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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE PRAIA GRANDE


CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM COMERCIO EXTERIOR

Adriane Mendes
Aline Vaz
Levi Oliveira
Moisés da Silva
Thaluanne Ferreira

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

PRAIA GRANDE
Junho de 2016

Adriane Mendes
Aline Vaz
Levi Oliveira
Moisés Silva
Thaluanne Ferreira

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

Seminário da Disciplina Direito Público e


Privado, ministradada pela Professora
Mestra Luciana Lobo, no Curso Superior de
Tecnologia em Comércio Exterior, na
Faculdade de Tecnologia de Praia Grande, no
Primeiro Ciclo Noturno.

PRAIA GRANDE
Junho de 2016
Sumário

1. Introdução do Direito das Obrigações


1.1 Da “pacta sunt servanta” e do conceito de obrigação
1.2 Das Fontes de Direito Obrigacional
1.3 Natureza Jurídica
2. Elementos da Obrigação
2.1Sujeitos
2.1.1 Sujeito Ativo
2.1.2 Sujeito Passivo
2.2 Objeto
2.3 Vínculo
3. Das Espécies de Obrigação
3.1 Obrigações de Dar
3.2 Obrigações de Fazer
3.3 Obrigações de Não Fazer
4. Da Extinção das Obrigações
4.1 Pagamento
5. Do Inadimplemento
5.1 Mora
6. Da Transmissão das obrigações
6.1 Cessão de Crédito
6.2 Assunção de dívida
6.3 Cessão de Contrato
7. Conclusão
8. Bibliografia
1. Introdução ao Direito das Obrigações
1.1 Da “pacta sunt servanta” e do conceito de obrigação:
O Direito Civil, regula as relações jurídicas entre os indivídios de determinada
sociedade. Essa Relação Juridica nada mais é do que uma relação social, entre dois
ou mais sujeitos de Direito, que é regulada por um ordenamento jurídico.
Dentro de cada relação jurídica, onde uma parte se obriga à outra, nasce uma
obrigação. Esse vínculo obrigacional pode se resolver de diversas formas, de acordo
com a natureza da relação jurídica e seu objeto de prestação.
Um dos primeiros conceitos de Obrigação para o Direito, surgiu das Institutas de
Justiniano que preceitua “A obrigação é um vínculo jurídico que nos obriga a pagar
alguma coisa, ou seja, a fazer ou deixar de fazer alguma coisa”1

Segundo Monteiro, o vocábulo “obligatio” surgiu no período de vigência da Manus


Injectio, com a ideia de que o devedor fica vinculado submissivamente ao credor,
podendo inclusive ser forçado ao pagamento com punições corporais, com privação
da liberdade e até mesmo com a própria vida.
Posteriormente, a ideia de punição corporal do devedor foi substituída a modo de
tornar-se mais benéfica, tanto para o credor, quanto para o devedor, resolvendo a
“obligatio” no âmbito patrimonial.

Atualmente no Ordenamento Jurídico Brasileiro, o Código Civil não traz a definição de


Obrigação, porém a Doutrina a classifica como nas palavras de Monteiro “Obrigação
é a relação transitória de direito, que nos constrange a dar, fazer ou não fazer alguma
coisa, em regra economicamente apreciável, em proveito de alguém que, por ato
nosso ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em virtude da lei, adquiriu
o direito de exigir de nós essa ação ou omissão”2
Analisando aludido conceito, percebe-se que é transitória a relação, pois busca uma
solução para que assim deixe de existir; de dar, fazer ou não fazer pois depende do
acordo e do objeto da obrigação; economicamente apreciável por possuir um valor
pecuniário que pode ser posteriormente demandado em juízo à título de indenização;
em proveito de alguém pois há de existir a figura do credor para que exista a relação
obrigacional; por ato pessoal ou de terceiro relacionado para que figure assim o sujeito

1 “Obligatio est juris vinculum, quo necessitate adstringimur alicujus solvendae rei, secudum nostrae
civitatis jura” - Referido conceito é encontrado nas Institutas de Justiniano, Livro 3ª, Título XIII.
2 MONTEIRO, Washington de Barros, Curso de Direito Civil – Direito das Obrigações, V Parte. Editora
Saraiva. 2003. pag 19.
passivo; em virtude de lei por respeito ao Princípio da Legalidade.

