processo de contraordenação e da punição em que
incorre servindo para apresentar defesa e juntar ao processo os elementos probatórios pertinentes; iv) Quanto
ao requisito da descrição sumária dos factos o mesmo deve ser interpretado em ordem ao tipo legal da
infração, sendo que quanto ao normativo 114.º, nº2, do RGIT não é a falta de entrega da prestação tributária
do IVA que preenche o tipo legal, mas sim a diferença positiva entre o imposto suportado pelo sujeito
passivo e o imposto a cuja dedução tem direito; v) Não obsta à nulidade insuprível a nova redação dada à
alínea a), do nº 5, do art.º 114.º do RGIT, pela Lei 64-A/2008, de 31 de dezembro, pois ainda que o objetivo
de tal preceito tenha sido o de alargar a previsão legal de molde a abarcar todas as condutas omissivas da
obrigação tributária, independentemente do recebimento do imposto por parte do adquirente dos bens ou
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serviços, não constando da decisão administrativa de aplicação da coima qualquer alusão ao artigo 114.º, n.º
5, alínea a), do RGIT padece a mesma de nulidade insuprível.”
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INFRATOR/ARGUIDO ATITUDES
APRESENTAÇÃO DE DEFESA
PAGAMENTO ANTECIPADO
INDIFERENÇA
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Com as alterações introduzidas pela Lei n.º 7/2021, de 26 de fevereiro, no artigo 70.º do RGIT o prazo para
o arguido apresentar a defesa, a partir do dia 1 de janeiro de 2022, vai passar a ser de 30 dias a contar da
notificação.
31
Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, tirado no processo n.º 0728/16.3BEBJA 0620/18, datado de
04.11.2020, em cujo sumário se fixa jurisprudência no sentido de “i) O Regime Geral das Infrações
Tributárias não tem norma própria para a contabilização de prazos pelo que haveremos para o efeito de nos
socorrermos das normas de aplicação subsidiária constantes do seu art.º 3.º que não estabelece qualquer
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diferente regime, quanto ao direito subsidiariamente aplicável, entre a fase administrativa e a fase judicial do
processo de contraordenação. ii) O prazo para apresentação da defesa na fase administrativa é contabilizado
nos termos do art.º 138º do Código de Processo Civil, por força do art.º 3.º b) do Regime Geral das Infrações
Tributárias, no art.º 41.º, n.º 2 do Regime geral do ilícito de mera ordenação social, e do preceituado no art.º
104.º do Código de Processo Penal, o que significa que corre sem interrupções aos sábados domingos e
feriados e transfere-se para o dia útil imediato, quando termine em dia em que os tribunais estiverem
encerrados.”
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Sempre que o arguido entenda que não praticou a infração que lhe está a ser
imputada não deve perder a oportunidade de apresentar defesa no processo de
contraordenação, ainda que esta seja para invocar alguma causa de exclusão da
ilicitude ou de extinção do procedimento por contraordenação.
A autoridade administrativa competente para apreciação da defesa deve ordenar
o arquivamento do processo sempre que conclua ser procedente alguma das
razões invocadas pelo arguido.
A defesa do arguido:
ESCRITA
DEFESA DO ELEMENTOS
INFRATOR/ARGUIDO PROBATÓRIOS
VERBAL
DOCUMENTOS
TESTEMUNHAS
EXAMES
PERÍCIAS
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REQUISITOS LEGAIS
PAGAMENTO
PAGAMENTO NO PRAZO
ANTECIPADO PRAZO LEGAL
EM 10 DIAS
PROCESSO
REGULARIZAÇÃO DA
DE PRAZO SITUAÇÃO TRIBUTÁRIA
CONTRAORDENAÇÃO DA
DEFESA
BENEFÍCIOS
CUSTAS PROCESSUAIS
REDUZIDAS A METADE
32
Em face da nova redação do n.º 1 do artigo 75.º do RGIT, introduzida pela Lei n.º 7/2021, de 26 de
fevereiro, a partir de 1 de janeiro de 2022, o pagamento antecipado passa a ter aplicável a todo o tipo de
contraordenações, quer sejam simples, quer sejam graves.
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RGCO, disposição aplicável por força da alínea b) do artigo 3.º do RGIT, o prazo
de 20 dias se suspende aos sábados, domingos e feriados.
