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Alima Issufo

Assane Inácio Maulana


Fausto Carlos
Ludovina Nhamuchua
Zacarias R. Zacarias

Competência Internacional dos Tribunais moçambicanos e o Reconhecimentos de


Sentenças Estrangeiras
(Licenciatura em Direito)

Universidade Rovuma
Lichinga
2022
Alima Issufo

Assane Inácio Maulana

Fausto Carlos

Ludovina Nhamuchua

Zacarias R. Zacarias

Competência Internacional dos Tribunais moçambicanos e o Reconhecimentos de


Sentenças Estrangeiras

O presente trabalho é de carácter avaliativo, a ser


apresentado na Universidade Rovuma, em
Lichinga, no Departamento de Direito, na cadeira
de Direito Internacional Privado, leccionado pelo
Prof. Dr. Júlio Pedro.

Universidade Rovuma

Lichinga

2022
ÍNDICE
INTRODUÇÃO...............................................................................................................................3

Objectivos....................................................................................................................................3

Objectivo geral.........................................................................................................................3

Objectivos específicos..............................................................................................................3

Metodologia.................................................................................................................................3

1. A COMPETÊNCIA INTERNACIONAL DOS TRIBUNAIS MOÇAMBICANOS E O


RECONHECIMENTO DE SENTENÇAS ESTRANGEIRAS.......................................................4

1.1. Factores de atribuição da competência internacional dos tribunais moçambicanos.........4

1.1.1. Da acção em geral das pessoas singulares.................................................................4

1.1.2. Do Processo Especial De Falência Ou Insolvência...................................................5

1.2. Das acções das pessoas colectivas....................................................................................5

1.2.1. Domicílio do réu, pessoa colectiva ou sociedades estrangeiras................................5

1.2.2. Das deliberações dos órgãos das pessoas colectivas ou sociedades..........................5

1.2.3. Das acções relativas a direitos pessoais ou reais de gozo sobre bens imóveis..........5

1.3. Competência territorial dos tribunais moçambicanos.......................................................6

1.4. Da competência internacional dos tribunais moçambicanos na aplicação das convenções


ou tratados internacionais do Dipr...............................................................................................6

1.5. Direito estrangeiro aplicável.............................................................................................7

1.5.1. A doutrina..................................................................................................................7

1.5.2. A competência internacional dos tribunais moçambicanos na aplicação da


jurisprudência e o costume.......................................................................................................7

1.6. Interpretação e integração de lacunas...............................................................................7

CONCLUSÃO.................................................................................................................................8

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA...............................................................................................9
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INTRODUÇÃO
Os tribunais são órgãos de soberania de acordo com o artigo 133º da Constituição da República
de Moçambique. Os princípios gerais são estabelecidos no artigo 133º da CRM e seguintes no
que respeita aos objectivos, competências e funcionamento. De acordo com a lei mãe do nosso
país, os tribunais têm como objectivo garantir e reforçar a legalidade como factor da estabilidade
jurídica, garantir o respeito pelas leis, assegurar os direitos e liberdade dos cidadãos, assim como
os interesses jurídicos dos diferentes órgãos e entidades com existência legal.

A nossa explanação incide sobre a competência internacional dos Tribunais moçambicanos, tema
este que é de capital importância na percepção dos contornos que norteiam a intervenção legal
dos tribunais além fronteiras.

Objectivos

Objectivo geral
 Estabelecer uma análise profunda em relação a competência internacional dos tribunais
moçambicanos e o reconhecimento das sentenças estrangeiras.

Objectivos específicos
 Definir e Caracterizar a competência na ordem jurídica moçambicana;
 Identificar as formas de determinação de competência internacional;
 Descrever as formas de competência internacional.

Metodologia
Para a elaboração do presente trabalho foi aplicado o método descritivo, a revisão e colheita de
fontes bibliográficas, bem como legislação que abordam sobre o tema dado. O trabalho segue a
seguinte estrutura: elementos pré-textuais textuais e pós-textuais.
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1. A COMPETÊNCIA INTERNACIONAL DOS TRIBUNAIS MOÇAMBICANOS E


O RECONHECIMENTO DE SENTENÇAS ESTRANGEIRAS.
A competência é um pressuposto processual relativo aos tribunais o que consiste na repartição do
poder jurisdicional entre os diversos tribunais.

No direito moçambicano, esta competência está estabelecida genericamente no artigo 65 e


seguintes do Código do Processo Civil, sob epígrafe da competência internacional. Assim
permite que os tribunais moçambicanos sejam competentes sempre que se verifique algumas das
circunstâncias indicadas na regra de competência internacional, bem como sempre que se
localize no território moçambicano alguns dos factores que no plano interno presidem a
distribuição em território, da competência entre os tribunais moçambicanos, e essa competência é
distribuída seguindo os seguintes princípios:

 Princípios da competência
 Princípio da coincidência;
 Princípio da casualidade;
 Princípio da reciprocidade;
 Princípio da necessidade; da competência internacional;
 Princípio subsidiário.

1.1. Factores de atribuição da competência internacional dos tribunais


moçambicanos.