Para Venosa, em complementação ao conceito trazido por Monteiro: “ podemos


conceituar obrigação como uma relação jurídica transitória de cunho pecuniário,
unindo duas (ou mais) pessoas, devendo uma (o devedor) realizar uma prestação à
outra (o credor). A responsabilidade que aflora no descumprimento, materializando-se
no patrimônio do devedor, quer- -nos parecer que não integra o âmago do conceito
do instituto, embora seja fator de vital importância.”3
Venosa por sua vez traz a figura do vínculo jurídico que une os sujeitos da relação
obrigacional, além de incluir a responsabilidade pelo descumprimento como fator
importante para a regulamentação das medidas jurisdicionais passíveis de repercurtir
no patrimônio do devedor.
Se analisado o Princípio da Pacta Sunt Servanda, que na tradução significa “Os
pactos devem ser cumpridos”, também conhecido como Princípio da Força
Obrigatória, o Direito Obrigacional permite que nos limites da Legalidade, se force o
cumprimento previamente estabelecido em acordo.
Desta feita, a Obrigação para o Direito Civil é Relação jurídica, entre um polo ativo e
um polo passivo, que tem como objeto uma prestação de dar, fazer ou não fazer, que
caso seja desobedecida pode vir a gerar uma demanda judicial, para que seja
cumprida.

1.2 Das Fontes de Direito Obrigacional


Como previamente estabelecido, as obrigações sempre nascem de fatos ou atos, que
formam uma relação jurídica na qual uma das partes está obrigada à outra. Analisar
as fontes das obrigações é estabelecer as possibilidades de surgimento de relações
jurídicas que gerem um vínculo obrigacional.
Para parte da doutrina, seria a Lei, a fonte primária de todas as obrigações e todas as
outras fontes de direito obrigacional, seriam derivadas do que está estipulado em lei.
Para Venosa “e a lei será sempre fonte imediata de obrigações. Não pode existir
obrigação sem que a lei, ou, em síntese, o ordenamento jurídico, a ampare. Todas as
demais “várias figuras” que podem dar nascimento a uma obrigação são fontes
mediatas. São, na realidade, fatos, atos e negócios jurídicos que dão margem ao
surgimento de obrigações.”4

3 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 23
4 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 63
Essas outras relações que podem se tornar fontes mediatas de obrigações são os
contratos, os atos unilaterais de vontade e os atos ilícitos.
Os Contratos são a principal fonte de obrigação, uma vez que através deles é
ratificada a vontade de duas ou mais partes, que assumem cada qual uma obrigação
Os atos unilaterais de vontade podem ser por exemplo uma promessa de
recompensa, onde o sujeito se obriga a pagar quantia certa à pessoa indeterminada.
Já os atos ilícitos derivam de ação ou omissão, culposa ou dolosa que gere o dever
de reparação.
De uma forma geral, encarregara-se a doutrina de estabelecer quais são as fontes
viáveis de obrigação, sendo elas provinientes de ato amparado por lei ou em
decorrência de conduta que gere o dever de reparação.

1.3 Natureza Jurídica


Quanto à natureza da obrigação, essa pode ser pessoal, que apesar de ser assumida
por um sejeito passivo, pode ser prestada por outra pessoa. Podem também ser
personalissima, onde somente o sujeito passivo pode ser obrigado a cumpri-la e ainda
podem ser material, que diz respeito a entrega de um determinado bem ou objeto.
2. Elementos da Obrigação
A relação obrigacional é constituída de três elementos, que são o duplo-sujeito (ativo
e passivo), o objeto e o vínculo jurídico. A construção da relação obrigacional é através
da ligação entre o sujeito ativo e o sujeito passivo, unidos pelo vínculo jurídico, que
determina a ação a ser tomada em relação ao objeto.
A existência de dois sujeitos faz-se primordial para a existência da relação origacional,
como exposto a seguir.

2.1 Sujeitos
Os sujeitos das obrigações podem ser ativos ou passivos, devem ser ao menos
determináveis, mesmo que indeterminados no nascimento da obrigação e podem ser
múltiplos.

2.1.1 Sujeito Ativo


O Sujeito ativo, também denominado credor, é a parte beneficiária da obrigação.
Podendo ser ele qualquer pessoa, seja ela capaz ou incapaz, pessoas físicas ou
jurídicas sejam de direito público ou privado. Podem ainda ser sujeitos ativos
individuais, nas obrigações simples ou coletivos, como nas obrigações conjuntas e
solidárias. Como detentor da prestação obrigacional, o sujeito ativo, ou elemento
subjetivo da relação, possui este o direito de exigir a contraprestação do sujeito
passivo.

2.1.2 Sujeito Passivo


O Sujeito passivo das relações obrigacionais, também conhecido como devedor, é
aquele que deverá fornecer ao sujeito passivo a contraprestação referente à
obrigação. Nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves: “ Pode o devedor ser, também,
determinado ou determinável, como acontece frequentemente nas obrigações propter
rem. É mutável em várias situações e hipóteses, especialmente na novação subjetiva
por substituição de devedor (CC, art. 360, II), por exemplo. Extingue-se a obrigação,
desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor (CC,
art. 381)”.5
Tal explanação deixa clara a impossibilidade de o sujeito passivo da relação
obrigacional ser indeterminado, pois essa condição é incompatível com a estrutura
da obrigação

