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Adriane Mendes
Aline Vaz
Levi Oliveira
Moisés da Silva
Thaluanne Ferreira
PRAIA GRANDE
Junho de 2016
Adriane Mendes
Aline Vaz
Levi Oliveira
Moisés Silva
Thaluanne Ferreira
PRAIA GRANDE
Junho de 2016
Sumário
1 “Obligatio est juris vinculum, quo necessitate adstringimur alicujus solvendae rei, secudum nostrae
civitatis jura” - Referido conceito é encontrado nas Institutas de Justiniano, Livro 3ª, Título XIII.
2 MONTEIRO, Washington de Barros, Curso de Direito Civil – Direito das Obrigações, V Parte. Editora
Saraiva. 2003. pag 19.
passivo; em virtude de lei por respeito ao Princípio da Legalidade.
3 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 23
4 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 63
Essas outras relações que podem se tornar fontes mediatas de obrigações são os
contratos, os atos unilaterais de vontade e os atos ilícitos.
Os Contratos são a principal fonte de obrigação, uma vez que através deles é
ratificada a vontade de duas ou mais partes, que assumem cada qual uma obrigação
Os atos unilaterais de vontade podem ser por exemplo uma promessa de
recompensa, onde o sujeito se obriga a pagar quantia certa à pessoa indeterminada.
Já os atos ilícitos derivam de ação ou omissão, culposa ou dolosa que gere o dever
de reparação.
De uma forma geral, encarregara-se a doutrina de estabelecer quais são as fontes
viáveis de obrigação, sendo elas provinientes de ato amparado por lei ou em
decorrência de conduta que gere o dever de reparação.
2.1 Sujeitos
Os sujeitos das obrigações podem ser ativos ou passivos, devem ser ao menos
determináveis, mesmo que indeterminados no nascimento da obrigação e podem ser
múltiplos.
5 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
29
Existe no entendimento doutrinário a possibilidade de o sujeito passivo ser
indeterminado em uma fração temporal da relação obrigacional, porém devendo ser
determinado a posteriori, como em situações que versam sobre Direitos Reais. Um
exemplo comum é o de compra de imóvel hipotecado. O sujeito passivo da relação
virá a ser aquele que adiquirir o bem e responderá esse em relação à dívida do
credor.6
2.2 Objeto
O objeto da obrigação pode ser traduzido pelo ação ou omissão do sujeito passivo em
relação ao sujeito ativo. Pode ser entendido também como prestação, vez que é ônus
impelido pela relação obrigacional e que deverá ser cumprido para a solução da
mesma.
Para Monteiro, faz-se essencial a não confusão de Objeto de obrigação com objeto
de contrato. Nessa viés o objeto da obrigação é a prestação que o devedor é impelido
a fornecer porquanto o credor possui direito de exigir. Já por objeto do contrato
entende-se o interesse que o ato jurídico vislumbra regular. Enquanto o objeto da
obrigação é isolado e singular, o objeto do contrato obedece a forma em todos os
contratos que versem sobre o mesmo elemento. Um é especifico, enquanto o segundo
é genérico.7
Outras características que permeiam a estrutura do obejto são a possibilidade , a
licitude e a estimação econômica. A possibilidade não é apenas jurídica, mas também
material. Para o Direito “Impossibillium nulla est obligatio”, seja porque vai contra a
possibilidade física da prestação, ou seja irreal a sua existência.
Juridicamente falando, a impossibilidade pode se dar quando o objeto da prestação
for ilícito.
2.3 Vínculo
Como exposto anteriormente, na obrigação existe o elemento subjetivo, representado
pelo duplo sujeito e o elemento objetivo, na figura do objeto da obrigação, também
conhecido como prestação.
