Você está na página 1de 8

Introdução

Este trabalho de carácter investigatório, visa salientar no que concerne o


tema “Descrição dos Elementos Constitutivos da Obrigação”. Sendo
assim, começaremos por abordar aspectos referentes a obrigação como
sendo uma relação jurídica, com o intuito de melhor percebemos a essência
do tema que nos foi confiado, especificamente a descrição dos seus
elementos.
Faremos a comparação de ideias de diversos autores, que trazem a
estrutura da obrigação nas mais diversas obras, para com propriedade
podermos fazer uma explanação em volta da peculiaridade que gira em
torno do tema.

O Direito das Obrigações é a parte do Direito Civil que estuda os vínculos jurídicos criados
entre pessoas em que o património do devedor poderá responder pelo seu inadimplemento.
Tem sua previsão no Código Civil.

Pode-se dizer com bastante certeza que a base do Direito Obrigacional é uma das mais
importantes de todo o Direito em razão de sua repercussão no dia-a-dia de absolutamente
todas as pessoas que vivem em sociedade.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. A Obrigação como relação Jurídica

A introdução ao Estudo do Direito das Obrigações, deve adoptar como


ponto de partida a compreensão e o entendimento do que vem a ser
obrigação. Logo, apresenta-se o conceito de obrigação, como a relação
jurídica transitória, que vai existir entre dois sujeitos, dos quais um activo
(denominado credor) e outro passivo (denominado devedor). O objectivo
vai consistir numa prestação situada no âmbito dos direitos pessoais,
positiva ou negativa, podendo o credor satisfazer-se no património do
devedor sempre que houver descumprimento ou inadimplemento obrigacional.

Segundo Inocêncio Galvão Telles, a obrigação é uma relação jurídica e,


como tal, analisa-se num direito subjectivo e num dever. Como pudemos
entender, o credor é aquele no interesse do qual deve ser efectuada a
prestação e que pode exigir o seu cumprimento; devedor, é aquele sobre o
qual recai o dever de realizar a prestação.

Daí que a obrigação, é definido como sendo o vínculo jurídico por virtude
do qual uma pessoa fica adstrita para com a outra à realização de uma
prestação (art.º 397.º C.C) do que vem a ser obrigação, deve-se agora,
apreender quais os elementos a constituem por intermédio da sua estrutura.

A definição dada por Caio Mário é:

Vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra prestação
economicamente apreciável.”

Já Washington de Barros assim conceitua:

Relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto
consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao
segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio.”

1.2. Descrição dos elementos da Obrigação e sua estrutura

A obrigação é, como vimos de assinalar, uma relação jurídica. Assim e a


semelhança de qualquer relação jurídica, os elementos que a compõem são:
os Sujeitos, Objecto, Facto Jurídico e a Garantia1. ()1 Como nos brinda
Orlando Fernandes na sua Obra “SUMÁRIOS DE DIREITOS DAS
OBRIGAÇÕES”

Todos os elementos supracitados são de algum modo periféricos,


formando a face exterior da obrigação, o que é de todo evidente
relativamente ao facto jurídico. O mesmo acontece com os sujeitos,
postos que não estão no centro da relação, mas nos seus extremos.

1.2.1 Os Sujeitos

Os sujeitos, referem-se aos titulares da obrigação, podendo ser entendido


como sujeito activo quando nos referimos ao credor e sujeito passivo
quando nos referimos ao devedor.
Trata-se dos elementos pessoais, os sujeitos ou pessoas envolvidas na
relação jurídica obrigacional.

Quanto aos sujeitos, as obrigações podem ser:


Singulares – nos casos em que existe apenas uma parte em cada extremo
da obrigação;
Plural – Neste caso, quando no lado activo e passivo haver pluralidade de
sujeitos, quando essa pluralidade existir apenas num dos lados.

Podemos destacar já os contratos sinalagmáticos como sendo a relação


jurídica em que as partes são credoras e devedoras entre si, ou seja, quando
há uma relação de obrigação contraída entre duas partes de comum acordo
de vontades. Neste sentido, cada parte condiciona a sua prestação a contra-
prestação da outra.2.

1.2.3. O Objecto
O primeiro entendimento que devemos ter é que, o objecto da obrigação é a
prestação debitório, isto é, a prestação devida ao credor. A prestação
traduz-se num comportamento num comportamento, expresso numa acção

1
Como nos brinda Orlando Fernandes na sua Obra “SUMÁRIOS DE DIREITOS DAS OBRIGAÇÕES”
2
Como o caso do contrato de compra e venda previsto nos termos do art.º 874.º do C.c.
ou abstenção a que o sujeito passivo fica adstrito e que aproveita o sujeito
activo.
O objecto de toda e qualquer obrigação, é a prestação. Ou seja, a
prestação constitui objecto único da relação jurídico obrigacional. De
salientar que, o objecto da prestação deve atenção alguns requisitos. (2
Como o caso do contrato de compra e venda previsto nos termos do
Art. 874 do C.c.