5 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
29
Existe no entendimento doutrinário a possibilidade de o sujeito passivo ser
indeterminado em uma fração temporal da relação obrigacional, porém devendo ser
determinado a posteriori, como em situações que versam sobre Direitos Reais. Um
exemplo comum é o de compra de imóvel hipotecado. O sujeito passivo da relação
virá a ser aquele que adiquirir o bem e responderá esse em relação à dívida do
credor.6

2.2 Objeto
O objeto da obrigação pode ser traduzido pelo ação ou omissão do sujeito passivo em
relação ao sujeito ativo. Pode ser entendido também como prestação, vez que é ônus
impelido pela relação obrigacional e que deverá ser cumprido para a solução da
mesma.
Para Monteiro, faz-se essencial a não confusão de Objeto de obrigação com objeto
de contrato. Nessa viés o objeto da obrigação é a prestação que o devedor é impelido
a fornecer porquanto o credor possui direito de exigir. Já por objeto do contrato
entende-se o interesse que o ato jurídico vislumbra regular. Enquanto o objeto da
obrigação é isolado e singular, o objeto do contrato obedece a forma em todos os
contratos que versem sobre o mesmo elemento. Um é especifico, enquanto o segundo
é genérico.7
Outras características que permeiam a estrutura do obejto são a possibilidade , a
licitude e a estimação econômica. A possibilidade não é apenas jurídica, mas também
material. Para o Direito “Impossibillium nulla est obligatio”, seja porque vai contra a
possibilidade física da prestação, ou seja irreal a sua existência.
Juridicamente falando, a impossibilidade pode se dar quando o objeto da prestação
for ilícito.

2.3 Vínculo
Como exposto anteriormente, na obrigação existe o elemento subjetivo, representado
pelo duplo sujeito e o elemento objetivo, na figura do objeto da obrigação, também
conhecido como prestação.
Existe ainda um terceiro elemento que é visto pela Doutrina como elemento abstrato,

6 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 31

7 MONTEIRO, Washington de Barros, Curso de Direito Civil – Direito das Obrigações, V Parte. Editora
Saraiva. 2003. pag 32.
chamado de vínculo que nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves “é o liame
existente entre o sujeito ativo e o sujeito passivo e que confere ao primeiro o direito
de exigir do segundo o cumprimento da prestação. Nasce das diversas fontes que
serão estudadas no item seguinte, quais sejam, os contratos, as declarações
unilaterais da vontade e os atos ilícitos.”8
Analisando aludido conceito do ilustre jurista, pode-se analisar que esse liame, ou elo
que une os elementos subjetivos é materialmente abstrato, carrega consigo a noção
de responsabilidade e de dever do sujeito ativo para com o sujeito passivo, seu
nascedouro objetivamente falando é o objeto do contrato, ou ainda o acordo de
vontades das partes.
Ainda na visão de Gonçalves, o vínculo é composto de dois objetos: Débito e
Responsabilidade. O primeiro também chamado de abstrato, imaterial ou ainda
espiritual pois nasce com a consciência que se presume do devedor, de que deve
solver sua dívida. Já o segundo, chamado de vínculo material, confere ao credor o
direito de exigir do devedor o cumprimento da obrigação através de tutela
jurisdicional.9
Essa duplicidade é também chamada de teoria dualista do vínculo
decompõe a obrigação em dois momentos nos quais o Débito aparece como “um
dever legal em sentido amplo, mas em sentido estrito é a dívida autônoma em si
mesma, que tem por conteúdo um dever legal e Responsabilidade que consiste na
submissão ao poder de intervenção daquele a quem não se presta o que deve ser
prestado”10
O vínculo, constituído pelo enlace dos poderes conferidos ao credor com os
correlativos deveres impostos ao titular passivo da relação, forma o núcleo central da
obrigação, o elemento substancial da economia da relação.11

