Você está na página 1de 29

Direito Internacional Privado

Aulas práti cas

Aula 1 – 22/09/22

Objeto: situações jurídicas privadas internacionais ou transnacionais; situações


plurilocalizadas.

Função: regulação destas situações jurídicas internacionais.

São este objeto e função que permitem caracterizar o DIPrivado. Estas situações é que vão
desencadear a aplicação deste direito.

DIPrivado só é chamado a intervir se estivermos a uma situação internacional, pois em


questões internas não intervém. Este direito é aplicado em situações privadas internacionais.

Por um lado temos direito de conflitos e por outro o direito material a aplicar.

Perante uma situação privada internacional vamos ter, logo a partida, três questões:

 Determinar qual o órgão competente para resolver a situação privada em questão.


Determinação da jurisdição competente.
Nem sempre quando falamos em órgão competente é o tribunal, poderá ser outro.
Art.62º do CPC (fatores de atribuição da competência internacional).
 Determinar qual a lei competente ou o direito competente. É nesta determinação de
qual o direito competente ou lei para resolução do caso que entram as chamadas
normas de conflito. São estas normas que vão ajudar a determinar qual a lei
competente para resolver o caso. Art.25º e ss CPC(ou CC?).
 Questão da eficácia das decisões proferidos no estrangeiro. Aqui temos o direito do
reconhecimento – normas de reconhecimento é que vão dar a resposta.

Os interesses subjacentes ao direito de competência internacional, direito de conflitos e de


reconhecimentos são completamente diferentes – isto porque uma norma de conflitos (qual o
direito aplicável1) tem interesses subjacentes aos outros.

O juiz tem que determinar qual o direito material a aplicar e qual o aplicado.

Excecionalmente podemos ter a atribuição da competência internacional a um determinado


órgão estar na dependência da atribuição da competência ao direito desse mesmo estado. A
competência do direito ser posta na dependência da atribuição da competência internacional.
São situações excecionais porque podem ser situações que não trazem harmonia
internacional. – art.62º c) CPC prevê este critério de atribuição de competência a um tribunal
pt. Atribui certa dependência entre o ius e o fórum?

Código da Insolvência – atribui competência ao direito material PT por o tribunal PT ser


competente. Indica os 3 passos: órgão competente PT; se o é, a lei competente a aplicar é o
direito material PT; decisão proferida no estrangeiro não tem eficácia.

 O direito de conflitos é um setor do DIPrivado. O DIPrivado é muito mais amplo que


esse direito de conflitos.

1
Direito material – aquele que é aplicado
Direito de conflitos – aquele que nos diz qual a norma a aplicar no caso
Naturalmente sendo um setor, vai partilhar características com o DIP, nomeadamente
o objeto e a função.
O QUE PERMITE DISTINGUIR? O direito de conflitos, apesar de ter objeto e função
iguais ao DIP, essa regularização é feita através do direito competente. Este permite-
nos, para regularizar aquela situação, faze-lo através da determinação do direito
competente.

Situações privadas internacionais – a noção desta vai variar de setor para setor de DIP. É uma
situação que tem contactos juridicamente relevantes (contactos de facto não interessam) com
mais de um estado soberano.

Também podemos ter um problema de direito aplicável que se coloca apenas dentro do
mesmo estado. Há situações que são internas num estado, mas que vão sugerir problemas de
aplicação de lei material internacional. Ex: EUA tem um único estado soberano, mas tem vários
ordenamentos jurídicos. Se cidadão de nova Iorque quer casar com uma do Texas, o oficial
terá que perceber qual a lei a aplicar por estarmos na presença de vários ordenamentos
jurídicos. Para determinar qual será terá que saber se aplica a de NY ou Texas ou Califórnia que
é onde vão casar – SITUAÇÃO MERAMENTE INTERNA. É interna porque só há um estado
soberano. É ainda plurilocalizada, que coloca um conflito de leis. Haverá um direito de
conflitos mas não será maioritariamente relevante – direito de conflitos interlocal (conflitos de
leis que são internos). Nestes é necessário ainda haver relevância jurídica, não de factos.

Art.20º - ordenamentos jurídicos plurilegislativos.

Aula 2 – 26/09/2022

Lei do foro – foro é onde a situação se coloca (jurisdição de competência); o direito material é
o que vai resolver a situação

Norma de conflito – é a que determina qual o direito material competente através de um


elemento de conexão.

Situações plurilocalizadas – onde haja contacto com varias ordens jurídicas ter atenção à
situação de EUA pois é situação interna já que é o mesmo estado… TEM QUE SER MAIS DE UM
ESTADO SOBERANO

Contacto juridicamente relevante – não pode ser de facto; tem que haver uma ligação
internacional que não seja fáctica, tem que ter contacto jurídico. Este contacto juridicamente
relevante deriva dde matéria para matéria – para uma mateira pode ser de DIPrivado e para
outra ser interna. Ex: aluno de Erasmus compra em pt um livro – questão da nacionalidade
torna o contrato internacional? É uma questão puramente interna: não há apenas um critério
que nos permita aferir a internacionalidade de um contrato, mas não temos que convocar o
direito de conflitos.

Como estabelecer que um contacto é juridicamente relevante? – vamos buscar o critério de


internacionalidade relevante às normas de conflito.

Temos que analisar os elementos de conexão – avaliando as normas de conflito teremos que
ver se o critério desse elemento está presente. O critério da norma de conexão é apurado
através do elemento.
Elementos de conexão: residência, lugar de celebração… nunca é a nacionalidade no caso de
obrigações. Os elementos de conexão mudam consoante a matéria – ex direito da família já
abrange a nacionalidade.

Método de regulação direta – trata da situação como se fosse meramente interna. Tras uma
situação de desarmonia internacional – pois a lei competente, dependendo do foro, será
completamente diferente. Independente do foro, o individuo terá a mesma solução.

Para haver harmonia jurídica teremos que aplicar sempre o mesmo direito
independentemente do estado de foro. A regulação de conflitos do dip deve responder a
diversos princípios. Na sua base devem estar esses princípios que fazem a devida harmonia.

No método jurisdicionalista tbm aplicamos o direito interno, mesmo que seja situação de DIP,
pois aferimos qual a jurisdição competente. O único elemento que encontramos de distinção
face ao método material comum é que neste há uma noção ainda da internacionalidade das
questões. Contudo não deixa de ser uma regulação direta.

Aula 3 – 29/09/2022
Aula 4 – 03/10/2022

Resolução caso 4:

Acórdão Micheletti – solução é essa.

Quando temos o DUE, temos o primado em todos os estados membros. O acórdão foi uma das
primeiras manifestações da existência do direito comunitário. O elemento de conexão poderá
ter um conteúdo múltiplo?

A lei de conflitos PT (28º LN) estabelece, pelo critério da proximidade com o EM, considera a
nacionalidade argentina.

Em caso de dupla nacionalidade, em que uma das nacionalidades seja dos EM, deve dar-se
prevalência À nacionalidade desse EM, por prevalecer a ideia do direito comunitário.

O DUE influencia as normas de conflito das diversas OJ – se não houvesse esta influencia,
punha-se em causa o principio da harmonia jurídica internacional, e a solução seria diferente
em cada OJ.