1.2.3.1 Requisitos do objecto

A prestação deve obediência a alguns requisitos a mencionar:


 Ter um conteúdo digno de protecção jurídica;
 Ser determinado ou determinável;
 Ser possível;
 Ser lícita.

A prestação nesse entendimento, deve corresponder a um interesse do


credor, digno de protecção jurídica (3 Como versa o nº 2 do Art. 398. C.c.
sendo que o interesse seja sério e não corresponda a uma simples fantasia e que se apresente
como determinante de vinculação jurídica e não apenas de compromisso moral.
Por outro lado, o conteúdo da prestação deve ser determinado ou, pelo
menos, determinável. É preciso que esteja definido logo de início, o que o
devedor tem de prestar ou que esta definição possa basear-se em critérios
estabelecidos pelas partes ou pela lei ()4 Vide o nº 1 do Art. 280 e Art. 400
C.c3

O objecto pode ser classificado como mediato e imediato. O objecto


imediato da obrigação, refere-se a prestação, podendo ser positiva 5
Quando a prestação consiste em dar ou entregar e fazer ou negativa 46 Não
fazer, Já o objecto mediato pode ser uma coisa ou tarefa a ser feita
(positiva) ou vedada (negativa).

1.2.4 O facto jurídico


3
Como versa o nº 2 do art.º398º. C.c.

4
Vide o nº 1 do art.º 280 e art.º 400º C.c
O acontecimento humano ou natural que despoleta os efeitos jurídicos
contidos na relação jurídica, é tido como facto jurídico. Os factos
constitutivos das obrigações tomam o nome de fontes das obrigações.
Significa dizer que a obrigação depende, na sua existência, de factos
jurídicos.
Há factos constitutivos, modificativos e extintivos.
Os factos constitutivos, são aqueles através dos quais, as obrigações serão
criadas.
Os factos modificativos, são aqueles que vão introduzir algumas alterações,
de natureza objectiva ou subjectiva; pertencem a este número,
inclusivamente, os casos de transmissão em que as obrigações, mantendo-
se as mesmas na sua objectividade, todavia mudam de sujeitos.
Por último, em relação aos factos da terceira espécie, são aqueles que põe
fim ou termo às obrigações.
O facto jurídico, apesar de exterior à obrigação modela a estrutura
interna da mesma e concorre para o estabelecimento do respectivo regime.
Impõe-se igualmente, sublinhar que os factos jurídicos, para além de
constitutivos de obrigações, podem também ser modificativos ou extintivos
das mesmas. Em bom rigor, apenas os factos constitutivos e os
modificativos são fontes da obrigação. Os extintivos não podem
propriamente considerar-se uma fonte da obrigação.

Teoria dualista das obrigações: o vínculo jurídico é composto por dois elementos – o débito
(Schuld) e a responsabilidade (Haftung). O débito é o dever imposto ao devedor de que ele
deve cumprir uma obrigação no prazo e forma pactuados. Já a responsabilidade é o direito do
credor de exigir judicialmente o adimplemento da obrigação. Além disso, é submetido à
obrigação o patrimônio do devedor
Conclusão

Podemos concluir que a abordar o tema "Descrição dos elementos constitutivos da


obrigação", urge sempre a necessidade de definir o ponto crucial deste tema, propriamente a
Obrigação sendo a mesma, é um vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito activo) o
direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. Nota-
se que a obrigação é uma via de mão dupla, envolvendo tanto a prestação do devedor quanto
a do credor. Tendo duas acepções pode ser em: Sentido Amplo e em Sentido Restrito.

Obrigação em sentido amplo: pode ser entendida como um vínculo jurídico transitório, já que
nenhuma obrigação é eterna, e que se estabelece entre sujeitos que estão em lados distintos,
no qual o sujeito do polo passivo se obriga a uma determinada prestação economicamente
apreciável a ser cumprida em favor do sujeito do polo activo.

Obrigação em sentido estrito: é o dever correspondente ao direito de crédito que tem um


conteúdo economicamente mensurável (débito), mesmo que o objecto da prestação não
tenha valor directamente patrimonial.

Contudo, é impreterível dizer que direito das obrigações é a base de toda relação jurídica
privada.
Fernandes Orlando, Sumários de Direito das Obrigações Introdução e Fontes, Luanda 2008.

https://www.aurum.com.br/blog/direito-das-obrigacoes/- Caio Mário da Silva Pereira,


Instituições de direito civil, v. II;

Washington de Barros Monteiro, Curso de direito civil, 29. Ed., v.4;

Carlos Roberto Gonçalves, Direito civil brasileiro, v. 2;

André Borges de Carvalho Barros & João Ricardo Brandão Aguirre, Direito civil, revista
atualizada, 5. Ed., v.4.

Você também pode gostar