Existe ainda um terceiro elemento que é visto pela Doutrina como elemento abstrato,
6 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 31
7 MONTEIRO, Washington de Barros, Curso de Direito Civil – Direito das Obrigações, V Parte. Editora
Saraiva. 2003. pag 32.
chamado de vínculo que nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves “é o liame
existente entre o sujeito ativo e o sujeito passivo e que confere ao primeiro o direito
de exigir do segundo o cumprimento da prestação. Nasce das diversas fontes que
serão estudadas no item seguinte, quais sejam, os contratos, as declarações
unilaterais da vontade e os atos ilícitos.”8
Analisando aludido conceito do ilustre jurista, pode-se analisar que esse liame, ou elo
que une os elementos subjetivos é materialmente abstrato, carrega consigo a noção
de responsabilidade e de dever do sujeito ativo para com o sujeito passivo, seu
nascedouro objetivamente falando é o objeto do contrato, ou ainda o acordo de
vontades das partes.
Ainda na visão de Gonçalves, o vínculo é composto de dois objetos: Débito e
Responsabilidade. O primeiro também chamado de abstrato, imaterial ou ainda
espiritual pois nasce com a consciência que se presume do devedor, de que deve
solver sua dívida. Já o segundo, chamado de vínculo material, confere ao credor o
direito de exigir do devedor o cumprimento da obrigação através de tutela
jurisdicional.9
Essa duplicidade é também chamada de teoria dualista do vínculo
decompõe a obrigação em dois momentos nos quais o Débito aparece como “um
dever legal em sentido amplo, mas em sentido estrito é a dívida autônoma em si
mesma, que tem por conteúdo um dever legal e Responsabilidade que consiste na
submissão ao poder de intervenção daquele a quem não se presta o que deve ser
prestado”10
O vínculo, constituído pelo enlace dos poderes conferidos ao credor com os
correlativos deveres impostos ao titular passivo da relação, forma o núcleo central da
obrigação, o elemento substancial da economia da relação.11
8 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
865
9 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
866
10 SIMÃO, José Fernando. A Teoria dualista do Direito Obrigacional e sua aplicação ao Direito Civil
Brasileiro. Revista Jurídica ESMP- SP, V.3, 2013: 165-181
11 VARELLA João de Matos. Das obrigações em geral. 10ª Ed., v. 1. Coimbra, Almedina, 2003
3 Espécies de Obrigação
Para o Direito Pátrio, as Obrigações são divididas em espécies ou modalidades. Tais
espécies são derivadas do Direito Romano, que as classificava em relação ao objeto
da prestação, as espécies estão diretamente ligadas à ação ou omissão do devedor,
sendo essas positivas ou negativas e dividindo-se inicialmente em três categorias, das
quais duas são positivas e uma e negativa. Nas palavras de VENOSA “Classificar uma
obrigação numa ou noutra categoria é importante na prática, porque, de acordo com
a classificação, decorrerão efeitos próprios, afetos tão só a determinadas relações
jurídicas.”12
Logo, quanto ao objeto, as obrigações são as de dar, de fazer e não fazer.
3.1 Obrigações de Dar
Classificada como uma obrigação positiva, pois requer uma ação do devedor, é a mais
comum para o Direito Civil, vez que em sua maioria, os contratos versam sobre bens.
A obligatio dandi constitui-se na entrega de algo ao credor, seja a coisa móvel ou
imóvel. Para os bens móveis, esse ato dá-se pela tradição, onde o bem passa das
mãos do devedor às mãos do credor. Em se tratando de bens imóveis, a tradição se
opera pelo registro do título no Cartório do Registro de Imóveis, onde o nome do credor
substitui o do devedor na Escritura e assim, passa esse a possuir todos o direitos e
deveres que acompanham o bem.
Para a maior parte da doutrina, essa se caracteriza por “ato de transferência de
propriedade” no qual a titularidade da obrigação é do devedor em face do credor, que
por sua vez possui o dever jurídico de não tentar impedir o devedor de adimplir com
sua obrigação.13
As obrigações de dar ainda dividem-se em Obrigação de dar coisa certa e Obrigação
de dar coisa incerta. A primeira ocorre quando o devedor tem o dever de entregar bem
individualizado, em gênero e espécie e caso o objeto do contrato, especificado no
mesmo não seja exatamente aquele ao qual o credor possui direito, esse não é
obrigado a aceitá-lo e se esse bem determinado vier a perecer, por culpa do devedor,
cabe ao credor ingressão com ação de reparação de danos. Por sua vez, as
obrigações de dar coisa incerta a coisa não é individualizado, constando no acordo
entre as partes basicamente o gênero e a quantidade e por gênero entende-se “um
conjunto de seres semelhantes, e estes seres denominam-se espécies”14, podem ser
12 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 54
13 NADER, Pàulo. Curso de Direito Civil Volume II Obrigações, 8 Ed. Editora Forense. 2016. Pag 100
14 BEVILÁQUA, Clóvis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil Comentado, 11ª ed., Rio de Janeiro,
Livraria Francisco Alves, 1958, vol 4, pag 5.
