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LUANDA/2023
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Universidade Independente de Angola
Faculdade de Ciências Sociais
Curso de Licenciatura em Direito
LUANDA/2023
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AGRADECIMENTO
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DEDICATÓRIA
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EPÍGRAFE
“Quando vou a um país, não examino se há boas leis, mas se as que lá existem são
executadas, pois boas leis há por toda parte”.
Montesquieu
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Lista de Abreviações
Art- Artigo
C.C- Código Civil
CF- Conferir
CRA- Constituição da República de Angola
DIPR- Direito Internacional Privado
DIPU- Direito Internacional Público
DIP- Direito Internacional Público/ Privado
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INTRODUÇÃO
A elaboração deste trabalho é baseado num tema que é de suma relevância no contexto
actual e moderno social, sobre o Direito Internacional Privado e o Direito Internacional
Público, a existência de uma pluralidade de Estados soberanos, e correspondendo a cada um
deles um sistema jurídico, pode concluir-se pela existência de uma pluralidade de sistema
jurídicos estaduais. Desta feita, facilmente surgem divergências nas soluções avançadas para
muitos problemas jurídicos, cabendo determinar qual a solução que deverá ser aplicada,
quando em causa está um problema que envolve mais que um sistema jurídico podendo ser
do âmbito privado ou público.
Para BERNARDO SORDI, demonstra que, para além das palavras (ius publicum e ius
privatum), os significados e os imaginários envolvendo a dicotomia são profundamente
dependentes dos seus contextos culturais, são sempre contingentes (Hespanha, 2012, p. 13)
Bernardo Sordi evidencia e explica a profunda relatividade histórica dos termos. Diferentes
temporalidades e localidades, riqueza e diversidade deste jogo de palavras.
Ao longo desse grande percurso, o autor constata que a dicotomia público e privado,
apesar de remeter a uma distinção muito antiga, na conhecida definição de Ulpiano, assentada
no Corpus luris Civilis, tem a sua força e consagração na modernidade jurídica. Público e
privado são termos muito antigos, mas também novíssimos.
A descontinuidade essencial entre o direito romano (antigo) e a dimensão jurídica
moderna é muito bem observada pelo autor: O historiador do direito explica que é apenas no
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final do antigo regime, com o surgimento e desenvolvimento dos Estados Modernos, com as
revoluções, revoltas e reformas do final do século XVIII, que a antiga distinção começa a
assumir a estrutura de uma grande dicotomia conformadora de todo o direito, a (..) summa
divisio dell'intero ordine giurídico, incarnando computamente il modello ottocentesco, i suoi
esiti statualistici e codicistici, il suo tipico equilibrio tra empire e propriété, tra la sovranità
dello Stato e i diritti del soggetto individuale (Sordi, 2020, p. 07).
O Estado soberano é uma invenção moderna, a ordem jurídica medieval se caracteriza,
notadamente, por um "vazio político relativo", "um direito sem Estado" (Grossi, 1996, pp.
267-284) 3. As condições ainda não são favoráveis ao aparecimento de uma forma muito
específica de compreender o direito como a observada na França pós-revolucionária. Nesse
mundo medieval, nessa sociedade de poderes fragmentados, do pluralismo jurídico e da
lurisdictio (Costa, 2002) como atesta Sordi (2020), não há esta bipartição dicotômica público
e privado como um elemento estruturante de toda a dimensão jurídica. Ainda que a distinção
não tenha passado despercebida por parte dos juristas medievais, atentos às fontes romanas,
não existe propriamente um direito público, em termos contemporâneos, autônomo e
destacado no ordenamento em oposição ao direito privado. Outras distinções são mais
comuns, ius divinum / ius humanum; ius civile / ius canonicum; ius commune / iura própria.