Problema da aplicação da nacionalidade não efetiva: se aplicamos a lei de uma nacionalidade


com a qual o cidadão não tem qualquer conexão, no limite estamos a aplicar este tipo de
nacionalidade.

Se estivermos numa matéria que não é abrangida pelas liberdades garantidas pelo DUE,
aplicaríamos a mesma doutrina? LP – por uma questão de coerência e segurança jurídica há
que aplicar sempre, independente de estarmos em matérias de liberdades, a nacionalidade do
EM da UE. Quando o professor fala em situações incoerentes e contraditórias estamos a falar
da ideia de a resposta mudar de OJ para OJ. Acontece que ao mesmo cidadão com dupla
cidadão, no mesmo pais, consoante a matéria em causa ia prevalecer uma ou outra
nacionalidade.

DMV – estender a doutrina a casos como estes, vai-nos conduzir a primazia da nacionalidade
dos EM que viola o principio da nacionalidade efetiva do 28º LN – permite-se que se de
primazia a uma nacionalidade que nem conexão existe.

A definição da cidadania é definida por cada EM.

Resolução caso 5:

Reconhecimento mutuo: vertente positiva (ter de reconhecer o que outro EM determina) e


negativa (EM tem que se abster de determinar as suas normas). O reconhecimento mutuo
traduz-se na ideia de reconhecer num EM a legislação de outros (21º TFUE).

Resolução caso 6:

28º/1 CC – norma de conflitos unilateral: não há lugar à aplicação do Dto material estrangeiro.

A norma de conflito PT cedia perante o art.13º RR I. As normas de conflito do CC são bilaterais,


pelo que têm aplicação do dto material interno e estrangeiro, com exceção do 28º.
As normas do RR I são bilaterais, pelo que podem conduzir a aplicação estrangeira ou do dto
material do foro.

28º é um desvio de aplicação à lei pessoal, pelo que derroga o 25º, de forma proteger um NJ
celebrado

28º/3 – VER PRÓXIMA AULA

Aula 5 – 06/10/2022

Subhipotese caso 6

As normas de conflito bilaterais chamam a aplicação do direito material do foro e estrangeiro.

O 28º/3 bilateraliza o 28º/1 já que acrescenta à norma a possibilidade de aplicar o direito


estrangeiro.

Olhando para a suposta norma de conflitos 28º/1, a mesma seria unilateral já que aplica
sempre o direito de foro.

Normas unilaterais:

 Especial: 28 é especial porque está em especialidade com o art.25º. o 28º/3 é especial


ad hoc pq se refere apenas a uma norma ou a um conjunto especifico do direito
material.
 Geral: norma que aplica o conjunto de normas

No caso estaríamos perante uma lacuna da norma unilateral, teríamos que bilateralizar –
teríamos que converter a mesma em bilateral. Só se justifica se houver efetivamente uma
lacuna.

Quando temos uma norma de conflitos especial, muitas vezes não temos logo a solução de
bilateralizar – teremos que ver primeiro se não cabe na especial, se cabe na geral.

EX: 28º se não desse íamos para 25º.

Um dos pressupostos da bilateralização é a ideia de lacuna da norma unilateral geral.

No caso aplicávamos a lei da nacionalidade aos estrangeiros ou aos portugueses a lei pt.

Qualificação

Permite-nos responder à pergunta “qual é a regra de conflitos que vamos aplicar?”. Vai-nos
permitir o método para determinar com rigor qual será a regra de conflitos.

Conceito-quadro – previsão da norma de conflitos.

A primeira coisa a fazer é a qualificação – identificar a norma de conflitos.

Há 3 momentos que temos de atender:

 Interpretação do conceito-quadro – olhar para os conceitos utilizados na norma de


conflitos e interpretar. Teorias:
i. interpretação lege fori: conceitos das normas de conflito do foro são dados
pelas normas do foro – vamos buscar caracteres essenciais do conceito. O
problema é que o conceito tem que se autonomizar do direito de foro de
modo a poder ser aplicado a outras OJ.
Qualquer instituto jurídico estrangeiro, desde que cumpra os requisitos do
conceito pode ser reconduzido à norma de conflitos. O conceito estrangeiro
pode não corresponder totalmente ao nosso, mas desde que contenha o
essencial importa.
Tudo o que for instrumental ou acessório, não difere totalmente os conceitos.
Há uma abertura a OJ estrangeiras desde que não descaracterizem o conceito
da norma de conflitos.
 caracterização do objeto da qualificação – ou se entende que o objeto da qualificação
é normas materiais ou a própria situação jurídico-privada
 subsunção/qualificação em sentido estrito – se objeto qualificado pode ser
reconduzido ao conceito interpretado.

O ponto de partida é o caso, dai se partir da caracterização do objeto.

Caso 8, 9, 11

Aula 6 - 10/10/2022

Caso prático 8:

 Teoria da interpretação autónoma (Lima Pinheiro e Isabel Magalhães Collaço): a partir


do Direito material do foro, vamos retirar da sua análise notas para determinar o
conceito empregue pela norma de conflitos, mas tendo em conta as finalidades
prosseguidas pelo direito de conflitos. A interpretação das normas de conflitos de
fonte interna é ancorada no direito material do foro, mas autónoma.
 A questão suscita-se em Portugal, logo temos de averiguar o conceito de casamento
no direito interno português, nos termos do art 1577º CC, para sabermos qual a norma
de conflitos que aplicamos.
 Temos de fazer a caracterização do conceito quadro, porque a lei o determina no art
15º CC: competência atribuída pela norma de conflitos, as normas matérias (dessa
mesma lei) que integram o regime do instituto visado na regra de conflitos.
 Depois, quando autonomizamos, vamos ao direito material da nacionalidade
estrangeira (neste caso, francesa – art 171º CC francês) e percebemos se se pode
aplicar: isto é, ver se os elementos estrangeiros vão contra o conteúdo essencial do
conceito-quadro interno (à luz da lei francesa, o PR pode autorizar o casamento no
caso de falecimento do marido, desde que existam factos suficientes que provem
inequivocamente o consentimento do falecido). Ora, neste caso, seria essencial as
duas pessoas estarem vivas e haver um encontro de vontades (art 1577º CC),
portanto, não poderiam casar, uma vez que um dos nubentes está morto não sendo
subsumível ao conceito que é integrado pela norma de conflitos, art 49º CC.

Por exemplo: casamentos de poligamia. Vamos ao conceito essencial de casamento que


restringe a duas pessoas. Se entendermos que duas pessoas não é nota essencial de
casamento então, seria de admitir o casamento à luz da norma de conflitos.

Contudo, em Portugal, entende-se que é elemento essencial, pois o artigo refere “duas
pessoas” de forma literal.

Objeto de qualificação – divergência doutrinária:

- Há quem entenda que é a norma de conflitos: situações privadas internacionais


potencialmente aplicáveis (escola de Lisboa)
- Há quem entenda que são as normas materiais potencialmente aplicáveis (escola de
Coimbra).

