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18.09.2023 (OT)
- Sujeitos
- Objeto: mediato e imediato
- Facto: negócio jurídico; contratos sinalagmáticos e não sinalagmáticos
- Garantia
Aquilo que o direito faz em geral é resolver relações jurídicas que se encontram
por algum motivo controvertidas. Alguma questão jurídica que se coloca, perante uma
determinada factualidade num exercício de subsunções, na qual se aplica uma regra
jurídica, daí resultando uma consequência.
O problema do DIP é que, ao contrário do que temos vindo fazendo até agora,
estes elementos da relação jurídica não se encontram num único enquadramento
jurídico, ou seja, se tivermos direito das obrigações em que A celebra o contrato com o
B e depois o B não paga o preço do contrato e o A entrega a coisa, o que queremos
saber é quem é que está em incumprimento, em mora e quem paga a indemnização,
isso pressupõe quando se começa a resolver e essa é que é a questão controvertida do
direito material.
Isso pressupõe que não se coloque como problema conflitual, ou seja, que
estes elementos se encontram no ordenamento jurídico português que legitima,
primeiro que se a questão for judicial que os tribunais portugueses podem resolver,
por exclusão de qualquer outro tribunal e a aplicar direito português.
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Direito Internacional Privado – OT e P
A questão do DIP não significa que esta seja a técnica usada pelos
ordenamentos jurídicos em geral, ou porque não querem ou porque não precisam.
Porque não querem e dizem que se a questão está a ser apreciada pelo tribunal do
Estado, este tribunal do Estado não aplica outra lei que não seja a lei do Estado, ou
seja, decidem sempre aplicar a “lex fori” – a lei do lugar onde a questão está a ser
apreciada. Os Estados podem não querer aplicar outro direito que não seja o seu
próprio direito, ou então podem não precisar, como é o caso da “uniformização do
direito”, isto é, situações em que há direito internacional material que resolve a
questão das situações jurídicas internacionais (cheques, livranças).
Os Estados que não adotarem posições conflituais, ou seja, decidirem que não
querem saber se a questão é internacional ou puramente interna, se a questão está a
ser apreciada nos tribunais desse Estado é a lei desse Estado que vai ser aplicada, isto
coloca em causa um dos grandes problemas que o DIP quer resolver.
O DIP quer garantir que com o processo que vai adotar para as decisões das
questões transfronteiriças que independentemente do estado que decida a questão,
todos os outros Estados que ou a quem vai ser requerido o reconhecimento daquela
decisão, efetivamente a reconhecem.
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Direito Internacional Privado – OT e P
Nesta unidade curricular vamos dar a par do direito dos conflitos, temos a
questão relativa à competência internacional, a questão do direito adjetivo e depois
temos os processos relativos a certidões estrangeiras (que não vamos dar).
O processo conflitual aquilo que vai fazer é permitir à lex fori, ou seja, à lei do
lugar onde a questão está a ser apreciada, que de acordo com determinado processo
conflitual consiga escolher a lei, de entre aquelas que estão em contacto com a relação
jurídica consiga cumprir as finalidades da expectativa e da segurança jurídica,
nomeadamente, que todos os estados percebam esse processo, percebam porque foi
escolhida uma lei de detrimento das outras e que sendo assim, não ponham
obstáculos ao reconhecimento dessas posições estrangeiras através deste processo
conflitual.
Isto faz-se através das denominadas normas de conflito, que estão desde logo
no Código Civil, Código Comercial, Lei da nacionalidade, Regulamentos da UE,
Convenções e notas exclusivas de direitos de conflitos.
Estas normas não resolvem a relação jurídica, a única coisa que elas fazem é
escolher a lei que vai resolver a questão jurídica, através do alio do processo conflitual
que incumbe uma determinada valoração de acordo com princípios de direito
internacional maioritariamente reconhecidos pela maioria dos Estados, que levam à
escolha de uma determinada lei material.
Isto significa que assim sendo, a lex fori vai usar um mecanismo para escolher a
lei material que considera aplicável ao caso em concreto de acordo com este processo
condenativo. Isto significa que esta lei material que os tribunais da lex fori vão aplicar
ao caso concreto, tanto pode ser a lei material do Estado do foro (lei nacional), como a
lei estrangeira – uma delas será competente se tudo correr bem. Isto escolhe-se
independentemente do Estado que seja, mormente o estado para apreciar a questão.
Notem:
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Direito Internacional Privado – OT e P
aplicamos lei nacional como lei estrangeira, mas o Estado A, B e C são totalmente
diferentes e têm princípios que violam a nossa ordem jurídica e, portanto, nós nunca o
aplicamos. Aplicamos sem problema nenhum, a não ser que da aplicação em concreto
dessa solução material é que de facto resultar a violação desses princípios. Se por
acaso não resultar, ótimo, então não há limite nenhum.
Ou seja, sempre que uma norma de conflito diga “em matéria de capacidade
negocial é competente a lei da nacionalidade do sujeito”, “em matéria de direito reais
é competente a lei onde a coisa se situa”, para “a responsabilidade civil
extracontratual é competente a lei do lugar onde ocorreu o facto danoso”. O elemento
de conexão é para determinada questão controvertida, que ninguém vai resolver,
queremos saber qual a lei que vai ditar a questão em concreto, esse é o elemento de
conexão sendo para isso que nos vamos concentrar para já.
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Direito Internacional Privado – OT e P
identifica com nenhum género? E as uniões de facto? O conceito quadro vai permitir
explicar qual é o âmbito da norma. Ou seja, se eu estiver a pensar na constituição de
uma filiação entre unidos de facto, eu devo ou não aplicar a regra do nº2, ou a do nº1?
E se for um casal homossexual posso, ou não posso? O exercício interpretativo
é tão mais importante em DIP porque aquando da criação do nosso Código, com a
exceção da CRP que apareceu 10 anos depois e teve muitas alterações em matéria de
direita família, sobretudo na questão dos filhos ilegítimos, não foi revista. A
possibilidade de casamento de pessoas do mesmo sexo é particularmente e de forma
muito vergonhosa para o país recente.
Mas pensando por exemplo que temos uma filiação relativamente a um casal
polígamo, coisa que em Portugal nem é possível, nós nem reconheceríamos o
casamento polígamo.
Na questão da filiação é aceitável ou não reconhecer o efeito do casamento,
não para o casamento enquanto tal, mas para os efeitos filiais que decorrem do
casamento.
Ou seja, é possível encontrar uma relação jurídica transnacional que não tenha
no ordenamento jurídico português nenhum tipo de paralelo, ou seja, encontrar uma
situação jurídica em que nunca pensamos, nunca vimos, nem nunca seria possível e a
questão é, se nós não temos juízos a priori, que afastem a aplicabilidade de uma lei em
detrimento de outra e não podemos ter situações me que o juiz se abstenha de julgar
por falta de lei aplicável ao caso concreto, a questão é onde é que nós inserimos, por
exemplo, a filiação decorrente de casamento polígamo.
Para dizer que não aceitamos temos de passar pelo processo todo, dizer que
aplicamos uma lei que o reconhece, mas que nós não o aceitamos. Nós inserimos tal
na interpretação do conceito quadro.
O conceito quadro tem de ser tanto ou mais flexível, tendo de estra pronto para
receber qualquer lei, incluindo aquelas que tenham regimes jurídicos dos quais nós
nunca ouvimos falar, ou que não aceitamos de todo.
Naturalmente, que se olharmos para os artigos do direito da família, sem
nenhuma interpretação, nós dizemos que o legislador português nunca pensou no
casamento polígamo, até porque é crime. Naturalmente, a única coisa que existe
relativamente ao casamento polígamo é que é proibido, não havendo nenhuma norma
de conflitos que trate do regime jurídico do casamento polígamo porque o mesmo não
existe em Portugal. Todavia, ele tem de se inserir em algum lado.
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Direito Internacional Privado – OT e P
de facto que o legislador nunca pensou, não conseguimos fazer interpretação de
norma nenhuma para resolver e, portanto, temos uma lacuna e temos de recorrer à
analogia legis ou iuris.
A lex fori que é nominada de L1, numa relação jurídica transfronteiriça, de acordo
com elemento de conexão de uma determinada norma de conflitos pode fazer 1 de
2 coisas: ou se considera competente, ou não se considera competente. Se não se
considerar competente, significa que considera competente a lei estrangeira,
denominada por L2. O problema surge quando L2 usa as suas normas de conflito e
acha competente L3, e L3 acha competente L4 e L4 acha competente L3.
Em suma:
19.09.2023 (P)
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Direito Internacional Privado – OT e P
Se as normas de conflito que têm 2 elementos – elemento de conexão e
conceito quadro -, e o elemento de conexão é a lei que uma determinada norma de
conflitos de um determinado ordenamento jurídico considera competente, significa
que cada Estado quando vai receber a competência para resolver a questão
controvertida e vai aplicar o seu próprio direito, pode aplicar as suas próprias normas
de conflito e para aquelas normas em concreto ter escolhido um elemento de conexão
que dá origem a isto (esquema caderno).
Como é que vamos conseguir pôr todos os Estados de acordo em aplicar uma única
lei?
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Direito Internacional Privado – OT e P
Os estados adotam ou podem adotar para tentar cumprir a finalidade ou
princípio de DIP, que é a harmonia jurídica internacional, diferenciadas posições em
matérias de reenvio. Reenvio: a lei do foro não se considera competente, considera
competente uma lei estrangeira, que por sua vez também não se considera
competente e reenvia para outro.
Mesmo assim, os Estados quando isso acontece, porque pode acontecer tal
qual vimos no exemplo de ontem, muitas vezes, os estados estarem de acordo com o
princípio que deve presidir à escolha da lei, desse princípio cabem várias leis
alternativas e, portanto, todas igualmente válidas, podendo os estados irem
sucessivamente chamando outras leis à colação.
Então o que é que os estados podem fazer para tentar, apesar de não se entenderem
relativamente à lei que deveria ser aplicada ao caso em concreto, arranjarem uma
solução de compromisso para conseguirem, no final das contas, aplicar uma única
lei?
Os estados podem adotar 2 teorias para tentar ou não (uns mais outros menos)
resolver os problemas de reenvio e mesmo assim, existindo reenvio tentar a harmonia
internacional: são as denominadas teorias anti-devolucionistas e as teorias
devolucionistas. Por sua vez as teorias devolucionistas podem adotar a posição de
devolução simples ou de devolução dupla.
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Direito Internacional Privado – OT e P
do seu elemento de conexão, mormente se for estrangeiro, o âmbito daquilo que esse
Estado vai considerar competente depende de ele fazer referências globais ou
referências materiais.
Quando um estado faz referências globais e considera competente a lei de
outro estado significa que está a considerar competente todo o ordenamento jurídico
desse estado, não só as normas jurídicas de direito material, mas também legitima
esse estado a usar as suas próprias normas de conflitos.
Exemplo:
Imaginemos que L2 faz uma referência global para L3, isso significa que L2 nas
suas normas de conflito vai achar competente a lei L3, mas faz uma referência global,
ou seja, L2 permite que L3 decida em primeiro lugar se se considera competente ou
não. Se é assim, L2 diz “eu acho que L3 é que é competente”, mas se L2 é que está a
permitir que L3 use as suas próprias normas de conflito e, portanto, resolva o
problema conflitual, significa que L2 – dependendo que tipo e teoria adote – pelo
menos, que L2 admita que L3 não se considere competente.
Se L2 acha que L3, mas permite que L3 use as suas normas conflito, para que L3
decida se é competente ou não, significa que L2 em maior ou menor dúvida, vai
admitir que L3 não se ache competente e escolha outra lei. Isto significa que apesar de
L2 achar que L3 é competente, é verdade que pode aplicar L3, mas se permite que L3
decida que não é competente, também vai admitir aplicar a lei que L3 diga que afinal é
competente.
Um estado, que por sua vez só faz referências materiais, imaginemos que L3 só
faz uma referência material para L4, significa que não vai legitimar a aplicabilidade de
todo o ordenamento jurídico, só vai admitir a aplicabilidade das normas de direito
material onde não se incluem as normas de conflito. Significa que um estado que faz
referência material, não permite que este vá decidir se este se considera competente
ou se não se considera competente, porque só lhe faz referência material pelo que ele
só pode dar sua solução de direito material ao caso concreto, não tem legitimidade
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Direito Internacional Privado – OT e P
para resolver o problema conflitual. Ou seja, o estado que faz referências materiais só
admite a aplicabilidade da lei eleita pelo seu elemento de conexão.
Vamos considerar para ser mais fácil que L4 considera-se competente. Tal
significa que se L3 uma referência material e L4, não obstante diz “tudo bem, eu
considero-me competente”.
Aquilo que há pouco era todos a dizerem uma coisa diferente, agora L3 e L4
estão de acordo em aplicar L4, se nós não soubéssemos mais nada, diríamos que L2
não estava de acordo, porque L2 quer aplicar L3, mas agora se nós soubermos as
posições dos estados relativamente ao reenvio, nós sabemos que L2 faz uma
referência global, ou seja, nós sabemos que L2 quer ou acha que é competente L3, mas
que lhe permitiu usar as suas normas de conflito para decidir se se acha competente
ou não e L3 não se achou competente. Então L2 pergunta a L3 quem é que acha
competente, ao que ela responde L4 e assim temos harmonia jurídica internacional
apesar de termos um reenvio.
E tudo estaria bem, não fosse o legislador ter estabelecido todo um conjunto
de exceções. As exceções são as que estão nos artigos 17º, 18º e 19º do CC.
Portugal é por regra anti-devolucionista e os artigos 17º, 18º e 19º têm uma
série de exceções baseadas numa série de ponderação de princípios que vai decidir
qual a lei que vai ser aplicável ao caso concreto. Portugal é altamente vanguardista,
permite de uma forma única atingir casos de harmonia jurídica internacional que
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Direito Internacional Privado – OT e P
sendo um princípio informador do DIP, não obstante o legislador resolveu ponderar
outros princípios.
Portugal não aceita que nenhum outro Estado resolva a questão conflitual,
Portugal é o único que resolve, mas apesar de ser anti-devolucionista, permite que de
acordo com um conjunto de pressupostos e da ponderação de um conjunto de
princípios, permite a aplicabilidade de uma lei diferente daquela que resulta da regra
geral do artigo 16º, dando origem às exceções, sobretudo estas do artigo 17º e 18º, ao
denominado reenvio por transmissão de competências ou no artigo 18º o reenvio por
retorno.
Ou seja, na primeira situação temos os casos em que Portugal pode admitir a
aplicabilidade de uma lei diferente de L2, mas para aplicar o artigo 17º a lei diferente
de L2 tem de estar sucessivamente na cadeia de ritmo, só pode ser de L3 em diante.
No artigo 18º teremos exatamente o oposto, Portugal admite a aplicabilidade de uma
lei diferente de L2, mas no artigo 18º a única lei que Portugal vai admitir é a própria da
L1, porque Portugal vai aceitar que lhe devolvam a competência, ao direito interno.
Como é que Portugal faz então as posições associadas aos artigos 16º, 17º, 18º?
Portugal admite as exceções e o princípio regra que permite que Portugal saia
do artigo 16º e vá ao artigo 17º ou 18º são os seguintes pressupostos: tem de haver
uma situação de reenvio, ou seja, L2 não se pode achar competente e todos os
estados dessa cadeia de reenvio teriam de estar de acordo em aplicar a mesma lei, ou
seja, todos os estados nessa cadeia de reenvio teriam de estar de acordo em aplicar
uma única lei, desde que a lei que todos os Estado estejam de acordo em aceitar seja
uma lei diferente daquela que já resultaria da aplicabilidade do artigo 16º. Imaginemos
que temos uma situação de reenvio e no final das contas todos estão de acordo em
aplicar L2, Portugal não aceita o reenvio porque nos termos do artigo 16º já seria a L2.
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Notem, sair do artigo 16º não significa depois que Portugal efetivamente vá aplicar a
lei diferente daquela escolhida pelo artigo 16º, para isso é preciso verificar os
requisitos do artigo 17º ou 18º.
Pode acontecer que tenhamos uma situação em que Portugal admite que estão
verificados os pressupostos, a aplicabilidade do 17º ou do 18º, ou seja, há reenvio, há
um meio necessário para chegarmos há harmonia jurídica internacional, mas depois
chegamos ao artigo 17º e não estão verificados os requisitos e depois voltamos para
trás e aplicamos L2. Ou então, como vamos ver depois no artigo 17º, Portugal pode
começar por admitir a aplicabilidade de uma lei diferente à L2, mas depois tem uma
exceção à exceção e, portanto, volta a aplicar a regra geral do artigo 16º ou então tem
uma exceção à exceção da exceção e volta a aplicar a exceção do artigo 17º. Ou então
admite tudo e depois vem o artigo 19º dizer para voltar para o artigo 16º.
Ou seja, para que Portugal em qualquer questão em que tenha uma matéria de
DIP, mormente colocando-se o problema de reenvio, em que L1 será Portugal para
aplicarmos as nossas normas de conflito, nunca em tempo algum, começamos por
dizer que Portugal aplica o artigo 16º, 17º e 18º, porque Portugal vai ver o que é que
os outros fariam e só depois de decidir o que é que estes fariam é que Portugal vai
decidir o que é que efetivamente faz no caso concreto.
Ainda que seja, no final das contas dizer “nós nem sequer admitiríamos que L2
usasse as suas normas de conflito, por isso não queremos saber se acha nos
competentes ou não”, nós na realidade procuramos saber o que vários países fariam.
A posição portuguesa nunca é ditada no início da resolução de um caso, ou
seja, ao contrário dos outros estados que adotam uma posição e, portanto, têm
imediatamente perante o reenvio a possibilidade de determinar a prioristicamente
qual a lei que aplicam, a aplicabilidade das exceções depende da verificação de
pressupostos e requisitos e a verificação desses pressupostos ou requisitos depende
do exercício virtual que é caso eu permitisse que se fizesse o que é que eles diriam, e
depois consoante a resposta, Portugal diz “está bem, então aceito o reenvio”, ou diz
“esqueçam lá isso, que eu também queria saber, mas na realidade não quero e,
portanto, aplica-se L2 e está arrumado”.
25.09.2023 (P)
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Direito Internacional Privado – OT e P
porque o território do estado está dividido em estados tipicamente, a questão relativa
aos estados federais e aos estados federados, como os EUA.
O exemplo mais paradigmático são os EUA, tem 50 estados e alguns casos a lei
federal aplicável, obrigatoriamente (?), há uma circunscrição material. Não havendo
propriamente conflito entre leis.
1. BASE TERRITORIAL
2. BASE TERRITORIAL
3. BASE PESSOAL
ATENÇÃO!
Na resolução de um caso pratico de DIP terá havido alguma situação que tem uma RJ
internacional plurilocalizada.
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Direito Internacional Privado – OT e P
L1 – É a lei que está a ser apreciada e vai usar o seu sistema de conflitos –
Portugal. E usando as normas de conflitos que estão no CC, considera-se competente
uma determinada lei estrangeira, e agora independentemente dos reenvios e se L2 se
acha competente, que aqui é diferente.
L2 - Corresponde a um OJ plurilegisltivo.
Continuamos com o mm problema de conflito de leis, onde o OJ português, de
acordo com o elemento de conexão da sua norma de conflitos, considera competente
uma determinada lei, mas dentro desta lei vigora mais do que um sistema jurídico ou
vigora para determinadas pessoas um sistema jurídico especial. A questão está sempre
em determinar o OJ a aplicar no caso em concreto.
Não basta apontar um sistema jurídico legislativo. O juiz no caso concreto
continuará, agora, a internamente a concluir sobre qual é a lei que aplica na situação
em concreto.
Temos um sistema de valores. Depois, de acordo com este, o legislador (?) assenta
num conjunto de princípios que partem da ideia da conexão manifestamente mais
estreita à relação jurídica.
Se o legislador escolheu a lei da nacionalidade, significa que a questão
controvertida da relação jurídica estará mais próxima dos sujeitos da RJ à Princípio da
maior ligação individual.
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Direito Internacional Privado – OT e P
do artigo 20º do CC. Que manda resolver as soluções supletivas, ou seja, só vamos
avançando nelas se a anterior não nos corresponder.