8 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
865
9 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
866
10 SIMÃO, José Fernando. A Teoria dualista do Direito Obrigacional e sua aplicação ao Direito Civil
Brasileiro. Revista Jurídica ESMP- SP, V.3, 2013: 165-181
11 VARELLA João de Matos. Das obrigações em geral. 10ª Ed., v. 1. Coimbra, Almedina, 2003
3 Espécies de Obrigação
Para o Direito Pátrio, as Obrigações são divididas em espécies ou modalidades. Tais
espécies são derivadas do Direito Romano, que as classificava em relação ao objeto
da prestação, as espécies estão diretamente ligadas à ação ou omissão do devedor,
sendo essas positivas ou negativas e dividindo-se inicialmente em três categorias, das
quais duas são positivas e uma e negativa. Nas palavras de VENOSA “Classificar uma
obrigação numa ou noutra categoria é importante na prática, porque, de acordo com
a classificação, decorrerão efeitos próprios, afetos tão só a determinadas relações
jurídicas.”12
Logo, quanto ao objeto, as obrigações são as de dar, de fazer e não fazer.
3.1 Obrigações de Dar
Classificada como uma obrigação positiva, pois requer uma ação do devedor, é a mais
comum para o Direito Civil, vez que em sua maioria, os contratos versam sobre bens.
A obligatio dandi constitui-se na entrega de algo ao credor, seja a coisa móvel ou
imóvel. Para os bens móveis, esse ato dá-se pela tradição, onde o bem passa das
mãos do devedor às mãos do credor. Em se tratando de bens imóveis, a tradição se
opera pelo registro do título no Cartório do Registro de Imóveis, onde o nome do credor
substitui o do devedor na Escritura e assim, passa esse a possuir todos o direitos e
deveres que acompanham o bem.
Para a maior parte da doutrina, essa se caracteriza por “ato de transferência de
propriedade” no qual a titularidade da obrigação é do devedor em face do credor, que
por sua vez possui o dever jurídico de não tentar impedir o devedor de adimplir com
sua obrigação.13
As obrigações de dar ainda dividem-se em Obrigação de dar coisa certa e Obrigação
de dar coisa incerta. A primeira ocorre quando o devedor tem o dever de entregar bem
individualizado, em gênero e espécie e caso o objeto do contrato, especificado no
mesmo não seja exatamente aquele ao qual o credor possui direito, esse não é
obrigado a aceitá-lo e se esse bem determinado vier a perecer, por culpa do devedor,
cabe ao credor ingressão com ação de reparação de danos. Por sua vez, as
obrigações de dar coisa incerta a coisa não é individualizado, constando no acordo
entre as partes basicamente o gênero e a quantidade e por gênero entende-se “um
conjunto de seres semelhantes, e estes seres denominam-se espécies”14, podem ser

12 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 54
13 NADER, Pàulo. Curso de Direito Civil Volume II Obrigações, 8 Ed. Editora Forense. 2016. Pag 100
14 BEVILÁQUA, Clóvis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil Comentado, 11ª ed., Rio de Janeiro,
Livraria Francisco Alves, 1958, vol 4, pag 5.
por exemplo dez cabeças de gado, ou mil tijolos de barro. São coisas não
individualizadas que por essa característica genérica, podem ser substituídas
facilmente por outras iguais ou semelhantes.

3.2 Obrigações de Fazer


A obrigação de fazer diz respeito à ação humana, seja material ou imaterial, à
realização de algum serviço ou qualquer outra ação que tenha interesse o credor, nas
palavras de Carlos Roberto Gonçalves “A prestação consiste, assim, em atos ou
serviços a serem executados pelo devedor. Pode-se afirmar, em síntese, que qualquer
forma de atividade humana, lícita, possível e vantajosa ao credor, pode constituir
objeto da obrigação”15, dessa forma o limite para as obrigações de fazer é a lei e a
possibilidade, sendo possível o acordo de qualquer ação positiva do devedor para
com o credor.
As obrigações de fazer podem ser ainda classificadas em fungível e infungíveis. A
primeira é ato do devedor que pode ser subrrogado à terceiro, pois esse não exige
nenhuma expertise. Seria o caso de contratar um pintor para realizar a pintura de uma
casa, ou um pedreiro para construir um muro.
Muito comum em contratos que versam sobre a execução de uma obra, ou qualquer
outro tipo de atividade que dependa do “know how” do seu executor, pode o credor
por sua vez não aceitar a prestação, caso ela não venha exclusivamente do devedor,
como nas hipóteses de contratar um determinado escritor para escrever um livro, ou
determinado arquiteto para elaborar o projeto de um imóvel. Nesses casos a atividade
intelectual do devedor é inerente ao objeto do contrato, não podendo esse por sua
vez, designar a atividade a terceiros.
Para Venosa, que analisa a letra da Lei no artigo 247 do Código Civil 16, o
descumprimento da obrigação de fazer é passível de reparação através de ação por
perdas e danos pois, em suas palavras: “Cuida-se, aqui, portanto, das chamadas
obrigações de fazer de natureza infungível, intuitu personae, quando a pessoa do
devedor não admite substituição.”17 A natureza infungível é observada na
obrigatoriedade de ser o devedor o único capaz de satisfazer a prestação e assim
caracteriza-se o intuitu personae, pois leva em consideração a pessoa do devedor.