O pagamento voluntário da coima, à semelhança do que acontece no pagamento
antecipado, pressupõe o reconhecimento da responsabilidade pela prática da
infração, e permite a imediata extinção do processo obstando aos inconvenientes
do seu arrastamento. Para o Estado também encerra aspetos positivos,
porquanto permite sancionar a conduta ilícita e garantir a eficácia da prevenção
geral e proporciona a rápida arrecadação da receita da coima e das custas
processuais.
Importa, no entanto, referir que o pagamento voluntário da coima elimina qualquer
possibilidade do infrator agir no processo para alegar a inexistência da infração ou
invocar qualquer vício ou nulidade. Neste sentido, veja-se a jurisprudência firmada no
acórdão do STA, de 26.05.2010, processo n.º 043/10, que afirma que “[o] pagamento
voluntário da coima, quando legalmente admitido, determina, nos termos do disposto
na alínea c) do artigo 61.º do RGIT, a extinção do procedimento por contraordenação.
Extinto o procedimento contraordenacional, carece o arguido de interesse em agir para
efeitos de interposição de recurso da decisão administrativa de aplicação de coima (n.º
2 do artigo 401.º do CPP, subsidiariamente aplicável por força do disposto nos artigos
41.º do Decreto-Lei n.º 433/82, de 27/10 e 3.º, alínea b) do RGIT”.
Como já referimos, com o propósito de estabelecer um equilíbrio entre os
interesses em conflito, o legislador fez depender a consolidação do benefício
decorrente do pagamento voluntário da efetiva regularização da situação tributária
até ser proferido o despacho de fixação da coima – n.º 4 do artigo 78.º do RGIT.
Por regularização da situação tributária dever-se-á entender não só a entrega do
documento ou declaração em falta, mas, outrossim e necessariamente, a entrega
da prestação tributária em falta ou o pagamento do tributo e respetivos
acréscimos legais liquidados pelos serviços da Administração Tributária.
Há que referir que, não obstante as diversas alterações que são introduzidas no
RGIT pela Lei n.º 7/2021, de 26 de fevereiro, a partir de 1 de janeiro de 2022, o
prazo para a realização do pagamento voluntário vai continuar a ser de 15 dias a
contar da notificação da decisão de aplicação da coima, sendo que este prazo se
conta de forma contínua.
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REQUISITOS:
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A descrição sumária dos factos, a indicação das normas violadas e punitivas tem
de ser expressa no despacho, não podendo as autoridades administrativas limitar-
se a fazer remissão para o auto de notícia. Se tal acontecer poder-se-á estar
perante a violação de preceitos legais, circunstância que pode motivar que a
decisão enferme do vício de nulidade. É abundante a jurisprudência que
considera existir nulidade insuprível quando a decisão não incluir a descrição
sumária dos factos constitutivos da infração e não indicar os elementos que
contribuíram para a fixação da coima.
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Infrações Tributárias
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Por esta razão, a decisão administrativa que fixar a coima tem necessariamente
de indicar os elementos que contribuíram para a sua fixação, sob pena de
nulidade insuprível no processo. Na fixação da coima a autoridade administrativa
deve ter em consideração a gravidade do facto, a culpa do agente, a sua situação
económica e, sempre que possível, a coima deve exceder o benefício económico
que o agente tiver retirado da prática da contraordenação - artigo 27.º do RGIT.
Como já se referiu, a omissão destes elementos pode implicar que a decisão
padeça de nulidade insuprível, sendo este vício arguível até a decisão se tornar
definitiva. No sentido do despacho da autoridade administrativa que aplicar a
coima ter de observar determinados requisitos legais podemos cotejar o acórdão
do STA, de 16.01.2012, proferido no processo n.º 01064/12, em cujo sumário se
afirma que “[o] artigo 79.°, n.° 1, do RGIT exige que a decisão de aplicação da
coima há de conter ou observar determinados requisitos, entre os quais, a
descrição sumária dos factos e a indicação das normas violadas e punitivas, com
vista a assegurar aos arguidos a possibilidade do exercício efetivo dos seus
direitos de defesa, o que só poderá ser alcançado se o mesmo tiver conhecimento
efetivo dos factos que lhe são imputados e das normas legais em que se
enquadram. A decisão administrativa de aplicação da coima que se limita a
indicar como normas violadas as constantes dos artigos 114.°, n.° 2, do RGIT, e
26.º, n.° 4, do CIVA, omitindo qualquer referência ao artigo 114.°, n.° 5, alínea a),
do RGIT, não dá cumprimento às exigências do artigo 79.°, n.° 1, alínea b), do
RGIT, pondo em causa os direitos de defesa do arguido, pelo que enferma de
nulidade insuprível, nos termos do disposto no artigo 63.°, n.° 1, alínea d), do
RGIT.”