Aula 7 – 13/10/2022

Caso 9

 Teoria da interpretação autónoma (Lima Pinheiro e Isabel Magalhães Collaço): a partir


do Direito material do foro, vamos retirar da sua análise notas para determinar o
conceito empregue pela norma de conflitos, mas tendo em conta as finalidades
prosseguidas pelo direito de conflitos
 A questão suscita-se em Portugal, pelo que temos de averiguar o conceito da
venda entre familiares no direito interno português, analisando os direitos
potencialmente aplicáveis (877º CC PT e 496º CC BR)
 Temos de fazer a caracterização do conceito quadro, porque a lei o determina no art
15º CC: competência atribuída pela norma de conflitos, as normas materiais (dessa
mesma lei) que integram o regime do instituto visado na regra de conflitos.
 Parece estarmos perante o âmbito de relações familiares, nomeadamente
entre pais e filhos, já que a norma parece adotar a ideia de proteção dos
membros familiares, no sentido de os mesmos também terem direitos sobre o
respetivo imóvel, e a ideia ainda de reforço do vínculo familiar entre pais
(neste caso está e questão a mãe fora da relação) e o outro filho – irá fazer-
nos olhar para a NC 57º CC.
 Depois, quando autonomizamos, vamos ao direito material da nacionalidade
estrangeira (neste caso, BR – art 496º CC BR) e percebemos se se pode aplicar: isto é,
ver se os elementos estrangeiros vão contra o conteúdo essencial do conceito-quadro
interno – no caso poderemos identificar que os elementos essenciais do conceito-
quadro estão preenchidos já que a norma visa também a ideia de proteção dos
membros familiares que se encontram fora da CV, pelo que a norma seria subsumível
ao art.57º CC pelo artigo 15º

ANÁLISE REENVIO: se analisarmos então o caso que se passa em PT, a NC 57º/1 manda aplicar
a lei nacional comum dos pais – estes não têm dupla nacionalidade já que a mãe tem dupla-
nacionalidade pelo 27º LN irá prevalecer a nacionalidade PT, pelo que pai é BR e mãe PT;
também não têm residência comum, pelo que se aplica a lei pessoal do filho 25º+31º que é a
BR.

Pergunta-se: quando a norma de conflitos remete para uma lei estrangeira, estará a mesma a
remeter apenas para o âmbito de direito material da mesma ou, antes, para todo o seu
sistema jurídico? Se BR adota referencia material – a remissão feita por lei estrangeira apenas
abrange o direito material, pelo que só iremos aplicar o 496º CC BR ignorando as normas de
conflito.

Caracterização do objeto de qualificação:

 Ou resolvemos partindo da norma de conflitos e fazemos a caracterização depois das


normas – 15º objeto de qualificação tanto poderá ser das normas materiais como de
conflitos
 1º olhamos para as normas potencialmente aplicáveis para fazer a caracterização para
sabermos se são aplicáveis no caso – 15º obriga a essa caracterização: através desta
caracterização integramos nas normas – se a norma não integrar o instituto da OJ não
pode ser aplicável

EX: 46º - direitos reais. As normas materiais do âmbito desse OJ, se não estiverem integradas
no âmbito de direitos reais, não poderemos aplicar esse mesmo pelo 15º - determinar a regra
de conflitos a utilizar.

EX2: sr francês morre sem testamento e herdeiros e a situação ocorre em PT. Seria 62º que
remetia para franca, normas francesas não têm conteúdo sucessório, mas direitos reais – em
frança, o estado não é sucessor, o estado tem direito a ma espécie de ocupação dos bens. Se
aplicarmos o 62º que remete para frança, quando analisarmos as normas francesas, pelo 15º,
verificamos que a função e conteúdo não se integra na NC. Agora teríamos que aplicar o 46º
das NC para aplicarmos a lei francesa em conjunção com o 15º que já conseguiríamos
subsumir esse OJ à norma de conflito.

1. Identificar norma material potencialmente aplicável, identificar o conteúdo dessa


mesma, e através desse adotar à NC do direito PT.
2. Caracterizar essas mesmas normas – lege causa: caracterizar estas normas nos termos
do 15º atendendo ao conteúdo e função que estas normas têm no OJ respetivo.
3. Regressamos ao direito PT e identificar a NC potencialmente aplicáveis – interpretar o
conceito quadro.
4. Subsunção: ver se a norma cabe ou não cabe na previsão da regra de conflitos que nos
interpretamos. E de seguida ver para onde remete a regra de conflitos.

17/10/2022

Caso 11:

1. Identificar norma material potencialmente aplicável, identificar o conteúdo dessa


mesma, e através desse adotar à NC do direito PT.
 Direito material PT: 1699º/2; o âmbito do conteúdo desta norma seria relativo
a sucessões pelo que iria remeter para o 62º CC
 Direito material BR: não tem nenhuma norma parecida ao 1699º/2, pelo que
tutela a situação como regime de bens 7º nr4 Lei de Introdução às normas do
Dto BR que remetia para o dto PT – NC 53º CC -> NÃO OLHAVAMOS PARA A
NC: 16º faria olhar apenas para o direito material PT;
2. Caracterizar essas mesmas normas – lege causa: caracterizar estas normas nos termos
do 15º atendendo ao conteúdo e função que estas normas têm no OJ respetivo.
 No caso PT, o 1699º/2 tem um âmbito sucessório já que tem como finalidade a
proteção da herança e da situação sucessória dos filhos, o que, pelo 15º
apresenta o mesmo conteúdo e função que o 62º CC.´
 No caso BR, visto que não existe nenhuma norma idêntica ao 1699º/2 e a
escolha do regime legal de bens seria permitida, o âmbito é de regime de bens
tendo como finalidade a escolha livre dos nubentes do regime, o que, pelo 15º
enquadra-se no 53º CC – o 10º BR estabelece que esta questão não se
enquadra em situações de sucessões
3. Regressamos ao direito PT e identificar a NC potencialmente aplicáveis – interpretar o
conceito quadro.
 proteção da herança e da situação sucessória dos filhos, o que, pelo 15º
apresenta o mesmo conteúdo e função que o 62º CC
 como finalidade a escolha livre dos nubentes do regime, o que, pelo 15º
enquadra-se no 53º CC
4. Subsunção: ver se a norma cabe ou não cabe na previsão da regra de conflitos que nos
interpretamos. E de seguida ver para onde remete a regra de conflitos.
 A norma cabe na previsão do 62º - esta manda aplicar a lei pessoal do autor
(25º + 31º + 27º LN) que seria a PT, correspondendo ao dto material
inicialmente indicado – casamento não era permitido
 O direito material BR cabe na previsão do 53º - este manda atender à
residência em comum dos nubentes, que seria PT – este não é o direito
material que identificamos inicialmente; o direito material PT pelo 1699º/2
proibia o casamento e a norma nem corresponderia ao conteúdo do 53º pelo
que seria uma tentativa falhada
7º nº4 lei de introdução às normas do dto BR – lei PT + 16º manda ver lei
material PT

Subhipotese:

Se a situação se passasse em 2019 poderíamos aplicar o Regulamento nº650/2012 que regula


as situações sucessórias. O artigo 12º permite mesmo que se aplique o regulamento em caso
de conflito de regime de bens, desde que haja uma ligação do mesmo à questão sucessória – o
1699º/2 parece mesmo enquadrar as duas matérias.

Só se aplica a nacionais de EM – 62º CC manda aplicar lei pessoal – 25º + 31º - 27º LN – seria a
PT pelo que se poderia aplicar o regulamento.