por exemplo dez cabeças de gado, ou mil tijolos de barro. São coisas não
individualizadas que por essa característica genérica, podem ser substituídas
facilmente por outras iguais ou semelhantes.
15 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
57
16 “Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele
só imposta, ou só por ele exeqüível.” Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm> Acesso em maio de 2016.
17 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 91
3.3 Obrigação de Não Fazer
Sendo a única espécie negativa em relação ao objeto, a obrigação de não fazer
caracteriza-se pelo dever de o credor de abster-se de determinado ato em favor do
credor.
“A obrigação de não fazer requer a abstenção ou a atitude de tolerância. Nesta
segunda hipótese, o devedor assume o compromisso de não resistir ou de reagir,
como no exemplo de Von Tuhr: o vizinho se obriga a tolerar que deitem goteiras em
sua propriedade.”18
O não-fazer pode versar sobre coisa que o devedor teria o direito de praticar, mas fora
pactuado que se absteria de tal em razão de contrato, como é o caso de o dono de
estabelecimento comercial que ao transferir o fundo de comércio, aceita cláusula de
não se establecer no mesmo ramo de negócio em ambiente próximo ao antigo. Pode
também significar a tolerância à atos de terceiros, quais poderia se opor se não fosse
o contrato, é o caso do consentimendo da servidão de passagem em terreno próprio.
Finalmente pode também ser também a responsabilidade de impedir que terceiros
pratiquem algum ato, como é o exemplo de uma casa de repouso que negocia com
seus vizinhos a obrigação de não fazerem barulho após certo horário, onde fica o
devedor não só obrigado por si, mas deve também vigiar terceiros que morem com
ele, para que não violem o acordado.
Quanto ao nascedouro dessa, a obrigação de não fazer pode originar-se pela lei, pelo
contrato ou por sentença judicial.
18 NADER, Pàulo. Curso de Direito Civil Volume II Obrigações, 8 Ed. Editora Forense. 2016. Pag 141
4 Extinção das Obrigações
Toda a obrigação nasce com a finalidade de se extiguir, é efemera pois é criada para
que se resolva, satisfazendo assim ao credor. A maneira natural de se extinguirem é
através do pagamento.
Se a obrigação for solucionada através de intervenção judicial, a forma de extinção
será anormal, assim com existem formas de extinção especiais, onde há a intervenção
da legislação, sem que isso altere sua característica básica, como é o caso da
consignação em pagamento, dação em pagamento e novação.19 Ainda, se não houver
a possibilidade do pagamento, também ocorre a extinção da obrigação, porém abrindo
a possibilidade de o credor pleitear uma reparação de danos, caso haja culpa do
devedor.
A extinção através do cumprimento já era trazida no Direito Romano, através da
solutio, palavra derivada de solvere, onde solutio est praestatio eius quod est in
obligatione. Esse pagamento não é exclusivamente pecuniário e possui sentido
amplo, tratando da prestação de qualquer obrigação. “Assim, paga a obrigação o
escultor que entrega a estátua que lhe havia sido encomendada, bem como o pintor
que realiza o trabalho solicitado pelo cliente, por exemplo.”20
A extinção da obrigação é portanto a solução da relação jurídica obrigacional.
4.1 Pagamento
O pagamento pressupõe a existência de vínculo obrigacional, sendo que se esse
último não existir, não há como se falar em prestação da obrigação, tão pouco em
extinção de vínculo que já é inexistente.