A grande dicotomia direito público e direito privado ganha dignidade teórica e
filosófica fornecida especialmente por Kant, em 1797, em "Princípios metafísicos da doutrina
do direito". Além disso, encontra elementos importantes, embora não exclusivos, de sua base
jurídica no pensamento de Savigny, em 1840, com "Sistema de direito romano actual", que
retoma a antiga distinção de Ulpiano entre ius publicum e ius privatum, mas atribui conteúdos
modernos novíssimos. A dicotomia se torna estrutural, a grande chave de compreensão de
todo o ordenamento jurídico, e permite "distinguere Stato e società, a contrapporre individuo
e potere, a circoscrive-re un ambito di 'sociabilità che ruota intorno agli interessi individuali
e si distende quindi nelle conseguenti relazioni intersoggettive." (Sordi, p. 98).
Na esfera privada, tem-se a tutela da propriedade (consagrada como direito
praticamente absoluto), a tematização e promessa da liberdade e da igualdade formal, assim
como o progressivo reconhecimento da autonomia e independência do sujeito individual.
Observa-se a pretensão da sociedade civil de distinguir-se do Estado. De um lado a
sociedade, do outro o Estado. Os interesses tutelados são os privados, individuais. Os grandes
códigos privados do século XIX, individualistas e proprietários, são compreendidos como
uma espécie de "Constituição da vida dos privados". Seus pilares fundamentais são a
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propriedade, a família e o contrato. O Código Civil francês de 1804 é o grande exemplo
disso. O "código símbolo" ou a "forma código (Cappellini, 2000), constituindo pretensamente
"a concretização da volonté générale" (Hespanha, 2002, p. 402), torna-se o modelo ideal de
direito, ou melhor, não há direito e direitos que estejam para além dos monumentos
legislativos codificados (Cazzetta, 2012, p.ix)1.
Na esfera pública, em linhas muito gerais, o objeto da regulamentação é o Estado, agora
uma pessoa jurídica, e a sua estrutura administrativa. Comando, autoridade e império são as
preocupações principais. Assiste-se à formação do direito público. O interesse tutelado é o
público ou, em certa medida, o interesse supostamente de toda a sociedade e não o individual
dos particulares. No século XIX, de um lado o Estado, do outro o indivíduo sujeito de direito.
1 Conforme explica Giovanni Cazzetta, no "inizio dell'Ottocento il Codice civile di Napoleone si propose come nuova forma di ordine del
giuridico e come progetto di programmazione statale di una società presentata come lo specchio delle certezze e delle speranze della
borghesia at potere." (Cazzetta. Giovanni. Codice civile e identità giuridica nazionale: percorsi e appunti per una storia dele codificazioni
moderne. Torino: G. Giappi-chelli Editore, 2012, p.ix).
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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1. Direito Internacional Privado
O Direito Internacional Privado (DIPr) consiste em uma disciplina jurídica que se
debruça sobre a regência – tanto normativa quanto de julgamento e implementação de
decisões – de factos sociais praticados pelos indivíduos que se relacionam com mais de uma
comunidade humana, também denominados factos transnacionais. Esses factos sociais são
multiconectados ou plurilocalizados, podendo ser regulados por mais de um ordenamento
jurídico.
Já a fase que inicia é chamada de fase estatutária (séc. XII - fins do séc. XVIII e início
do séc. XIX), pois é baseada no estudo dos vocábulos das leis e costumes locais (os
“estatutos”). No Baixa Idade Média europeia, o crescente comércio entre as diferentes regiões
e a importância cada vez maior dos diferentes direitos locais em contraponto à frágil unidade
do Sacro Império Romano-Germânico financiaram várias Escolas de estudiosos da
interpretação dos estatutos, que eram regras legais ou costumeiras das cidades, que
regulavam os mais diversos campos jurídicos. Tais Escolas visavam contrariar a unidade
forçada pretendida pelo Sacro Império (e pelo Papado), sem gerar insegurança jurídica aos
comerciantes, o que resultou em discussão dos limites espaciais de cada direito local, até hoje
um dos temas essenciais do DIPr. Nessa linha, o crescente comércio e a fragmentação prática
do Sacro Império Romano-Germânico incentivaram os juristas a buscar adaptar o Código
Justiniano por comentários, influenciados por normas locais. A figura central dessa época é
Bártolo de Sassoferrato (1314-1357), que logrou avançar no estudo da codificação romana
associada aos estatutos das cidades do norte da Itália.