O 27º indica que se aplique o direito interno; o 37º considera “deverão ser introduzidas
normas harmonizadas de conflitos de leis para evitar resultados contraditórios. A regra
principal deverá assegurar previsibilidade no que se refere à lei aplicável com a qual a sucessão
apresente uma conexão estreita” – que seria o direito material PT.

Conflitos de qualificação

 Tanto em caso positivo de conflito como em caso negativo. Há situações em que pode
haver normas de conflitos que remetam para várias ordens jurídicas e há casos em que
a norma não envolve nenhuma.

Elemento de conexão

Há vários elementos:

 Jurídicos
 Fácticos

Temos que recorrer a normas jurídicas para saber o que significam estes elementos de
conexão. Temos de saber a que normas jurídicas recorremos: do foro ou estrangeiras.

A resposta a esta questão depende sempre da questão que resolvemos em função do


elemento de conexão. Quando são jurídicos:
 Interpretação – definir qual o elemento de conexão presente. Determinar quais as
regras e princípios jurídicos que devemos atender.
 Concretização – determinação do laço em que se traduz o elemento de conexão. A
concretização de elementos de conexão a que se reportam um vinculo jurídico faz-se
por meio da lege causae – vamos as ordens jurídicas em contacto com a situação e
pergunta-se a cada uma delas o que significa.
- a nível de nacionalidade PT considera que é o vinculo jurídico entre uma pessoa e um
estado.

20/10/2022

Conexão singular simples: ex de 46º

Caso prático 14:

Problema de concretização do elemento de conexão, 46º estabelece lugar da coisa. Há falta de


conteúdo do elemento de conexão, há problema de falta de dados.

É diferente com a impossibilidade do 23º/2 1ª parte: tem que haver uma lei subsidiariamente
competente que nos termos do 46º não existe. O 23º diz-nos que na impossibilidade de
averiguar a lei estrangeira, temos que ter a lei subsidiariamente competente, o que no caso
não tínhamos.

Sempre que não for possível determinar o conteúdo do elemento de conexão. O caso não
estava previsto no artigo 23º/2 1º parte.

No caso temos que recorrer ao artigo 348º/3 – não havia no caso a ideia de lei subsidiaria.

REENVIO

não há reenvio se não houverem dois pressupostos:

 A remissão tem que remeter para um OJ estrangeiro


 É necessário que este OJ estrangeiro seja competente ou remeta para outra lei ou
devolva para a lei do foro

Transmissão de competência: reenvio de 2º grau em que o direito de conflitos estrangeiro


remete para a solução para outro ordenamento estrangeiro

Retorno direto: quando L2 remete para L3, com referencia global, e L3 devolve para o direito
do foro L1

Teses:

 Referencia material: L1 se remete para L2 é apenas para as normas de direito material


Criticas: é nestes dois OJ que se pratica a referencia material para não haver harmonia
jurídica. Este sistema nunca assegura harmonia jurídica
 Referencia global: L1 não remete apenas para normas materiais de L2, temos que
atender as normas de reenvio e conflitos

Devoluções:

 Simples: L1 remete para L2 e L2 não remete para L1. Se L1 adotar esta é uma
referencia que vai atender a todas as normas do DIP de L2. Do ponto de vista de L1
temos que atender ao ordenamento do L2.
No sistema de devolução simples, L1 remete para L2 e em L2 não nos interessa saber
qual o sistema de reenvio de L2, so atendemos as normas de conflitos. E depois
aplicamos as normas de conflito de L2 e vemos para onde remete.
 Dupla: temos que atender ao que L2 nos diz em matéria de reenvio – temos de aplicar
normas de reenvio e de conflito.
L1 remete para L2, e imaginamos que L1 tem sistema de dupla devolução e na L2 tem
devolução simples: a L2 remete para L4. Temos que olhar sempre para o sistema que
vem a seguir e dai começar do 0.
Proporciona harmonia desde que haja um OJ que permita parar.

17º/1 – não é remeter, é aplicar. Só se pode aplicar em caso de transmissão de competências.

18º - só se aplica a casos de retorno, seja direto ou indireto.

Esquema com elementos de conexão. Dentro de cada OJ qual o sistema presente, e depois L1,
L2 etc.

24/10/2022

Caso 17

Art.17º/1; L1 aplica L4 e L2 aplica L4

No paraguai tem-se sistema de devolução simples, remetendo para L3, onde vamos ver
normas e conflito que remetem para L4 e fazemos uma referencia material fictícia.

17º/1 tem dois pressupostos:

 DIP de L2 tem que aplicar outra legislação


 Esta outra legislação tem que se considerar competente

Sempre que aplicamos o nr1 temos que ver o nr2:

 Lei pessoal
 Reside em PT ou em pais cujas normas de conflito considerem competentes as normas
do Estado da nacionalidade – no caso se frança considerar competente o direito
interno do estado argentino. No caso não considera! As normas de conflito francesas
remetem para o direito material de frança – isto pq criamos uma situação fictícia
material

SUB hipótese:

Ambitos regulamento sucessões:

 Âmbitos material – 1º/1


 Âmbito espacial – 7º so se aplica a EM que se vinculam; não se aplicam a todos os EM
– se esses não se vincularam, esses não estão vinculados.

NC 21º e ss do regulamento: não aplicamos nenhuma da OJ PT. Remete para antiga residência
– seria França.

34º regulamento:
 Para que haja reenvio essa norma seja de um Estado terceiro – estado não vinculado
pelo regulamento. Só há reenvio para um estado não vinculado. França é um estado
vinculado pelo que não há reenvio, há referencia material 21º/1

27/10/2022

Só aplicamos o 17º/3 quando analisamos os pressupostos do 17º/2 – este é uma exceção ao


17º/1 e o 17º/3 é uma exceção ao 17º/2.

Requisitos 17º/3:

 Primeiro requisitos é ter que analisar o 17º/1 e 17º/2


 A L2 tem que ser lei da nacionalidade
 Temos que ter as matérias lá previstas
 A L2 tem que devolver a situação para OJ do lugar da coisa;
 L3 tem que se considerar competente

Resolução caso 20

Quando estamos numa situação de transmissão de competências uma situação de retorno


aplicamos o 18º.

Se DIP da L2 remeter p PT é este o aplicável materialmente.

18º/1 quando não há matéria dd estatuto pessoal. Quando essa matéria está presente é
necessário obrigatoriamente aplicar o 18º/2: ou tem residência em territorial PT ou a lei do
pais da residência habitual considera PT competente.

Se não houver reenvio, aplicava-se o 16º.

FERRER CORREIA – considera que da leitura do 18º/1, não exige que todos os ordenamentos
jurídicos que estão envolvidos no circuito devolvam para a Lei PT.

Resolução caso 21

Como há informação relativamente a normas materiais temos os elementos p qualificar: as


normas materiais que temos são as PT, Inglesas e BR:

 Caracterização das normas: o resultado seria igual já que ia dar tudo ao 62º, não havia
divergência

Esse remete para lei da nacionalidade – L1 remete para L2 (lei inglesa) essa que remete para L3
(BR) essa que se vai considerar diretamente competente.

Dupla devolução em L2 e referencia material em L3 – artigo 19º/1 no caso teríamos que


simular a aplicação do 16º. Tem em consideração as soluções materiais que os vários OJ em
presença oferecem. Temos sempre que acrescentar a informação dada pelas soluções
materiais

19º/2 lei estrangeira designada pelos interessados.