Ainda que o despacho não respeite os requisitos prescritos no n. º 1 do artigo 79.º
do RGIT, a nulidade insanável não se verificará se a coima for fixada pelo valor
mínimo da moldura penal cominada e dos autos constarem todos os elementos
que permitam o controlo jurisdicional da sua aplicação.
Quando a entidade competente para aplicar a coima considerar que a infração
revela um grau de gravidade que justifica a aplicação de sanção acessória deve
fazer menção expressa na decisão de que a contraordenação é grave e indicar
qual o pressuposto estabelecido no n.º 1 do artigo 21.º-A do RGCO que permite
aplica a sanção acessória, identificando no despacho não só a sanção, mas,
122
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Sempre que a infração praticada estiver conexa com mercadorias e estas tiverem
sido apreendidas, circunstância que poderá ter ocorrido aquando do levantamento
do auto de notícia ou no decurso da normal tramitação do processo de
contraordenação – n.º 1 do artigo 73.º do RGIT – a autoridade que proferir a
decisão de aplicação da coima tem de indicar expressamente na decisão o
destino das mercadorias.
123
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
33
A partir de 1 de janeiro de 2022, por força das alterações introduzidas através da Lei n.º 7/2021, de 26 de
fevereiro, no artigo 79.º do RGIT, o prazo para pagamento da coima ou para interposição de recurso judicial
vai passar a ser de 30 dias, a contar da respetiva notificação.
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
recurso (artigo 80.º, n.º, 1 do RGIT), faz-se nos termos do artigo 60.º do RGCO
(ex vi da alínea b) do artigo 3.º do RGIT), donde resulta que o prazo se suspende
aos sábados, domingos e feriados. Porque esse prazo não respeita a ato a
praticar num processo judicial, antes constituindo um prazo de caducidade de
natureza substantiva, não lhe é aplicável o regime dos prazos processuais. No
entanto, terminando esse prazo em férias judiciais, transfere-se para o primeiro
dia útil seguinte, por força do preceituado no artigo 279.º, alínea e), do CC. O
facto de o requerimento de interposição de recurso judicial da decisão de
aplicação da coima em processo de contraordenação tributária dever ser
apresentado no serviço de finanças, não obsta a que se considere ato a praticar
em juízo, pois, para esse efeito, o serviço de finanças funciona como recetáculo
do requerimento, que é dirigido ao tribunal tributário”.
125
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
DECISÃO NOTIFICAÇÃO
REQUISITOS PAGAMENTO
FIXAÇÃO DA LEGAIS (Carta Registada
COIMA RECURSO
JUDICIAL
FOTOCÓPIA DA COBRANÇA
DECISÃO COERCIVA
INFORMAÇÃO
COMPLEMENTAR
126
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
tipos legais de contraordenação previstos nos artigos 114.º, 118.º, 119.º e 126.º
do RGIT, se o valor do imposto em falta for de valor igual ou inferior a € 25.000 a
competência é do Chefe do Serviço de Finanças e se o imposto em falta for de
valor superior a € 25.000 a competência é do Diretor de Finanças.
Salvo disposição expressa em contrário, o chefe do Serviço de Finanças tem
ainda competência para aplicar as coimas nas contraordenações autónomas, que
são aquelas cujos tipos legais não constam do RGIT, mas sim de outro diploma
legal.
A competência originária para aplicar as coimas é do chefe de Finanças ou do
Diretor de Finanças, no entanto, no âmbito das regras aplicáveis à delegação de
poderes, estes podem delegar esta competência em funcionários qualificados –
n.º 3 do artigo 76.º do RGIT.
Se existir concurso de contraordenações cujo conhecimento caiba ao chefe de
Finanças e ao Diretor de Finanças é este último a autoridade competente para
aplicar a coima – n.º 4 do artigo 76.º do RGIT.