O pagamento é a etapa culminante da relação obrigacional, pela qual o devedor
satisfaz o crédito e extingue a obrigação, operando-se a solutio. Na definição direta e
singela de Lacerda de Almeida: “Pagamento é, em acepção própria e restrita, o
cumprimento da obrigação.”21
Para que o cumprimento da obrigação seja válido através do pagamento, assim
extinguindo a relação jurídica, há a necessidade de estarem presentes os requisitos
de validade, que são a existência de um vínculo, o animus solvendi, o cumprimento
da prestação, o credor, também chamado de accipiens e o devedor, chamado de
solvens.
A figura do solvens para o Direito Civil Brasileiro representa qualquer pessoa
19 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 185
20 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
1099
21 NADER, Pàulo. Curso de Direito Civil Volume II Obrigações, 8 Ed. Editora Forense. 2016. Pag 310
interessada na solução da obrigação. O artigo 304 do Código Civil preceitua que
“qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se
opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor”. O interessado nesse caso
pode ser qualquer um com interesse jurídico, como o fiador, o avalista, o herdeiro
entre outros. O terceiro sem interesse jurídico também pode oferecer ao credor o
pagamento. Por não interessado entende-se aquele que por relações pessoais com o
devedor, pretende ajuda-lo. Há ainda a possibilidade de subrrogação da dívida,
quando essa não for de caráter personalíssimo, onde uma terceira parte quita a dívida,
subrrogando-se nos direitos do credor, podendo posteriormente exigir do devedor.
Como já apontado antriormente, se a obrigação for pautada em intuito personae, o
credor não é obrigado a receber a prestação de outra pessoa que não o próprio
devedor.
É importante que o devedor possa provar o pagamento da obrigação, para que
eventualemente não possa ser cobrado indevidamente. Para tal ele deve exigir do
credor, no momento do pagamento, documento comprobatório da quitação. Inclusive
pode o devedor reter o pagamento até o recebimento da quitação regular.
Quanto à quitação:
A quitação é a declaração unilateral escrita, emitida pelo credor, de que a prestação
foi efetuada e o devedor fica liberado, a que vulgarmente se dá o nome de
recibo.(...)os requisitos que a quitação deve conter encontram-se especificados no art.
320 do Código Civil: o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou
quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor,
ou do seu representante”. 22
22 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
1112
5. Inadimplemento
Consiste em inadimplir à obrigação o ato de não oferecer a prestação devida m seu
vencimento. Por via de regra as obrigações são sempre cumpridas, seja pela vontade
do devedor, seja pelo pleiteio de direitos por parte do credor. Porém muitas vezes o
devedor deixa de efetuar o pagamento da obrigação, gerando assim o
inadimplemento. O conceito trazido por Gonçalves é “Inadimplemento é
descumprimento, total ou parcial, de uma obrigação de dar, fazer ou não fazer; é o
não pagamento de dívida nas condições fixadas em negócio jurídico.”23
Pode ocorrer o inadimplemento por culpa do devedor ou por caso fortuito ou de força
maior. Na primeira hipótese, trata-se a culpa latu senso, incluindo a culpa e o dolo.
Para Carlos Roberto Gonçalves quando a obrigação não é cumprida por culpa lato
sensu do devedor trata-se de inadimplemento culposo, que permite ao credor acionar
o judiciário para solicitar ocumprimento forçado da obrigação ou, caso não seja
possível a primeira opção, pedir a indenização cabível. “Somente quando o não
cumprimento resulta de fato que lhe seja imputável se pode dizer, corretamente, que
o devedor falta ao cumprimento.”24
Já o artigo 393 do Codigo Civil traz a segunda possibilidade de indimplemento, quando
esse ocorre por conta de fato alheio à vontade do devedor, ipsi literis “O devedor não
responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado.”25 Já o parágrafo único
explana que por caso fortuito ou força maior, são fatos cujos os efeitos o devedor não
poderia evitar. É o caso do inadimplemento de uma obrigação de dar coisa certa, onde
a coisa veio a perecer devido à uma catástrofe natural ou acidente que não seja
causado pelo devedor e que ess não poderia salvar a coisa do perecimento. Nesse
caso configura-se o inadimplemento fortuito da obrigação e o devedor não responde
pelos danos causados ao credor.