17º/1 L2 remeta para outra lei e essa seja competente. Por força deste aplicava-se a L3. Sendo
o ato inválido, vamos ao 19º/1 cessa o reenvio e vamos para o 16º que seria competente a
inglesa. por força do reenvio aplicávamos a L3, mas o 19º/1 faz-nos voltar à referencia
material.
19º/1 – DÁRIO MOURA VICENTE entende que não está apenas a questão da validade, haveria
outra finalidade.

FERRER CORREIA faz uma espécie de diminuição da interpretação, apenas para negócios que já
foram feitos. É mais do que a validade do negocio – é a garantia da tutela da confiança num
momento em que se esta a celebrar um NJ, por isso se sustenta que o 19º/1 não tem aplicação
em NJ ou em situações a celebrar ou celebrados em PT ou estangeiro quando não havia um
contacto relevante com a OJ PT.

No caso, no momento da celebração do testamento não havia nenhum contacto com PT.
Necessário haver elemento de conexão.

31/10/2022

Caso 15

Estamos perante um problema plurilocalizado, na medida em que E é cidadão americano,


residente em PT, e pretende casar em Braga com T, que é cidadã portuguesa. A situação tem
contacto com mais de uma OJ sendo objeto de DIP.

Quanto a T, a mesma é cidadã portuguesa e reside em PT, pelo que a sua capacidade
matrimonial é regulada pela lei PT (art.49º + 25º + 31º/1).

Quanto a E já temos um problema de remissão para ordem jurídica complexa já que estão
preenchido os 3 pressupostos para se estar numa situação de OJ complexo: necessidade da
remissão para vários sistemas jurídicos; estes sistemas devem dar soluções materiais distintas;
e a norma de conflitos tem de remeter para sistema jurídico complexo.

Sendo que se trata de capacidade matrimonial, aplicamos o 49º CC + 25º + 31º/1 que remete
para a OJ EUA, essa que representa um sistema plurilegislativo, na medida em que vigoram,
simultaneamente, leis federais (aplicáveis por isso de igual forma a todos os Estados) e leis
estaduais (sendo estas diferentes consoante o Estado em questão), pelo que temos de aplicar
o artigo 20º CC:

 Não aplicamos o nr1 desse artigo já que o mesmo manda aplicar o direito interno de
um estado que tenha um direito interlocal unificado, pelo que no caso é nos indicado
que não existe nos EUA;
 O nr2 tem duas partes: a primeira parte indica que recorremos ao DIP do Estado e no
caso indica que não há; a segunda parte manda-nos aplicar a lei da residência habitual,
esta que tem discussão doutrinária:
i. Entende-se que se aplica a lei da residência habitual mesmo que esta se situe
fora do Estado da nacionalidade. No caso, onde quer que se passasse a
situação, a legislação PT seria competente por E ter residência em PT (Escola
de Coimbra);
ii. Entende-se que só releva a residência habitual dentro do Estado da
nacionalidade, sendo a função do 20º/2 in fine a de indicar o sistema aplicável
de entre os que integram o ordenamento complexo – como a norma não
indica, surge uma lacuna que tem de ser resolvida pelo principio da conexão
mais estreita (Escola de lisboa; Isabel Collaço; LP). No caso, se atendermos a
este entendimento, pelo principio da conexão mais estreita, seria de
considerar a Califórnia, já que E é americano e teve já residência neste estado.
iii. DMV: a parte final do 20º/2 deve ser alvo de uma redução teleológica e não de
uma interpretação restritiva, pois o professor entende que tem de se restringir
a remissão feita para a lei da residência habitual aos casos em que o
interessado tem a sua residência habitual dentro do OJ complexo – no caso só
se E residisse nos EUA é que podíamos adotar esta tese.
No caso, parece assim, haver a devida lacuna falada na doutrina adotada pela Escola
de Lisboa, pelo que temos de atender ao principio da conexão mais estreita para
resolver a mesma – California parece ser o OJ com o qual E tem mais conexão, pelo
que a capacidade matrimonial deve ser analisada conforme a lei desta.

31/10/2022

Caso reenvio doc.

Regulamento sucessões:

 Norma de conflito primaria 22


 Se não se preencher é o 21º -
 36º/2 a) se for ordenamento jurídico complexo – remissão é feita diretamente para OJ
local.

NOTA: quando a situação se divide em mais de um OJ e há uma remissão para os dois, temos
que fazer caminhos diferentes para os dois.

Para haver reenvio no 34º é necessário que a remissão feita pela NC do regulamento tem que
ser para um Estado terceiro; e é necessário que aconteça: a) necessário que a lei desse estado
terceiro remeta para a lei de um EM; b) a lei desse estado terceiro remeta para a lei de outro
estado terceiro e este se considere competente.

O que pretendemos saber é se a remissão for feita e houver reenvio, há referencia global.

A aplicação da alínea a) pode ser duvidosa:

 A doutrina estrangeira diz-nos que num caso basta, é suficiente que a NC de o Estado
terceiro remeta para um EM, ou seja basta que haja uma remissão de que forma seja
para o EM;
 A doutrina portuguesa (LP) defende que num caso de DD não se aplica o artigo pois:
devido a letra do próprio preceito – quando dizemos que há reenvio na medida em
que aquelas regras, são as regras do DIP do estado terceiro; se são essas temos que
olhar para as regras de DIP desse mesmo (NC não é igual a regras de DIP) e temos de
atender ao sistema de devolução e À sua NC.

Única forma de B conseguir algo é invocar a reserva de ordem publica 35º regulamento –
temos de ver se há um principio fundamental da OJ portuguesa; relatividade: conexão – é
preciso ponderar todas as circunstancias do caso e perceber se há ou não alguma conexão
estreita com a OJ PT. Ponderar com todas as cirucnstancias do caso a existência de uma
conexão relevante, estreita com a OJ PT.

No caso parecia não haver essa ideia de conexão.

03/11/2022

Caso 24, 25, 26, 27


Resolução caso 15

10º/3 CC para determinar a conexão mais estreita.

Sempre que há OJ complexos, no Roma I temos o 22º; Roma II 25º; Roma IV tem o mesmo.

Há diplomas que resolvem o problema, o caso do art.20º temos que perguntar 1º se a norma
de conflitos em concreto remete diretamente para a OJ local, ou se a mesma não remete para
a OJ local ou remete para o Estado soberano. O art.20º remete para a OJ do Estado soberano,
pelo elemento de conexão que usa, especificamente a nacionalidade.

O art.20º quando nos diz no nº1 é o direito interno do Estado soberano, e este direito interno
é o que fixa em cada um o sistema aplicável. É o direito de conflitos que vai internamente fixar
qual o sistema aplicável. Em primeiro vamos ao dto de conflitos interlocal (unificado – é o
direito de conflitos que vigora no plano da federação). Na falta destas normas, há tantos
direitos de conflitos quantas as federações. Vamos recorrer ao DIP, e se o caso nos indica qual
o competente, vamos aplicar esse.