15 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
57
16 “Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele
só imposta, ou só por ele exeqüível.” Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm> Acesso em maio de 2016.
17 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 91
3.3 Obrigação de Não Fazer
Sendo a única espécie negativa em relação ao objeto, a obrigação de não fazer
caracteriza-se pelo dever de o credor de abster-se de determinado ato em favor do
credor.
“A obrigação de não fazer requer a abstenção ou a atitude de tolerância. Nesta
segunda hipótese, o devedor assume o compromisso de não resistir ou de reagir,
como no exemplo de Von Tuhr: o vizinho se obriga a tolerar que deitem goteiras em
sua propriedade.”18
O não-fazer pode versar sobre coisa que o devedor teria o direito de praticar, mas fora
pactuado que se absteria de tal em razão de contrato, como é o caso de o dono de
estabelecimento comercial que ao transferir o fundo de comércio, aceita cláusula de
não se establecer no mesmo ramo de negócio em ambiente próximo ao antigo. Pode
também significar a tolerância à atos de terceiros, quais poderia se opor se não fosse
o contrato, é o caso do consentimendo da servidão de passagem em terreno próprio.
Finalmente pode também ser também a responsabilidade de impedir que terceiros
pratiquem algum ato, como é o exemplo de uma casa de repouso que negocia com
seus vizinhos a obrigação de não fazerem barulho após certo horário, onde fica o
devedor não só obrigado por si, mas deve também vigiar terceiros que morem com
ele, para que não violem o acordado.
Quanto ao nascedouro dessa, a obrigação de não fazer pode originar-se pela lei, pelo
contrato ou por sentença judicial.

18 NADER, Pàulo. Curso de Direito Civil Volume II Obrigações, 8 Ed. Editora Forense. 2016. Pag 141
4 Extinção das Obrigações
Toda a obrigação nasce com a finalidade de se extiguir, é efemera pois é criada para
que se resolva, satisfazendo assim ao credor. A maneira natural de se extinguirem é
através do pagamento.
Se a obrigação for solucionada através de intervenção judicial, a forma de extinção
será anormal, assim com existem formas de extinção especiais, onde há a intervenção
da legislação, sem que isso altere sua característica básica, como é o caso da
consignação em pagamento, dação em pagamento e novação.19 Ainda, se não houver
a possibilidade do pagamento, também ocorre a extinção da obrigação, porém abrindo
a possibilidade de o credor pleitear uma reparação de danos, caso haja culpa do
devedor.
A extinção através do cumprimento já era trazida no Direito Romano, através da
solutio, palavra derivada de solvere, onde solutio est praestatio eius quod est in
obligatione. Esse pagamento não é exclusivamente pecuniário e possui sentido
amplo, tratando da prestação de qualquer obrigação. “Assim, paga a obrigação o
escultor que entrega a estátua que lhe havia sido encomendada, bem como o pintor
que realiza o trabalho solicitado pelo cliente, por exemplo.”20
A extinção da obrigação é portanto a solução da relação jurídica obrigacional.
4.1 Pagamento
O pagamento pressupõe a existência de vínculo obrigacional, sendo que se esse
último não existir, não há como se falar em prestação da obrigação, tão pouco em
extinção de vínculo que já é inexistente.
O pagamento é a etapa culminante da relação obrigacional, pela qual o devedor
satisfaz o crédito e extingue a obrigação, operando-se a solutio. Na definição direta e
singela de Lacerda de Almeida: “Pagamento é, em acepção própria e restrita, o
cumprimento da obrigação.”21
Para que o cumprimento da obrigação seja válido através do pagamento, assim
extinguindo a relação jurídica, há a necessidade de estarem presentes os requisitos
de validade, que são a existência de um vínculo, o animus solvendi, o cumprimento
da prestação, o credor, também chamado de accipiens e o devedor, chamado de
solvens.
A figura do solvens para o Direito Civil Brasileiro representa qualquer pessoa

19 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 185
20 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
1099
21 NADER, Pàulo. Curso de Direito Civil Volume II Obrigações, 8 Ed. Editora Forense. 2016. Pag 310
interessada na solução da obrigação. O artigo 304 do Código Civil preceitua que
“qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se
opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor”. O interessado nesse caso
pode ser qualquer um com interesse jurídico, como o fiador, o avalista, o herdeiro
entre outros. O terceiro sem interesse jurídico também pode oferecer ao credor o
pagamento. Por não interessado entende-se aquele que por relações pessoais com o
devedor, pretende ajuda-lo. Há ainda a possibilidade de subrrogação da dívida,
quando essa não for de caráter personalíssimo, onde uma terceira parte quita a dívida,
subrrogando-se nos direitos do credor, podendo posteriormente exigir do devedor.
Como já apontado antriormente, se a obrigação for pautada em intuito personae, o
credor não é obrigado a receber a prestação de outra pessoa que não o próprio
devedor.
É importante que o devedor possa provar o pagamento da obrigação, para que
eventualemente não possa ser cobrado indevidamente. Para tal ele deve exigir do
credor, no momento do pagamento, documento comprobatório da quitação. Inclusive
pode o devedor reter o pagamento até o recebimento da quitação regular.
Quanto à quitação:
A quitação é a declaração unilateral escrita, emitida pelo credor, de que a prestação
foi efetuada e o devedor fica liberado, a que vulgarmente se dá o nome de
recibo.(...)os requisitos que a quitação deve conter encontram-se especificados no art.
320 do Código Civil: o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou
quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor,
ou do seu representante”. 22