Na redação inicial do RGIT, o legislador estabeleceu que a competência para
aplicar as sanções acessórias pertencia, em função do tipo legal de
contraordenação e em paridade com a competência para aplicar as coimas, ao
chefe do Serviço de Finanças ou ao Diretor de Finanças, regime de competência
que estava harmonizado com o regime do ilícito de mera ordenação social, no
âmbito do qual a autoridade competente para aplicar as sanções acessórias é a
mesma que aplica a coima – artigo 33.º do RGCO.
No entanto, com a Lei n.º 53-A/2006, de 29 de dezembro – Orçamento do Estado
para 2007 – o legislador alterou a alínea b), in fine, do artigo 52.º do RGIT, e
atribuiu a competência para aplicação das sanções acessórias em exclusivo ao
Diretor de Finanças.
As sanções acessórias estão previstas no artigo 28.º do RGIT e apenas podem
ser aplicadas às contraordenações graves, que são aquelas que são puníveis
com coima cujo limite máximo seja superior a € 15.000. Porém, para ser aplicada
uma sanção acessória não é suficiente que a contraordenação seja grave é ainda
indispensável que se verifiquem os pressupostos estabelecidos no artigo 21.º-A
do RGCO.
As sanções acessórias têm uma função dissuasora e apenas devem ser
aplicadas às infrações graves e quando o comportamento do infrator enunciar
127
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
128
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
129
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Gravidade do facto
Grau de culpa do agente
ELEMENTOS Situação económica do agente
OBJECTIVOS
GRADUAÇÃO Benefício económico obtido
DA COIMA Tempo decorrido desde a
ELEMENTOS
prática da infração
SUBJECTIVOS
Carácter acidental ou reiterado
da conduta
Efetivo prejuízo da Fazenda
Pública
Outras circunstâncias
relevantes que possam influir
Competência para aplicação da coima: no grau de culpa do agente
PROCESSO DE CONTRAORDENAÇÃO
130
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
RGIT RGIT
ARTº 114.º (1)
ARTº 114.º (2)
ARTº 116.º
ARTº 118.º (2)
ARTº 117.º
ARTº 118.º (1) ARTº 119.º (2)
131
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
34
Cfr. Ac. do STA, de 16.04.2008, processo n.º 044/08, que afirma que “[a] exigência cumulativa
feita na alínea a), n.º 1 do artigo 32.º do RGIT de que a prática da contra-ordenação fiscal não
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ocasione prejuízo efectivo à receita tributária reporta-se a situações em que não chegou a
produzir-se prejuízo antes de ocorrer a regularização da falta. Tal não será o caso da declaração
periódica do IVA ser entregue sem que seja acompanhada do respectivo meio de pagamento”.
133
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
a) Não pode ser aplicada coima quando o agente, nos cinco anos anteriores,
não tenha:
o Sido condenado por decisão transitada em julgado, em processo de
contraordenação ou de crime por infrações tributárias;
o Beneficiado de dispensa ou de pagamento de coima com redução
nos termos do presente artigo ou do artigo 30.º
134
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Importa referir que para efeitos da dispensa da coima é considerado que existe
sempre prejuízo efetivo à receita tributária quando estiver em causa falta de
entrega da prestação tributária.
O n.º 4 do artigo 29.º do RGIT prescreve que a dispensa de coima deve ser
requerida no prazo concedido para apresentação de defesa no processo de
contraordenação, devendo a falta cometida ser regularizada até ao termo daquele
prazo.
Com a redação introduzida pela Lei n.º 7/2021, de 26 de fevereiro, o RGIT passou
a prever expressamente no n.º 3 do artigo 32.º do RGIT a figura da admoestação,
medida que consta do artigo 51.º do RGCO, e que já vem sendo aplicada às
contraordenações tributárias. Os normativos do artigo 51.º do RGCO estabelecem
que:
135
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
relativas serão consideradas sanadas pelo mero decurso do tempo se não forem
arguidas pelos interessados.
As nulidades absolutas previstas no artigo 63.º do RGIT têm por efeito a anulação
dos termos subsequentes do processo que dependam absolutamente dos atos
inquinados, devendo, porém, aproveitar-se as peças úteis ao apuramento dos
factos.
No processo de contraordenação as nulidades insupríveis são as seguintes:
A notificação prevista no artigo 70.º do RGIT tem uma relevância muito grande,
pois, a sua inexistência viola o direito de audição e de defesa do infrator
consagrado no n.º 10 do artigo 32.º da Constituição da República Portuguesa. A
não inclusão nesta notificação dos restantes elementos previstos no artigo 70.º do
RGIT não configurará uma nulidade insuprível, mas apenas uma irregularidade
que pode ser sanada sem a necessidade do ato ter de ser repetido.