1.1.1. Da acção em geral das pessoas singulares


No que tange á competência internacional dos Tribunais moçambicanos, vem estabelecida no
artigo 61º cujas circunstâncias são as previstas no artigo 65º, todos do código do processo civil.
De acordo com este preceito legal, para que os tribunais moçambicanos estejam dotados de
competência internacional, é necessário que a acção seja proposta em Moçambique tendo em
conta as regras de competência territorial estabelecidas pela lei Moçambicana no art. 73º do
CPC. O facto que serve de causa de pedir deve ser praticado em Moçambique. O réu deve ser um
estrangeiro e o autor um moçambicano. Na situação inversa, o Moçambicano pode ser
demandado ou processado perante os tribunais do estado ou país a que pertence o réu.
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1.1.2. Do Processo Especial De Falência Ou Insolvência


Tratando-se de um processo especial de falência ou insolvência das pessoas colectivas, os
Tribunais Moçambicanos têm competência internacional para apreciarem e decidirem sobre esta
matéria, de acordo com o estabelecido na alínea f) do nº 1 do art. 65º do CPC.

1.2. Das acções das pessoas colectivas

1.2.1. Domicílio do réu, pessoa colectiva ou sociedades estrangeiras.


Os números 2 e 3 do art. 65º do CPC estabelecem que, quando para a acção seja competente,
segundo a lei moçambicana, o tribunal do domicílio do réu, os Tribunais Moçambicanos podem
exercer a sua jurisdição desde que o réu tenha domicílio em Moçambique ou se encontre
acidentalmente em território Moçambicano e que neste ultimo caso, a obrigação tenha sido
contraída com um moçambicano.
Considera por sua vez o nº 3 do preceito acima citado que, as pessoas colectivas ou sociedades
estrangeiras consideram-se domiciliadas em Moçambique desde que aqui tenham sede estatutária
ou efectiva, sucursal, agência, filial, delegação ou representação. A competência internacional
dos Tribunais moçambicanos abrange também as sociedades previstas no art. 157º do Código
Civil, desde que estes estejam domiciliados em Moçambique.

1.2.2. Das deliberações dos órgãos das pessoas colectivas ou sociedades.


A apreciação e decisão sobre as deliberações dos órgãos sociais das pessoas colectivas ou
sociedades, os Tribunais moçambicanos têm competência internacional para julgar e sentenciar
nos termos da alínea g) do nº 1 do art. 65º do CPC.
Os Tribunais moçambicanos, têm ainda competência internacional para apreciarem acções
propostas no território moçambicano desde que entre a acção a propor e o território
moçambicano exista qualquer elemento ponderoso de conexão real ou pessoal.

1.2.3. Das acções relativas a direitos pessoais ou reais de gozo sobre bens imóveis.
A alínea e) do nº 1 do art. 65º do CPC, estabelece que as acções relativas a direitos reais ou
pessoais de gozo sobre bens imóveis, podem ser apreciados e divididos nos Tribunais
moçambicanos desde que esses mesmos imóveis estejam situados em Moçambique, trata-se aqui
do princípio de “Lex rei Sitae” que traduzido em português significa, local da situação do bem,
estabelecido no nº 1 do art. 46º do Código Civil.
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1.3. Competência territorial dos tribunais moçambicanos


O nosso legislador se refere quanto á competência dos nossos tribunais tendo em conta o
seguinte: Situação dos bens, cumprimentos da obrigação, divórcio e separação, honorários,
inventário e habitação. Estabelece o nº 1 do artig 73º do CPC, conjugado com art.23 do CPP, que
as acções relativas a direitos reais sobre móveis, as de reforço, substituição, redução e
expurgação de hipotecas sobre navios ou aeronaves serão propostas no tribunal da situação dos
bens e no território da respectiva matricula respectivamente.
No que toca á acção que tiver por objecto uma universalidade de facto, ou bens móveis e imóveis
situados em lugares diferentes, será de acordo com o nº 3 do art. acima citado, proposta no
tribunal correspondente á situação dos móveis de maior valor, devendo atender-se aos valores de
matriz predial. Quanto as acções relativas ao cumprimento da obrigação, divórcio e separação,
inventario e habilitação, a competência dos Tribunais moçambicanos são estabelecidos nos art. 74º, 75º e
77º, todos do CPC. Por último os processos de falência e procedimentos cautelares são regulados
nos art. 82º e 83º também do CPC.

1.4. Da competência internacional dos tribunais moçambicanos na aplicação das


convenções ou tratados internacionais do Dipr.
O art. 312º da CRM e passamos a citar: “A legislação anterior, no que não for contrário a
constituição, mantém-se em vigor até que seja modificada ou revogada”.
Da interpretação deste preceito constitucional, resulta que, aquelas convenções ratificadas pelo
Portugal antes de 1975 são válidas para o direito do estado moçambicano até que sejam
modificadas ou revogadas e consequentemente os Tribunais moçambicanos são competentes na
aplicação daquelas convenções que fazem parte da matéria do Direito internacional privado,
DIPr. Assim, são aplicáveis às normas de convenções de Direito materiais unificadas e as
normas das comunidades supra-estaduais que vigoram na ordem interna.
Para o caso de Moçambique, o exemplo mais concreto de aplicabilidade das normas das
comunidades supra-estaduais, tem a ver com normas de vigência da nova carta de condução para
todos os países membros da SADC.
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1.5. Direito estrangeiro aplicável