22 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
1112
5. Inadimplemento
Consiste em inadimplir à obrigação o ato de não oferecer a prestação devida m seu
vencimento. Por via de regra as obrigações são sempre cumpridas, seja pela vontade
do devedor, seja pelo pleiteio de direitos por parte do credor. Porém muitas vezes o
devedor deixa de efetuar o pagamento da obrigação, gerando assim o
inadimplemento. O conceito trazido por Gonçalves é “Inadimplemento é
descumprimento, total ou parcial, de uma obrigação de dar, fazer ou não fazer; é o
não pagamento de dívida nas condições fixadas em negócio jurídico.”23
Pode ocorrer o inadimplemento por culpa do devedor ou por caso fortuito ou de força
maior. Na primeira hipótese, trata-se a culpa latu senso, incluindo a culpa e o dolo.
Para Carlos Roberto Gonçalves quando a obrigação não é cumprida por culpa lato
sensu do devedor trata-se de inadimplemento culposo, que permite ao credor acionar
o judiciário para solicitar ocumprimento forçado da obrigação ou, caso não seja
possível a primeira opção, pedir a indenização cabível. “Somente quando o não
cumprimento resulta de fato que lhe seja imputável se pode dizer, corretamente, que
o devedor falta ao cumprimento.”24
Já o artigo 393 do Codigo Civil traz a segunda possibilidade de indimplemento, quando
esse ocorre por conta de fato alheio à vontade do devedor, ipsi literis “O devedor não
responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado.”25 Já o parágrafo único
explana que por caso fortuito ou força maior, são fatos cujos os efeitos o devedor não
poderia evitar. É o caso do inadimplemento de uma obrigação de dar coisa certa, onde
a coisa veio a perecer devido à uma catástrofe natural ou acidente que não seja
causado pelo devedor e que ess não poderia salvar a coisa do perecimento. Nesse
caso configura-se o inadimplemento fortuito da obrigação e o devedor não responde
pelos danos causados ao credor.
Ainda, pode ser o inadimplemento total ou parcial. Total quando nenhuma fração da
prestação foi apresentada pelo devedor e parcial quando parte foi paga e
posteriormente
Uma vez que inadimplemento traz a ideia de que não há o cumprimento da prestação
obrigacional, é comum o questionamento da possibilidade de inadimplemento em
obrigação negativa, como é o caso do non facere.

23 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
542
24 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
237
25 Código Civil Brasileiro. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em
junho de 2016.
“Inadimplemento ocorre não apenas por omissão, quando o devedor deixa de dar ou
de fazer ou, em alguns casos, protrai o ato de dar ou de fazer. Exterioriza-se também
por ato comissivo, quando o devedor deveria
omitir-se e entretanto pratica a ação vedada. Se a res debita era “X” e o devedor
entregou “Y”, não houve adimplemento, podendo, nesta hipótese, o credor recusar o
recebimento.”26 Isso significa que o descumprimento ocorre quando o devedor possui
a obrigação de não fazer e pratica a conduta a ele defesa, violando o acordo entre as
partes e gerando ao credor o direito de exigir judicialmente o desfazimento do ato
comissivo que era vedado ao devedor, na impossibilidade dessa, há ainda a hipótese
de reparação de danos.
Ainda, pode ser o inadimplemento total ou parcial. Total quando nenhuma fração da
prestação foi apresentada pelo devedor e nem virá a ser, seja por impossibilidade
física para tal. Essa categoria também é chamada de inadimplemento absoluto. Já o
parcial quando a prestação compreender mais de uma coisa, ou mais de uma ação e
parte delas é entregue, enquanto outros não. Pode ainda ser o inadimplemento
relativo, quando o devedor entra em mora, ou seja, quando a obrigação é cumprida
de forma irregular, com inobservância do tempo, lugar e forma convencionados.
5.1 Mora
Um dos resultados principais do inadimplemento é a mora, que cacteriza-se pela
inexecução da obrigação, seja por parte do devedor, seja por parte do credor.
Assim preceitua o artigo 394. “Considera-se em mora o devedor que não efetuar o
pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou
a convenção estabelecer.”
O inadimplemento que decorre de motivo de força maior ou caso fortuito não
caracteriza a mora vez que o inadimplemento relativo deve ocorrer pela não entrega
da prestação no tempo, lugar e forma determinados em lei ou em contrato.
O artigo 396 do Código Civil friza o elemento culpa como essencial para a constituição
de mora, pois “não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este
em mora”.
Como mencionado previamente, a mora pode dar-se em razão tanto de ação ou
omissão do devedor, quanto do credor. A primeira também é chamada de Mora
solvendi e a segunda de Mora accipiendi.
Nos casos que versam sobre a mora do devedor, algumas observações devem ser
levadas em consideração para que seja possível caracterizar ou não a mora. Um dos