Se tivéssemos DIP unificado, aplica-se o estado-membro em si. No nr2 indica-se a lei da sua
residência habitual:

 Escola de coimbra: mesmo que a residência habitual seja fora do estado da


nacionalidade, o 20º/2 segunda parte continua a aplicar-se. Ac. STJ 16 de maio 2018
acolhe a doutrina da escola de coimbra. Art.32º é argumento. Consideram o 20º/2
norma de conflitos subsidiária, ou que muda a norma de conflitos. Deixa de se
considerar a lei pessoal da nacionalidade, e passa-se a considerar a residência
 Escola de Lisboa: não fazem esta interpretação – se a residência habitual estiver fora
do estado da nacionalidade, este art não se aplica.
DMV – redução teleológica com o objetivo de deixar de aplicar o 20º/2 2ª parte a este
caso. É o mesmo que deixar de aplicar o art.20º - a teleologia do art.20º é de reduzir.
Se a residência habitual não for de um estado federado, não se pode aplicar.
Argumentos: é como se fosse um apátrida sem nacionalidade ao ignorar o estado da
nacionalidade do agente.
Art.20º é apenas para determinar estado competente dentro do estado da
nacionalidade.
Teríamos uma lacuna: que se resolve através do princípio da conexão mais estreita
com uma das OJ dentro do Estado soberano.

No caso a conexão mais estreita para a califórnia, mas não era pelo art.20º, era por via da
explicação desta doutrina do princípio da conexão mais estreita.

Caso OJ complexos anexo

Não se aplica o Roma I pq não é obrigações contratuais. Não aplicamos o art.20º pois é para
nacionalidade. Não temos tbm outra norma, divergência:

 Batista correia – não há lacuna nenhuma, pois o problema dos OJ complexos não se
chega a aplicar-se já que o elemento de conexão, no caso a lei do lugar da coisa,
remete diretamente para o lugar do estado. O problema não se chega a por, a norma
de conflitos remete diretamente para a lei do Texas. O elemento de conexão da norma
de conflitos afasta o problema dos OJ complexos.
 Isabel collaço/LP/DMV – deve-se entender que a remissão é sempre feita para a OJ
soberana, pois estamos a falar de DIP e o mesmo ordena leis de estados soberanos. A
remissão é sempre para o estado soberano e não para uma OJ local. Não faz parte do
objeto do DIP a regulação de situações internacionais internas.
Aqui o 20º não se aplica, há uma lacuna, pelo que se aplica analogicamente o artigo
20º - esta aplicação analógica é apenas na medida e até onde for possível a sua
aplicação analógica. Nos só podemos fazer esta aplicação analógica até onde podemos
afirmar que há essa analogia.
Deve procurar-se o Direito de conflitos interlocal, passamos ao unificado nr2 2ª parte.
Só podemos aplicar na medida em que a analogia é possível, devemos passar à lei de
residência habitual se o elemento de conexão utilizado se interligue a pessoas. Não é
possível aplicar analogicamente o 20º/2 2º parte.
Em matéria de estatuto real que fala em lugar da coisa não faz sentido falar em
residência habitual, não se pode aplicar analogicamente.
20º/3?

07/11/2022

Caso 24

Estamos perante uma situação plurilocalizada, nessa onde há intervenção de mais de um OJ e


a matéria a que se trata é de situação privada, pelo que estamos no âmbito de aplicação do
DIPrivado.

Olhando o caso, a matéria que aqui temos presente é relativa a um contrato de prestação de
serviços, pelo que se trata de matéria obrigacional. Atendendo ao primado (8º/4 CRP), temos
que verificar se o Reg. Roma I é aplicável ao caso:

 Âmbito material: 1º/1 está preenchido, pelo que não estamos perante nenhuma
exceção do nr2;
 Âmbito territorial: temos que saber se o direito aplicável se trata de um Estado-
membro pelo artigo 2º, pelo que é positiva a resposta já que é em PT;
 Âmbito espacial: 1º/1 parte final implica um conflito de leis;
 Âmbito temporal – art.28º relações contratuais depois de 17 dez. 2009, pelo que está
preenchido já que o caso foi em 2015.

Visto que as partes escolheram uma lei a aplicar ao caso sendo ela a francesa, pelo art.3º/1 o
contrato irá, então reger-se por essa lei. Contudo, verifica-se que a lei francesa admite que
uma cláusula de exclusão de responsabilidade é admitida pela lei francesa, pelo que se
regêssemos o caso por essa lei, Joaquim não veria os seus danos ressarcidos.

Contudo, analisando o direito material PT, esta clausula é proibida, já que há uma proteção da
parte mais fraca, que neste caso seria o devedor do pagamento. Estamos perante um caso de
normas de aplicação imediata, as quais LP chama de normas autolimitadas ou de aplicação
necessária.

Na posição de LP, diz-se autolimitada aquela norma material que, apesar de incidir sobre
situações reguladas pelo DIP, tem uma esfera de aplicação no espaço diferente da que
resultaria da atuação do sistema de Direito de Conflitos. Estas são definidas por um critério
formal (são normas que em determinados casos reclamam a aplicação apesar de ser
competente, segundo o direito de conflitos geral, uma lei estrangeira). Quando ao critério
material, o prof. LP conclui que não parece possível caracterizar as normas suscetíveis de
aplicação necessária pelo seu conteúdo e fim, dado que podem prosseguir múltiplas
finalidades – dentro dos limites que resultam de normas internacionais ou europeias, se, por
indicação expressa do legislador português, uma norma se sobrepõe à OJ chamada pelo direito
de conflitos geral, esta norma é suscetível de aplicação necessária, independentemente de
quaisquer outras considerações.

O artigo 9º/1 do Reg. Roma I estabeleceu um critério final.

Podemos, então, concluir que a ratio da proibição de uma clausula que exclua a
responsabilidade está na ideia de proteção da parte mais enfraquecida, de modo a não haver
um abuso da figura para com o outro, pelo que se enquadra no 9º/1 Reg. Roma I + nr2 que
estipula que a lei definida pelo regulamento pode ser afastada por aplicação da norma de
aplicação imediata da lei do foro, sendo a clausula considerada inválida, pela aplicação dos
art.21º d) e 23º do DL das clausulas contratuais gerais.

Caso 25

A matéria que aqui temos presente é relativa a um contrato de prestação de serviços, pelo que
se trata de matéria obrigacional. Atendendo ao primado (8º/4 CRP), temos que verificar se o
Reg. Roma I é aplicável ao caso:

 Âmbito material: 1º/1 está preenchido, pelo que não estamos perante nenhuma
exceção do nr2;
 Âmbito territorial: temos que saber se o direito aplicável se trata de um Estado-
membro pelo artigo 2º, pelo que é positiva a resposta já que é em PT;
 Âmbito espacial: 1º/1 parte final implica um conflito de leis;
 Âmbito temporal – art.28º relações contratuais depois de 17 dez. 2009, pelo que está
preenchido já que o caso foi em 2015.

Visto que as partes escolheram uma lei a aplicar ao caso sendo ela a portuguesa, pelo art.3º/1
o contrato irá, então reger-se por essa lei, onde a clausula de exclusão de responsabilidade é
inválida pelo artigo 21º, 22º e 23º do decreto-lei das clausulas contratuais gerais,
nomeadamente a ligação da NC do 23º que remete para o 21º d).