De igual modo, assume especial relevância no processo de contraordenação a
decisão de aplicação da coima, dado que a inobservância dos requisitos legais –
sobre estes discorremos amplamente no ponto 11.8 do presente manual – pode
implicar que a decisão venha a ser declarada nula se o arguido dela recorrer nos
termos do artigo 80.º do RGIT.
No tocante à consideração da defesa apresentada pelo infrator é relevante
analisar a posição do STA, inserta no acórdão proferido em 7.07.2010, no
138
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
processo n.º 0356/10, que refere que “[à] face do preceituado no artigo 63.º, n.º 1,
do Regime Geral das Infrações Tributárias, não constitui nulidade insuprível da
decisão administrativa de aplicação de coima por contraordenação tributária a não
consideração de elementos invocados na defesa pelo arguido. Designadamente,
no que concerne à fundamentação, apenas se exige que a decisão de aplicação
de coima contenha a descrição sumária dos factos e indicação das normas
violadas e punitivas e a indicação dos elementos que contribuíram para a fixação
das coimas e sanções acessórias, não se impondo, assim, que sejam indicadas
as razões por que se não atendeu aos elementos apresentados na defesa. A falta
de consideração dos elementos invocados na defesa apenas poderá ter
relevância como vício da decisão de aplicação de coima se essa falta afetar a
correção da decisão, designadamente se se verificar uma situação em que, se
esses elementos tivessem sido considerados, deveria ter sido aplicada uma
coima diferente da que foi aplicada ou deveria ter sido decidida a sua dispensa”.
A exigência de que se reveste a notificação da decisão de aplicação da coima -
n.º 2 do artigo 79.º do RGIT – tendo em vista evitar a prática de irregularidades,
aconselha a que conjuntamente com a notificação os serviços da Administração
Tributária procedam ao envio de cópia da referida decisão. Esta notificação deve
ser realizada através de carta registada com aviso de receção. A existência de
alguma insuficiência ou irregularidade na notificação ficará sanada se o infrator
efetuar o pagamento da coima e das custas processuais ou, ainda que o arguido
apresente recurso judicial da decisão, não invocar vícios ou irregularidades na
notificação.
Se no recurso do artigo 80.º do RGIT o infrator invocar alguma nulidade insanável
e o tribunal a conhecer, ao órgão da Administração Tributária não resta outra
coisa senão renovar a decisão se ainda estiver a tempo de o fazer, isto é, se
ainda não tiver prescrito o procedimento contraordenacional. É este o sentido que
decorre da jurisprudência do STA, ínsita no acórdão proferido no processo n.º
01167/09, em 10.02.2010, ao afirmar que “[d]eclarada, em processo judicial de
contraordenação, a nulidade insuprível da decisão administrativa de aplicação da
coima, há que ordenar a baixa dos autos à autoridade tributária que a aplicou,
para eventual sanação daquela nulidade e renovação do ato sancionatório”.
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
tempo decorrido após o termo final daquela, sendo que a soma daqueles
segmentos temporais determinará ou não a verificação da prescrição.
Em face da remissão do n.º 3 do artigo 33.º do RGIT para a lei geral – regime
geral do ilícito de mera ordenação social – é aplicável ao prazo de prescrição por
contraordenação fiscal o normativo do n.º 3 do artigo 28.º do RGCO que, como já
foi supra referido, determina que ”[a] prescrição do procedimento tem sempre
lugar quando, desde o seu início e ressalvado o tempo de suspensão, tiver
decorrido o prazo da prescrição acrescido de metade”. Assim, o prazo máximo de
prescrição do procedimento por contraordenação fiscal, no caso de ter havido
interrupção, é de sete anos e meio, acrescido do tempo de suspensão.
A prescrição do procedimento contraordenacional tem por efeito a impossibilidade
do autor do ilícito fiscal poder ser sancionado, pois, já não lhe poderá ser aplicada
qualquer coima. Ainda que o seja, e caso a notificação da decisão lhe venha a ser
feita após a prescrição do procedimento por contraordenação, o infrator, em sede
de recurso judicial da decisão, poderá invocar a referida prescrição.