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jurídica transnacional. É também chamado de método conflitual, uma vez que resolveria o
“conflito” aparente entre ordenamentos, indicando aquele que seria o mais adequado a reger o
fato transnacional. Conta com três elementos: O conceito de “relação jurídica”, que é
determinado pela inserção dos fatos transnacionais em amplas categorias jurídicas; A “sede”
ou centro da relação jurídica; E a “localização” da sede da relação jurídica em um
ordenamento jurídico nacional. O primeiro elemento exige que seja feita a classificação
jurídica dos fatos transnacionais em categorias normativas, como “obrigações”, “bens
imóveis”, “capacidade jurídica”, entre outras. O segundo elemento consiste na investigação
de dados objetivos da relação jurídica, resultando na fixação, consensual, de sua sede. A
natureza da relação jurídica seria decisiva para a declaração da sua sede, que seria única e
rígida. O terceiro elemento é a consequência da fixação da categoria jurídica e da
identificação de sua sede, o que vem a ser o uso do ordenamento material do lugar da sede
para reger o facto transnacional.
Por isso, no final do séc. XIX, surgiram movimentos a favor da celebração de tratados
de Direito Internacional Privado, os quais se esforçaram por tornar a disciplina em um ramo
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especializado do Direito Internacional Público. Já no séc. XX, surgiram movimentos a favor
de um DIPr voltado a resultados materiais, nos quais a escolha da lei que deveria regular o
facto transnacional dependeria de critérios de justiça material.
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No âmbito do Direito Internacional Privado, este princípio é da maior relevância: as situações
privadas internacionais, por estarem por natureza ligadas a mais que uma ordem jurídica,
geram certas incertezas quanto ao regime jurídico aplicável. Desta feita, urge aplicar o regime
jurídico que melhor acautelar as expectativas legitimamente criadas. É por essa razão, aliás,
que admitimos a aplicação pelos tribunais portugueses de legislação estrangeira, sendo
também por isso que reconhecemos eficácia à lei estrangeira em território nacional. Há,
porém, outras manifestações deste princípio. Desde logo, o evitar que uma situação jurídica
válida e eficazmente constituída em determinado Estado, com o qual tem uma conexão
estreita, não seja reconhecida nas demais ordens jurídicas em que é invocada. Acerca desta
matéria, o art 31º, nº 2 CC.
Também os próprios institutos do reenvio e da devolução (arts 17º e seguintes CC) são
manifestações deste princípio de tutela da confiança, a juntar ao tal reconhecimento das
sentenças estrangeiras em Angola (arts 978º e ss CPC). Cumpre também referir o princípio da
igualdade perante a lei – há um tratamento igual que é dado a causas iguais, a situações
iguais. Este é um verdadeiro corolário da justiça, que tem também projecções específicas no
ramo do Direito Internacional Privado. Desde logo, pode acontecer que, para questões
emergentes de uma mesma situação privada internacional, se considerem competentes os
tribunais de dois Estados diferentes.
Nesse caso, importa evitar que seja possível ao autor propor a acção consoante o Estado
que lhe dá maiores benefícios, por forma a manipular o desfecho da acção – importa evitar o
chamado forum shopping. No fundo, importa assegurar, no mínimo, que a mesma questão é
julgada por aplicação da mesma lei – só assim se consegue igualdade no plano do Direito
Internacional Privado. Essa necessidade é conseguida por via das regras de conflitos,
consagradas em cada Estado. Para além destes valores, podemos ainda identificar valores
sociais no âmbito do Direito Internacional Privado – desde logo, há uma importância dada à
protecção da parte mais fraca na relação jurídica.