Caso 26

Atendendo ao primado (8º/4 CRP), temos que verificar se o Reg. Roma I é aplicável ao caso:

 Âmbito material: 1º/1 não está preenchido, pelo que estamos perante uma exceção
do nr2 alínea c);
 Âmbito territorial: temos que saber se o direito aplicável se trata de um Estado-
membro pelo artigo 2º, pelo que é positiva a resposta já que é em PT;
 Âmbito espacial: 1º/1 parte final implica um conflito de leis;
 Âmbito temporal – art.28º relações contratuais depois de 17 dez. 2009, pelo que está
preenchido já que o caso foi em 2015.~

Visto que o regulamento não se aplica, temos em falta uma norma ad hoc especificada pelo
legislador que dê um titulo da aplicação às normas imperativas.

DMV: é por esta exigência de um título de eficácia que não é correto designar estas normas
como normas de aplicação imediata. Elas só são aplicáveis através da mediação de uma norma
ou principio geral. A utilização destas normas pressupõe uma série de valorações a serem
feitas pelo tribunal. Tem de haver uma conexão suficientemente estreita entre o caso e a OJ
que se pretende aplicar. É necessária uma valoração sobre o objeto em si das normas e sobre a
existência de uma conexão suficientemente estreita entre a situação jurídica a regular e a OJ a
que essas normas pertencem; e ainda sobre a conformidade ou não da atribuição de efeitos a
essas normas e os valores e interesses protegidos pelo DIP. Portanto, a aplicação destas
normas não depende exclusivamente da sua vontade de aplicação ao caso: elas têm de se
querer aplicar, em virtude do seu objeto e fins, mas tem de existir conexão com a OJ para os
princípios fundamentais do DIP justificarem a aplicação dessas normas.

LP: na falta de norma especial que dê um título de aplicação a normas imperativas de


terceiros ordenamentos, os tribunais portugueses estão, em principio, vinculados pelo
sistema de direito de conflitos a aplicar exclusivamente as normas imperativas da lei
competente. Mas isto não exclui, em absoluto, a possibilidade de se fundamentar a
aplicação de normas imperativas de terceiros ordenamentos na analogia ou em soluções
especiais criadas pelo intérprete.

Artigo 1682º-A/2:

 MARQUES DOS SANTOS: é uma norma de aplicação imediata por ser NC


especial ad hoc implícita. Sempre que a casa de morada de família é em PT. Tem
atenção aos fins da norma.
 LP: temos de descobrir se a norma se aplica tendo em conta as valorações de DIP. Mas
tal só se faz se houver lacuna, cabe perfeitamente no artigo 52º pelo que não há título
de eficácia que se aplique ao artigo 1682º-A.

LP: As normas autolimitadas são, por isso, excecionais, sendo a missão do legislador a de
formular as normas de conflitos ad hoc apropriadas e não a de passar um cheque em branco
aos tribunais: uma cláusula geral que permita ao órgão de aplicação do Direito estabelecer a
“autolimitação” com base numa valoração casuística prejudica gravemente a certeza e a
previsibilidade jurídicas e limita muito a função orientadora de condutas do Direito de
conflitos. Ou seja, a norma “autolimitada” só pode relevar através da cláusula de ordem
pública internacional, como limite à aplicação do Direito estrangeiro; mas para isso é preciso
que se trate de uma norma fundamental da OJ portuguesa e que o resultado concreto a que
conduza o Direito estrangeiro competente seja manifestamente incompatível com esta norma.
DMV: é por esta exigência de um título de eficácia que não é correto designar estas normas
como normas de aplicação imediata. Elas só são aplicáveis através da mediação de uma norma
ou principio geral. A utilização destas normas pressupõe uma série de valorações a serem
feitas pelo tribunal. Tem de haver uma conexão suficientemente estreita entre o caso e a OJ
que se pretende aplicar. É necessária uma valoração sobre o objeto em si das normas e sobre a
existência de uma conexão suficientemente estreita entre a situação jurídica a regular e a OJ a
que essas normas pertencem; e ainda sobre a conformidade ou não da atribuição de efeitos a
essas normas e os valores e interesses protegidos pelo DIP. Portanto, a aplicação destas
normas não depende exclusivamente da sua vontade de aplicação ao caso: elas têm de se
querer aplicar, em virtude do seu objeto e fins, mas tem de existir conexão com a OJ para os
princípios fundamentais do DIP justificarem a aplicação dessas normas.

Fraude à lei

Na fraude à lei pretendermos afastar a aplicação de determinada norma estrangeira que


conduz a um resultado que vai contra o espirito da OJ do foro.
Supostamente seria uma situação interna, mas internacionaliza-se a situação com a aplicação
de uma lei estrangeira. Presumindo que essa era a lei competente, a aplicação da norma
imperativa ou proibitiva pode levar a uma fraude à lei.

Independentemente do direito do foro ter ou não uma norma semelhante, isso não interessa
para fraude À lei. Aqui temos um instrumento de justiça no elemento de conexão.

Manipulação do elemento de conexão – olhamos a NC, tem um conteúdo para um elemento


de conexão e utilizam aquilo a seu favor.

Há sempre um elemento de consciência necessário, não há negligencia na fraude a lei, tem


que haver sempre o intuito de afastar a lei para fraude a lei. O legislador para prevenir isto, ele
agarra no elemento de conexão e qualifica-o de forma a impedir que a sua manipulação seja
facilitada. Ex: 33º/1 se não fosse assim estar-se-ia a abrir hipótese de averiguar sedes fictícias.

LP diz que é necessário que naquela lei estrangeira que seria a lei competente se não
houvesse fraude, existe uma norma imperativa ou proibitiva e essa é que é o objeto da fraude.
Justifica não ser a NC na medida em que não é essa que se pretende afastar, o que se pretende
afastar é a norma material.

BATISTA MACHADO – não pode ser essa norma de direito material objeto da fraude, mas tem
que ser a NC objeto da fraude.

A fraude à lei é sancionável – todos os atos que conduzem à fraude à lei são considerados
nulos. Um desses atos seriam inoperados para todos os efeitos. Art.21º discute-se como deve
ser sancionada, se em todas as circunstancias independentemente do estado do foro: BATISTA
CORREIA não faz uma distinção; a sanção da fraude à lei é independente do foro. Há sempre
sanção. ISABEL MAGALHÃES COLLAÇO – a fraude à lei do foro é sempre sancionável; mas para
que a fraude à lei estrangeira seja sancionável tem que a lei estrangeira sancionar também a
fraude ou se não sancionar, estar em causa, na perspetiva do DIP do foro, um principio do
mínimo ético nas relações internacionais, que não se conforma com o desrespeito da proibição
contida na lei normalmente competente.

LP – a fraude à lei estrangeira, mesmo que não seja sancionada pela lei estrangeira, deve ser
ainda assim sancionada se estiver em causa algo eticamente intolerável com base no DIP
português. O que está em causa é a justiça da conexão.

Normas de aplicação imediata

LP autolimitadas/aplicação necessária

DMV normas internacionais imperativa

MARQUES DOS SANTOS normas de aplicação imediata

FERRER CORREIA normas de aplicação imediata e necessária

10/11/2022

Resolução caso 24:

Estamos perante matéria de obrigações contratuais, pelo que é necessário averiguar a


aplicação do regulamento Roma I. O âmbito material está preenchido, nos termos do artigo 1º,
nº1, pois trata-se de matéria civil, e ainda não é nenhuma das situações excluídas pelo nº2 do
mesmo artigo. Quanto ao âmbito temporal, segundo o artigo 28º, o regulamento é aplicável
aos contratos celebrados após 17 de dezembro de 2009, o caso que nos ocupa apresentar um
contrato celebrado em 2015, pelo que este âmbito também se encontra preenchido. O âmbito
espacial implica que haja um conflito de leis e o caso seja posto perante tribunal de um Estado
vinculado pelo Regulamento, o que se verifica.