1.5.1. A doutrina
De acordo com Ribeiro (2000), afirma de forma positiva nos termos seguintes e nós citamos:” o
direito estrangeiro aplicável é o que vigora na ordem jurídica designada pelo direito de
conflitos. Não têm de ser normas que directamente emanam de fonte estadual; podem ser normas
de fonte não estadual que, segundo o sistema de fontes de ordem jurídica estrangeira, incluindo o
seu sistema de relevância do Direito Internacional na ordem interna, vigoram nessa ordem
interna. Os Tribunais moçambicanos aplicam através dos tribunais de diversos escalões,
cingindo-se na lei ou seja na Constituição da República de Moçambique, Código do Processo
Civil, Código Civil e outra legislação avulsa sobre a matéria.

1.5.2. A competência internacional dos tribunais moçambicanos na aplicação da


jurisprudência e o costume.
No capítulo I do Código Civil, faz enumeração exaustiva das fontes de direito do art. 1º ao 4º que
são: as leis, os assentos, valor jurídico dos usos que é o costume e a equidade.
Os Tribunais moçambicanos podem ou não aplicar a jurisprudência e o costume do Direito
Estrangeiro?

O artigo 14º do Código Civil em vigor no nosso pais, estabelece que, citações: ”os estrangeiros
são equiparados aos nacionais quanto ao gozo do direito civil, salvo disposição legal em
contrário. Não são, porém, reconhecidos aos estrangeiros os direitos que, sendo atribuídos pelo
respectivo estado aos seus nacionais, o não sejam aos Moçambicanos em igualdade de
circunstâncias”.

1.6. Interpretação e integração de lacunas


De acordo com Dos Santos (1987), diz que, Direito Internacional Privado, fundamenta que, a
interpretação e integração das lacunas do Direito Estrangeiro pelos tribunais portugueses deve se
recorrer aos critérios e aos métodos de interpretação e de integração das lacunas do próprio
ordenamento jurídico estrangeiro.
O nº 1 do art. 23º do Código Civil, estabelece que, citação:” 1-A lei estrangeira é interpretada
dentro do sistema a que pertence e de acordo com as regras interpretativas nele fixadas”.
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CONCLUSÃO
Paralelamente aos objectivos planificados nesta pesquisa, chegamos a conclusão de que, o
critério que estabelece a competência internacional dos tribunais moçambicanos e em vários
estados, é fixado por normas do direito processual interno e na ordem jurídica moçambicana, esta
competência está estabelecida genericamente no artigo 65º do código do processo civil.
Os princípios da competência internacional são da coincidência, casualidade, reciprocidade,
necessidade e com actual redacção do código civil acrescentou três alíneas que estabelecem
conexão, e na alínea g) do artigo acima referido, houve uma omissão do legislador, pois deveria
estabelecer que as pessoas ai referidas deveriam estar domiciliado em Moçambique.
As acção das pessoas singular facto que serve de causa de pedir deve ser praticado em
Moçambique. O réu deve ser um estrangeiro e o autor um Moçambicano.
Tratando-se de um processo especial de falência ou insolvência das pessoas colectivas, os
Tribunais Moçambicanos têm competência internacional.
Os Tribunais Moçambicanos podem exercer a sua jurisdição desde que o réu tenha domicílio em
Moçambique ou se encontre acidentalmente em território Moçambicano e as acções destinada a
exigir o cumprimento, indemnização deve ser proposto onde a obrigação deve ser cumprido.
Os Tribunais Moçambicanos, têm ainda competência internacional para apreciarem acções
propostas no território Moçambicano desde que entre a acção a propor e o território
Moçambicano exista qualquer elemento ponderoso de conexão real ou pessoal. De igual modo,
são internacionalmente competentes para aplicarem as convenções internacionais relativas as
questões do DIP ratificadas pelo Portugal, pela força do artigo 312º da CRM.
Tribunais Moçambicanos têm competência Internacional para interpretar e integrar lacunas
dentro de certos parâmetros que procuramos mostrar neste artigo de cariz meramente académico.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
Dos Santos, A. M. (1987). Direito Internacional Privado. Lisboa.

Ribeiro, M. A. (2000). Direito Internacional Privado. Almedina, Coimbra.

Timbane ,T. L. (2007). A revisão do processo civil, faculdade de direito Uem, Maputo.
Legislação:
Assembleia da República: Lei n.o 25/2019 de 26 de Dezembro, Lei de Revisão do Código
Processual Penal, BR, I serie n.o 249.
Código civil, Moçambicano, aprovado pelo decreto-lei nº 47344 de 25 de Novembro de 1966.

Constituição da República de Moçambique: Lei n.o 1/2018 de 12 de Junho, BR, 2.o Suplemento, I
Serie n.o 115.

Sitoe, F. S. (2018). Código Processual Civil e Legislações Complementares. Maputo


Moçambique, 2a Edição.

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