Ainda, pode ser o inadimplemento total ou parcial. Total quando nenhuma fração da
prestação foi apresentada pelo devedor e parcial quando parte foi paga e
posteriormente
Uma vez que inadimplemento traz a ideia de que não há o cumprimento da prestação
obrigacional, é comum o questionamento da possibilidade de inadimplemento em
obrigação negativa, como é o caso do non facere.
23 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
542
24 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
237
25 Código Civil Brasileiro. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em
junho de 2016.
“Inadimplemento ocorre não apenas por omissão, quando o devedor deixa de dar ou
de fazer ou, em alguns casos, protrai o ato de dar ou de fazer. Exterioriza-se também
por ato comissivo, quando o devedor deveria
omitir-se e entretanto pratica a ação vedada. Se a res debita era “X” e o devedor
entregou “Y”, não houve adimplemento, podendo, nesta hipótese, o credor recusar o
recebimento.”26 Isso significa que o descumprimento ocorre quando o devedor possui
a obrigação de não fazer e pratica a conduta a ele defesa, violando o acordo entre as
partes e gerando ao credor o direito de exigir judicialmente o desfazimento do ato
comissivo que era vedado ao devedor, na impossibilidade dessa, há ainda a hipótese
de reparação de danos.
Ainda, pode ser o inadimplemento total ou parcial. Total quando nenhuma fração da
prestação foi apresentada pelo devedor e nem virá a ser, seja por impossibilidade
física para tal. Essa categoria também é chamada de inadimplemento absoluto. Já o
parcial quando a prestação compreender mais de uma coisa, ou mais de uma ação e
parte delas é entregue, enquanto outros não. Pode ainda ser o inadimplemento
relativo, quando o devedor entra em mora, ou seja, quando a obrigação é cumprida
de forma irregular, com inobservância do tempo, lugar e forma convencionados.
5.1 Mora
Um dos resultados principais do inadimplemento é a mora, que cacteriza-se pela
inexecução da obrigação, seja por parte do devedor, seja por parte do credor.
Assim preceitua o artigo 394. “Considera-se em mora o devedor que não efetuar o
pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou
a convenção estabelecer.”
O inadimplemento que decorre de motivo de força maior ou caso fortuito não
caracteriza a mora vez que o inadimplemento relativo deve ocorrer pela não entrega
da prestação no tempo, lugar e forma determinados em lei ou em contrato.
O artigo 396 do Código Civil friza o elemento culpa como essencial para a constituição
de mora, pois “não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este
em mora”.
Como mencionado previamente, a mora pode dar-se em razão tanto de ação ou
omissão do devedor, quanto do credor. A primeira também é chamada de Mora
solvendi e a segunda de Mora accipiendi.
Nos casos que versam sobre a mora do devedor, algumas observações devem ser
levadas em consideração para que seja possível caracterizar ou não a mora. Um dos
26 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
1099
primeiros fatores a ser analisado é se a dívida é exigível, vez que não se fala de mora
sem vencimento da obrigação.
Ainda, nas palavras de Venosa “A mora constitui o retardamento ou mau cumprimento
culposo no cumprimento da obrigação, quando se trata de mora do devedor. Na mora
solvendi, a culpa é essencial. A mora do credor, accipiendi, é simples fato ou ato e
independe de culpa.”27
São dois os tipos de mora do devedor, a primeira encontra-se no artigo 397 do Código
Civil, o qual determina que quando a obrigação é líquida e certa, com data estipulada
para ser cumprida, o simples atraso onstitui o devedor em mora. Trata-se da mora ex
re, em relação à coisa. Já a mora ex personae aparece no Parágrafo único do mesmo
artigo, o qual informa que “Não havendo termo, a mora se constitui mediante
interpelação judicial ou extrajudicial”. Assim, deve o credor manifestar-se denunciando
a constituição de mora.
O devedor in mora então deve ressarcir o credor de eventuais prejuízos através de
indenização, visto que o termo não respeitado fere o pacta sunt servanda.
Já quanto ao credor, esse constitui mora independentemente de culpa. Sua recusa a
receber a prestação que lhe é de direito, sem motivação constitui mora, como
preceitua a segunda parte do artigo 394 que em mora encontra-se o “...credor que
não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer “.