Em princípio, estes OJ se têm vários SJ, haverão de ter em direito interno aquilo
que nós temos a nível internacional que são conflitos de leis.
Nos EUA uma californiana que casa com alguém da Nova Jersey, no estado do
Ohio ou algo do género, saber qual é o regime supletivo que vai em concreto ser
aplicado.
Imaginando que o EUA é feito de peças, nós dizemos que é competente a lei
norte americana é competente para resolver a questão: A nacionalidade dos sujeitos.
Se não conseguirmos que o direito norte americano resolva internamente o
conflito de leis, o direito interno que vamos aplicar é de ver onde é que a pessoa
vive. Será a lei do lugar onde a pessoa vive, ou seja, o direito aplicável aquela matéria
no estado federado, que há de resolver esta questão.
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Direito Internacional Privado – OT e P
CURIOSIDADE:
O que resulta desta convenção que para alguns residentes no trácio ocidental,
em matéria de direito da família e das sucessões, pode não se aplicar direito material
grego. Aplica-se outro direito, a lei religiosa do bem – A sharia. Ou seja, os residentes
no trácio ocidental, desde que, sendo esta a condicio, para alem de residirem
necessariamente naquele território, que sejam muçulmanos. Podem ver aplicada em
direito da família e sucessões a lei religiosa islâmica. Sempre que naquele caso em
concreto se decidir a matéria de direito da família e de direito das sucessões, fica o
litígio inclusivamente subtraído aos tribunais gregos e serão decididos nos tribunais
religiosos ou de determinada jurisdição ou fim.
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Direito Internacional Privado – OT e P
As irmãs dele, diziam que ser admissível serem deserdadas de acordo com o
que estava na lei grega, mas não é possível serem deserdadas de acordo com a lei da
Sharia.
Mola Sally era muçulmano que vivia no trácio ocidental e por isso devia de ser
aplicado a lei da Sharia que, em matéria de sucessões, determina que a família do
marido não pode ser deserdada e tem de ser herdeiros legitimários de uma parte do
património, no âmbito da sucessão.
Os tribunais gregos sempre deram razão às irmãs de Mola Sally, sempre
consideraram que não eram competentes para regular aquela questão de acordo com
os tribunais ou da jurisdição, e que se aplicava a lei da sharia. A questão subiu ao
tribunal europeu dos direitos humanos.
Se o Mola Sally decidiu nos termos de a lei nacional grega fazer um testamento,
não era admissível a lei da Sharia e (?) então no caso concreto preferia a aplicabilidade
da lei grega e não a da lei da Sharia.
A interpretação atual, relativamente à lei da Sharia, é que os Muçulmanos do
trácio ocidental, vê-se-lhes aplicada a lei da Sharia, a não ser que prefiram ver aplicada
a lei grega no caso concreto.
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Direito Internacional Privado – OT e P
a que está em vigor na parcela do território onde o interessado tem a sua residência
habitual.
A residência habitual é de angola, ele é dos EUA, estes não resolvem o problema da
escolha interna de leis. Como se escolhe?
· O legislador quando indica a lei da residência habitual faz lhe com critério para
escolher de entre a lei da nacionalidade, mas quando não se consegue fazer na
situação em concreto, não se pode concluir que o legislador quis afastar a lei da
nacionalidade em detrimento da lei da residência habitual.
Nas situações me que a lei da residência habitual é fora do estado da nacionalidade se
gera um conflito positivo de conexões, ou seja, temos todas as leis da nacionalidade
mais uma que é ada residência habitual.
Como se resolve?
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Direito Internacional Privado – OT e P
Recorrendo à analogia legis, onde isabel encontrou uma situação análoga no
artigo 28º da lei da nacionalidade. Quando há conflito entre duas leis da nacionalidade,
o artigo 28º resolve a questão de como se escolhe a lei. Aplicamos a lei da
nacionalidade em que o sujeito viva.
Problema?
Escolhe a lei interna onde ele vive, se ele vive noutra acontece a mesma coisa.
Passamos para uma terceira conexão e esta terceira conexão vai permitir
resolver este conflito.
Ou seja, temos de partir do princípio que da origem a estas conexões- princípio
da maior ligação individual. E tendo em consideração o princípio da maior liação
individual, que tem subjacente o princípio da conexão mais estreita, determinar qual é
aquela relativamente ao qual a relação jurídica vai ser resolvida.
Como é que nos no caso concreto demostramos que entre a lei da nacionalidade,
reparem se concluirmos se é a lei da nacionalidade temos que ver com qual delas…
como é que nos escolhemos a lei aplicável?
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Direito Internacional Privado – OT e P
Como é que determinamos qual é a lei mais próxima quando temos em causa o
princípio da maior obrigação individual?
Mas o artigo 20º, o legislador fez um site tao complexo, que se esqueceu de
uma questão em relação ao ordenamento plurilegislativo.
Objeto mediato, significa que é lex rei sitae, se o artigo 20º diz que o
ordenamento jurídico plurilegislativo é a lei da nacionalidade do sujeito.
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Direito Internacional Privado – OT e P
Aplicar analogicamente o artigo 20º tendo em consideração que a nossa
conexão mais estreita já não é a conexão do artigo 20º, mas sim neste caso
concreto a conexão real.
26.09.2023 (OT)
Caso-prático 1:
RESOLUÇÃO:
1º para termos uma situação de DIP a primeira coisa que fazemos é identificar a
relação jurídica que temos no caso concreto. Neste caso a relação jurídica a constituir
diz respeito a um contrato de casamento, em particular a questão controvertida
suscitada é a capacidade dos sujeitos. Tal qual acontece no direito interno.
Temos 2 sujeitos a Hannah e o Aníbal, quais são as conexões mais próximas dos
sujeitos?
NACIONALIDADE:
ALEMÃ
HANNAH
RESIDÊNCIA
HABITUAL:
PORTUGAL
SUJEITOS
NACIONALIDADE:
PORTUGAL
ANÍBAL
RESIDÊNCIA
HABITUAL: FRANÇA
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Direito Internacional Privado – OT e P
Temos uma relação jurídica de natureza privada, contrato de casamento,
internacional porque temos elementos da relação jurídica dispersos por mais do que
um ordenamento jurídico. Esta relação jurídica é relativamente internacional. As
relações jurídicas podem ser absolutas ou relativamente internacionais. Elas são
absolutas ou relativas consoante tenham ou não tenham ligação com a lei do foro, ou
seja, neste caso concreto, se nos somos a lei do foro e esta relação jurídica em
elementos que estão em conexão com a lei do foro, ou seja, Portugal para além de ser
a lei do foro é também uma das leis em contacto com uma relação jurídica, portanto,
esta relação jurídica é relativamente internacional.
Ela será absolutamente internacional quando a lei do foro não tenha nenhuma
conexão com a relação jurídica. Neste caso tem, porque ela vive em Portugal, ele é
português e o facto ocorre no ordenamento jurídico português. Esta relação jurídica é
internacional, mas relativamente porque ela tem conexão com o foro.
No caso prático dizem que a lei portuguesa tem uma solução, enquanto a lei
alemã e a lei francesa têm outra.
Temos de ter em atenção, porque desde logo é possível que tal qual acontece
quando temos uma questão do CC de lei material, é possível que tenha normas gerais
e normas especiais. Se esta questão fosse puramente interna, iriamos para a parte
geral do CC à procura do artigo de quem tem capacidade de exercício, mas depois a
capacidade com a especificidade para o contrato em especial, relativo à capacidade de
exercício é uma norma especial. O sistema conflitual, mais uma vez, está organizado da
mesma forma.
Se formos para o artigo 25º, que é a primeira norma de conflito temos uma
norma de estatuto pessoal, incluindo a capacidade das pessoas, as relações de família
e sucessões. Esta é uma norma geral em matéria de estatuto pessoal, as normas de
conflito estão organizadas tal qual estão organizadas no CC, portanto, se o nosso
problema é relativo à capacidade nupcial é preciso ver se não acontece no resto do CC
alguma norma especial a regular a capacidade de exercício quando o contrato que as
pessoas celebram é um contrato de casamento.
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Direito Internacional Privado – OT e P
O artigo 49º fala da capacidade para contrair casamento. Este artigo é uma
norma especial face ao artigo 25º. O artigo 25º trata da capacidade em geral, mas
quando o contrato é especial se o contrato for de casamento há uma norma
especialmente regulada para o efeito.
O facto de ela ser incapaz para celebrar aquele casamento já tornaria o mesmo
impossível de ser celebrado, mas a questão coloca-se para o Aníbal da mesma forma,
ou seja, para determinar se a Hannah tem capacidade ou não para casar o legislador
manda aplicar a lei alemã, para o Aníbal manda aplicar a lei portuguesa.
Só se os 2, com as respetivas leis forem capazes é que é possível que eles
casem. A lei portuguesa vai ser aplicável ao Aníbal, a lei alemã vai ser aplicável à
Hannah. No final tem de se combinar as duas leis.
Caso-prático 2:
RESOLUÇÃO:
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Direito Internacional Privado – OT e P
NACIONALIDADE:
AMERICANO
JONATHAN
RESIDÊNCIA
HABITUAL: FRANÇA
SUJEITOS
NACIONALIDADE:
FRANÇA
BERNARDETTE
RESIDÊNCIA
HABITUAL: FRANÇA
Como é que escolho de entre as leis todas dos EUA, a lei aplicável ao caso em
concreto? Nos termos do artigo 20º/1 e nº2:
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Direito Internacional Privado – OT e P
1º direito interlocal – direito do Estado plurilegislativo que resolve o conflito
interno, ou seja, são as normas de conflito que os EUA que em vez de resolver em
questões de direito privado internacional, resolvem relações jurídicas privadas
internas, mas dispersas por mais do que um Estado – o caso prático diz que não direito
interlocal, não há forma de escolher esta lei (de facto nos EUA não é possível recorrer
ao direito interlocal, pois eles não separam entre as normas processuais e normas de
conflito na escolha de lei);
2º DIP unificado – o caso prático também diz que não há;
3º lei da residência habitual do interessado, neste caso de Jonathan, que vive
em Paris.
Temos todas as leis em vigor nos EUA mais a lei federal e agora ainda temos a
lei francesa para regular esta questão, como se resolve?
Seguindo a posição do professor Ferrer Correia, aplica-se a lei francesa e temos
o assunto arrumado. Diz ele que é uma conexão supletiva, que é a residência habitual
e, por isso, esquecemos a lei da nacionalidade.
02.10.2023 (OT)
CASO PRÁTICO 3
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Direito Internacional Privado – OT e P
Admitindo que nos EUA não existe direito interlocal ou DIP unificado, qual a lei
competente para determinar se existe, ou não, uma servidão de passagem.
RESPOSTA:
Artigo 46º - Matéria relativa a, entre outros, outros direitos reais (neste caso
direito de passagem) é determinado. Como elemento de conexão, Portugal considera
competente a lei do lugar da situação dos bens, ou seja, a lei do lugar da situação do
objeto da RJ, por isso a lei norte americana. Não havendo problemas de reenvio e o
caso prático não o suscita, Portugal considerará competente a lei norte americana para
determinar se existe ou não uma servidão legal de passagem para o Sebastian. Estando
Alberto com um ónus relativamente ao seu direito real de propriedade.
26
Direito Internacional Privado – OT e P
O problema aqui é o OJ plurilegislativo. Portugal vai aplicar a lei norte americana
no caso concreto. O problema é que o juiz não sabe qual é o sistema jurídico que os
EUA vão aplicar no caso em concreto, pois este é um OJ plurilegislativo de base
territorial.
Tem pelo menos 50 leis diferentes para serem aplicadas ao caso em concreto.
Qual vamos aplicar, como e porquê? Ou seja, qual é a lei internamente aplicável?
Artigo 20º do CC – Este resolve a questão relativa à determinação do sistema
jurídico aplicável nos OJ plurilegislativos em matéria de estatuto pessoal e neste caso
temos uma matéria de estatuto real. Isto significa que quando levamos este caso para
a previsão normativa do artigo 20º, não conseguimos esta solução.
Ou seja, o artigo 20º, desde logo, determina que os OJ plurilegislativos
determinados no caso em concreto são em relação da nacionalidade do sujeito.
No caso em concreto, o elemento de conexão não é a nacionalidade, aqui
aplica-se a conexão de maior proximidade, ou seja, do lugar de onde está o bem, da
situação do imóvel. Por isso, nesta resolução do caso em concreto estamos perante
uma lacuna.
Logo, a primeira solução que decorre do artigo 20º, analogicamente, como trata
da matéria dos OJ plurilegislativos quanto a isso não há problema. Só que o artigo 20º,
a solução dele parte de matéria de estatuto pessoal e nós temos de estatuto real,
portanto a nossa aplicação analógica só pode ir até ao limite do possível, senão
estamos completamente fora daquilo que é o âmbito.
A primeira solução do artigo 20º é aplicar o direito interlocal. Aqui sem
problema, porque esta aplicabilidade do direito interno, independe em absoluto da
natureza da questão controvertida, seja qual for a matéria. Primeiro o direito interno
interlocal sem problema nenhum, podemos aplicar esta solução diretamente.
27
Direito Internacional Privado – OT e P
artigo 20º para matéria de estatuto pessoal, mas aqui estamos perante uma matéria
de estatuto real. Portanto, mais ligada ao objeto da RJ.
Não conseguindo aplicar mais o artigo 20º. Mas o pp artigo 20º tem ele pp uma
lacuna no que tange às questões relacionadas à matéria de estatuto pessoal. Ou seja, o
artigo 20º também tem uma situação em que a lei da residência habitual não lhe
resolve o problema. A lei da residência habitual nem sempre resolve a questão dos OJ
plurilegislativos, quando a RH fica fora do estado da nacionalidade. Não é o que
acontece no nosso caso, mas nós também temos uma situação em que não podemos,
neste caso, usar a lei da RH.
O que é que fazemos em matéria de estatuto pessoal quando o artigo 20º tem uma
lacuna não podendo, ou não conseguindo, com a lei da RH resolver o problema?
28
Direito Internacional Privado – OT e P
A grande questão coloca-se na conexão pessoal associada à lei da residência
habitual, em que aí já não conseguem aplicar. Aí fazem exatamente o mesmo
raciocínio quando tem conexões pessoais que estão em conflito com outro. Ou seja,
quando tem a lei da nacionalidade de um lado, mas a RH é num estado diferente. Aí
vão ao artigo 28º buscar a conexão manifestamente mais estreita. Como esta é um
conceito indeterminado, o conteúdo dela é determinado pelo princípio que está
subjacente ao estatuto que estamos a tratar. Neste caso em concreto é de estatuto
real, é a lei que está mais próxima de (?). O direito real é sobre o objeto.
O artigo 47º não podia ser utilizado, este trata de um conflito entre estatuto
real e pessoal, apesar de ser de estatuto real. É que este trata da capacidade de
exercício para constituir ou dispor de direitos reais. Neste o que acontece é que daqui
para a frente é que tem estatutos em conflitos uns com os outros e o legislador, como
acontece no artigo 47º, é que tem de escolher entre um e outro. Nada do que se
coloque no caso em concreto.
03.10.2023 (OT)
Caso-prático nº4:
Resolução:
NACIONALIDADE:
OJ APÁTRIDA
JORGE
RESIDÊNCIA
HABITUAL: OJ
CANADÁ
SUJEITOS
NACIONALIDADE:
OJ PORTUGAL
BENTO
RESIDÊNCIA
HABITUAL: OJ
SUÍÇO
29
Direito Internacional Privado – OT e P
Temos o artigo 25º CC, que só não é aplicável se houver uma norma especial.
Nos termos deste artigo a lei aplicável é a lei pessoal, presente no artigo 32º. Quando a
lei pessoal for aplicável a apátridas, deve entender-se que a lei pessoal não é a que
está no artigo 31º (que determina que a lei pessoal é a da nacionalidade,
naturalmente, se ele é apátrida, não tem nacionalidade), sendo-lhe aplicável a lei da
RH, ou seja, a lei da RH é o ordenamento jurídico canadiano.
O ordenamento jurídico canadiano é um ordenamento jurídico plurilegislativo
de base territorial, estando dividido em províncias. Qual a lei que se aplica no caso em
concreto? No ordenamento jurídico do Estado soberano há diversas leis internas,
todas aplicáveis ao caso concreto.
30
Direito Internacional Privado – OT e P
Há várias opções, nesta não havendo o reenvio a que se aplica é do artigo 28º
do CC (princípio da proteção do comércio jurídico local), tem entre outras soluções o
afloramento do princípio da proteção do comércio jurídico local.
31
Direito Internacional Privado – OT e P
que todos os requisitos que protegem o comércio local, estão verificados no caso
concreto.
09.10.2023 (OT)
Caso-prático 5:
A e B, casados entre si, são senegaleses e vivem em Milão. Durante umas férias
em Atenas A foi atropelada numa passadeira e teve um sério traumatismo craniano o
que acabou por levar à sua morte um mês mais tarde. C, o condutor – português e com
residência habitual em Helsínquia -, estava visivelmente embriagado e fugiu do local
do acidente acabando por ser hospitalizado mais tarde.
B propõe nos tribunais portugueses, uma ação de responsabilidade civil contra
C peticionando uma indemnização pelo dano morte, no valor de 500.000,00€.
Admita que,
a) o DIP grego considera competente, para a matéria sub judice, a lei da
nacionalidade da lesada
b) o DIP senegalês, bem como o DIP italiano, consideram competente a lei da
residência habitual da lesada
Quid iuris?
Resolução:
32
Direito Internacional Privado – OT e P
senegalês; RH: ordenamento jurídico italiano; 3º - B: nacionalidade: ordenamento
jurídico senegalês; RH: ordenamento jurídico italiano
NACIONALIDADE:
OJ PORTUGUES
C
RESIDÊNCIA
HABITUAL: OJ
FINLANDÊS
NACIONALIDADE:
OJ SENEGALES
SUJEITOS A
RESIDÊNCIA
HABITUAL: OJ
ITALIANO
NACIONALIDADE:
OJ SENEGALES
B - TERCEIRO
RESIDENCIA
HABITUAL: OJ
ITALIANO
Se esta ação está pendente nos tribunais portugueses, Portugal é a lei do foro,
L1. In casu, a norma de conflitos é o artigo 45º CC,
Qual é a conexão?
Nota:
33
Direito Internacional Privado – OT e P
Quando aplicamos o regulamento ? que afasta o artigo 45º, o legislador da UE
optou também pelo princípio da maior ligação individual, mas a conexão foi a
maior proximidade não relativamente ao facto, mas relativamente ao dano.
Portanto, o estado onde ocorreu o facto que deu origem ao dano, foi a Grécia
(OJ Grego), lex loci actus (lei do lugar da prática do facto), pelo que a L2 é a Grécia.
Agora é preciso saber se Portugal aplica ou não o direito material de L2. A regra
seria o artigo 16º, mas nós ainda não decidimos isso porque Portugal, é, por regra,
antidevolucionista. Quando Portugal considera competente determinado OJ quer ver
aplicado o direito material desse OJ, só faz referências materiais, essa é a regra. Não
obstante, poder haver exceções.
Portugal está à espera de saber qual a lei que eles aplicariam se fossem a lei do
foro, ou seja, quem consideram competente para resolver a solução de direito
material, isto é, saber se o B tem ou não direito a uma indemnização ou então se é
competente para usar as normas de conflito.
Quando é que essa questão se coloca? Quando é que eu preciso de perguntar não só
qual é a conexão do Estado, mas também qual é a posição dela em matéria de
reenvio?
Nós aqui precisamos de saber a posição dos Estados, mas de todos ou alguns para
saber qual a lei que eles aplicam? Quando é que é relevante saber qual é a posição
jurídica em matéria de reenvio?
Uma lei considera competente uma lei estrangeira, que, por sua vez, não se
considera competente. Isto acontece em Portugal?
34
Direito Internacional Privado – OT e P
Em Portugal há reenvio, ela considera competente lei estrangeira, que não se
considera competente. Precisamos de saber qual a posição jurídica de Portugal em
matéria de reenvio, mas só sei quando todos os outros Estados me dizem qual é a
posição.
Para a Grécia, é um exercício hipotético, o que eles fariam se fossem a lei do
foro – não são, logicamente, Portugal é que manda.
