Você está na página 1de 3

Normas Indirectas ou Indicativas

Normas indicativas ou indiretas do DIPr, são normas que não respondem à indagação
colocada, senão apenas indicam qual norma (se nacional ou a estrangeira) a responderá.

A lei (nacional ou estrangeira) que a norma indicativa do DIPr manda aplicar ao caso
concreto pode ser, a lei do lugar da celebração do ato, a do lugar do domicílio ou
residência da pessoa, a de sua nacionalidade, a da situação dos bens etc. Cada uma
dessas leis regerá situações especificadas pelas normas de DIPr da lex fori: para uma
questão de capacidade da pessoa, a lei aplicável será a do lugar de seu domicílio; para
uma questão relativa a bens, será a do local em que estejam situados (lex rei sitae) etc.

Como se vê, a norma indicativa ou indireta a apresenta sempre uma hipótese e uma
disposição.

No DIPr a norma respectiva apenas indica a ordem jurídica adequada à sua resolução.

Nas normas indicativas de DIPr, à hipótese corresponde o seu objeto de conexão, que
identifica um instituto jurídico ou determinada matéria regulada pelo Direito, e à
disposição corresponde o seu elemento de conexão, que indica qual ordem jurídica será
competente para resolver (materialmente) a questão jurídica concreta.

Lex fori e lex causae

Denomina-se a lei nacional de lex fori; e a estrangeira de lex causae (ou lei estranha).
Será a lex fori, em princípio, salvo a existência de regras de Direito Uniforme, que
estabelecerá a indicação da norma (nacional ou estrangeira) a ser aplicada em um dado
caso concreto sub judice com conexão internacional, sem violar a soberania de qualquer
Estado, mas apenas se desincumbindo da missão que lhe compete, nos termos do seu
Direito interno, de definir qual das ordens resolverá (materialmente) a questão.

Quando indicada (e, portanto, escolhida) a norma estrangeira para resolver o caso
concreto, tal norma deve ser aplicada em toda a sua integralidade e como direito
mesmo, com as respectivas normas de vigência, interpretação, aplicação espacial e
temporal, sofrendo apenas as limitações impostas pelas regras de DIPr da lex fori ou
decorrentes do limite geral da ordem pública por elas estabelecido.
Categoria das normas indicativas

Podem ser:

 Bilaterais completas (perfeitas);


 Bilaterais incompletas (imperfeitas); e
 Unilaterais.

1. Bilaterais completas ou perfeitas – são aquelas que não discriminam qual lei,
se a nacional ou a estrangeira, deverá reger a situação jurídica.

Trata-se do modelo normalmente seguido pelas diversas legislações, até hoje adotado
como regra.

2. Bilaterais incompletas ou imperfeitas – são aquelas que determinam a


aplicação tanto do direito nacional como do estrangeiro, indistintamente, mas
limitam o seu objeto a certos casos relacionados com o país do foro.
3. Unilaterais – são as que estabelecem a aplicação exclusiva da lei nacional,
sempre, porém, que entre a situação em causa e a ordem jurídica interna exista
uma conexão de determinado tipo. Trata-se de normas que estabelecem o
seguinte esquema, assim colocado por Ferrer Correia: “as questões jurídicas da
categoria x serão resolvidas pelo direito local, desde que entre a situação a
regular e este ordenamento exista uma conexão do tipo y”.

Conflitos das normas de DIPr no espaço

As normas indicativas ou indiretas de DIPr nacionais e estrangeiras podem, entre si,


entrar em conflito (positivo ou negativo) no espaço, quando então se diz tratar de um
conflito de segundo grau.

Havendo divergência entre a lei nacional (lex fori) e a lei estrangeira (estranha) de DIPr
deverá o juiz aplicar a que melhor resolva, com justiça, o caso concreto.
Conflitos das normas de DIPr no tempo

O problema aparece quando uma norma interna de DIPr altera a regulação conflitual de
uma situação jurídica interconectada, anteriormente disciplinada por outra norma
interna de DIPr. Tal ocorre com maior expressividade quando é editada nova lei de DIPr
em completa substituição à normativa anterior.

À medida que aumentam as disparidades entre a norma nova e a antiga, podem surgir
problemas de difícil resolução, a demandar criteriosa intervenção do julgador, mais
ainda nas situações jurídicas apenas parcialmente resolvidas pela lei antiga e pela lei
nova.

Qual norma nacional de DIPr se aplica havendo conflito no tempo? Em matéria de


direito adquirido, de ato jurídico perfeito ou de coisa julgada, a regra é que se aplique a
legislação anterior sobre a matéria em apreço, em detrimento da norma mais recente.

Você também pode gostar