Pode ainda falar-se na eficácia económica como valor social do DIP. A mesma reflete
se, por exemplo, na lógica de aplicar a lei que mais favoreça uma regulação eficiente do
ponto de vista económico de certas situações jurídicas. Essa será, por exemplo, uma
regulação que permita a redução dos custos das transacções. É nessa lógica que assenta, por
exemplo, o art 4º, nº 2 do Regulamento Roma I, que manda aplicar “a lei do país do devedor
da prestação característica”. A prestação característica, por sua vez, será a que permite
reconduzir o contrato a um dos tipos legais ou sociais (no contrato de compra e venda é o
vendedor, no contrato de empreitada o empreiteiro, etc). Concluindo, é possível perceber que
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os grandes pilares do Direito Internacional Privado são valores que já conhecemos de outras
disciplinas jurídicas. Diferente é, tão simplesmente, a concretização dos mesmos. Os valores
fundamentais analisados (dignidade da pessoa humana, autonomia privada, tutela da
confiança, princípio da igualdade, protecção da parte mais fraca e salvaguarda da eficiência
económica) são valores comuns a outros ramos do Direito. No entanto, o modo como os
mesmos são atingidos na prática é diferente.
Questão relevante é também a das fontes do Direito Internacional Privado. Até meados
do século passado, o DIP decorria sobretudo de jurisprudência. Havia poucas normas
atinentes a esta matéria, à volta das quais a jurisprudência e a doutrina faziam uma construção
que servia de base à resolução dos problemas que surgiam na vida prática. Depois disso,
surge a tendência para codificar este ramo do Direito, elaborando-se leis e códigos nos quais
se definiam os princípios e as regras orientadoras do mesmo. Nos últimos anos, contudo, a
tendência tem sido a contrária – o DIP é hoje muito regulado por via de legislação
extravagante. Paralelamente, pôde observar-se uma tendência de internacionalização das
fontes do Direito Internacional Privado, essencialmente por via da Conferência de Haia e pela
assinatura do Tratado de Amesterdão. Relativamente às principais fontes do DIP, estas
podem desde logo dividir-se entre fontes internas e fontes comunitárias. Nas fontes
internacionais destacam-se as convenções internacionais, que começaram a surgir no final
do século XIX, associadas à Conferência de Haia, à Organização das Nações Unidas, à
Comissão Internacional do Estado Civil, à Comunidade Europeia, etc.
Desde logo, então, importa entender o que são estas normas de conflito, e por que são
essas constituídas. A regra de conflitos é constituída, como as demais, por uma previsão e por
uma estatuição. A previsão da regra de conflitos é a situação da vida que ela visa, situação
essa que terá de característico a circunstância de ser uma situação plurilocalizada. Já a
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estatuição da regra de conflitos, por seu turno, traduz-se naquilo a que chamamos de conexão,
no sentido em que atribui competência a certa lei para regular determinada categoria de
questões suscitadas pela situação privada internacional em apreço. A estatuição, note-se,
difere do elemento de conexão, sendo esse aquele através do qual as regras de conflito nos
apontam para as leis aplicáveis. Ainda que tudo isto pareça simples, geram-se problemas
relevantes. Desde logo, cumpre saber: como podemos nós delimitar a previsão?
Na maioria dos casos, essa delimitação é feita por via de conceitos técnico-jurídicos,
que ou nos indicam uma certa categoria de situações (p.e. arts 41º e 46º CC) ou nos indicam
uma certa categoria de questões jurídicas especiais (p.e. arts 36º e 49º CC). Estes últimos são
casos em que a regra de conflitos é mais restrita, abrangendo apenas questões parciais. Já no
que toca à estatuição da norma de conflitos, a mesma pode assumir várias modalidades:
Regras de conflitos unilaterais – são aquelas que apenas nos dizem quando se
aplicam as normas materiais do direito do Estado do foro. Estas limitam-se a delimitar o
âmbito de aplicação espacial das normas jurídicas desse ordenamento em específico.