Sim, considera competente o Senegal, que por sua vez não se considera
competente, portanto, falta nos uma informação, não conseguimos saber o que a lei
grega aplica no caso concreto, porque não sabemos se existia reenvio se ela fosse a lei
do foro.
Não só precisamos de saber a posição dos Estados para definir qual é a lei que
eles aplicam, além daquela que eles consideram competente, quando há reenvio.
Só há reenvio se um Estado remete para uma lei e essa outra lei devolve ou
transmite a competência para outro Estado, o que não acontece nem em L3, nem em
L4.
O nosso problema está em saber qual é a lei grega que se aplica em matéria de
reenvio. Falta-nos uma informação, porque quando Portugal define a sua posição
precisa que haja harmonia jurídica internacional.
Vamos admitir que a lei grega pratica devolução simples, qual a lei que se aplicaria?
Quando se faz uma devolução simples, significa que há uma referência global
para L3 e uma referência material para L4, ou seja, a lei grega também aplicaria L4.
Assim, por regra, Portugal aplicaria a L2, só não o faria se estivessem verificados
3 requisitos: houver reenvio, ter harmonia jurídica internacional, e o reenvio for meio
necessário.
35
Direito Internacional Privado – OT e P
Neste caso aplicamos o artigo 17º, só que esta situação não está no artigo
17º/1 do CC.
O artigo 17º/1 diz que se o DIP do direito estrangeiro, considera competente
uma terceira lei e esta, por sua vez, se considera competente, é o direito interno desta
que se aplica.
Os requisitos do nº2 do artigo 17º é que a L2 tem de ser a lei pessoal. A lei
pessoal encontra-se prevista no artigo 31º/1, sendo a lei pessoal a lei da nacionalidade.
Ora, L2 não é a lei da nacionalidade, logo não está verificado o primeiro requisito e
uma vez que eles são cumulativos (os requisitos do nº2 do artigo 17º), significa que
não se verifica a situação do artigo 17º/2.
Assim, neste caso, Portugal vai admitir o reenvio nos termos do artigo 17º/1,
aplicando o direito material de L4, no caso concreto. Já não vamos ao artigo 17º/3
porque este está dependente da verificação do nº2.
Estamos, assim, no âmbito do artigo 17º/1 e aplicamos o direito material
italiano em matéria de responsabilidade civil por factos ilícitos.
10.10.2023 (OT)
Caso-prático 6:
36
Direito Internacional Privado – OT e P
b) O OJ Iraquiano considera competente da lei do lugar da situação da casa
demorada de família e pratica devolução simples.
Quid júris.
Resolução:
NACIONALIDADE: OJ
IRAQUE
RESIDÊNCIA HABITUAL:
OJ RUSSO - na
SAMIRA
pendência do
casasmento
RESIDÊNCIA HABITUAL:
OJ PORTUGUÊS - na
SUJEITOS separação de facto
NACIONALIDADE: OJ
IRAQUE
ABDUL
RESIDÊNCIA HABITUAL:
OJ RUSSIA
37
Direito Internacional Privado – OT e P
Norma de conflito: Artigo 55º, qual é o elemento de conexão para este artigo?
É o que esta no artigo 52º que é a lei nacional comum, ou seja, o ordenamento
jurídico iraquiano. Portugal considera competente L2, agora se se vai aplicar ou não
depende do que vai acontecer a seguir, depende do que este Estado faça. Se se
considerar competente Portugal aplica L2, se não se considerar competente iniciamos
o esquema de reenvio e depois logo se vê.
Se L2 fosse a lei do foro sem usar as suas normas de conflito, qual era lei que o
ordenamento jurídico iraquiano consideraria competente?
Para estes estados é preciso saber qual é a lei que eles aplicariam. Precisamos
de mais informação ou esta é suficiente? Para L2 e L3 não fazem reenvio significa que
ninguém tem de saber o que eles fazem em matéria de reenvio.
L2 aplicaria L3.
L2 considera competente L3 e aplicaria o direito material de L3.
L3 considera-se competente e, portanto, aplicaria o seu próprio direito material
(L3).
Agora já temos harmonia jurídica internacional, os estados estrangeiros que
são chamados estariam todos de acordo em aplicar uma única lei, L3.
Terceiro requisito: Não basta que haja reenvio, é preciso que Portugal tenha de
aceitar o reenvio para conseguir cumprir a harmonia jurídica internacional, ou seja, o
reenvio tem de ser o meio necessário para atingir a harmonia jurídica internacional.
38
Direito Internacional Privado – OT e P
Sim, se Portugal não aceitar o reenvio aplicaria o direito material de L2 nos
termos do artigo 16º, Portugal terá de aceitar o reenvio se quiser atingir a harmonia
jurídica internacional. Os pressupostos estão verificados. Passamos para os requisitos
do artigo 17º ou do artigo 18º.
A nossa norma de conflito diz que L2 é competente, mas no final Portugal vai
aplicar o direito material de L3. Estando verificados os requisitos dos artigos do 17º/1
passamos para o 17º/2. Este confronta um problema: o 17º/2 trata de matéria de
estatuto pessoal e estamos bem porque isto é estatuto pessoal, mas se é para
tratarmos questões em que só temos uma pessoa deste lado, que só tínhamos uma
pessoa na história, neste caso concreto, temos um problema porque temos duas
pessoas.
Os efeitos vão-se repercutir, exatamente, na mesma medida para ambos.
39
Direito Internacional Privado – OT e P
Nem sempre é assim, como sabemos isso? Analisando. No ordenamento
jurídico português, o legislador foi sempre cuidadoso em explicar qual o momento em
que devemos considerar ou quando não o diz a regra doutrinaria é essa.
Há situações em que isso não acontece, em que chegamos à conclusão
analisando o regime das normas de conflito. Se tivermos em atenção, ao ler a matéria
em relação às questões do casamento, por exemplo no artigo 54º, o legislador trata
das situações em que os cônjuges mudam o regime de bens, como é que eles
mudaram?
Porque conseguiram alterar a conexão que determinava quais eram os efeitos
que decorriam do seu casamento. No nº2 do artigo 54º, essa alteração não pode
meter em causa direitos adquiridos por terceiros.
Quando há uma subsecção de conexões é preciso ter em atenção direitos
adquiridos dos próprios e de terceiros. Para os cônjuges é indiferente se eles tiverem
de acordo em alterar a sua conexão (nacionalidade etc.), mas basta que um não esteja
de acordo para que não se altere. Se um altera a nacionalidade, quando eles
celebraram o casamento, um dos cônjuges estava com uma determinada expectativa e
de repente se alterou, quando temos esta situação então a conexão não é a conexão
mais próxima da questão controvertida, mas a mais próxima do faco que deu origem
aquele direito.
16.10.2023 (OT)
Caso-prático:
Resolução:
40
Direito Internacional Privado – OT e P
1º Questão controvertida – Capacidade de exercício de B
NACIONALIDADE:
OJ EUA
C
RESIDÊNCIA
HABITUAL: OJ
EUA
NACIONALIDADE:
OJ EUA
SUJEITOS J
RESIDÊNCIA
HABITUAL: OJ
EUA
NACIONALIDADE:
OJ ARGENTINO
B
RESIDENCIA
HABITUAL: OJ
PORUGUÊS
41
Direito Internacional Privado – OT e P
Portugal considera competente o OJ da Argentina, pelo que em princípio
Portugal aplicará a lei da nacionalidade, a não ser que aceite reenvio e aí deixe de
aplicar L2 e passa uma outra lei que aceita o reenvio. Essa posição dependerá da
verificação de um conjunto de pressupostos. Agora temos de ver o que os outros
Estados consideram competente, ou seja, o que aplicariam no caso concreto.
Neste caso concreto, Portugal vai se abster de decidir para já e vai determinar
qual era a lei que o OJ argentino aplicaria no caso concreto.
O OJ espanhol, por sua vez considera competente a lei do lugar onde o negócio
foi celebrado, ou seja, devolve a competência para Portugal (L1) e é anti-
devolucionista pelo que faz referências materiais.
L2 considera competente L3, mas fazendo uma devolução simples ela aplicará a
lei L1 – quem faz uma devolução simples faz uma referência global para L3 e uma
referência material para a lei que L3 considera competente, ou seja, L1.
L3 considera competente L1 e sendo anti-devolucionista aplicaria L1.
Agora vamos ver os requisitos do artigo 18º/1, aquilo que diz é que se o DIP
pela lei designada pela nossa norma de conflitos (L2), devolver para o direito interno
português, é este que se aplica e Portugal aceita o retorno. Neste caso, não temos um
retorno direito, ou seja, L2 não nos considera diretamente aplicáveis ao caso concreto,
mas indiretamente considera, fazendo uma interpretação extensiva e tendo em
consideração a ratio legis do preceito, isto também se subsume na previsão normativa
e, portanto, Portugal, neste caso, admite o reenvio e aceita a devolução de
competências ao seu próprio OJ.
42
Direito Internacional Privado – OT e P
clara relativamente à matéria que lá se subsume), Portugal só aceita este reenvio se
acrescentarmos mais 2 requisitos: o interessado tem de ter RH em Portugal ou a lei do
país desta residência considerar igualmente competente o direito interno português.
Neste caso concreto, o interessado reside naturalmente em Portugal, Portugal
pode aceitar o reenvio neste caso concreto porque é uma das leis pessoais a aplicar ao
caso concreto, ou seja, aplica-se o direito material português.
Aplica-se o direito material português, a não ser que neste caso se suscite um
conflito com outro princípio, do favor negotii, que vem no artigo 19º/1, ou seja,
excecionalmente, neste caso concreto, Portugal vai querer saber qual é a solução
material que é dada ao caso concreto, aplicando o direito português, este negócio é
inválido. De acordo com o direito material argentino o negócio seria válido, porque ele
já teria a possibilidade para celebrar este negócio jurídico.
Cessa o disposto, neste caso no artigo 18º, quando a solução a que chegarmos
no reenvio a lei aplicável já era uma invalidade do negócio jurídico. Este negócio
jurídico praticado sem outra indicação, por um menor de 18 anos será inválida. A
aplicabilidade do OJ português no caso concreto gera a invalidade do negócio jurídico,
mas se a lei argentina no caso concreto, considerar o negócio válido, ou seja, se o
Benedito tiver mais de 16 anos e tiver celebrado o negócio, significa que aplicando a
regra geral do artigo 16º, ou seja, o OJ argentino, o negócio já será válido.
Então, nos termos do artigo 19º/1 cessa o disposto no artigo 18º. Se acaba o
reenvio significa que aplicamos a regra geral do artigo 16º. Pela regra geral, do artigo
16º, não há reenvio, portanto, a solução é, a lei do foro considera competente a lei da
nacionalidade, ou seja, o OJ argentino, ao qual lhe faz uma referência material e aplica
L2.
17.10.2023 (P)
CASO PRÁTICO 10
43
Direito Internacional Privado – OT e P
Carlos e Bento casam em França e coloca-se agora em Portugal a validade deste
casamento pelas razões descritas.
Admita que:
· O OJ angolano considera competente a lei do lugar do casamento e faz DS
· O OJ francês considera competente a lei da RH no momento do casamento
é faz RM.
Quid iuris?
RESOLUÇÃO:
· Questão controvertida: capacidade nupcial de Bento - matéria de estatuto
pessoal.
Temos de ver se temos ou não uma relação jurídica internacional, neste caso
temos uma verdadeira relação jurídica que é um contrato de casamento no qual a
questão controvertida suscita.
44
Direito Internacional Privado – OT e P
A lei portuguesa.
Notem: a não ser que este reenvio cesse nos termos do artigo 19º.
A única lei que limita esta capacidade é a lei angolana, então não há problema
nenhum no favor negotii. Aliás, neste caso concreto, Portugal admite este casamento,
considera-o válido e eficaz.
A única coisa que eventualmente acontece é que se ele se casa se sem o
consentimento dos pais a emancipação não é plena.
Portanto não há problema nenhum com o artigo 19º nº 1 então aceitamos a
devolução. A não ser que haja fraude a lei.
45
Direito Internacional Privado – OT e P
já ter sido angolano, a questão controvertida e a capacidade núbil pressupõe que ele
esteja no âmbito do contrato de casamento e ele aqui era francês.
Neste caso ele mudou. E até mudou muito bem. No sentido de ele pode
escolher renunciar uma nacionalidade e desde que haja outro estado que aceite ele
pode escolher a que quiser. No seu ius sanguinis tem a possibilidade de ser francês
também, exerceu o seu direito.
A questão é: a razão pelo qual ele o fez para fugir a aplicabilidade do direito
material angolano.
Suscita-se um problema em que temos de analisar o eventual regime da fraude
à lei, nos termos do artigo 21º.
· Elemento objetivo
· Elemento subjetivo.
ELEMENTO SUBJETIVO
ELEMENTO OBJETIVO
46
Direito Internacional Privado – OT e P
A norma de conflitos.
Nesta norma de conflitos tem de acontecer que a conexão que ele manobrou
tem de se subsumir no elemento de conexão da norma de conflitos. Ele altera a
nacionalidade. O elemento de conexão da norma de conflitos, neste caso, é a norma
do artigo 41º - Logo o elemento de conexão é a lei da nacionalidade
O elemento de conexão é o elemento jurídico da conexão. A conexão é o
elemento de facto ou de direito que se vai ligar ao ordenamento jurídico.
Ele altera a conexão, e essa conexão é que esta no elemento de conexão. Ou
seja, é que faz a ligação entre a conexão e o OJ.
Qual?
Aquela que usamos para desencadear o esquema.
Era a lei material que aplicaríamos não houvesse manobra. Aquela que aplicam
com a manobra é a L1, a norma defraudada é aquela que aplicariam se não existisse
manobra.
Portanto, isto é, com a manobra defraudada, com a alteração da conexão
nacionalidade. Agora temos de fazer a mesma coisa, mas sem manobra e comparar. Se
chegarmos a uma lei material diferente de L1 dizemos “é esta que devia de ser
aplicada”, estamos a defraudar esta norma. Se chegarmos à mesma conclusão, ele fez
tudo, mas não serviu de nada.
47
Direito Internacional Privado – OT e P
Igual.
Cessa ou não?
48
Direito Internacional Privado – OT e P
Aqui a questão é que sendo verdade que ele consegue manobrar o elemento
de conexão, a questão é que independente disso, como os estados podem aplicar leis
diferentes daquelas que eles consideram competentes, não significa necessariamente
que haja fraude só porque temos manobra do elemento de conexão.
Neste caso concreto está bem, mas por causa do jogo do reenvio e dos anti-
devolucionistas, não há fraude a lei. Porque não estão verificados um dos requisitos já
que eles são cumulativos. Se não há, ele é francês, portanto é esta que (?).
A fraude a lei está tipicamente pensada para proteger a lei do foro, quando a
norma defraudada seja L1. Não precisa de haver tecnicamente um reenvio, imaginem
que Bento é português e muda a nacionalidade para angolano e a questão é
exatamente o aposto a poder casar. Neste caso, já teriam exatamente uma fraude á
lei, nem sequer há aplicabilidade da lei estrangeira no caso concreto.
A posição dele é, a não ser que haja situações extremas em que a justiça no
caso concreto atue de uma forma mais (?), a regra é que só aplicamos a fraude à lei, ou
seja, desconsideramos isto para aplicar aquilo, se for um OJ estrangeiro, se esse OJ
estrangeiro se fosse a lei do foro, também tivesse um mecanismo para se proteger a si.
Senão o que estamos a fazer é dar mais garantias de aplicabilidade no
ordenamento jurídico estrangeiro porque o próprio daria a si mesmo em situações de
fraude à lei. Ou seja, se eles fossem a lei do foro e tivessem uma situação de fraude à
lei em que deixassem de aplicar no caso em concreto, mas não tivessem nenhum
mecanismo legal para evitar essa consequência, então nos também não lhes vamos
dar esse mesmo mecanismo porque eles próprios não querem fazer isso.
23.10.2023 (OT)
Caso-prático 11:
49
Direito Internacional Privado – OT e P
brasileiro, a plena capacidade de exercício para a aquisição de bens imóveis só se
adquire aos 21 anos.
A mesma solução é perfilhada pelo ordenamento jurídico grego. Nestes termos,
os pais de Jorge entendem que o negócio deve ser anulado e propõem nos tribunais
portugueses a respetiva ação.
Resolução:
3- Qualificação:
No que tange à qualificação temos de fazer isto no sentido de: na questão
controvertida no sentido de se esta pessoa tem ou não capacidade de exercício, sendo
esta a questão controvertida, naturalmente.
Não passando no processo de qualificação, o exercício subsequente está para
juntar aquilo que é o âmbito da questão controvertida. Ou seja, aquilo que nós
fazemos é, e a técnica de DIP, aproximar a questão controvertida ao máximo daquilo
que é ou que vai despoletar as normas de conflitos. Mas se ela, por exemplo, não
passar no exercício de qualificação podemos ampliar um bocadinho mais o nosso
âmbito de analise.
50
Direito Internacional Privado – OT e P
Nesta questão em particular, quais são os elementos da relação jurídica que
contactam com os diversos ordenamentos jurídicos?
Neste caso a norma a aplicar é: a regra é do artigo 25º, a não ser que haja uma
norma especial que, neste caso, o artigo 47º que ?
O artigo 47º exceciona o artigo 25º com uma condição que é: No conflito entre
estatuto real ou estatuto pessoal, neste caso, prevalece o estatuto real, desde que a lei
do estatuto real se considera competente. Isto porque o princípio que está subjacente
é o princípio da maior efetividade.
51
Direito Internacional Privado – OT e P
efetivamente ele entrar em conflito, vai prevalecer este em detrimento do outro. Tal
qual acontece com o 17º/3 relativamente ao 17º/2, ou seja, o 17º/3 volta a mandar
aplicar a lei do lugar da situação do bem imóvel em detrimento da lei da nacionalidade
que era aquela que resultaria do artigo 17º/2.
Neste caso não há reenvio, portanto artigo 16º do CC, Portugal vai considerar
competente L2. Aqui já não se aplicar o artigo 19º, porque este é para mandar cessar o
reenvio que neste caso não se verifica, portanto OJ grego.
Em princípio sim.
Sem prejuízo do processo de qualificação, ao DIP não interessa saber qual é a
solução ou se a solução é (?) no OJ PT, só se a solução tiver uma diferença substancial
em termos de princípios, relativamente ao OJ PT, é que se pode limitar, de alguma
forma, os efeitos que ela terá ou que essa norma jurídica terá no OJ PT.
ATENÇÃO:
O que aconteceu aqui foi, desde logo, um problema entre o estatuto pessoal e
o estatuto real. Numa questão controvertida claramente de estatuto pessoal, entre um
conflito com o estatuto real prevaleceu.
Agora entra aqui um novo princípio com o qual esta solução vai conflituar. Na
realidade não é um princípio, mas sim um sub princípio – Princípio da proteção do
comercio jurídico local.
52
Direito Internacional Privado – OT e P
· Artigo 31º/2
Tem a ver com questões associadas ao estatuto pessoal. Neste caso concreto a
determinação da lei pessoal.
A nossa regra geral é artigo 31º, portanto a lei da nacionalidade, mas este
artigo 31º/2, aquilo que manda fazer é uma ponderação no que tange a matéria de
estatuto pessoal e a lei aplicável com a 2ª lei pessoal.
Ou seja, situações em que o negócio seja inválido, e estamos na secção do
estatuto pessoal, portanto claramente a validade relativa a matéria relativa aos
sujeitos nomeadamente a questão relativa à capacidade, e no artigo 31º/2 protege-se
o comercio jurídico local da segunda lei pessoal (segunda porque não foi aquela que foi
escolhida de entre os dois possíveis dentro do OJ da segunda lei pessoal).
Logo, se a lei da RH para a questão controvertida considerar o negócio valido,
Portugal reconhece esses efeitos, mas se é para proteger o comércio jurídico de um OJ
a condição é que o negócio tiver sido celebrado, desde logo como primeira condição,
no lugar da RH do sujeito. No artigo 31º/2 temos os 2 requisitos preenchidos
relativamente à proteção do comércio jurídico local são: A nacionalidade não
considera o negócio válido, mas a lei da RH que é a 2ª lei pessoal daquela relação
considera o negócio jurídico válido.