Para além das situações previstas no artigo 61.º do RGIT, o procedimento por
contraordenação dever-se-á, ainda, considerar extinto em caso de dispensa da
coima nos termos do artigo 32.º do RGIT e no caso de ser determinado o
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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A partir de 1 de janeiro de 2022, será o n.º 1 do artigo 30.º do RGIT.
36
Por força das alterações introduzidas no artigo 80.º do RGIT, através da Lei n.º 7/2021, de 26 de fevereiro,
a partir de 1 de janeiro de 2022, este prazo passa a ser de 30 dias.
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
a) Quando por força da lei a execução não puder começar ou não puder
continuar a ter lugar;
b) Quando a execução for interrompida;
c) Quando forem concedidas facilidades de pagamento.
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
preceituado para a prescrição das coimas – alínea b) do artigo 3.º e artigo 34.º do
RGIT e artigo 31.º do RGCO.
A prescrição da coima ou da sanção, nos termos do artigo 34.º do RGIT,
determina que o infrator já não terá de pagar a coima ou de cumprir a sanção.
Quando muito, caso o pagamento da coima lhe seja exigido, deverá, através do
meio processual adequado, invocar a referida prescrição. O mesmo se coloca em
relação a uma eventual sanção acessória.
A obrigação de pagamento da coima e de cumprimento das sanções acessórias
extingue-se com a morte do infrator – artigo 62.º do RGIT. Esta extinção da coima é o
corolário da aplicação do princípio da intransmissibilidade da responsabilidade penal
consagrado no n.º 3 do artigo 30.º da Constituição da República Portuguesa. Daqui
decorre que, em caso de morte do infrator, os seus herdeiros não têm de assumir
qualquer tipo de responsabilidade decorrente da comissão de ilícitos fiscais. Quando o
agente da contraordenação for uma pessoa coletiva ou sociedade, a jurisprudência tem
entendido que a dissolução desta e a respetiva liquidação têm um valor jurídico
equivalente à morte da pessoa física, pelo que também se extinguirá a obrigação de
pagamento da coima e de cumprimento das sanções acessórias. A este propósito veja-
se o acórdão do STA, de 9.02.2011, processo n.º 0617/10, que dispõe que “[a]
declaração de insolvência constitui um dos fundamentos da dissolução das sociedades
e essa dissolução equivale à morte do infrator, de harmonia com o disposto nos artigos
61.º e 62.º do RGIT e artigo 176.º, nº 2, alínea a) do CPPT, daí decorrendo a extinção
da obrigação do pagamento de coimas e da execução fiscal instaurada tendente à sua
cobrança coerciva”.
A decisão de aplicação da coima, nos termos do n.º 2 do artigo 79.º do RGIT, tem
de ser notificada ao arguido, devendo constar desta a indicação da possibilidade
de recorrer judicialmente da decisão. É também a notificação que indica ao
interessado o prazo e a autoridade a quem é dirigido o recurso judicial.
A norma do n.º 1 do artigo 80.º do RGIT prescreve que as decisões de aplicação
das coimas e sanções acessórias podem ser objeto de recurso para o tribunal
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
37
Por força da alteração introduzida no artigo 80.º do RGIT, através da Lei n.º 7/2021, de 26 de fevereiro, a
partir de 1 de janeiro de 2022, este prazo será de 30 dias.
38
Cfr. Ac. do STA, de 24.01.2007, processo n.º 01099/06 – “O arguido que pretende recorrer da decisão
administrativa que lhe aplicou uma coima por contra-ordenação fiscal aduaneira tem a faculdade
de remeter a petição de recurso pelo correio, valendo como data do exercício do direito ao recurso
a do registo postal”.
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
39
Cfr. Ac. do STA, de 28.05.2008, processo n.º 01052/07 – “O gerente executado por reversão não tem
legitimidade para interpor, por si, no processo de contra-ordenação fiscal recurso judicial de
decisão de aplicação de coima à sociedade originária executada”.
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Infrações Tributárias
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Infrações Tributárias
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Na redação em vigor até 31 de dezembro de 2021. A partir de 1 de janeiro de 2022 passa a ser o artigo 30.º
do RGIT.