26 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
1099
primeiros fatores a ser analisado é se a dívida é exigível, vez que não se fala de mora
sem vencimento da obrigação.
Ainda, nas palavras de Venosa “A mora constitui o retardamento ou mau cumprimento
culposo no cumprimento da obrigação, quando se trata de mora do devedor. Na mora
solvendi, a culpa é essencial. A mora do credor, accipiendi, é simples fato ou ato e
independe de culpa.”27
São dois os tipos de mora do devedor, a primeira encontra-se no artigo 397 do Código
Civil, o qual determina que quando a obrigação é líquida e certa, com data estipulada
para ser cumprida, o simples atraso onstitui o devedor em mora. Trata-se da mora ex
re, em relação à coisa. Já a mora ex personae aparece no Parágrafo único do mesmo
artigo, o qual informa que “Não havendo termo, a mora se constitui mediante
interpelação judicial ou extrajudicial”. Assim, deve o credor manifestar-se denunciando
a constituição de mora.
O devedor in mora então deve ressarcir o credor de eventuais prejuízos através de
indenização, visto que o termo não respeitado fere o pacta sunt servanda.
Já quanto ao credor, esse constitui mora independentemente de culpa. Sua recusa a
receber a prestação que lhe é de direito, sem motivação constitui mora, como
preceitua a segunda parte do artigo 394 que em mora encontra-se o “...credor que
não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer “.
O efeito dessa recusa libera o devedor de responsabilização sobre a conservação da
coisa, obriga o credor a ressarcir custos eventuais que o devedor tenha tido para
manutenção da coisa e ainda sujeita o credor à receber a coisa com preço diferente,
se houver ocilação de preço após o momento da mora.
A mora pode cessar com a purgação, isto é, com o pagamento devidamente aceito
pelo credor, desde que não se trate de inadimplemento absoluto, como diz o artigo
401, no qual purga-se a mora por parte do devedor com o pagamento da prestação,
mais ressarcimento dos prejuízo; e por parte do credor quando esse aceita receber o
pagamento por parte do devedor, sujeitando-se aos efeitos da mora.

27 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 332
6 Transmissão das Obrigações

O conceito de transmissibilidade das obrigações como hoje se apresenta no Direito


contemporâneo brasileiro nem sempre fora aceito pela doutrina, pois inicialmente a
ideia de que as obrigações podem ser transferidas para outro sujeito era apenas
aceita no Direito Suscetário, onde a figura do herdeiro ou mandatário seriam os
sujeitos em potencial para uma transmissibilidade de obrigações. É o instituto da
transmissão, um fenômeno do direito moderno.

Transmissão das obrigações é negócio jurídico inter vivos onde o crédito ou a dívida
passam de um titular para outro, poém sem causar a extinção da relação obrigacional.
Materializa-se quando uma das partes cede para terceiro seus direitos ou deveres. A
transmissão das obrigações permite uma elasticidade nas relações econômicas, pois
o crédito não limita-se ao direito de o credor cobrar determinda prestação do devedor,
mas possibilita que o credor pode “dispor do seu direito, pode negociá-lo, transmitindo-
o a terceiro ou dando-o até como garantia do cumprimento das suas obrigações.”28
Essa dinâmica nas relações obrigacionais permite hoje uma maior agilidade nas
relações econômicas, pois dá aos compromissos adquiridos entre as partes uma
característica de título que pode vir a ser negociado, como preceitua Gonçalves:

“ Se a obrigação é um valor que integra o patrimônio do credor, poderá ser objeto de


transmissão, da mesma forma que os demais direitos patrimoniais e, portanto, pode-
se aceitar com certa facilidade a possibilidade de uma substituição na pessoa do
credor em face da cessão do crédito. “29

Logo, a relação obrigacional pode se alterar no que diz respeito aos elementos
subjetivos, sem que com isso extingua-se o vínculo e com ele todos os direitos,
deveres e demais peculiaridades que acompanham cada contrato, continuando a
existir como se não houvesse sofrido qualquer alteração. O ato responsável pela
transmissão das obrigaçõesdenomina-se cessão, que nada mais é do que a
transferência, a título gratuito ou oneroso, de um direito ou um dever, de modo que o
cessionário ocupe a posição do antecessor.

6.1 Cessão de Crédito


O crédito é um bem, passível de transferência, na cessão de crédito o credor transfere

28 VARELLA, Fagundes. Direito das Obrigações, 1978 apud NADER, Pàulo. Curso de Direito Civil Volume II
Obrigações, 8 Ed. Editora Forense. 2016. Pag 242
29 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
139
a outrem seus direitos na relação obrigacional. Pode ser tanto À título oneroso, quanto
gratuito, podendo inclusive servir para o pagamento de uma dívida. A cessão onerosa
assemelha-se a uma venda, porém seu objeto é imatrial, pois trata-se de crédito. Para
Gonçalves “O contrato de cessão é simplesmente consensual, pois torna-se perfeito
e acabado com o acordo de vontades entre cedente e cessionário, não exigindo a
tradição do documento para se aperfeiçoar. Todavia, em alguns casos, a natureza do
título exige a entrega, como sucede com os títulos de crédito, assimilando-se, então,
aos contratos reais”30
O credor que transmite seus direitos é o cedente e a trceira parte que recebe os
direitos é o cessionário. Já o devedor, que não necessáriamente participa da cessão
é chamado de cedido. O cedido pode tornar-se tal, sem sua anuência, porém deverá
ser notificado para que saiba que o polo ativo da relação obrigacional mudou, para
que assim possa solver sua dívida com o novo credor.
A cessão de crédito se difere da subrogação pois o principal efeito da subrogação é
liberar o devedor em face do antigo credor, enquato na primeira, o sujeito passivo
permanece no seu lugar de origem. Outro aspcto relevante é que a relação
obrigacional não se extingue enquanto que na subrogação constitui-se nova relação.