Nota, como estamos na proteção do comercio jurídico local, é para proteger
aquilo que é o princípio da confiança das relações jurídicas do estado da RH.
Ora, neste caso concreto o OJ da RH é a Espanha.
· Artigo 28º
Este, atualmente tem pouca expressão prática no OJ PT, porque em matéria de
NJ, não de caráter pessoal, mas outros NJ com natureza pessoal estão fora, mas os NJ
que estão tratados no regulamento de Roma 1, que não trata da matéria de
capacidade, portanto para determinar se alguém é capaz ou não para celebrar
determinados NJ está fora do âmbito do Roma 1, portanto quanto a essa questão em
particular temos de ir ao CC, mas se for no âmbito de regulamentos, e for necessário
aplicar o principio do aproveitamento do comercio jurídico local, o regulamento não
trata da questão de capacidade, portanto temos que ir ao CC, mas já trata das
questões de qualquer contrato decorrente da necessidade da proteção do comércio
jurídico local.
Ou seja, o regulamento aquilo que utiliza é, a capacidade está excluída do
regulamento, mas não está no artigo 28º a matéria relativa ao aproveitamento dos
negócios jurídicos no âmbito da proteção do comercio jurídico local.
Portanto o exercício que se faz é determinar se alguém está fora ou não vamos
para o CC, mas depois se precisarmos de aplicar o princípio da proteção do comercio
jurídico local o regulamento de Roma 1 já se considera competente para avaliar essa
questão.
53
Direito Internacional Privado – OT e P
Portanto, a questão da capacidade é no CC, mas depois se precisarmos de
aplicar o artigo 28º já não aplicamos este e vamos novamente ao regulamento de
Roma 1 porque para isso ele já se considera competente.
Portanto, a expressão efetiva, a expressão prática, associada ao artigo 28 é
particularmente reduzida e se olharmos sobretudo para o artigo 28º/2 vamos que este
não se aplica, sobretudo, a contratos de natureza pessoal.
O artigo 28º refere que o negócio jurídico celebrado em Portugal, por pessoa
que seja incapaz, segundo a lei pessoal, não pode ser anulado com fundamento na
incapacidade no caso de a lei interna portuguesa, se fosse aplicável, considerar essa
pessoa como capaz.
Não é claramente o que nós temos aqui.
Isto significa que não pode estar verificado uma situação que esse princípio da
confiança não está posto em causa, ou seja, quando a contraparte sabia da
incapacidade.
2. Requisitos positivos:
54
Direito Internacional Privado – OT e P
O negócio tem de ser celebrado em Portugal. Portanto, o comercio jurídico que
se quer proteger é o português, no âmbito daquilo que são as relações jurídicas de
confiança entre as partes.
Agora de 2 opções: A lex fori que é Portugal considerava aquela pessoa como
capaz, mas a lei da nacionalidade considera-o como incapaz.
No caso concreto, claramente não é porque não estamos a proteger o comercio
jurídico local português porque o negócio foi celebrado noutro sítio.
Atenção: No número 3 do artigo 28º. Este refere que se o negócio for celebrado
noutro local. Ou seja, se tivermos de proteger o comércio jurídico local de um país
estrageiro, desde que estejam verificados os requisitos do número 1 e não estejam
verificados os requisitos do número 2, nós aplicamos a mesma sanção. Naturalmente
que tem de se ler o número 1 adaptado ao facto de o comercio jurídico local
português.
O negócio jurídico foi celebrado num país estrangeiro, já não é Portugal neste
caso. De acordo com a lei desse país, o negócio seria válido porque a pessoa era
considerada capaz, apesar de não o ser, de acordo com a lei da nacionalidade.
HIPOTESE:
Imaginando que no caso era de aplicar este artigo 28º. Teríamos de ir para o
artigo 28º e claramente o negócio não foi celebrado em Portugal, portanto não
poderíamos aplicar o número 1 e o número 2, no limite aplicaríamos o número 1 e 2
por remissão do número 3.
Admitimos que se aplicam os requisitos do número 1 e número 2 e não estão
verificados nenhuma das situações ou dos requisitos negativos do número 2. Apesar
disso nos só aplicaríamos a sanção do número 1 se os países Baixos, que é o comercio
jurídico local que estaríamos a proteger no caso concreto, em igualdade de
circunstâncias (não concluiu)
Ou seja, se os países baixos fossem a lei do foro, o negócio fosse celebrado em
Portugal, válido em Portugal, ainda que inválido de acordo com a lei da nacionalidade,
eles não regulavam por isso – Princípio da reciprocidade.
55
Direito Internacional Privado – OT e P
notem não é em prol do princípio da reciprocidade. Nós não estamos na fraude à lei a
exigir que esse OJ, em igualdade de circunstâncias, também protegesse a nossa lei
material do instituto da fraude à lei. Aquilo que nós temos no artigo 21º, quanto à
exigibilidade de eles utilizarem o instituto de fraude à lei, é que eles a usariam para se
proteger a si.
A ideia do artigo 21º é que nos não vamos aplicar um regime de proteção a
uma lei estrangeira superior à que eles teriam para si. Enquanto no artigo 28º/3 aquilo
que nós queremos é que eles tenham para connosco aquilo que nós teríamos para
com eles, que é a proteção do comércio jurídico local estrangeiro. Portanto, a
reciprocidade só se verifica no artigo 28º/3.
56
Direito Internacional Privado – OT e P
No artigo 13º do regulamento de Roma 1 a questão é particularmente mais
simples, ela tem exatamente os mesmos requisitos, mas não tem princípio da
reciprocidade. Ele é muito mais fácil de identificar indistintamente, no âmbito do Roma
1 e 2. Aqui tem de fazer esta missão.
Não se esqueçam do requisito que falta no 28º/3 para desbloquear a
consequência jurídica do número 1 quando o comercio jurídico local for um OJ
estrangeiro.
24.10.2023 (OT)
CASO PRÁTICO
Antónia, portuguesa, residente na Grécia, casou no Chipre com Marco Polo, cipriota
com residência na Grécia. Depois de casarem vieram viver para Portugal e coloca-se,
aqui, a questão sobre a validade deste casamento que foi celebrado de acordo com o
ritual ortodoxo, estando ambos representados pelos respetivos progenitores.
RESOLUÇÃO:
57
Direito Internacional Privado – OT e P
Coloca-se o problema da validade, no entanto no caso pratico menciona
algumas informações.
Não entrando na questão da questão da qualificação, mas se se recordarem da
aula teórica é importante conseguirmos (mudou o diálogo) a grande preocupação da
tese originária do professor Ferrer Correia, no âmbito da interpretação dos conceitos
quadro, era nós, enquanto juristas do foro, desprendermos ao máximo daquilo que
são os nossos institutos de direito e da forma como nós enquadramos a questão. Sob
pena de limitamos o âmbito não só da escolha da norma de conflitos, mas também dos
conceitos quadro das nossas normas de conflitos. A tal ideia que vem da interpretação
do conceito quadro ser feito de forma autónoma, ou seja, longe da nossa perspetiva
relativamente à questão controvertida e de acordo com lex formalis fori.
Independentemente da forma como nos enquadramos e que efeitos e que solução é
que efeitos de subsunção é que se tem.
Naturalmente, não obstante, temos de conseguir escolher uma norma de
conflitos numa situação em que tem vários ordenamentos em contacto, se aquela é
uma norma jurídica de caracter privado.
Aquela expressão da técnica do professor Batista Machado de ida e volta,
aquilo que determina é que naturalmente nos temos de nos afastar o máximo possível
daquilo que são as nossas soluções de direito material, quer na escolha das normas de
conflitos, quer na determinação do conceito quadro, mas primeiro temos de conseguir
desbloquear o assunto. Porque se nós tivermos um quadro jurídico de referência então
olhamos para as normas de conflitos e não conseguirmos escolher uma porque não
conseguimos partir do início do raciocínio.
Por outro lado, esta interpretação, ainda que seja daquele exercício teleológico,
ou seja, interessa-nos pouco saber a solução e o enquadramento. Interessa-nos saber
a ratio legis da norma, o elemento teleológico da norma, porque é que o legislador
quis, quais os interesses que ele quis salvaguardar, quais formam as finalidades que ele
quis prosseguir. Ela tem de ter o mínimo de coerência com a letra da lei, sob pena de
não estar nas normas de interpretação. Portanto, o exercício construtivo.
Aquilo que este exercício, depois mais tarde vão ver como é que na qualificação
impera, é que muitas vezes vamos ter de partir da nossa própria referencias do OJ.
58
Direito Internacional Privado – OT e P
Isto é importante porque nesta questão em particular, a pergunta refere-se à
validade do casamento, só que a validade do casamento, enquanto tal, está dispersa
por pelo menos 3 normas de conflitos, mesmo olhando para a questão em Portugal. E
a professora já só está a considerar o princípio da especialidade dos artigos 49º e ?.
59
Direito Internacional Privado – OT e P
de qualificação que não se subsume. Porque os interesses a salvaguardar nas questões
de validade substancial são diferentes da validade formal. A validade formal está
associada a questões de interesse publico, à garantia, à segurança jurídica, enquanto o
outro tem claramente uma conotação privada, individual, exclusiva. (?) de interesse
privado a normas imperativas, elas claramente têm associado questões de interesse
publico para aquele negócio jurídico. Portanto não passa no processo de qualificação
da normal.
Naquela tal ideia de ida e volta, nós referimos que partimos da nossa
referência, mas porque nos temos de ter uma interpretação de acordo com a lex
formalis fori, não podemos estar limitados à nossa própria interpretação, mas há
nestes OJ todos, uma interpretação diferente que nós trouxemos ainda que fosse, mas
para desconsiderar no processo da qualificação, a dizer que há aqui um OJ que
interpreta essa questão, que de acordo com esse OJ ela é de validade substancial. Isso
permite-nos escolher outro elemento de conexão de outra norma de conflitos e voltar
a tentar passar no processo de qualificação. É aquela ideia da “ida e volta” e “leva e
traz” que permite que nós tenhamos uma perspetiva que estamos a analisar os
conceitos de uma forma autónoma, desprendidos do nosso ordenamento jurídico.
Ou seja, a interpretação conforme nós a fazemos, é de acordo com as
referências à lex fori. Nada nos impede de fazer a outra interpretação, mesmo para
escolher a norma de conflitos, de acordo com a lei estrangeira. E que nós queremos é
exemplo, era a possibilidade de usar o artigo 49º se em causa estivesse a validade
substancial do casamento.
Significa o quê?
Que se agora olharmos para o artigo 49º, ele tem que o conceito quadro a
capacidade para contrair casamento ou celebrar convenções antenupciais, então
significa que se os artigos 50º e 51º tem tudo aquilo que extenso à vontade dos
nubentes, logo o artigo 49º tem de ter tudo aquilo que intrínseco à vontade.
Por isso, mesmo o artigo 49º tem um conceito quadro muito pequeno. Se este
artigo é tratar todas as questões relativas à validade substancial, ou seja, tudo aquilo
que diz respeito à vontade intrínseca das partes a capacidade é só uma delas.
Por isso se a Antónia tivesse sido coagida a casar, isso é um problema de
validade substancial do casamento. E se olharem para o artigo 49º, ele refere
capacidade substancial, não fala em mais nada. Claramente que não há um problema
60
Direito Internacional Privado – OT e P
formal porque estava lá alguém, sem problema nenhum, cumpre os requisitos todos,
aquelas coisas todas, não teríamos norma de conflitos.
Quando começamos a interpretar, temos de começar a perceber o que é que o
legislador quis relativamente à norma. Olhando para nós mesmo em relação ao artigo
49º, ele tem um conceito quadro que é demasiado restritivo. Não considerou as
restrições associadas aos vícios da vontade quando em causa está um contrato de
casamento, que aqui claramente também está em causa o artigo 49º.
Neste caso prático é o 50º. Isto porque o ritual religioso no caso concreto e o
facto de ambos estarem representados, implica questões de forma e não questões de
substância. Não há nenhuma duvida quanto à capacidade ou à vontade daquelas
pessoas que casaram, questão é a forma como essa vontade foi exteriorizada e por
isso é um problema de forma não problema de substância, ou seja, o problema do
artigo 50º do CC.
O artigo 50º tem como conexão, agora notem, vêm aqui a diferença das
conexões entre 49º e o 50º. Enquanto no artigo 49º, porque são questões ligadas à
pessoa, maior ligação individual a conexão é necessária, não é de estatuto pessoal –
Nacionalidade.
Enquanto o artigo 50º, a conexão está mais ligada ao facto - maior
proximidade. O segundo princípio que entrar em conflito.
Porquê?
Não é tal e qual como nos outros, mas porque em circunstâncias de direito
privado, tudo o que não está proibido é permitido. Por tudo o que está proibido, ou há
regras imperativas relativamente a isso, têm de ter subjacente razões de interesse
Público. A forma do contrato de casamento, a forma do contrato de CV quando temos
imóveis e por aí fora. Ou seja, são questões de interesse público.
Logo, isto significa que aquilo que está subjacente ao artigo 50º é a mesma
coisa que está subjacente no resto do código civil, quando há norma imperativas
associadas à forma, ou seja, interesse Público. Ligadas ao lugar e não ligadas à pessoa –
Princípio da maior proximidade.
Portanto, temos aqui claramente um conflito agora entre a maior ligação
individual e a maior proximidade e prevaleceu a maior proximidade, neste caso
concreto. Que diz que é a conexão, ou seja, quando diz que é a forma de casamento, o
que tem aqui é que todos os requisitos exteriores à vontade dos nubentes são
revelados pelo artigo 50º. O conceito quadro tornar-se-á (?).
“É a lei do lugar onde o casamento foi celebrado, sem prejuízo do artigo 51º”.
Tem aqui algumas salvaguardas.
61
Direito Internacional Privado – OT e P
De um estrangeiro, mas com 1 PT – É o caso.
Pode ser celebrado (… artigo) recurso católico – Também não é o caso.
Ressalvado está ainda o número 4, que é a adaptação das regras canónicas que
apesar de tudo não fazem parte entre a concordata entre Portugal e a Santa Sé. (Lê o
nº4.)
Nº4 – Porque Portugal e a santa Sé negociaram os termos da celebração do
casamento católico em Portugal, que pode ser diferente. Nos termos da concordata,
também, Portugal reconhece todas as formas do casamento porque
independentemente da forma como o Vaticano anunciou com os estados. Não se
aplica o caso na situação em concreto, ele não foi no culto da igreja católica apostólica
romana, mas sim de acordo com o ritual ortodoxo grego.
Portanto, não se aplicando nenhum dos desvios do artigo 51, aplicamos a regra
do artigo 50º. Portanto, a lei do lugar onde o ato foi celebrado, portanto, maior
proximidade – OJ Chipre.
62
Direito Internacional Privado – OT e P
Qual era a lei que Portugal aplicaria se usar a sua posição regra do artigo 16º?
Portanto, neste caso não há reenvio. Portugal vai adotar a regra do artigo 16º
que é faz uma referência material ao OJ do Chipre, ou seja, L2.
EVENTUAL PROBLEMA:
Aqui temos mais ou menos, mas fazemos o processo de qualificação, mas
também não interessa.
A questão que se coloca aqui agora é porque o OJ Cipriota, se tem uma solução
jurídica idêntica à portuguesa, não vai reconhecer o casamento. Primeiro e tudo
porque foi de acordo com um ritual ortodoxo e depois mesmo que reconhecesse, o
casamento nunca seria válido porque os dois estão representados e Portugal só aceita
se um deles estiver representado.
Portanto, temos aqui o conflito com o princípio do favor negotti.
30.10.2023 (P)
CASO PRÁTICO 13
Hans e Franz, de nacionalidade alemã, residentes em Atenas, venderam ao seu filho
Gustav, também de nacionalidade alemã, uma quinta de que são proprietários em
Vieira do Minho, Portugal.
Danielle, outra filha do casal, também alemã, pretende anular a venda com
fundamento no preceituado no artigo 877º do CC português e , para o efeito, propõe a
ação respetiva nos tribunais portugueses.
63
Direito Internacional Privado – OT e P
Considere que:
a) O DIP alemão manda aplicar às relações entre pais e filhos a lei da RH comum dos
pais e não aceita o retorno.
Quid iuris?
RESOLUÇÃO:
Nos termos deste artigo, Portugal considera-se competente para resolver esta
questão. Não há problemas de reenvio, nem de nada, neste caso concreto.
64
Direito Internacional Privado – OT e P
Vamos interpretar este artigo 877º do CC como sendo uma norma de direito
material PT, então vamos interpreta com o jurista que somos do foro, também de uma
interpretação teleológica e tentar perceber o que o legislador PT teve em mente nos
termos do artigo 877º do CC.
65
Direito Internacional Privado – OT e P
O que é que o legislador quis? Quis atingir que objeto/finalidade? Qual é a ratio
legis?
Segundo os termos do artigo 57º, as relações entre pais e filhos são reguladas
pela lei nacional comum dos pais. Sendo esta o OJ alemão. Este OJ alemão faz a
aplicação da lei da residência habitual dos pais, logo L3 será a Grécia. Por sua vez, o OJ
Grego manda aplicar a lei da nacionalidade dos progenitores, portanto devolve a
competência à Alemanha. Ou seja, temos reenvio, precisamos de tomar a posição que
há reenvio para todos eles, a posição dos estados.
L2 que é a Alemanha, não aceita retorno, ou seja, faz uma RM e o OJ Grego,
também a mesma coisa faz RM. Ou seja, L2 aplicaria L3, L3 aplicaria (L2).
66
Direito Internacional Privado – OT e P
Temos reenvio, não temos HJI, portanto, isto está afastado.
Portugal, nos termos do artigo 16º, aplica o direito material alemão.
Mesmo que ele vivesse na Grécia, num país que tal como a Grécia não
considerasse o negócio válido, cada um desses OJ teria de considerar competente. A
Grécia, desde logo, não se considerava competente para regular esta questão, não
precisa de aplicar o artigo 31º/2 de qualquer forma.
31.10.2023 (P)
67
Direito Internacional Privado – OT e P
Caso prático:
Considere que:
a) Todas as leis consideram o casamento válido, com exceção da lei grega que o
considera inexistente por não ter respeitado a forma ortodoxa.
RESOLUÇÃO:
Elementos:
1. SUJEITOS
a. A (de cuius)
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Direito Internacional Privado – OT e P
i. Nacionalidade – OJ grego
ii. RH – OJ francês
b. Herdeiros (B e C)
Na classificação do facto jurídico, a morte não é uma relação jurídica, mas sim
um facto natural, que produz efeitos jurídicos. O único sujeito é o de cuius, ou seja, o
A.
Temos de resolver primeiro uma questão e depois a outra, são todas questões
que têm de ser necessariamente servidas a montante, para o juiz determine qual o
património em causa que herda. Portanto, notem, temos de ver em primeiro lugar a
validade do casamento, significa que a nossa situação jurídica, não é exatamente como
69
Direito Internacional Privado – OT e P
temos aqui, é um contrato de casamento que tem como sujeitos o A e o B e falta-nos
um elemento para esta relação jurídica que é o facto, que corresponde ao OJ suíço.
Ou seja, cada uma daquelas questões, haverá de ser uma situação jurídica
internacional, porque se não for, então não é um problema de DIP e o julgador resolve
como sendo um problema de direito interno.
A primeira coisa que vamos fazer é determinar se este contrato de casamento é
válido ou não, sendo que para o contrato de casamento A e B são os sujeitos e o
casamento é o facto. É uma relação jurídica, absolutamente, internacional, portanto,
não tem contacto com a ordem jurídica portuguesa, mas se ela é uma relação jurídica
de direito privado internacional e sendo Portugal o tribunal competente, temos de ver
qual é a norma de conflitos agora, para saber se ela é ou não cônjuge.
Que tipo de validade se trata no caso concreto? O artigo 49º trata da validade
substancial, o 50º e o 51º da validade formal, portanto, o problema daquele caso é o
facto de eles terem seguido a forma civil e segundo o filho, de acordo com a lei grega,
a forma seria religiosa, ou seja, através da religião ortodoxa grega. Temos então, um
problema de validade formal e não estando previsto em nenhum dos números do
artigo 51º, nos termos do artigo 50º é competente a lei do lugar onde o contrato de
casamento foi celebrado, ou seja, o OJ suíço.