Exemplo deste tipo de regras de conflitos é o art 8º CT, que apenas nos diz quando aplicar a
lei portuguesa (e não quando aplicar a lei estrangeira);
Regras de conflitos bilaterais – são aquelas em que tanto se remete para a lei do foro
como para lei estrangeira, correspondendo à maioria das regras de conflitos vigentes no nosso
ordenamento jurídico. Qualquer situação jurídica lhe é subsumível, pois a norma nos indicará
sempre qual a lei aplicável, seja essa a lei portuguesa ou a lei estrangeira. É exemplo deste
tipo de regras o art 25º CC, do que decorre que as matérias aí enunciadas são tratadas pela lei
pessoal dos respectivos sujeitos. Ora, a lei pessoal, diz o art 31º CC, é a lei da nacionalidade,
que poderá ser, lá está, a lei portuguesa ou a lei estrangeira.
Regras bilaterais imperfeitas – são regras que tanto remetem para a lei do foro como
para uma lei estrangeira, mas que só se reportam a uma certa categoria de situações jurídicas,
normalmente situações que têm de certa forma conexão com o direito do estado do foro. Por
exemplo, o art 51º CC é regra especial perante o art 50º, estabelecendo-lhe alguns desvios.
No art 51º, não é contemplada a possibilidade do casamento entre estrangeiros no estrangeiro,
pelo que a regra em causa é uma regra bilateral imperfeita: a mesma só contempla as
situações em que há uma certa ligação à nossa ordem jurídica. O Professor Dário Moura
Vicente entende que podemos analisar esta questão do ponto de vista da integração de
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lacunas, dizendo que poderá ser aplicável analogicamente uma outra regra 5 , suprindo assim a
imperfeição da regra bilateral.
chamado Jeremy Bentham em sua obra “An Introduction to the Priciples of Moral and
qual a ordem jurídica, nacional ou estrangeira, aplicável aos conflitos de leis no espaço em
uns com os outros, normas de caráter internacional pautaram as relações entre os seus
Sendo o Direito, por definição, elemento que une membros de uma sociedade em torno
em que o pera.
5 Por exemplo, e neste caso: um estrangeiro que case num país diferente do da sua nacionalidade, que não seja o nosso próprio país,
poderá casar de acordo com a lei da nacionalidade se o fizer nas condições que aqui estão previstas.
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Para Celso D. de Albuquerque Mello:
Internacional.
apenas por Estados, em um contexto que o Direito Internacional era o conjunto de regras que
“O Direito Internacional pode ser conceituado como o conjunto de princípios e regras jurídicos
Percebe-se então que o Direito Internacional Público passa a tutelar não só os vínculos
uma ampla gama de questões de interesse direto de outros atores sociais, como os indivíduos.
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O objecto do Direito Internacional atual, portanto, é brilhantemente sintetizado pelo
Desde as suas origens, o Direito Internacional Público cumpre duas funções básicas:
reduzir a anarquia por meio de normas de conduta que permitam o estabelecimento de relações
comunidade internacional.
objetos/missões principais:
quais, em virtude de sua amplitude e complexidade, não podem ser enfrentadas de modo
isolado por nenhum Estado, sendo imperiosa a convivência em cooperação entre todos os
membros de dada sociedade internacional, ficando a cargo do DIP a regulação de temas sob
obrigatoriedade a partir da avaliação do valor intrínseco das normas, isto é, o que faz com que
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elas sejam vinculantes para a sociedade internacional. O assunto é pauta de diversos debates
objectivista.