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
para interpor recurso das mesmas (artigo 59.º n.º 2 do Regime Geral das
Contraordenações), nem a lei lhes assegura nesse processo, como aos
responsáveis civis pelo pagamento de multas, legitimidade para intervir e utilizar
os direitos de defesa dos arguidos compatíveis com a defesa dos respetivos
interesses (cfr. o artigo 49.º do RGIT, a contrário). Não se lhes podendo negar
terem interesse na impugnação da decisão e que o pagamento que lhe é exigida,
após reversão do processo de execução fiscal, constitui um ato potencialmente
lesivo, terá de admitir-se, sob pena de violação do princípio da tutela jurisdicional
efetiva (artigo 268.º n.º 4 da Constituição da República; artigo 95.º n.º 1 da Lei
Geral Tributária), poderem na oposição à execução fiscal deduzida verem
apreciada a legalidade da decisão sancionatória, mas não assim na impugnação
judicial, que tem em regra por objeto atos de liquidação (cfr. o n.º 1 do artigo 97.º
do CPPT) e prazo de interposição muito mais alargado (cfr. o n.º 1 do artigo 102.º
do CPPT) do que o legalmente previsto para o recurso da decisão de aplicação
da coima (cfr. o n.º 1 do artigo 80.º do RGIT)”.
Com esta solução está, assim, assegurado o acesso à justiça tributária aos
responsáveis subsidiários chamados a responder pelo pagamento de dívida de
coima, obtendo desta forma tutela plena e efetiva todos os seus direitos e
interesses juridicamente relevantes.
41
Por força das alterações introduzidas no RGIT através da Lei n.º 7/2021, de 26 de fevereiro, a partir de 1 de
janeiro de 2022, o prazo para proceder ao pagamento da coima ou, em alternativa, para interposição do
recurso judicial, vai passar a ser de 30 dias.
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Infrações Tributárias
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Infrações Tributárias
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Infrações Tributárias
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Cfr. Ac. do STA, de 2.12.2009, processo n.º 0933/09 – “Em processo de recurso judicial por aplicação
de coima fiscal não há lugar ao pagamento de taxa de justiça inicial”.
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
sendo feita menção desta circunstância na notificação do artigo 70.º do RGIT. Nos
tribunais tributários, a notificação para pagamento das custas realiza-se
conjuntamente com a notificação da decisão se esta for proferida através de
despacho, nos termos do artigo 64.º do RGCO, ou conjuntamente com a
notificação da sentença. Deste modo, as custas serão pagas conjuntamente com
a coima, mas poderão existir casos em que no processo de contraordenação
apenas sejam devidas custas, as quais serão objeto de cobrança através de
execução se não forem voluntariamente pagas pelo arguido.
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
PROCESSO DE CONTRAORDENAÇÃO
FASE ADMINISTRATIVA
Auto de Notícia
Participação
Denúncia
Declaração Fiscal
Art.º 56.º
Decisão de Aplicação
Defesa do Infrator Há lugar a aplicação da Coima
Art.º 71.º de Coima Art.º 79.º
CF D/DF
Não há lugar a Notificação da Decisão aplic Sanções
aplic
Aplicação de Coima Art.º 79.º n.º 2
açãoAcessórias
ação
de Art.º 28.º
de
Coim Coim
Pagamento Voluntário a a
Art.º 78.º Não
Pagamento
Arquivo do processo Pagamento da Coima da Coima
Art.º 77.º
Recurso Judicial
Art.º 80.º Cobrança Coerciva
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Quanto à produção da prova o RGIT nada prevê pelo que se têm de aplicar
diretamente os normativos do regime do ilícito de mera ordenação social – alínea
b) do artigo 3.º do RGIT. A prova tem de ser produzida em tribunal. Quanto à
prova a produzir pela Administração Tributária, e sem prejuízo da atividade
complementar do representante da Fazenda Pública, é ao Ministério Público que
compete promover a prova de todos os factos que considerar relevantes para a
decisão – n.º 1 do artigo 72.º do RGCO.
O âmbito da prova a produzir é determinado pelo juiz, podendo este recusar as
diligências que julgar desnecessárias à formação da sua convicção e determinar,
oficiosamente, todas as que considerar úteis ao apuramento da verdade dos
factos – n.º 2 do artigo 72.º do RGCO. A prova a produzir no âmbito do processo
de contraordenação é essencialmente documental, mas também pode assumir a
forma de prova testemunhal ou mesmo pericial. Daí que quando o arguido
apresentar a petição do recurso judicial deve nele fazer constar o rol de
testemunhas a inquirir na fase de produção de prova e indicar quais os factos a
provar.
Os autos de recurso são presentes ao juiz pelo Ministério Público, valendo este
ato como dedução de acusação.