Para efeitos de validade, o OJ suíço considera competente, aplica-se a lei
nacional comum dos nubentes, ou seja, o OJ grego. O OJ grego, se tem a mesma
solução, neste caso concreto, o que faz é considera-se competente.
70
Direito Internacional Privado – OT e P
O artigo 19º só se coloca se podermos aplicar o direito material grego, no caso
concreto, temos de ir ao processo de qualificação, nos termos do artigo 15º.
Reparem, se não passar no processo de qualificação, não há nenhuma questão
que o artigo 19º possa resolver e termos de começar tudo do 0.
Então, nos termos do artigo 15º agora vemos a solução grega, que é uma
norma qualquer que diz que o casamento só pode ser celebrado sob a forma ortodoxa.
O que fazemos em primeiro lugar? É essa norma que será o nosso Quid.
Agora fazemos uma interpretação do Quid grego, ou seja, na tal norma jurídica
estará prevista qualquer coisa como que as pessoas só podem casar recorrendo à
forma ortodoxa. Interpretarmos este Quid como juristas gregos, ou seja, nos termos
do artigo 23º, que, naturalmente, aquilo que lá diz é que nos termos do direito grego,
a forma do casamento, só vale se respeitar o ritual ortodoxo. Portanto, o que a Grécia
está a tratar é dos requisitos formais do casamento.
Neste caso conseguimos usar algum dos mecanismos para afastar esta solução, ou
não?
Artigo 19º, cessamos o reenvio porque se voltarmos à regra do artigo 16º já não
aplicamos a solução jurídica do OJ grego, mas o OJ suíço.
Isto se o OJ suíço passar no processo da qualificação.
71
Direito Internacional Privado – OT e P
Agora vamos interpretar esta solução material Suíça, ou seja, mais uma vez,
estamos perante um problema de validade formal. Aplicando a solução Suíça, que
aplica o conceito quadro, o casamento é valido e esta questão está resolvida.
Segunda questão:
É preciso sabe agora que direitos é que ela tem, patrimoniais, decorrentes do
casamento, que decorrem da morte do marido, ou seja, temos de saber se ela é
cônjuge meeira ou não, ou seja, se do património do marido metade é dela (o que vai
há herança é metade do património, porque metade é do outro cônjuge, no caso de
cônjuge meeiro). Se ela for herdeira, ela vai concorrer à herança não na qualidade de
cônjuge, mas sim na qualidade de herdeira do marido.
Agora queremos saber quais são os efeitos patrimoniais que decorrem do
casamento e que produzem com a morte deste senhor, ainda não sendo efeitos
sucessórios.
Agora, para esta questão em particular o DIP grego considera (alínea c))
competente a lei do lugar da celebração do casamento, ou seja, a Suíça (L3) e a Suíça,
quanto a esta matéria entende que deve ser aplicada a lei da última nacionalidade do
de cuius, ou seja, devolve a competência à Grécia (L2).
Como temos reenvio, vamos precisar, neste caso, de saber qual é a posição
deles em matéria de reenvio. O DIP grego é antidevolucionista e o DIP suíço também.
Mas para aplicar esta solução grega, para esta matéria, a solução grega também
tem de passar no processo de qualificação nos termos do 15º.
Agora temos de fazer a interpretação do conceito quadro do artigo 53º, sendo
que o conceito quadro é de convenções antenupciais e de regime de bens. Portanto,
72
Direito Internacional Privado – OT e P
vamos fazer uma interpretação teleológico-funcional do artigo 53º, neste caso
concreto, precisamos mesmo, porque no OJ grego não há regime de bens, nem
convenções antenupciais, eles chamam-lhe “comunhão inter vivos”, se formos à
procura daquilo que é um sistema homólogo ao nosso, precisamos de abrir, na medida
do possível, com a coerência do sistema encontrar aquilo que o legislador quis no
artigo 53º.
Agora, notem, temos esta interpretação do conceito quadro que para nós é um
problema de regime de bens, de acordo com a convenção antenupcial ou com a regra
supletiva, mas seja o que for só precisamos de encontrar o regime jurídico que tem de
ter em comum aquilo que o legislador quis que foi regular efeitos patrimoniais do
contrato de casamento.
Agora vamos ao OJ grego e já sabemos que, nos termos do artigo 15º, só vamos
trazer as normas de direito material que permitem resolver esta questão no
ordenamento jurídico grego (alínea b)), ela na qualidade de cônjuge tem direitos
patrimoniais que decorrem da “comunhão inter vivos” para os efeitos patrimoniais do
casamento. Agora vamos interpretar isto como se fossemos juristas gregos.
Ou seja, pelo seu conteúdo e função, o Quid vai integrar o nosso conceito
quadro e ao integrar, sendo em Portugal um conceito amplo (ou do património todo ou
daquilo que adquiriram depois do casamento), mas que dá direitos decorrentes desta
comunhão inter vivos, nos termos do ordenamento jurídico grego. Notem, assim
sendo só o que sobra depois desta “operação”, desta “comunhão inter vivos” que será
aplicada ao caso concreto é que passamos para a questão sucessória.
06.11.2023 (P)
RESOLUÇÃO:
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Direito Internacional Privado – OT e P
saber se tínhamos um casamento válido). Agora temos de passar para outra questão,
para que o Tribunal consiga decidir qual é a lei aplicável à sucessão de um cônjuge. A
questão prévia à questão controvertida, que temos de resolver porque é uma condição
para resolver a questão controvertida é se ela de facto é cônjuge ou não.
Agora, a questão que se coloca é, notem, nós queremos saber é se a lei
aplicável à sucessão, os cônjuges são ou não herdeiros. Já sabemos que ela é cônjuge,
agora a questão que se coloca é se podemos passar para a resolução da questão
controvertida efetiva, ou ainda temos de resolver uma outra questão prévia? Ainda
temos de resolver uma questão prévia, que são os efeitos do casamento.
Agora ainda antes de resolver esta questão controvertida, temos de saber quais
são os efeitos mortis causa que decorrem do casamento, ou seja, é preciso saber qual é
a lei que vai determinar os efeitos.
O concurso à herança do cônjuge ou agora ter um casamento válido, vai
depender do regime de bens que vigora entre eles, nomeadamente, para saber qual é
o património que integra o património sucessório de B, isto porque se ela estiver
casada num regime – equiparando ao nosso sistema jurídico – de comunhão, seja
comunhão geral, seja comunhão de adquiridos, notem, um dos efeitos que decorre do
casamento, que é o regime de bens que determina o efeito patrimonial, vai dizer se ela
tem direito a metade do património comum do casal, isto quer dizer que à herança só
vai o resto.
Se ela estiver casada num regime de bens, em que por via do casamento, não
há património comum, ela não é denominada cônjuge meeira e, portanto, todo o
património do marido, segue para a sucessão. Portanto, aquilo que precisamos de
saber é quais são os efeitos patrimoniais que decorrem do casamento porque há um
efeito patrimonial, mortis causa, que tem como pressuposto um regime de bens.
Portanto, agora a segunda questão prévia deste caso é saber qual é o regime de
bens que estes cônjuges tinham, ou melhor, queremos saber qual a lei aplicável para
determinar o regime de bens neste caso concreto.
Para esta segunda questão vamos analisar a relação jurídica, mais uma vez, o
casamento e, portanto, temos os sujeitos e temos de verificar os elementos de
conexão.
Esta questão já tínhamos visto na última aula.
Agora, sim temos uma lei que determina se ela é cônjuge ou não, temos uma lei
que determina quais são os efeitos mortis causa, que decorrem do regime de bens dos
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Direito Internacional Privado – OT e P
cônjuges e então, agora temos o fenómeno sucessório. Quanto ao fenómeno
sucessório:
Elementos:
4. SUJEITOS
c. A (de cuius)
d. Herdeiros (B e C)
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Direito Internacional Privado – OT e P
Temos reenvio, temos harmonia jurídica internacional e, por isso, o reenvio é o
meio necessário para atingir a harmonia jurídica internacional.
O legislador quando trata da sucessão por morte quer tratar do destino dos
bens, dos direitos e deveres cujo titular faleceu e não se devam extinguir com a morte.
Os direitos de personalidade como sabemos extinguem-se.
76
Direito Internacional Privado – OT e P
outro, na qualidade de cônjuge, ou seja, naquilo que eles chamam “comunhão inter
vivos”. Em matéria sucessória não a conhecem como herdeira.
Agora temos de fazer esta interpretação nos termos do artigo 23º, ou seja,
como se fossemos juristas franceses, naturalmente, aqui os conceitos são ipsis verbis
àqueles que temos no OJ português.
De acordo com aquilo que temos aqui, o objetivo ou interesse do legislador
francês que trata da sucessão, mas em que ela com a qualidade de sucessora tem
direitos como cônjuges, o que significa que o legislador francês em matéria de efeitos
mortis causa, só teve em consideração relativamente aos direitos de B na qualidade de
cônjuge. Ou seja, o legislador francês teve em consideração, o destino dos bens de
acordo com o efeito do casamento, na tal “comunhão inter vivos”
Logo, se o Quid francês aquilo que considera é que todos os efeitos decorrentes
da morte de um cônjuge, relativamente ao cônjuge sobrevivo, são tratados no âmbito
daquilo que é relação jurídica material, significa que a B só existe naquele
ordenamento jurídico, na qualidade de herdeira, ou seja, o legislador francês teve em
consideração resolver os efeitos matrimoniais decorrentes do contrato casamento.
Literalmente é o que ali está.
Aquilo que ela quer é ser reconhecida como herdeira, o ordenamento jurídico
francês só lhe dá direitos na qualidade de cônjuge, mas trata do fenómeno sucessório,
ainda que ela não esteja na lista, isto significa que o Quid que trata dos direitos e dos
deveres que não se devem extinguir pela morte de alguém, é tratado também no OJ
francês tendo em consideração, exatamente, o mesmo Princípio.
A única diferença é que ela não está na lista de herdeiros, temos aqui uma
integração.
Só que agora temos um problema. Estamos prontos para aplicar a lei francesa
para os bens móveis. Qual o nosso problema agora? O nosso problema é se
efetivamente podemos ou não aplicar a lei francesa, tendo em consideração a solução
material, porque de acordo com a solução material francesa a cônjuge não tem direitos
sucessórios que, naturalmente, é diferente daquilo que existe no OJ português, em
que, independentemente do regime de bens, os cônjuges são sempre herdeiros, a
questão agora que se coloca é se a solução ou pseudo solução francesa, não põe em
causa, um Princípio essencial do ordenamento jurídico português?
Ou seja, se a solução francesa não viola o artigo 22º do CC.
No nosso artigo 22º, temos situações em que o direito material estrangeiro põe
em causa um valor essencial da ordem jurídica portuguesa. Como sabemos a ordem
pública internacional ou a reserva da ordem pública internacional, é um conceito
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Direito Internacional Privado – OT e P
indeterminado e encerra aquilo que são os valores e princípios essenciais à ordem
jurídica portuguesa e que a caracterizam enquanto tal.
Qual é a justificação?
Isto significa que não podemos aplicar o direito material francês, apesar de ter
passado no processo de qualificação.
78
Direito Internacional Privado – OT e P
Agora temos outra questão, como nós percebemos nós decidimos aplicar a lei
portuguesa, mas nós só chegamos a isto por causa dos bens móveis, ou seja, para os
bens móveis aplicamos a lei portuguesa e agora para os bens imóveis?
Os bens imóveis, o OJ grego diz que se aplica a lei do lugar da sua situação, ou
seja, a lex rei sitae, ou seja, relativamente aos bens imóveis temos 2 situações: a lei
grega considera competente para os bens que estão em Itália, a lei italiana, que por sua
vez entende que deve de ser aplicada a lei da RH do de cuius, ou seja, a lei francesa,
que se considera aplicável.
Para a Grécia, neste esquema de reenvio, há reenvio e a Grécia faz referência
material, logo L2 considera competente L3, e L3 considera competente L4, e L4
considera-se competente.
A lei grega neste caso concreto, tal e qual como há pouco, tem a mesma solução
que a francesa, tem a mesma solução relativamente à ordem pública, ou seja,
acabamos com tudo e aplicamos o direito material português, relativamente aos
imóveis situados em Itália, tal e qual como os móveis – é exatamente a mesma coisa.
07.11.2023 (P)
Caso prático
Abdul, marroquino casou, em Marrocos, com Malala, turca em 1999. O casal reside no
Líbano com as outras mulheres de Abdul (Malala é a sua terceira mulher).
Entretanto Abdul e Malala, por razões profissionais daquele, viajam para Portugal para
passar um mês. Tomando consciência de uma nova realidade, com vontade de se
79
Direito Internacional Privado – OT e P
tornar independente e continuar em Portugal, sem se manter submissa ao marido,
Malala decide que não pretende continuar casada e propõe contra Abdul, nos
tribunais portugueses, uma ação de divórcio. Abdul, assim que tomou conhecimento
da ação, repudiou a mulher (Talaq", Talaq', 'Talaq) e considera-se, já, divorciado, o que
invocou na sua contestação, excecionando o pedido de divórcio.
Admita que,
Resolução:
Elementos:
1. SUJEITOS
a. Abdul
v. Nacionalidade – OJ Marrocos
vi. RH – OJ Líbano
80
Direito Internacional Privado – OT e P
b. Malala
v. Nacionalidade – OJ turco
vi. RH – OJ Líbano – eventualmente RH – Portugal
2. FACTO – OJ marroquino
A questão está na lex fori, Portugal, mais uma vez, aqui a solução da qualificação
como uma questão relativamente ou absolutamente internacional, ia depender
naturalmente, de incluir ou não a RH recente ou atual de Portugal ou manter a do
Líbano (seria admissível as duas).
Artigo 49º, este artigo tem um conceito quadro muito redutor, porque ele fala
da capacidade para contrair casamento, ou celebrar convenções antenupciais, notem,
mesmo para nós sem uma interpretação ligada a este conceito quadro, nós não
encontramos norma de conflitos para resolver esta questão. O impedimento, pelo
facto de estar casado, não é um problema de capacidade, pois capacidade de exercício
ele tem. Ele tem é uma situação jurídica anterior que impede de ser sujeito num outro
contrato de casamento, mas não afeta a sua capacidade de exercício.
Não conseguimos aplicar o artigo 50º e 51º, porque estes artigos tratam de
problemas de requisitos de forma, de substância. Portanto, claramente, que aqui é o
artigo 49º e este conceito quadro já tem de ser interpretado mesmo antes da
aplicabilidade neste momento, ou seja, o artigo 49º considerando o 50º e 51º que trata
de questões de validade formal, o artigo 49º, que denuncia isso quando fala da
capacidade, trata não só da capacidade, mas também de outros requisitos de ordem
substancial, ou seja, intrínsecos à relação jurídica. Os requisitos de forma, são
requisitos extrínsecos à relação jurídica.
81
Direito Internacional Privado – OT e P
que tal situação não se considera para ela. Neste caso concreto, é só o Abdul que
suscita a questão prévia. Abdul é marroquino e, portanto, Portugal considera
competente o OJ de Marrocos.
Por sua vez, diz a alínea g), o OJ marroquino considera competente a RH dos
cônjuges, portanto, a RH única que eles tiveram em comum foi o OJ libanês. O OJ
libanês considera competente a lei do lugar da celebração do casamento, que neste
caso foi Marrocos e devolve a competência a Marrocos.
Como temos reenvio quer para L2, quer para L3, precisamos de saber o que
estes Estados adotam em matéria de reenvio, pela alínea i) diz que o OJ marroquino
pratica devolução simples, e o OJ libanês faz referências materiais, ou seja, não aceita o
reenvio.
L2 faz uma devolução simples a L3. L2 faz referência global a L3 e permite que
ela utilize as suas normas de conflito e depois faz uma referência material para a lei
que L3 considera competente, que é L2, ou seja, L2 considera-se indiretamente
competente.
L3, que faz uma referência material para L2, aplica L2.
A primeira coisa que temos de fazer então, para este exercício é interpretar o
conceito quadro da norma de conflitos, do artigo 49º. Aqui, notem, já tivemos de fazer
a interpretação a montante para resolver o problema. Aqui, impõe-se uma certa
elasticidade da interpretação, não só para a subsunção, mas para efeitos de
determinabilidade para aplicação do elemento de conexão, ou seja, o conceito quadro
do artigo 49º diz respeito a que é que o legislador quis ,de todas as questões relativas à
validade substancial do casamento.
82
Direito Internacional Privado – OT e P
Se assim for, passamos para o último momento da qualificação em sentido
estrito, que é perceber se o Quid integra ou não o nosso conceito quadro, ou seja, se
nos termos do artigo 15º as nossas normas de direito material, pelo seu conteúdo e
função, integram o instituto visado pelas nossas normas de conflitos. Ou seja, se o
legislador marroquino nesta norma deles de direito material, se o legislador português
nesta nossa norma do artigo 49º,visaram atingir os mesmos objetivos. O que sim,
visaram ambos tratar das questões de validade substancial no contrato de casamento.
Podemos estar no âmbito de uma questão de ordem pública, uma vez que
estamos no âmbito de um casamento poligâmico (artigo 22º do CC).
A ordem pública só se coloca na lei estrangeira, nunca na lei portuguesa, e o
problema não é pelo facto de a solução estrangeira ser diferente, é o quão diferente
ela é. O DIP está preparado para receber qualquer ordem estrangeira, e aplicar
soluções diferentes ou até de institutos jurídicos que não tenham existência no OJ
português.
83
Direito Internacional Privado – OT e P
Como fazemos este exercício?
Assim, nos termos do artigo 22º, nós teríamos a aplicação ed um princípio, que
é o Princípio do mínimo dano, ou seja, concluindo que a solução marroquina viola a
nossa ordem pública, diz o artigo 22º que nós temos de interpretar a lei de forma a
tentar aplicá-la ao nosso OJ, de forma que ela não viole a nossa ordem pública.
Concluímos que a solução é a aplicação da lex fori.
84
Direito Internacional Privado – OT e P
Então, agora, protegemos a ordem pública ou protegemos os efeitos do casamento?
13.11.2023 (P)
Esta matéria da poligamia tem uma série limitação no que tange da tolerância,
relativamente, aos casamentos poligâmicos, ou seja, o casamento enquanto aquilo que
é uma fonte de família, nomeadamente por não ser poligâmico, é, naturalmente
marcante para a ordem pública internacional. Nós insurgimos quanto ao casamento
poligâmico, não como uma censura, mas sim quanto àquilo que é a diferença estrutural
quanto àquilo que é a nossa perceção de casamento.
85
Direito Internacional Privado – OT e P
Há uma questão muito relevante, que se coloca sobretudo na UE, que não diz
respeito a esta matéria (que é basicamente pacífica), mas um outro efeito que decorre
daquilo que é uma consequência para a UE enquanto tal, ou seja, como sabemos, o
reconhecimento de alguns efeitos do casamento poligâmico, implica depois o
reconhecimento da família que resulte desse casamento e aí quando estamos a tratar
de pessoas que estão num EM da UE, o reconhecimento desse afloramento familiar,
implica uma consequência muito importante, para além destes requisitos que estamos
a falar.
Quanto a esse afloramento, é preciso ter atenção, porque a interpretação da
ordem pública tem de ser feita conforme a lei ditada pela UE, nos termos do primado
do direito da UE, na interpretação que o Tribunal de Justiça sobre a interpretação das
leis aplicadas.
86
Direito Internacional Privado – OT e P
O caso não oferece esse tipo de dúvida, pelo que ultrapassaríamos essa
questão, mas depois teríamos que se, bom, o casamento fosse válido quem determina
qual é a lei aplicável no regime de bens, porque para o divórcio um dos direitos
adquiridos para salvaguardar são direitos patrimoniais que depende daquilo que seja o
regime de bens aplicável a este casamento. No caso não se coloca a questão e,
portanto, também não a temos de colocar.
Assim sendo, quando começamos a lei o artigo 52º, temos a lei nacional
comum, só vamos buscar o elemento de conexão. Não temos, o Abdul é marroquino e
a Malala é turca. Não tendo os cônjuges a mesma nacionalidade, aplica-se a RH
comum, aqui notem, a RH comum seria aquela que estava mais próxima da questão
controvertida de facto, das 2 uma, ou entendíamos que ela nunca tinha mudado de RH
comum, portanto, eles ainda viviam no Líbano, ou então, não tem RH comum, e aí
aplicaríamos a lei com a conexão mais estreita com a vida familiar e aí reparem
chegávamos ao Líbano igualmente.