Aduz que o Estado, por ser soberano, pode se auto-determinar politicamente e se auto
● Teoria do consentimento das nações, formulada por Hall e Oppenheim: Para eles,
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● Teoria do direito natural (jusnaturalismo): Teve diversos atores ao longo da
ordenamento. O DIP se fundamentaria nessa norma também, pois para tal teoria não
Scelle. Para eles, o Direito não seria produto da vontade humana, mas uma
● Teoria do “pacta sunt servanda”: Formulada por Dionísio Anzilotti, para quem o
A visão moderna, por sua vez, tende a conciliar as doutrinas voluntarista e objetivista,
como se observa através de uma série de atos neste sentido. A Convenção de Viena, de 1969,
por exemplo, consagrou a regra do pacta sunt servanda, mas ao mesmo tempo reconheceu a
possível, a não ser por normas de igual natureza. São as chamadas normas jus cogens, que
não podem ser violadas por nenhum tratado internacional, sob pena de nulidade.
Para o direito, fonte é aquilo que o produz, são os motivos que levam ao aparecimento
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comum. Ainda que existam desde a Antiguidade, começaram a firmar-se como fonte
por excelência de Direito Internacional apenas a partir da Paz de Vestfália,
substituindo paulatinamente o costume como fonte mais empregada no Direito
Internacional. Possuem diversas terminologias sinônimas, sendo essas as mais
comuns.
● Costume Internacional: Os costumes internacionais são o conjunto de normas
consagradas pela prática reiterada ao longo do tempo nas relações internacionais, que,
para o senso geral, tornam-se obrigatórios. Apesar da moderna tendência de
codificação dos costumes e normas internacionais, essa fonte é de grande relevância
para o DIPU porque não existe ainda um centro integrado de produção de normas
jurídicas que atue em nível mundial e por estabelecer um corpo de regras
universalmente aplicáveis.
● Princípios Gerais do Direito: Os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas
nações civilizadas, são fontes do DIP obrigatórias para todos os Estados. São
conceitos, entendimentos, pressupostos jurídicos (codificados) que alicerçam as
normas de convivência entre os Estados e as organizações internacionais.Esses
princípios também são adotados no âmbito interno, ou seja, também regulam as
relações entre os cidadãos e norteiam o ordenamento jurídico de cada país.
● Não Agressão;
● Solução Pacífica dos Litígios entre Estados;
● Autodeterminação dos povos;
● Boa-fé no Cumprimento das Obrigações Internacionais;
● Não Intervenção Nos Assuntos Internos dos Estados;
● Cooperação Internacional;
● Pacta Sunt Servanda.
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De acordo com Francisco Rezek, para que alguém seja qualificado como pessoa
jurídica de direito internacional, é necessário que essa pessoa possa agir no plano
internacional. Isso significa poder ser titular de direitos e deveres internacionais e possuir
capacidade de defender seus direitos por meio de ações internacionais. Pessoas jurídicas de
● O Estado: Ente composto por um território onde vive uma comunidade humana
(povo) governada por um poder soberano (governo soberano) e cujo aparecimento
não depende da anuência de outros membros da sociedade internacional. Logo,
afirma-se que os Estados têm personalidade internacional originária (o surgimento do
DIP está estreitamente vinculado à consolidação do Estado).
● Organizações Internacionais: Trata-se da criação de entidades capazes de articular
os esforços dos Estados, dirigidos a atingir certos objetivos (esquemas de
cooperação). São entidades criadas e compostas por estados por meio de tratado
(personalidade jurídica própria), possuindo, portanto, personalidade internacional
derivada. Como exemplos, podemos citar a ONU, a OTAN, o Banco Mundial, etc.
● Indivíduo: Durante muito tempo, a doutrina não conferia ao indivíduo o caráter de
sujeito de DI. Partia-se da premissa de que a sociedade internacional era meramente
interestatal. Entretanto, a doutrina vem paulatinamente rendendo-se à evidência de
que o indivíduo age na sociedade internacional. Sua personalidade internacional ainda
é contestada. Contudo, não se pode negar que há um significativo rol de normas
internacionais que aludem diretamente a direitos e obrigações dos indivíduos.