O juiz vai ter de decidir se aceita ou se rejeita o recurso. Por despacho, o juiz
rejeitará o recurso se considerar que o mesmo foi interposto fora do prazo
previsto no n.º 1 do artigo 80.º do RGIT ou que não foram observadas as
exigências de forma.
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Infrações Tributárias
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a) Se não tiver sido oferecida outra prova para além da que conste dos
autos;
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Por força das alterações introduzidas no RGIT através das Lei n.º 7/2021, de 26 de fevereiro, a partir de 1
de janeiro de 2022, este prazo vai passar a ser de 30 dias.
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A alçada dos tribunais judiciais de 1.ª instância foi fixada em € 5.000 - n.º 1 do
artigo 31.º da Lei n.º 52/2008, de 28 de agosto (Lei de Funcionamento e
Organização dos Tribunais Judiciais). Assim, a recorribilidade das decisões dos
tribunais tributários de 1ª instância, nos processos de contraordenação fiscais,
depende de ter sido aplicada uma coima de valor superior a € 1.250.
Quando a coima aplicada for de valor inferior a € 1.250, a jurisprudência entende
que pode haver lugar à interposição de recurso sempre que este se mostrar
indispensável à melhor aplicação do direito, veja-se, neste sentido, o acordo do
STA, de 9.05.2012, tirado no processo n.º 0243/12, em que se afirma que “[n]ão
obstante o disposto no artigo 83.º, n.º 1 do RGIT segundo o qual o arguido e o
Ministério Público podem recorrer da decisão do tribunal tributário de 1.ª instância,
exceto se o valor da coima aplicada não ultrapassar um quarto da alçada fixada
para os tribunais judiciais de 1.ª instância e não for aplicada sanção acessória,
este Supremo Tribunal vem entendendo, de forma pacífica e reiterada, que é
aplicável subsidiariamente às contraordenações de natureza tributária o disposto
no artigo 73.º, n.º 2 do RGCO (artigo 3.º, alínea b) do RGIT). Deste modo, ainda
que o valor da coima aplicada não ultrapasse um quarto da alçada fixada para os
tribunais judiciais de 1.ª instância, será admissível recurso da decisão do tribunal
tributário quando tal se afigurar manifestamente necessário à melhoria da
aplicação do direito ou à promoção da uniformidade da jurisprudência”.
O recurso seguirá a tramitação do recurso em processo penal, tendo embora em
conta as especialidades do regime do ilícito de mera ordenação social. Assim, o
recurso para o Tribunal Central Administrativo deve ser interposto por
requerimento com enunciação especificada dos fundamentos e formulação das
conclusões, deduzidas por artigos e indicação das normas jurídicas violadas,
quando verse também matéria de direito, sob pena de rejeição – n.º 3 do artigo
411.º e n.ºs 1 e 2 do artigo 412.º do Código de Processo Penal.
O recurso só tem efeito suspensivo se o arguido prestar garantia no prazo de 20
dias, por qualquer das formas previstas nas leis tributárias – artigos 169.º e 199.º
do CPPT – salvo se demonstrar em igual prazo que a não pode prestar, no todo
ou em parte, por insuficiência de meios económicos – artigo 84.º do RGIT.
O efeito suspensivo do recurso está dependente da prestação de garantia
somente quando o recorrente é o arguido. O recurso interposto pelo Ministério
Público tem sempre efeito suspensivo.
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
PROCESSO DE CONTRA-ORDENAÇÃO
FASE JUDICIAL
RECURSO JUDICIAL
Art.º 80.º
AUTOS SÃO
DECISÃO POR DESPACHO
PRESENTES AO JUIZ
Art.º 64.º RGCO
Art.º 62.º RGCO
Absolvição
do Pagamento
da Coima DECISÃO JUDICIAL
Recurso da Sentença
(Sentença)
Não pagamento
da coima Recurso para o Tribunal
Condenação
Central Administrativo
no pagamento
ou para o STA
Cobrança Coerciva da coima
(matéria de Direito)
Art.º 65.º RGIT ARTº 83.º RGIT
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Infrações Tributárias
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A razão de não se fazer o novo julgamento no juízo que proferiu a decisão a rever
reside no receio de que este pudesse ser arrastado para idêntica decisão.
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Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
169
Infrações Tributárias
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
170
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente Infrações Tributárias
nacional e internacional
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
171
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