L2 é o Líbano. Agora, por sua vez, o Líbano considera competente a lei do lugar
da celebração do casamento, ou seja, Marrocos, que por sua vez considera competente
a lei da RH dos cônjuges, ou seja, devolve a competência ao Líbano. Como temos,
notem, reenvio quer em L2, quer em L3, vamos ver quais são as posições que os
Estados adotam em matéria de reenvio. O Líbano em matéria de reenvio é avesso a
este, portanto, só faz referências materiais e Marrocos adota a devolução simples. Ou
seja, se L2 faz uma referência material a L3 aplicaria L3, L3 fazendo uma devolução
simples a L2, faz uma referência global para L2 e uma referência para si própria, ou
87
Direito Internacional Privado – OT e P
seja, considera-se indiretamente competente. Neste caso temos reenvio, temos
harmonia e neste caso o reenvio é meio necessário para atingir a harmonia jurídica
internacional.
Este reenvio é o do artigo 17º, pois temos um reenvio por transmissão de
competências. Estão verificados os requisitos do nº1 ou não? Temos uma transmissão
de competência com retorno, aquilo que o 17º/1 diz é, se o DIP de L2 remeter para
outra lei e esta se considerar competente, Portugal aceita o reenvio, notem, não
exatamente o que acontece aqui porque L3 não se considera competente
imediatamente, ela considera competente L2, mas indiretamente porque aceita a
devolução da competência, indiretamente considera-se competente. Numa
interpretação tendo em consideração a ratio legis da norma, Portugal vai admitir a
aplicabilidade de L3, a não ser que, temos de ir ver o nº2. Temos matéria pessoal,
claramente, o 1º requisito que L2 seja lei da nacionalidade, o que não é, é ou a lei da
RH ou da conexão manifestamente mais estreita, portanto, não se aplica o 17º/2,
admitimos a aplicabilidade da lei marroquina.
Portugal vai admitir o reenvio e aplicar L3, já sabemos que não é todo o OJ de
L3, é ou são as normas de direito material que resolvem a questão e basicamente, a
questão controvertida é saber se eles estão divorciados ou não.
88
Direito Internacional Privado – OT e P
colocar-se-á a questão se ela o quisesse fazer e não o conseguisse porque a lei dizia
que estava impedida por ser mulher, aí sim tínhamos em concreto um efeito
discriminatório. Neste caso, a ordem pública funciona em concreto, nada a opor em
usar a norma que é em abstrato discriminatória, mas no caso concreto não produz
nenhum efeito discriminatório.
Ora, “talaq, talaq, talaq”, para além de não resolver outras questões que aqui se
suscitam, e que não estão propriamente citadas no caso prático, teriam de ser eles os 2
estarem em praça pública e ele repudiá-la com esta expressão, que tem uma
conotação altamente negativa, para além de ser um exercício defraudatório, põe aqui
em causa aquilo que é a consideração relativamente à mulher. Relativamente aquilo
que é a estrutura típica das relações jurídicas no OJ português, a resolução do que
acontecer neste caso, ou seja, a extinção dos negócios que tem das duas uma: ou
cumprir o mesmo nº de partes que deu origem à formação do negócio ou se assim não
for, não pode ser concedido o direito a um de fazer extinguir sem que haja a
possibilidade de uma intervenção judiciária. Sob pena de fazermos o quê? Aquilo que
no direito privado é a ofensivo da autonomia da vontade, que é a igualdade da posição
entre as partes.
No ordenamento jurídico português é um direito potestativo, pode estar
constantemente a dizer que não que fica divorciado na mesma, não havendo esse
acordo de vontades, não há alteração da relação jurídica sem que o Tribunal possa
sindicar o fundamento que é a causa de resolução e depois decretá-la. Sob pena de
uma das partes fiquem numa posição de supremacia relativamente às outras o que
afasta o Princípio da igualdade que está associado àquilo que são as relações jurídicas.
89
Direito Internacional Privado – OT e P
Portanto, nessas circunstâncias, neste caso concreto, haveria, por isso, uma
violação daquilo que é a estrutura da relação jurídica, portanto, viola a nossa ordem
pública. Conhecemos. O que é que fazemos, artigo 22º do CC.
Já sabemos, Princípio do mínimo dano, a ideia seria interpretar a norma de
forma aplicá-la de forma a ela não ser atentatória da nossa ordem pública, não sendo
possível, volta-se a aplicar L1.
14.11.2023 (P)
CASO PRATICO 19
Aisha e Sald são cidadãos Iranianos, atualmente com residência habitual em Paris,
casaram no Iraque no regime de comunhão de adquiridos. Discute-se em Portugal a
questão da validade da venda de uma casa, propriedade do casal, em Rabat uma vez
que Aisha não foi outorgante, nem se fez representar por qualquer forma no ato de
compra e venda. O contrato de compra e venda foi celebrado em Rabat e os
adquirentes, Maria e José, são cidadãos portugueses com residência habitual em Cuba.
Admita que:
a) A lei iraniana considera competente para aferir desta questão, a lei do lugar
do onde o contrato foi celebrado e pratica devolução simples;
RESOLUÇÃO:
90
Direito Internacional Privado – OT e P
Vamos ver se temos ou não uma RJ internacional, precisamos de saber se
temos uma RJ para a questão da validade do NJ – CV, mas relativo ao contrato de
casamento.
Portanto temos os conjugues
A procuração é inválida, porque não estava o pai a representar o filho, ou porque (não
terminou).
Portanto, aqui o que importa é, saber quais são os efeitos que decorrem do
contrato de casamento para saber depois, a partir daí, qual é a lei aplicável. A mesma
coisa que faríamos se perguntássemos à professora, só que já sabíamos qual era a lei
aplicável.
Portanto, para a tal compra, ele pode ir sozinho, ou ele pode ir mas a esposa
tem que consentir, ou ele nem sozinho pode ir porque eu também tenho que
outorgar. São regimes diferentes, depende do nosso regime de bens, quando a coisa
for adquirida ou for a casa de morada de família.
Temos de saber os efeitos patrimoniais do contrato de casamento.
91
Direito Internacional Privado – OT e P
de compra e venda, mas relativo ao contrato de casamento. Na realidade tínhamos até
mais que uma situação para analisar.
1. SUJEITOS:
VENDEDORES:
a. A
i. Nacionalidade: OJ Iraniano
ii. RH: OJ Francês
b. S
i. Nacionalidade: OJ Iraniano
ii. RH: OJ Francês
c. Eles viviam no Iraque e depois passaram a viver em Paris – O OJ da
residência habitual é o OJ Iraquiano à data da celebração do contrato e,
entretanto, após o casamento eles mudaram-se para França.
2. FACTO: OJ Iraquiano
3. OBJETO:
a. MEDIATO: OJ Marroquino
b. IMEADIATO: OJ Marroquino
COMPRADORES:
c. Maria e José
i. Nacionalidade: OJ PT
ii. RH: OJ Cuba
Norma de conflitos: Neste caso concreto, aquilo que nós queremos saber é
quais são os efeitos patrimoniais, ou seja, de acordo com o regime de bens do casal é
saber se este bem é comum ou não, se é preciso de autorização ou não do cônjuge.
É decorrente do quê?
92
Direito Internacional Privado – OT e P
Entre outras coisas, os efeitos do regime de bens são definidos pela lei nacional
dos nubentes ao tempo da celebração do casamento.
Os vendedores têm duas residências habituais: Iraque e frança. Não diz nada.
Na falta de indicação em contrário, usariam o mesmo critério que usam para Portugal
para decidir qual era a residência habitual aplicável. Escolhemos sempre a conexão
que está mais próxima da questão controvertida.
93
Direito Internacional Privado – OT e P
No Iraque.
Neste caso temos reenvio, mas não temos para as leis todas, só temos reenvio
para L1 e para L2.
Logo, L3 e L4 não têm reenvio neste esquema.
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Direito Internacional Privado – OT e P
Temos aqui uma matéria de estatuto pessoal, em que L2 é a lei da
nacionalidade, portanto vamos ver se o artigo 17º/2 nos vai complicar a situação.
Aqui temos o mesmo problema que tínhamos para decidir qual era a residência
habitual, se considerarmos os interessados (conjugues), eles residiram na vida em dois
sítios e temos de ver a residência habitual que consideramos. O princípio é exatamente
o mesmo, é a lei da residência habitual mais próxima da questão controvertida - então
o Iraque. Que não considera competente o direito interno da nacionalidade em
questão.
Ou seja, não está verificado o 17º/2, logo aceitamos o reenvio nos termos do
17º/4. No OJ vamos aplicar o OJ iraquiano que tem uma solução idêntica à portuguesa.
Este negócio seria invalido.
Portanto pelo princípio do favor negotti, artigo 19º.
Se, fazendo cessar o reenvio aplicássemos L2, ou seja, o ordenamento jurídico
iraniano, o contrato será valido, independentemente do regime de bens, o cônjuge
sozinho não podia alienar o património.
No caso, não se aplica o artigo 19º porque se suscita um problema de ordem
publica do ordenamento jurídico iraniano.
Tinham um conflito entre o favor negotti e a ordem publica internacional e a
ordem publica internacional prevalece.
Porquê?
O direito de propriedade é um direito fundamental, previsto na CRP.
Considerado, pela doutrina em geral, um direito análogo aos direitos liberdades e
garantias.
àSignifica o quê?
Significa que se olharem para este regime, esta solução jurídica diferente da
nossa, temos um comproprietário, que sem qualquer intervenção da sua parte pode
perder o direito de propriedade.
Ou seja, é um direito absoluto que independentemente da sua manifestação de
vontade pode ser afastada da sua esfera jurídica.
Não havendo prevalência relativamente ao cônjuges, isto é uma forma de
afetar o principal direito real. Para a lei jurídica portuguesa, é elevada a categoria de
direito (?).
A não ser que haja conflitos com interesses de maior valor, nomeadamente
interesses públicos, na CRP única limitação ao direito de propriedade tem a ver com
situações de interesse publico nomeadamente para situações de expropriação,
interesses de igual valor, não podem afetar, no limite podem se comprimir direitos de
propriedade. Mas um não pode prevalecer sobre o outro.
Neste caso pior ainda, não havendo prevalência nem conflito de igual valor,
alguém consiga ficar sem o seu direito de propriedade.
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Direito Internacional Privado – OT e P
Assim o que fazemos é, não aplicamos o artigo 19º que ele vai dar a violação do
artigo 22º e mantemos aplicação do artigo 17º.
21.11.2023 (P)
Portanto, a conclusão de que chegamos é que o artigo 41º e 42º estão em vigor,
(nada quanto à sua possibilidade, em abstrato, de aplicabilidade) mas a doutrina
considera-se que estão derrogados, mas a falta sucessiva de aplicabilidade significa
96
Direito Internacional Privado – OT e P
que não há nenhum tipo de efetividade de aplicabilidade destes artigos. No entanto, é
difícil que uma coisa dessas aconteça.
Apesar de ter muitas matérias, que depois vamos ver nos respetivos
regulamentos, que esgotam alguns artigos do CC, nesse caso aplicam o regulamento e
não o código civil, que são regulamentos muito mais recentes e, portanto, é possível
que encontrem a aplicabilidade de um ou de outro consoante a data que efetivamente
tenham em consideração.
Para a matéria relativa às obrigações, ainda que não pelo regulamento porque
já havia uma convenção anterior, temos de ter um contrato, da década de 70, do
século passado, para conseguirem aplicar o CC. Não é que não haja contratos da
década de 70 em vigor atualmente, alguns contratos de arrendamento, mas reparem
que tem de ser contratos internacionais que suscitem alguma questão controvertida,
mas não tem, de facto, acontecido. Isto primeiro com a convecção de Roma.
97
Direito Internacional Privado – OT e P
O regulamento de Roma I não tem, ou seja, as partes podem escolher o que
quiserem, tenha ou não contacto com a relação jurídica, ou seja, não se verifica o
princípio da não transitividade. As partes não estão limitadas na escolha de lei.
No artigo 41º, se todos estes elementos fosse num único ordenamento jurídico,
não temos relação jurídica internacional. Ou seja, a autonomia da vontade só servia
para escolher de entre uma relação jurídica que já era internacional.
Com o regulamento de Roma I, todos os elementos da relação jurídica podem
estar num único ordenamento jurídico e a autonomia da vontade é que
internacionaliza a relação jurídica, ela passa a ser uma relação jurídica internacional.
O regulamento de Roma I liberaliza/muscula, de alguma forma, a autonomia da
vontade. As partes têm, em casos concretos, muito mais liberdade da escolha de lei
aplicável, à escolha das suas leis jurídicas, mesmo sendo de direito interno.
98
Direito Internacional Privado – OT e P
então não conseguimos escolher o conteúdo ou conformar o conteúdo do contrato
porque há uma assimetria de posições. Por exemplo, as questões laborais, as questões
dos consumidores.
Para isso o legislador, considerando o princípio da proteção da parte mais fraca,
vai corrigindo essa assimetria para que o princípio regra que é de tal paridade entre as
partes para que elas estão numa posição igualitária prevaleça.
CASO PRÁTICO 20
Nos termos do contrato ficou expressamente estabelecido que, para qualquer questão
emergente do contrato, deverá ser aplicada a lei italiana.
Admita que se discute nos tribunais portugueses o seguinte:
a) Validade formal do contrato, uma vez que, de acordo com a lei espanhola
este contrato teria de ter a forma escrita;
b) A lei italiana não poderia ter sido escolhida pelas partes porquanto não tem
contacto com a relação jurídica;
c) Mesmo que fosse aplicável, a lei italiana considera aplicável a lei do lugar da
celebração do negócio jurídico e é anti-devolucionista.
Quid juris?
RESOLUÇÃO:
99
Direito Internacional Privado – OT e P
Agora, depois de saber o que foi referido acima, é exatamente igual. Temos uma
relação controvertida, a validade de um contrato/negócio de compra e venda. Agora
vamos ver se ela é internacional ou não.
Para alem daquilo que fazíamos antes, agora temos mais um elemento a incluir
- a autonomia da vontade. Antigamente a autonomia da vontade servia só como
elemento de conexão, agora serve para determinar se a relação jurídica é internacional
ou não.
1. Sujeitos:
a. Manuel e Joaquim
i. Nacionalidade: OJ PT
ii. RH: OJ PT
2. Objeto:
a. Mediato: OJ PT
b. Imediato: OJ ESPANHOL – Quando uma das obrigações que é a
obrigação de entrega da coisa, é que o cumprimento desta obrigação é
o OJ espanhol.
3. Facto: OJ PT
4. Autonomia da vontade: OJ ITALIANO – O elemento da relação jurídica é o
elemento para internacionalizar a relação jurídica, ainda que ela já seja
internacional porque já temos contacto com OJ.
REGULAMENTO DE ROMA I:
100
Direito Internacional Privado – OT e P
Todas aquelas situações em que o legislador da união entendeu que tinha de
ponderar outros princípios que se suscitaram naquela questão, para de alguma forma
limitar ou diminuir a autonomia da vontade.
CONTINUAÇÃO DA RESOLUÇÃO:
No nosso caso temos um contrato de CV.
Não há contrato de transporte, não há contrato de seguro, não há contrato de
trabalho, não é um contrato com consumidores.
101
Direito Internacional Privado – OT e P
Isto significa que aplicamos as regras dos contratos em geral – Artigo 3º e 4º.
Não podem é, neste caso, afastar as regras imperativas do estado PT. Por
exemplo, nos termos da lei chinesa, para a questões de validade formal, deste negócio
jurídico celebrado de acordo a autonomia da vontade em que Portugal exige uma
escritura publica, tem de respeitar a forma prevista no OJ PT. Nada afasta a
possibilidade da escolha da lei.
102
Direito Internacional Privado – OT e P
Dividindo o nº3:
Nº1 ou Nº3. Nº1 porque a RJ já é internacional para além da autonomia da
vontade. Nos termos do nº1, não havendo limites à escolha da lei, a vontade das
partes é soberana.
Se as partes escolheram a lei italiana, pelo artigo 3º/1, o contrato rege-se pela
lei escolhida pelas partes sem limites ou outras considerações a demonstrar no caso
em concreto. Se é a lei italiana é a autonomia da vontade.
Se as partes não afastaram expressamente o reenvio será que pode haver reenvio
neste caso?
Neste caso refere que a lei italiana não se considera competente e devolve a
competência à lei do lugar onde se celebrou o negócio jurídico. Ou seja, devolve a
competência a Portugal.
103
Direito Internacional Privado – OT e P
Esta situação estaria resolvida no artigo 14º, isto que se aplicam à substância
do negócio aplicam também à forma do negócio, portanto a lei italiana resolve todos
os problemas, no entanto, a questão não se colocava porque só a lei espanhola é que
pões questões ao negócio jurídico.
Mas notem, mesmo que a lei italiana se coloca algum problema de validade
formal, temos o artigo 11º/1, onde aplicamos à forma a lei que aplicamos à substância,
ou então em alternativa e a escolha é, se uma não garantir a lei formal escolhem a
outra, ou então aplicamos a lei do lugar onde o negócio foi celebrado. Neste caso cabe
aqui a lei portuguesa.
Mesmo que a lei italiana colocasse algum problema no caso concreto, é aquela
que se aplica para esgotar toda a validade do negócio, mesmo que essa considerasse o
negócio invalido, no artigo 11º aquilo que tem é o princípio do aproveitamento
máximo dos negócios jurídicos e a possibilidade de, no caso concreto, aplicar a lei
portuguesa e garantir a validade do negócio. Seja como for, no caso concreto é de
facto a lei italiana que se vai aplicar, nomeadamente os requisitos da validade formal,
mas em prol do aproveitamento do negócio jurídico, se por acaso a lei italiana
considerasse o negócio como invalido, o regulamento (?) para a aplicabilidade (?) e o
negócio seria formalmente válido.
27.11.2023 (P)
Caso-prático 18:
AA, Lda., sociedade comercial de Direito Português, com sede no Porto, intentou ação
declarativa de condenação, contra BB, S.L., sociedade de Direito
Espanhol, com sede em Madrid alegando, em resumo, que "[] ajustou com a mesma
um contrato de compra e venda de uma grua, e formação para a utilização da mesma,
e pagou o respetivo preço global (€ 125.000,00), não tendo, porém, a Ré, ao arrepio do
que acordara com a Autora, dado formação ao pessoal desta e não tendo os técnicos
que a primeira disponibilizou para a montagem demonstrado conhecer o
funcionamento da máquina.
Ao invés do que fora incutido pela Ré, a grua, ao ser colocada em funcionamento,
evidenciou vários problemas e não trazia consigo o respetivo manual - o que foi
comunicado à Ré - [J. Nessa sequência, a Autora veio a perder o interesse na
manutenção do negócio e a comunicar aqueloutra intenção de o resolver, solicitando a
devolução do preço pago e o levantamento da máquina, o que até agora não
sucedeu".
A grua foi adquirida por contrato celebrado em Madrid e tendo a Ré obrigação de a
entregar na sede da Autora e após esta entrega, a Autora procedeu ao pagamento
integral do preço acordado através de transferência bancária. A formação seria dada
na sede da Autora nos 15 dias seguintes à entrega da grua, o que nunca se verificou.
A Ré contestou, alegando, em resumo, que, "[ ] face ao disposto no artigo 1484,° do
Código Civil Espanhol, aqui aplicável, não está obrigada a
104
Direito Internacional Privado – OT e P
Indemnizar a Autora (. ] uma vez que os direitos exercidos pela Autora já haviam
caducado à data da apresentação da petição inicial []"
Considerando que os tribunais portugueses são internacionalmente competentes,
admita que,
a) A posição assumida pela Ré na contestação está de acordo com a solução
material prevista no Código Civil Espanhol.
b) Em Portugal os alegados direitos da Autora ainda não teriam caducado,
uma vez que no ordenamento jurídico espanhol o prazo de caducidade é
manifestamente mais curto
RESOLUÇÃO:
Primeiro identificamos qual é a questão controvertida. O que é que as partes
estão a discutir me tribunal? Temos um alegado incumprimento de um contrato. Que
contrato é este? De compra e venda. Alegada caducidade, das consequências deste
legado incumprimento será a indemnização.