O efeito dessa recusa libera o devedor de responsabilização sobre a conservação da
coisa, obriga o credor a ressarcir custos eventuais que o devedor tenha tido para
manutenção da coisa e ainda sujeita o credor à receber a coisa com preço diferente,
se houver ocilação de preço após o momento da mora.
A mora pode cessar com a purgação, isto é, com o pagamento devidamente aceito
pelo credor, desde que não se trate de inadimplemento absoluto, como diz o artigo
401, no qual purga-se a mora por parte do devedor com o pagamento da prestação,
mais ressarcimento dos prejuízo; e por parte do credor quando esse aceita receber o
pagamento por parte do devedor, sujeitando-se aos efeitos da mora.
27 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 332
6 Transmissão das Obrigações
Transmissão das obrigações é negócio jurídico inter vivos onde o crédito ou a dívida
passam de um titular para outro, poém sem causar a extinção da relação obrigacional.
Materializa-se quando uma das partes cede para terceiro seus direitos ou deveres. A
transmissão das obrigações permite uma elasticidade nas relações econômicas, pois
o crédito não limita-se ao direito de o credor cobrar determinda prestação do devedor,
mas possibilita que o credor pode “dispor do seu direito, pode negociá-lo, transmitindo-
o a terceiro ou dando-o até como garantia do cumprimento das suas obrigações.”28
Essa dinâmica nas relações obrigacionais permite hoje uma maior agilidade nas
relações econômicas, pois dá aos compromissos adquiridos entre as partes uma
característica de título que pode vir a ser negociado, como preceitua Gonçalves:
Logo, a relação obrigacional pode se alterar no que diz respeito aos elementos
subjetivos, sem que com isso extingua-se o vínculo e com ele todos os direitos,
deveres e demais peculiaridades que acompanham cada contrato, continuando a
existir como se não houvesse sofrido qualquer alteração. O ato responsável pela
transmissão das obrigaçõesdenomina-se cessão, que nada mais é do que a
transferência, a título gratuito ou oneroso, de um direito ou um dever, de modo que o
cessionário ocupe a posição do antecessor.
28 VARELLA, Fagundes. Direito das Obrigações, 1978 apud NADER, Pàulo. Curso de Direito Civil Volume II
Obrigações, 8 Ed. Editora Forense. 2016. Pag 242
29 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
139
a outrem seus direitos na relação obrigacional. Pode ser tanto À título oneroso, quanto
gratuito, podendo inclusive servir para o pagamento de uma dívida. A cessão onerosa
assemelha-se a uma venda, porém seu objeto é imatrial, pois trata-se de crédito. Para
Gonçalves “O contrato de cessão é simplesmente consensual, pois torna-se perfeito
e acabado com o acordo de vontades entre cedente e cessionário, não exigindo a
tradição do documento para se aperfeiçoar. Todavia, em alguns casos, a natureza do
título exige a entrega, como sucede com os títulos de crédito, assimilando-se, então,
aos contratos reais”30
O credor que transmite seus direitos é o cedente e a trceira parte que recebe os
direitos é o cessionário. Já o devedor, que não necessáriamente participa da cessão
é chamado de cedido. O cedido pode tornar-se tal, sem sua anuência, porém deverá
ser notificado para que saiba que o polo ativo da relação obrigacional mudou, para
que assim possa solver sua dívida com o novo credor.
A cessão de crédito se difere da subrogação pois o principal efeito da subrogação é
liberar o devedor em face do antigo credor, enquato na primeira, o sujeito passivo
permanece no seu lugar de origem. Outro aspcto relevante é que a relação
obrigacional não se extingue enquanto que na subrogação constitui-se nova relação.
30 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
1051
31 LENZA, Pedro. Direito Civil Esquematizado Parte Geral, Editora Saraiva 2Ed, 2012, pag 1059
32 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 162
O Código Civil em seu artigo 299 traz o seguinte:
“É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento
expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo
da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta
na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.”33
A assunção pressupõe, é óbvio, a existência de uma dívida, uma relação obrigacional
já existente.