6.2 Assunção de Dívida


Instituto relativamente novo do Ordenamento Jurídico Brasileiro, a assunção de dívida
ou cessão de débito permite ao devedor transferir sua dívida à terceiro.
“A assunção de dívida ou cessão de débito constitui novidade introduzida pelo Código
Civil de 2002. Embora não regulada no diploma de 1916, nada impedia a sua
celebração, em face da autonomia da vontade e da liberdade contratual, desde que
houvesse aceitação do credor.”31
Como o credor possui como garantia de adimplemento da obrigaçãoo patrimônio do
devedor é essencial que o credor esteja anuente com cessão do débito, vez que dada
a inobservância desse criterio, o novo devedor pode vir a ser insolvente e isso
prejudicaria o credor no seu direito de receber a prestação. Para Venosa “Assim como
o credor não é obrigado a receber coisa diversa do objeto da obrigação, ainda que
mais valiosa, não está o credor obrigado a aceitar outro devedor, ainda que mais
abastado.”32

30 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II. Editora Saraiva. 2014 . pag.
1051
31 LENZA, Pedro. Direito Civil Esquematizado Parte Geral, Editora Saraiva 2Ed, 2012, pag 1059
32 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos Vol. II,
13 Ed. Editora Atlas. 2013 pag 162
O Código Civil em seu artigo 299 traz o seguinte:
“É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento
expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo
da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta
na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.”33
A assunção pressupõe, é óbvio, a existência de uma dívida, uma relação obrigacional
já existente.

6.3 Cessão de Contrato


Como já visto, o contrato pode ser classificado com um bem jurídico, vez que traz
consigo o elemento patrimonial que é seu objeto e que pode ser financeiramente
avaliado. Logo possui um valor. “Como bem jurídico, possui valor material e integra o
patrimônio dos contratantes, podendo por isso ser objeto de negócio.”34
A cessão de contrato, consiste na transferência da posição ativa e passiva do conjunto
de direitos e deveres de que é titular uma pessoa advindos de um contrato . Assim,
ceder o contrato significa conferir À terceiro a posição jurídica de um dos contraentes
no contrato bilateral. Diferencia-se da cessão de crédito e da assunção de dívida pois
engloba tanto os direitos quanto os deveres que acompanham o contrato.

33 Código Civil Brasileiro de 2002. Disponível em


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm> Acesso em junho de 2016.
34 LENZA, Pedro. Direito Civil Esquematizado Parte Geral, Editora Saraiva 2Ed, 2012, pag 1065
7. Conclusões
Observa-se com o estudado que o Direito das Obrigações como ramo do Direito Civil,
garante às partes envolvidas em qualquer negócio jurídico, a estabilidade necessária
para garantir o adimplemento dos acordos de vontade entre as pessoas.
As modalidades de obrigações trazidas no Código Civil possibilitam que o aplicador
do Direito consiga prestar a tutela adequada, analisando cada caso em conformidade
com os fatos expostos.
É de suma importância que todo aquele que como ofício esteja constantemente
contratando com terceiros, que esse possua o conhecimento do direito obrigacional
para assim garantir que seus negócios estejam de fato amparados por lei.
8. Referências Bibliográficas
• Código Civil Brasileiro de 2002. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm> Acesso em junho de
2016.
• GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Obrigações, Vol. II.
Editora Saraiva. 2014
• LENZA, Pedro. Direito Civil Esquematizado Parte Geral, Editora Saraiva 2Ed,
2012,
• MONTEIRO, Washington de Barros, Curso de Direito Civil – Direito das
Obrigações, V Parte. Editora Saraiva. 2003.
• NADER, Pàulo. Curso de Direito Civil Volume II Obrigações, 8 Ed. Editora
Forense. 2016. P
• SIMÃO, José Fernando. A Teoria dualista do Direito Obrigacional e sua aplicação
ao Direito Civil Brasileiro. Revista Jurídica ESMP- SP, V.3, 2013:
• VARELLA João de Matos. Das obrigações em geral. 10ª Ed., v. 1. Coimbra,
Almedina, 2003
• VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria
Geral dos Contratos Vol. II, 13 Ed. Editora Atlas. 2013

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