Se temos ou não uma relação jurídica internacional. Porque estamos no
âmbito dos efeitos de um alegado incumprimento de contrato de compra e venda
estamos na matéria de estatuto obrigacional, coloca se a aplicabilidade ou não do
regulamento de Roma I. que é importante desde logo ara a determinação da relação
jurídica internacional ou não tendo em consideração a autonomia da conexão da
vontade das partes. Portanto a relação jurídica internacional:
· Sujeitos: são sociedades comerciais, em matéria de estatuto pessoal o
elemento de conexão é a sede e não a residência habitual que ela não tem.
A sociedade. A tem sede no ordenamento jurídico português, e a sociedade B
tem sede no ordenamento jurídico espanhol
· Facto: celebraram o contrato onde? Madrid, ordenamento jurídico
espanhol
· Objeto: mediato ( temos aqui uma coisa que esta em trânsito a data da
celebração do negócio jurídico teria no ordenamento jurídico espanhol, mas,
entretanto, já está no ordenamento jurídico português. Foi entregue me
Portugal. Quanto ao objeto jurídico imediato, temos aqui um dos efeitos que é
a obrigação de entrega da coisa, porque quanto ao pagamento e o preço, em
princípio este pagamento resultaria pelo banco português, então seria
Portugal, mas não temos essa indicação, quanto ao objeto imediato o efeito
relativo a entrega da coisa seria no ordenamento jurídico português.
· Autonomia da vontade: as partes exerceram a sua autonomia das vontades
neste caso? Não. portanto elas não usaram da autonomia da vontade.
Temos uma relação jurídica privada. A questão relativa ao incumprimento dos
efeitos nomeadamente da capacidade do contrato. A questão esta pendente em
Portugal, portanto Portugal é a lex fori.
É uma relação jurídica relativamente internacional. Tendo me consideração que
estamos a tratar de matéria de estatuto obrigacional, portanto uns efeitos
decorrentes do contrato. Já sabemos que temos de verificar da aplicabilidade do
105
Direito Internacional Privado – OT e P
regulamento de Roma I e só depois vamos para o código civil. Como sabemos que
vamos aplicar o regulamento Roma I.
Temos de verificar o quê?
Temos de verificar, cumulativamente, quantos âmbitos? Temos de verificar da
aplicação de 3 âmbitos:
Âmbito material - artigo 1º do regulamento, a nossa matéria cera relativa a
contratos e natureza civil e comercial, neste caso será de natureza comercial. Não é
relevante esta classificação. Desde que não suscite questões de natureza fiscal,
administrativa ou aduaneiro, neste caso não. nos termos do artigo 1º nº 1 aplica se o
regulamento de Roma I quanto ao âmbito material a não ser que a questão esteja
afastada pelo número 2. No nosso caso tem alguma das alíneas do nº2 ou não? Não
esta. Portanto âmbito material verificado.
Segundo âmbito artigo 2º, âmbito territorial. Quanto ao Roma I não tem nenhum
limite quanto a aplicabilidade do âmbito territorial, porque o regulamento de Roma I
tem um âmbito de aplicação universal, portanto, pelas conexões do Roma I tanto se
pode aplicar direito material de um estado-membro como direito material de um
estado terceiro.
Neste caso a questão nem se colocaria, porque todos os elementos de conexão
apontam para dois estados-membros. esta verificado o âmbito de aplicação universal,
ou territorial porque é o princípio da universalidade.
E, por fim, temos de verificar o âmbito de aplicação temporal, já sabem que na flat
de indicação, o contrato é temporâneo a data que estão a resolver. , depois nos
termos do artigo 28º, os contratos para o âmbito temporal têm de ser posteriores de
17 de dezembro de 2009. Portanto este se é contemporâneo estamos em 2023,
significa que aplicamos o regulamento de Roma I.
A partir de agora esquecemos a existência do código civil não aplicamos este.
Concentramo-nos no regulamento.
Vamos ver se este nosso contrato é um daqueles que esta expressamente previsto
no regulamento. Quais são estes? Transporte, pessoas e mercadorias, trabalho,
consumo e seguros. Se não é nenhum deste estamos nos contratos em geral cuja regra
é que esta prevista no artigo 3º, a conexão regra do regulamento Roma I, nos termos
do artigo 3º, é a vontade das partes. Temos vontade das partes no coso concreto?
Não, não aplicamos o artigo 3º. Portanto significa que na falta de escolha de lei nos
termos do artigo 3º aplicamos as regras supletivas do artigo 4º. O regulamento optou
pelo princípio da especialização, ou seja, o nº1 do artigo 4º tem uma lista de contratos
em especial e para cada um deles elegeu uma conexão supletiva. Se não
encontrarmos no nº 1 passamos para a seguinte conexão que é subsidiaria de
qualquer uma que esta no nº 1 que é o nº2, tem só de concluir se o contrato se
subsume em algumas das alíneas do nº 1 do artigo 4º.
A dúvida seria na aplicabilidade do nº1, para saber se ... mercadoria ou não. não
seria. Notem: aqui ao contrato do código civil do artigo 42º, o legislador optou por
dividir as conexões tendo em consideração os contratos quanto a estrutura e quanto
106
Direito Internacional Privado – OT e P
aos efeitos. No Roma I o legislador optou por classificar os contratos quanto ao nome
(?) e atribuir a respetiva conexão. Portanto classificação de cada tipo de contrato é
importante porque aí pode estar a depender a aplicabilidade de uma das alíneas do
nº1 ou então continuar nas alíneas seguintes.
Temos uma compra e venda? É um dos efeitos do contrato que esta
nomeadamente aqui ( objeto mediato) , o problema não é só o incumprimento, ou
seja, o cumprimento defeituoso, é também quanto ao objeto mediato o
incumprimento da formação.
Ou tem dois contratos e analisamos um para cada lado ou então, notem se
olharmos para o caso e vermos a forma que esta na segunda linha há duas obrigações
e há um preço global para tudo. Isso denuncia sem prejuízo uma obrigação que esta
dependente da outra em que uma é condição da outra, mas o facto de terem como
único preço global identifica o contrato como que? Ele é a soma de uma compra e
venda e de uma prestação de serviços.
Ou são dois contratos diferentes e analisamos a questão para um e para outro. Ou
então pelo facto de existir efeitos que lhe são comuns e as obrigações estarem na
dependência uma das outras significa que estes contratos que seria compra e venda e
prestação de serviços , são um contrato misto. Estes podem ser desde logo a soma de
dois contratos típicos.
Quando as partes só celebram um e celebram o outro e quando os efeitos dos
tipos contratuais se confundem um com o outro. Ou seja, quer na compra e venda
quer na prestação de serviços há o pagamento do respetivo preço.
Que neste caso concreto tem duas obrigações diferentes que é a obrigação de
entregar a coisa vendida e a obrigação de dar a formação. Só que a obrigação da
contraparte foi ... como uma única prestação. Neste caso concreto o que temos na
realidade é a soma de dois tipos contratuais, que é a definição de uma das formas de
contrato atípico- contrato misto. O que significa isto? Que não estamos no âmbito do
nº1, este não tem contratos mistos.
O que significa agora que passamos para o nº2, este tem o critério subsidiário
supletivo ao nº1.qual é o elemento de conexão do nº2? Há de ser a residência habitual
de um dos sujeitos. Será de A ou de B consoante algum destes contraentes tenha a
prestação característica de contrato misto.
Como identificamos a prestação característica do contrato? Esta é que nos permite
distinguir o contrato, vamos olhar para cada uma das prestações. A prestação do A, que
decorre como efeito imediato, pagamento do preço. E a prestação de B, entregar a
coisa e prestar o serviço de formação.
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Direito Internacional Privado – OT e P
que não seja a lei espanhol, no caso concreto? Alguma que seja manifestamente mais
estreita?
Dificilmente será, não parece que haja. Significa que artigo 4º nº2, excluindo
aplicabilidade do nº 3 aplicamos a lei espanhola. Incluindo nos termos do artigo 12º, a
questão da caducidade.
Aplicamos lhe a lei espanhola, a não ser que se suscite alguma questão de reenvio.
Suscita e fica eventualmente resolvida pela posição do regulamento em matéria de
reenvio ? Ou não sabemos que se suscita?
Ou não se suscita de todo? Se se suscitar significa que L2 não se considera
competente é indiferente, e nos termos do artigo 20º esta excluído qualquer forma de
reenvio. Não sabemos se suscita ou ainda que sem informação sabemos com certeza
que não se suscita nenhuma questão de reenvio , se se suscitasse mais uma vez artigo
20º e o assunto estava arrumado.
Face aquilo que aqui tem, dizem não conseguimos saber se há um problema de
reenvio ou não, mas ainda que houvesse artigo 20º, referencias material para L2 e o
assunto estava arrumado , ou então dizem que conseguimos concluir que não há
nenhum problema de reenvio mesmo sem saber as posições e mesmo sem aplicar o
artigo 20º.
108
Direito Internacional Privado – OT e P
artigo 4º nº2 do regulamento de Roma I, também é aplicável no ordenamento jurídico
espanhol aplicando qualquer solução conflitual interna …, nem sequer se coloca um
problema de necessidade de aplicação do artigo 20º ou então estar numa situação que
não conseguimos decidir por não termos informação suficiente.
Notem é exatamente a mesma coisa como a lei do foro deixar de ser Portugal e
passar a ser um qualquer país do estado-membro. porque se eles aplicam
exatamente o mesmo regulamento a partir dai não precisamos de saber o direito
interno conflitual daquele estado, porque será a sempre a mesma.
O caso estando a ser julgado em Portugal (?) aplicamos a lei espanhola. Em
Espanha aplicaríamos a lei espanhola com o mesmo fundamento, 4º nº3.
28.11.2023 (P)
Caso Prático 19
Jean Marc, francês, residente em Lisboa, propôs nos tribunais portugueses uma ação
condenatória contra Carl, russo, residente na Costa do Marfim. A ação tem como
fundamento um alegado incumprimento de um contrato de compra e venda de
diamantes, outorgado entre ambos, no Congo, em 2019. No âmbito daquele contrato,
Jean Marc adquiriu três diamantes a Carl - provenientes de uma mina da Costa do
Marfim -, cada um com certificação de avaliação dos 4 CS pela "Gemological Institute
of America". Acontece que, quando os diamantes foram entregues a Jean Marc, o
joalheiro que este havia contratado para fazer avaliação dos mesmos, conclui que um
dos diamantes não apresentava o grau de pureza ("clarity") que constava do
certificado de avaliação. Carl contesta a ação alegando que o contrato celebrado é
nulo uma vez que a lei da Costa do Marfim exige uma forma solene.
Na resposta à exceção Jean Marc invoca clausula 9. do contrato, onde se prevê que as
partes fixaram não só o tribunal internacionalmente competente como escolheram a
lei portuguesa para reger o contrato.
Admita que os tribunais portugueses são internacionalmente competentes, qual a
solução aplicável?
RESOLUÇÃO:
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Direito Internacional Privado – OT e P
· Autonomia da vontade: ordenamento jurídico português. ( uma coisa é
determinar a competência dos tribunais, outra coisa é determinar a lei aplicável por
aqueles tribunais, de entre aquilo que é autonomia da vontade para efeitos da
competência internacional dos tribunais portugueses é determinar quais são só
tribunais portugueses, outra coisa que é diferente é a lei aplicável, a partir dai os
tribunais podem ser componentes, mas não aplicar a lei portuguesa).
Perante isto que aqui esta, estamos perante uma matéria de estatuto
obrigacional. Nem sequer se colocam outras matérias relativas a outros estatutos. Ela
é toda de estatuto obrigacional. Ou seja, fazemos o exercício de tentar aplicar o
código civil se acabarmos no 41º e 42º para saber qual a lei aplicável para o alegado
incumprimento do contrato ou da validade do contrato aplicariam o artigo 41º do
código civil. Já sabem que esquecem, mas pelo menos sem antes verificarem a
aplicabilidade do regulamento de Roma I . e para determinar se este é aplicável temos
de verificar os três âmbitos:
Segundo âmbito: espacial, artigo 2º, maios uma vez para os regulamentos eles
tem aplicação universal. Mesmo aqui seja aplicada alguma lei e podia ser em abstrato,
a russa para o exemplo, ,é indiferente porque para o regulamento as conexões tanto
apontam para lei dos estados-membros de direito material como direito material de
estados de terceiros, nunca seria um problema. O âmbito de aplicação espacial está
verificado.
Não confundir: quando se diz o âmbito de aplicação universal significa que é a
lei escolhida nos termos do regulamento, não é quem aplica o regulamento.
Naturalmente que quem aplica o regulamento são só os estados-membros que estão
110
Direito Internacional Privado – OT e P
vinculados a eles. Não significa que se estivessem na costa de marfim este aplicasse o
regulamento, ele não aplica. Só os estados-membros é que aplicam o regulamento. A
gora a lei escolhida nos termos do regulamento é que pode ser a lei de um estado-
membro ou de um terceiro.
Âmbito de aplicação espacial princípio da universalidade de regulamento, nada
opor, verificado.
111
Direito Internacional Privado – OT e P
poderíamos aplicar a lei do lugar da celebração do negócio jurídico em prol do
aproveitamento máximo dos negócios.
Não é o caso porque claramente pelo menos daquilo que é invocado a lei da
costa de marfim é que exige uma forma especifica. Portugal não. o que significa que
nem precisaríamos de utilizar o 11º.
Significa que aplicamos a lei portuguesa incluindo para a validade forma do
negócio jurídico.
04.12.2023 (P)
Caso-prático:
Bento propõe uma ação em Portugal para ser ressarcido dos danos sofridos. Qual a lei
aplicável?
Resolução:
Elementos:
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Direito Internacional Privado – OT e P
1. FACTO: Colisão – OJ português
2. DANO: OJ português
3. SUJEITOS
a. Lesante: Armandine
i. Nacionalidade – OJ francês
ii. RH – OJ francês
b. Lesado:
i. Nacionalidade – OJ espanhol
ii. RH – OJ espanhol
c. Autonomia da vontade: Posterior à prática do facto, não foi exercida
Âmbito espacial (artigo 2º) – neste caso, os OJ em contacto são todos EM, mas
não obstante, o regulamento tem um âmbito de aplicação universal, nos termos do
artigo 2º.
113
Direito Internacional Privado – OT e P
Já excluímos a questão da autonomia da vontade porque as partes não
escolheram nenhuma lei. Qual é a conexão supletiva? É a lei do país onde ocorre o
dano, a não ser que, nº2, lesante e lesado tenham a mesma RH. Nesse caso
aplicaríamos a RH. Portanto, regra geral, é o dano. Neste caso, Portugal considera-se
competente, a não ser, nº3, que o conjunto das circunstâncias no caso concreto
resultasse uma conexão manifestamente mais estreita com outro país. Existe, ou não?
Já sabemos que no Regulamento há uma situação em que o legislador presume que há
sempre uma relação manifestamente mais estreita, é a existência de uma relação
jurídica “perca”, ou então de uma gestão de negócios.
Neste caso em concreto, não temos nenhuma relação jurídica perca entre as
partes.
Neste caso, para a primeira questão, há alguma situação em que se possa concluir
que há uma conexão manifestamente mais estreita, ou não?
Alínea a)
A não ser mais uma vez, notem, o nº 3 é uma conexão especial que afasta tanto
o nº1 como o nº2, aqui chegaríamos de novo à pergunta de se há uma conexão
manifestamente mais estreita e, neste caso concreto, claramente que não.
A outra conexão próxima era de usarmos a prática do facto ou do dano, notem,
o legislador da união entre o princípio da maior proximidade e da maior ligação
individual, preferiu o princípio da maior ligação individual. Portugal, nunca seria no
caso concreto, a conexão manifestamente mais estreita. Portanto, neste caso
concreto, também não se coloca nenhum problema em saber se há ou não outra
conexão, pelo que a opção seria o OJ espanhol.
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Direito Internacional Privado – OT e P
Alínea b)
Nota:
Percebesse que tenhamos dúvidas que seja. Não obstante, a doutrina quanto a
esta questão, tem algumas divisões, isto porque os regulamentos só em questões
controvertidas de estatuto pessoal, é que subsidiariamente vão ter a conexão pessoal
a nacionalidade. Ou seja, se analisarmos o Regulamento Roma I e o Regulamento
Roma II, a nacionalidade nunca é apontada pelo legislador da UE.
O legislador da união tem algumas dúvidas, admitisse que a nacionalidade
parece ser uma conexão preponderante para efeitos para afastar os critérios
supletivos, não obstante, a questão é controvertida, por isso, admite, que se
estivermos a falar na questão dos princípios, no nº2 o legislador preferiu o princípio da
maior ligação individual, a nacionalidade é uma conexão pessoal ligada ao princípio da
maior ligação individual, portanto, fará sentido, nos termos dessa interpretação que
nos termos do nº3, a nacionalidade seja a conexão manifestamente mais estreita neste
caso concreto, por ser uma conexão para ambas as partes.
Aqui seria aplicável o OJ espanhol, não pelo nº2, mas sim pelo nº3 do artigo 4º.
Alínea c)
Para além de um lesado temos 2 lesados, que é o Pablo, que temo como
nacionalidade o OJ venezuelano, e tem RH no OJ brasileiro.
115
Direito Internacional Privado – OT e P
Mesmo, no caso de a lesante coincidir com a RH ou na nacionalidade com um
dos lesados, seria indiferente, a partir do momento em que entra um 2º lesado que
não coincidisse com eles. Aplicamos a regra geral, do artigo 4º/1.
05.12.2023 (P)
Caso-prático:
No dia seguinte, Emanuel convidou Tessa para sua casa e, enquanto lá estiveram, esta
gostou muito do quadro. Emanuel, percebendo que Tessa achava que o quadro era um
original de um pintor Basco - apesar de saber que tal não correspondia à verdade - não
divulgou esta informação e aceitou iniciar negociações para a venda do quadro.
Por força de compromissos vários de ambos, agendaram uma nova reunião para a
semana seguinte. Nessa altura, Tessa fez-se acompanhar de Charles, um seu amigo
que trabalha no MoMA, em Nova Iorque, tendo para o efeito custeado a viagem e o
alojamento deste a Barcelona.
Após uma breve análise do quadro, Charles informa Tessa que este não é um original e
que não havia qualquer hipótese de Emanuel desconhecer tal facto. Tessa, furiosa,
decide intentar ação em Lisboa contra Emanuel, pedindo que este seja condenado a
pagar-lhe €5.000,00, o total das despesas que suportou com a deslocação e
alojamento de Charles.
Resolução:
116
Direito Internacional Privado – OT e P
Elementos:
1. FACTO: OJ PT
2. OBJETO MEDIATO: OJ ESPANHOL
3. SUJEITOS
a. Tessa
i. Nacionalidade – OJ holandês
ii. RH – OJ PT
b. Emanuel
i. Nacionalidade – OJ francês
ii. RH – OJ espanhol
c. Autonomia da vontade: não foi exercida
Temos uma relação jurídica de direito privado, internacional, ela é face à lex
fori, relativamente internacional.
117
Direito Internacional Privado – OT e P
Nos termos do art.12º a conexão aplicável é (sem prejuízo das conexões
manifestamente mais estreitas, o Roma II o que pretende fazer, nomeadamente, na
gestão de negócios, no enriquecimento sem causa, na responsabilidade civil pré-
contratual é ligar o instituo jurídico extracontratual, fora da fonte dos contratos, a
eventuais conexões que possam ter ligações com o negócio jurídico extracontratual),
se tiver existido o contrato, aplica-se a lei que se aplica a esse contrato, ou se não se
tiver sido celebrado, aplicar-se-á a lei que fosse aplicável a esse contrato se tivesse sido
celebrado.
Se é a lei aplicável a esse contrato, ora, primeiro, temos de ver qual é o facto,
que seria um contrato de compra e venda. Este contrato porque é um contrato está
excluído do âmbito do Roma II, que só se aplica a matéria extracontratual. Portanto, se
é a lei aplicável, ou a lei que seria aplicável ao contrato se ele tivesse sido celebrado,
significa que temos de mudar de sítio.