● Organizações sem fins lucrativos: São entidades privadas sem fins lucrativos que
atuam em áreas de interesse público, promovendo a aplicação de normas
internacionais em vários campos. Algumas participam de organizações internacionais
como observadoras. Podem recorrer a determinados foros internacionais em defesa de
direitos ou interesses vinculados a suas respectivas áreas de atuação. As ONGs não
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possuem personalidade jurídica de direito internacional, com exceção da Cruz
Vermelha.
● Empresas: Actualmente começa-se a admitir a personalidade jurídica das empresas,
sobretudo as transnacionais. Isto porque as empresas sujeitam-se e beneficiam-se
diretamente de normas internacionais, através da adoção de padrões mínimos e da
participação no comércio internacional. Em casos específicos têm acesso inclusive a
mecanismos internacionais de solução de controvérsias, como o MERCOSUL.
● Santa Sé e Estado da Cidade do Vaticano: Santa Sé e o Vaticano são dois entes
distintos, que têm em comum o vínculo com a Igreja Católica Romana e a
controvérsia em relação à personalidade jurídica internacional de ambos.
● Blocos Regionais: São esquemas criados por tratados entre Estados para promover a
integração de suas economias e sociedades. Ex.: União Europeia, o Mercosul, Área de
Livre Comércio da América do Norte (NAFTA). A personalidade jurídica dos blocos
é conferida por meio dos tratados, ou seja, depende dos interesses de seus integrantes.
É possível que nem todos os blocos regionais sejam sujeitos de DIP.
Como vimos, Direito Internacional Público é o ramo do direito que tem por objectivo
Por sua vez, o Direito Internacional Privado, é um ramo do direito cujo objectivo é
conexão internacional.
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Logo, ao contrário do que muitos pensam, a resposta para esta pergunta é facilmente
direito internacional).
Internacional Público, como os tratados, mas normalmente são preceitos de Direito interno,
estabelecidos pelos próprios Estados, que assim decidem livremente qual a regra, nacional ou
Estados; as matérias que lhe dizem respeito versam sobre as relações entre os
Cumpre ressaltar, por fim, que determinadas situações podem ser reguladas por ambas
as matérias, como é o caso de operações comerciais às quais podem ser aplicadas normas de
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DIP estabelecidas pela Organização Mundial de Comércio (OMC), como regras de Direito
Internacional Privado.
CONCLUSÃO
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pacíficas, contribuindo para aperfeiçoar o conceito de para estes dos polos do Direito
Internacional, sendo no âmbito Público e Privado.
Por essa peculiaridade os ramos do saber jurídico autonomizou pela sua importância de
se estudar a forma como os países e indivíduos estrangeiros se relacionam entre si. Para o
Direito Internacional Público a relação jurídica: Trata das relações exteriores entre os atores
internacionais (sociedade internacional), compondo tensões; tendo enquanto fonte, principal
são os tratados e fontes internacionais. Suas regras são: 1) vinculam as relações internacionais
ou internas de incidência internacional; 2) são estabelecidas pelas fontes internacionais; 3)
são normas de aplicação directa, vinculando diretamente os sujeitos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SILVA, Roberto Luiz. Direito internacional público. Belo Horizonte: Del Rey, 2008.
VARELLA, Marcelo Dias. Direito internacional público. São Paulo: Saraiva, 2009.
SAVIGNY, Friedrich Carl von. Sistema do direito romano atual. Trad. por Ciro
Mioranga. Ijuí: Unijuí, 2004.Volume VIII.
SYMENONIDES, Symeon C. Codifying choice of law around the world. New York: Oxford
University Press, 2014.
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VALLADÃO, Haroldo. Le droit international privé des états américains. Recueil des Cours
de l´Académie de Droit International de la Haye, vol. 81, 1952, pp. 1-115.
https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/503/edicao-1/direito-internacional-privado
https://www.inesul.edu.br/professor/arquivos_alunos/doc_1558818854.pdf
Legislações
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