Para o contrato de compra e venda, não temos âmbito material, como no Roma
II. O Roma II não consegue determinar qual era a lei aplicável a este contrato de CV,
porque no âmbito material, o contrato de CV não faz parte das matérias que regulam a
relação de questões controvertidas de natureza internacional.
Temos de ir para o Roma I, se ele for aplicável, temos de ver a lei aplicável a
este contrato de CV se ele tivesse sido celebrado.
Se no caso concreto, estivéssemos a analisar as relações emergentes deste
contrato de CV iriamos ao Roma I, mas só aplicaríamos o Roma I se verificássemos os
3 âmbitos.
Âmbito temporal – artigo 28º, este contrato tinha de ser celebrado depois de
2009 e, mais uma vez, o caso prático é contemporâneo ao presente, pelo que estão
verificados os 3 âmbitos.
Vamos ver no artigo 4º/1 qual seria a lei aplicável a contrato de CV.
Nos termos do artigo 4º/1, aqui das duas uma: ou entendíamos que o quadro
era uma mercadoria e aplicávamos a alínea a) do nº 1 do artigo 4º e, portanto, é
aplicável a lei que seria o vendedor, ou seja, do Emanuel, isto é, o OJ espanhol (não se
colocaria um problema de reenvio porque o regulamento, com a exceção do Estado da
Dinamarca, vincula todos os EM, e, portanto, Espanha, aplicando o regulamento nunca
deixaria de se considerar competente no caso em concreto); se não interpretássemos
118
Direito Internacional Privado – OT e P
o quadro como uma mercadoria, então não teríamos conexões nos termos do nº1
teríamos de ir para o nº2 e aplicar a conexão da RH do contraente que tem a prestação
característica do contrato, ou seja, o vendedor.
Caso-prático:
Vitório, argentino com RH em Buenos Aires, casou com Rodolfo, argentino com RH em
Quito (Equador) em Las Vegas. Depois do casamento passaram a residir em Lisboa.
Celebraram uma convenção antenupcial e, entre o mais, acordaram que, em caso de
divórcio a lei aplicável seria a "(...] lei da RH do casal […]"
Anos mais tarde, Vitório quer divorciar-se, apesar da recusa de Vitório, e propõe nos
tribunais portugueses a respetiva ação.
Notificado para contestar, entre outras formas de defesa, Vitório alega que apesar do
acordo quanto à lei aplicável ter sido reduzido a escrito, quer a lei argentina, quer a lei
do Equador preveem requisitos especiais para que a convenção seja formalmente
válida.
Desta forma o acordo é inválido e a lei aplicável, in casu, deve ser a lei argentina.
Quid juris?
Resolução:
Elementos:
119
Direito Internacional Privado – OT e P
3. RH do casal – OJ português
Temos os 3 âmbitos verificados no caso concreto, pelo que vamos aplicar este
Regulamento de Cooperação Reforçada. A regra neste regulamento é, de uma forma
altamente inovadora relativamente à autonomia da vontade, apesar do leque limitado
120
Direito Internacional Privado – OT e P
de leis que as partes podem escolher, apesar de tudo a autonomia da vontade entrou
e isso sim, é uma grande inovação nestes regulamentos.
A regra geral é a autonomia da vontade, que no caso foi exercida e, portanto,
vamos aqui ver se estão verificados os requisitos do artigo 5º, porque a lei que as
partes escolheram foi, de acordo com a qual a RH do casal a única que eles alguma vez
tiveram foi Lisboa, o OJ português.
Não obstante, eles podem escolher a lei, resta saber se esta escolha de lei faz
parte ou não do leque de leis escolhidas do artigo 5º. Idealmente o artigo 5º para ser
mais fácil, é lido do fim para o princípio. Isto porque se a escolha de lei não tiver sido
feita no momento certo, é irrelevante que a escolha esteja bem feita ou não.
Nos termos do artigo 2º, a escolha deve ser feita até à entrada de escolha no
processo em tribunal, ou seja, tem de ser anterior, a não ser que a lei do foro permita
que haja alterações de leis materialmente aplicáveis na pendência de leis do processo.
No caso o requisito do nº2, desde logo está verificado, porque se eles
escolheram a lei numa convenção, significa que escolherem a lei num momento prévio
ao contrato de casamento, portanto, o momento está bem verificado.
Agora vamos ver se eles escolheram uma das leis possíveis, de acordo com o
nº1 do artigo 1º. Uma das leis que eles podem escolher é a lei da RH no momento da
celebração do acordo.
No momento de celebração do acordo eles não tinham RH. Alínea b) eles
também podiam escolher a última RH dos cônjuges, desde que um deles ainda aí
resida no momento da celebração do acordo. É verdade que a RH Portugal é a última,
só que notem, a redação da alínea b) do artigo 1º.
É a RH deles é a 1ª e a última e nada indicando o contrário, no limite, vivem os
dois em Portugal. Só que o problema aqui, é que a alínea b) está construída para ligar a
conexão a um sítio onde a vida familiar teve ligação.
Alínea c), a conexão é a nacionalidade, que não pode ser, porque eles também
não escolheram e alínea d), a lei do foro, que eles também não escolheram, pois
escolheram a lei da RH. Portugal é a lei do foro, não significa que fosse esse o critério.
Isto significa que eles não escolheram de facto, pois não cumpriram com as
regras de escolha de lei do artigo 1º. O que significa que a ser assim, resta-nos o artigo
8º.
A defesa do Vitório, não é esta. É que a validade formal não estava cumprida, o que
quanto ao argumento do próprio do Vitório não lhe assiste razão. É verdade que a
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Direito Internacional Privado – OT e P
escolha de lei deve ser formal e materialmente válida, como qualquer negócio jurídico,
não pode ter vícios de vontade, e é verdade que as particularidades no que tange à
validade formal diz respeito, notem, tem de ser por forma escrita, nos termos do artigo
7º e valem trocas de mensagens por email, mas depois acrescem requisitos de forma,
nomeadamente, no artigo 7º são exatamente aqueles que o Vitório alega: os OJ
exigirem mais requisitos de forma do que simplesmente a redução a escrito do acordo.
No entanto, esses requisitos de forma terão de ser dos estados participantes no
regulamento, onde algum dos cônjuges tenha a sua RH habitual. Se eles viverem em
sítios diferentes, com requisitos diferentes, basta que seja um, ou os requisitos de
validade de um deles.
É verdade que não basta a redução a escrito, pode ser exigido outros requisitos
de forma. Conquanto esses requisitos de forma sejam de um Estado participante, onde
os conjugues tenham RH e não Estados terceiros. Ainda que o OJ da argentina e do
equador exigissem para este acordo outros requisitos de forma, eles não seriam
aplicáveis, nos termos do artigo 7º, eles nunca seriam, nem são estados participantes
neste regulamento. É verdade que o acordo não é válido, mas ele não é válido porque
eles não escolheram uma das leis, previstas no artigo 5º de acordo com os requisitos
que são impostos.
Resta-nos o artigo 8º. Na ausência de escolha, nos termos do artigo 5º, temos
uma série de critérios supletivos, que estão aqui representados de uma forma
subsidiária. O primeiro deles, entre as conexões de RH e nacionalidade, claramente, o
legislador da UE mantém a coerência e prefere o da RH e o primeiro deles é a lei da RH
dos cônjuges à data da propositura da ação em tribunal, ou seja, o OJ português. Ou
seja, no caso concreto vai se aplicar a ordem jurídica portuguesa.
12.12.2023 (P)
Caso-prático:
Hannah, turca com RH em Casa Blanca casou com Karaman, Saudita com RH também
em Casa Blanca, em Teerão. Depois do casamento o casal mudou-se para os EUA
fixando a sua residência em Austin, no Estado do Texas, onde passou a viver.
Alguns anos mais tarde Karaman e Hannah celebraram por escrito um documento, que
assinaram, onde acordaram que, em caso de divórcio, a lei aplicável seria a lei iraniana.
O casal, desavindo, separou-se judicialmente nos EUA - tendo sido aplicada a lei norte-
americana - e Hannah veio viver para Portugal com os dois filhos. Já em Portugal
Hannah propõe nos tribunais portugueses uma ação de divórcio contra o marido
invocando a aplicabilidade da lei portuguesa porquanto a lei iraniana não garante às
mulheres - caso sejam estas as proponentes da ação de divórcio - os mesmos direitos
que teriam caso fossem as demandadas.
Quid juris?
RESOLUÇÃO:
122
Direito Internacional Privado – OT e P
Elementos:
1. FACTO: OJ iraniano
2. SUJEITOS
a. Hannah
i. Nacionalidade – OJ turco
ii. RH – OJ marroquino
b. Rodolfo
i. Nacionalidade – OJ argentino
ii. RH – OJ marroquino
c. Autonomia da vontade: OJ iraniano
Temos uma relação jurídica privada, internacional, em que neste caso Portugal
é a lex fori e agora precisamos de saber qual a lei aplicável a este divórcio.
123
Direito Internacional Privado – OT e P
Estando os 3 âmbitos verificados, vamos então aplicar este Regulamento de
Cooperação Reforçada, cuja regra é a autonomia da vontade, que de facto os cônjuges
exerceram e, portanto, vamos determinar a lei aplicável nos termos do artigo 5º,
desde que a escolha de lei no caso concreto, apesar da autonomia da vontade ter sido
exercida como princípio desta matéria, é apesar de tudo limitada pelo princípio da
maior ligação individual ou na sua impossibilidade, pelo princípio da maior efetividade.
Eles exerceram de facto a autonomia de lei, eles escolherem a lei, mas esta
escolha de lei só é possível se estiverem cumpridos os requisitos de escolha, ou as
conexões para cumprimento destes princípios do artigo 5º.
Agora a questão que se coloca é, se a lei que eles escolheram era uma das leis
que eles podiam ter optado, nos termos do artigo 5º. A lei que eles escolheram era a
RH dos cônjuges, era a lei da última RH dos cônjuges, desde que um deles ainda viva lá,
era a nacionalidade de algum dos cônjuges, ou é a lei do foro. A Hannah tem razão, no
sentido de que não se aplicará neste caso concreto a lei iraniana em matéria de
divórcio, não tem razão é quanto aos fundamentos. Apesar de que a escolha de lei,
substancial ou formal é válida, ela não atinge os requisitos do artigo 5º, pelo que não é
possível escolher a autonomia da vontade como conexão regra.
Se fosse possível escolher esta lei, de facto ela teria razão em toda a extensão
daquilo que diria, no sentido em que eles poderiam ter escolhido esta lei, mas se esta
lei discrimina as mulheres por o serem, no âmbito do divorcio, nos termos do artigo
10º, temos um afloramento especial, daquilo que mais uma vez, seria resolvido pela
ordem pública internacional, que é de facto aqui uma discriminação quanto ao género
o que imediatamente afastaria a aplicabilidade da lei iraniana, e de facto se aplicaria a
lei do foro.
O artigo 10º fala de 2 causas que afastam a aplicabilidade da lei, que é a falta
de previsão da possibilidade de os cônjuges tenderem o casamento (?), ou seja, a falta
de possibilidade do exercício do direito ao divórcio, ou então qualquer forma de
discriminação em razão do sexo.
Isto não significa que não afaste essa lei, por qualquer outro motivo da ordem
internacional. Imaginemos que há uma discriminação em razão da orientação social,
de facto não conseguimos utilizar o artigo 10º, porque temos uma discriminação que
não é em razão da orientação sexual, mas para isso temos a cláusula geral de ordem
pública internacional.
124
Direito Internacional Privado – OT e P
mais nada, só temos de dizer que há esta discriminação, esta inexistência ou
impossibilidade de exercício de direito. No artigo 12º, não obstante o que temos de
justificar é o princípio informador para justificar a aplicabilidade de ordem pública no
caso, mas, notem, afastamos seja num campo como no outro, a aplicabilidade da
ordem jurídica no caso concreto.
Ela tem razão, não se aplica a ordem jurídica iraniana, não obstante o
fundamento é que está errado.
Para não acontecer uma situação que é os institutos jurídicos podem não ser
exatamente iguais. Nós temos uma extinção total de todos os efeitos e depois a única
coisa que há é a alteração do estado civil, mas, notem, pode haver situações em que os
regimes jurídicos não sejam, exatamente, iguais e sobrem algum tipo de efeitos para
serem resolvidos na ação subsequente se ela vier a existir.
O legislador tem a grande preocupação de aplicar a mesma lei, para que não
haja situações me que aplicando leis diferentes, haja duas leis em momentos
diferentes a tratarem a mesma coisa, porque teríamos um problema de caso julgado
ou o contrário, que é, não temos problema nenhum de caso julgado, mas em que
ficam depois por resolver, porque a separação não resolveu e agora o divórcio também
não vai resolver com a aplicabilidade de lei nova.
Agora, a questão que aqui se coloca é, no caso concreto temos uma ação de
divórcio, se isto acontecer no exame a professora diz expressamente que é um caso de
conversão de separação em divórcio.
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Direito Internacional Privado – OT e P
Aquilo que vamos apreciar neste caso é a conjugação do artigo 9º com o artigo
8º, ou seja, se olharmos para o artigo 9º e, notem, quer o 8º, quer o 9º, tem como
conexão regra a autonomia da vontade. Quer para uma coisa, quer para outra, o artigo
9º também um artigo com conexões supletivas, isto porque os cônjuges podem
determinar a lei aplicável não só para o divórcio como para a separação judicial, como
podem escolher lei diferentes.
Portanto, vamos ver a conjugação do artigo 9º para o artigo 8º. O artigo 9º,
sobretudo o nº2 ajuda na resposta. O nº1 é muito claro e não tem grandes
especificidades. Agora o nosso problema é, como é que se escolheu a lei para a
separação judicial, se foi nos termos do Regulamento, ou seja, lá qual for. Se
interpretarmos, o nº2 do artigo 9º também ajuda.
Aquilo que o 9º/2 diz é se nos termos do nº1, a lei aplicável não prevê a
conversão da separação em divórcio, então aplicamos as regras do artigo 8º. Isto
significa, desde logo, que primeiro se houver uma situação de conexões supletivas e
tivermos o caso de separação para ser convertida em divórcio, a conexão regra não é a
do artigo 8º, é do 9º.
Ou seja, não temos de verificar os requisitos do artigo 8º para determinar a lei
aplicável ao divórcio. Se por acaso aplicarmos o regulamento para a separação judicial,
imaginemos que aplicamos a alínea b) do artigo 8º, significa que independentemente
do tempo que foi volvido desde a separação, desde o momento em que eles tiverem
tido a última RH comum, desde se a pessoa ainda habita lá ou não, aplica-se sempre a
mesma lei.
Em caso de a separação ser convertida em divórcio, a conexão regra é do 9º/1 e
não do artigo 8º, se precisarmos de ver os requisitos do artigo 8º, o mais provável é, se
aplicaram o Regulamento, que as conexões já não signifiquem ? divórcio, mas devem ?
verificar a separação judicial. Portanto, a lei do nº1 do artigo 9º, é aquela que foi
aplicada à separação, independentemente, de ela ter sido escolhida pelo Regulamento
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Direito Internacional Privado – OT e P
se se verificarem ou não os requisitos do artigo 8º à data do divórcio. Esta é a primeira
conclusão.
Isto significa que das duas uma, se neste caso concreto, tivermos uma situação
de conversão da separação judicial em divórcio, então a lei aplicável foi exatamente a
mesma que foi aplicada pelo tribunal norte americano para a separação judicial.
Se for uma questão de conversão o assunto fica resolvido nos termos do artigo
9º, ou seja, a lei que o tribunal norte americano aplicou para a separação judicial é a lei
que agora vai ser aplicada em Portugal para resolver o divórcio.
Notem, nem sequer temos o problema de ordenamentos jurídicos
plurilegislativos porque essa questão já foi resolvida pelo Tribunal do Estado do Texas
quando determinou se aplicava a lei federal ou a lei em vigor no Estado do Texas para
determinar a separação inicial.
Portanto, aquela forma aplicada, seja ela qual for é aquela que se aplica no
caso concreto.
Se fosse uma conexão do facto, a lei aplicável seria a lei em vigor no Estado do
Texas, seja ela qual for.
Não sendo uma situação de conversão, ou então admitam a outra hipótese nos
termos do nº2 , o OJ norte americano não prevê a situação da conversão em divórcio,
aí sim iríamos para o artigo 8º determinar o que é aplicável a este divórcio. Se
aplicamos o artigo 8º já estamos a aplicar estas conexões ao momento da questão
controvertida que é o divórcio.
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RH dos cônjuges à data da instauração do processo em tribunal, eles têm RH?
Não. A lei da última RH dos cônjuges, aqui é um bocadinho diferente da conexão da
autonomia da vontade porque se ela não for comum, para além de um deles ter que lá
estar, ela não pode ter deixado de ser comum há mais de um ano. O caso prático aqui
não é claro.
18.12.2023 (P)
Caso prático
Sarah, com dupla nacionalidade, cidadã do Mali e Francesa, com residência habitual
em Wellington, na Nova Zelândia, faleceu subitamente na sua casa de férias em Lyon,
França, em setembro de 2022. Para efeitos académicos, admita se pretende decidir em
Portugal a sucessão de Sarah:
b) O DIP do Mali considera competente, para a matéria em apreço nos autos, a lei da
nacionalidade do de cujus sendo que, em caso de dupla nacionalidade, e sendo uma
delas a do Mali, só esta releva;
d) O DIP Neozelandês considera competente, para a matéria em apreço nos autos, a lei
do lugar do óbito e adota um sistema de devolução dupla;
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Portugal é a lex fori, vamos aplicar o regulamento das sucessões, par aplicar o
regulamento das sucessões temos de ter os 3 âmbitos de aplicação: 1º âmbito
material, artigo 1º o regulamento aplica-se a toda a matéria relativa a sucessões por
morte que não suscitem questões de natureza de direito publico (fiscal, administrativa
e aduaneira) que é o caso, o âmbito material está verificado. A não ser que a questão
sucessória que se suscite seja uma das que está no nº2 (sucessão em geral e destinos
dos bens).
É certo que ela vive ocasionalmente em França, onde passa as ferias, mas não é
suficiente para afastar. Considera-se competente a lei da Nova Zelândia, nos termos do
artigo 21º nº1 do Regulamento de Roma I.
No caso concreto não é possível concluir, se se vai aplicar o direito material da
NZ, por quando o regulamento admite exceções e temos de ver se esta situação é uma
dessas. O reenvio está previsto no artigo 34º, lemos este artigo do fim para o princípio.
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O OJ da Nova Zelândia, considera competente a lei do lugar do óbito, ou seja,
considera competente L3 que é o OJ Francês, onde ocorreu o facto. L2 transmite a
competência para outro EM. Se for para um EM nos termos da alínea a), o EM aceita e
a questão fica resolvida. Nos termos da alínea a), se L2 transmitir a competência para
L3 e L3 for um EM, aceitamos o reenvio, ou seja, no caso concreto vamos aplicar a
solução jurídica Francesa.
Caso prático:
Viviane, Alemã e com residência habitual em Pretória, na África do Sul, faleceu vítima
de doença súbita no Hospital Pedro Hispano, quando se deslocou a Portugal em 2022
para visitar a sua única filha, Carlota, com múltipla nacionalidade, portuguesa, Alemã e
Equatoriana (esta última por o seu pai ser natural de Quito) e com residência em
Matosinhos. Aquando do seu falecimento Viviane que não deixou testamento - era
proprietária de um imóvel no Québec, Canadá e, para além de outros bens, era
também proprietária de uma valiosa coleção de obras de arte, incluindo um quadro de
Paula Rego e que exibia em sua casa. Admita que:
Resolução:
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Questão Controvertida: sucessão mortis causa
Agora temos que ver se se verifica os requisitos do artigo 34º nº1, será
admissível o reenvio se o estado terceiro, ou seja L2, ou de duas uma, devolve e
transmite este caso de competência para o EM, L3 não é um estado membro por isso
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não é a alínea a), transmite a competência para um estado terceiro e este considera-se
competente, que é o caso, ou seja, para os bens imoveis, nos termos do regulamento,
apesar de ser competente a lei da RH, vamos aplicar o OJ canadiano.
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