Tendo em conta que no caso as partes definiram que a lei reguladora do contrato será a lei
francesa, estamos perante a regra de conflitos do artigo 3º, nº1, e tendo em conta que o reg.
Roma I faz referência material, a lei competente é a francesa, o que parece dar razão à
sociedade de pintura quando alega que nada deve por a clausula de exclusão de
responsabilidade ser válida à luz da lei francesa.

Visto que Joaquim diz tem o direito à indemnização tento por base o regime das cláusulas
contratuais gerais do Direito português, há que atender à Lei das Cláusulas Contratuais Gerais.
Nos termos do artigo 23º, nº1 desta lei, independentemente da lei escolhida pelas partes para
regular o contrato, as normas desta secção aplicam-se sempre o mesmo apresente uma
conexão estreita com o território português. Tendo em conta que o imóvel cuja pintura se
tratava é situado no Algarve- local de execução do contrato, parece existir esta conexão mais
estreita com o território português. Assim sendo, e tendo em conta que estava em causa uma
pintura defeituosa e uma cláusula de exclusão de responsabilidade, parece ser de atentar ao
disposto no artigo 21º, alínea d), segundo o qual tal cláusula é absolutamente proibida.

É o artigo 23º que converte o artigo 21º, alínea d) em norma de aplicação imediata.

Nos termos do artigo 9º, nº2 do Roma I, as disposições do regulamento, mais concretamente a
norma de conflitos do artigo 3º aplicada ao caso, não podem limitar a aplicação de normas de
aplicação imediata do país do foro. Isto significa que, apesar de a lei competente ser a
francesa, aplica-se o disposto no artigo 21º d) da LCCG, tendo a sociedade que ser
responsabilizada em virtude da pintura defeituosa.

Norma de tipo I.

Mesmo sem o 9º, nº1 e 2 o regulamento ainda tem uma norma que iria permitir que se
aplicassem os artigos da LCCG: artigo 23º do regulamento.

Artigo 3º, nº1 do regulamento: norma de conflitos bilateral.

23º, nº1 da LCCG: normas de conflitos unilateral especial ad hoc expressa (mas normalmente
são implícitas como é o exemplo do Código da Estrada)- só remete para a aplicação do direito
português, e não se limita apenas a remeter para o direito português, mas para um conjunto
de normas individualizadas e concretas.

Artigo 9º Roma I: perante um conflito entre normas de conflitos do regulamento e normas de


conflitos de fonte interna, à partida sabemos que prevaleceria a norma de fonte
supraestadual. Mas este artigo permite que se atribua prevalência à norma de fonte interna. O
nº1 define norma de aplicação imediata. Nº2: as disposições do regulamento não podem
limitar as normas de aplicação imediata do foro. Só podemos deixar de aplicar o artigo 3º, nº1
do Roma I, se efetivamente estivermos perante uma norma de aplicação imediata. Como saber
que o 21º, d) do LCCG, é uma norma de aplicação imediata? Aqui não temos dúvida que é por
força do artigo 23º, nº1 LCCG. O 21º, d) acaba por ter um âmbito de aplicação no espaço
diferente daquele que resultaria da norma de conflitos comum (3º, nº1 reg.).
Temos que primeiro qualificar a norma perante a qual estamos para perceber se é de aplicação
imediata, através do artigo 9º, nº2. Ou seja, temos de ver se no foro temos ou não temos uma
norma de aplicação imediata, e para tal temos que ver se tem um âmbito de aplicação espacial
diferente.

Marques dos Santos: especial intensidade valorativa por estarem ao serviço dos fins do Estado
e por isso têm aplicação imediata.

Outros professores: temos sempre um processo de regulação conflitual.

Conclusão: o contrato regula-se pela lei francesa, mas, e apenas neste aspeto ( a norma de
aplicação imediata não faz tabua rasa à escolha das partes), o contrato subsiste sem a clausula
quanto à responsabilidade (que é inválida segundo o artigo 21º, d)). Redução ou conversão? Só
o direito material francês é que vai responder.

Marques dos Santos: no seu conceito de norma de aplicação imediata: são normas materiais
espacialmente autolimitadas e são dotadas de uma especial intensidade valorativa. Só há uma
característica comum no entendimento de todos os professores: o facto de serem normas
materiais (não há normas de conflito que sejam normas de aplicação imediata). São
espacialmente autolimitadas, porque têm um âmbito de aplicação no espaço diferente
daquele que resulta das normas de conflitos comum (3º, nº1 Roma I). A intensidade valorativa,
significa que estão ao serviço de fins do Estado, considerados muito importantes. Por força
desta características o Professor entende que estas normas são um processo de regulação
autónomo das relações internacionais- estando à parte do processo conflitual. Assim,
começamos logo com aplicação das normas de aplicação imediata, depois de chegar à
conclusão que existe uma norma de aplicação imediata.

Lima Pinheiro e Dário Moura Vicente: não concordam que sejam autolimitadas nem que
estejam ao serviço do Estado. Consideram que o processo é à mesma de regulação conflitual.
A técnica é que é diferente: num caso temos que usar sempre as normas de conflitos enquanto
que para Marques dos Santos não precisamos de socorrer à norma de conflitos. Como o
processo é de regulação conflitual, tem que haver uma norma de conflitos ainda que implícita.

Caso n.º 25 Resolução:

Aqui temos a própria lei de conflitos comum (3º, nº1) a remeter para Portugal, mas temos uma
norma de conflitos especial (23º, nº1 LCCG) que restringe a aplicação do direito português,
porque tem que haver uma ligação mais estreita com Portugal.

Resolvendo o caso como Marques dos Santos: o facto de considerar que estas normas de
aplicação imediata estão o serviço de fins fundamentais do estado, vai ter repercussão direta
na resolução do caso, pois só se podem aplicar na medida em que prosseguissem tais fins- não
pode estar dissociada desta especial intensidade valorativa. Equivale a dizer que a norma de
conflitos unilateral especial ad hoc expressa (23º, nº1 LCCG) está ligada à norma de aplicação
imediata (21º, d)), de tal maneira que para o nosso legislador o artigo 21º, d) quando há uma
conexão estreita com Portugal, devido aos fins do Estado. É quase como se tivesse escrito no
artigo 23º, nº1 “se há uma conexão estreita com o ordenamento jurídico português, então
aplica-se o 21º, d)” e vice-versa. A norma de conflitos geral (3º, nº1) remetia para o direito
português, e de imediato podemos achar que se aplica logo o 21º, d), mas o Professor
Marques dos Santos, diz-nos que não obstante a regra de conflitos comum, o artigo 21º, d) é
uma norma de aplicação imediata mas que não se podia aplicar neste caso, porque apenas
pode ser aplicada nos termos do artigo 23º, nº1.

Próxima aula: distinção entre âmbito de aplicação necessária e âmbito de aplicação possível.

Resolvendo o caso como Lima Pinheiro e Dário Moura Vicente:

14/11/2022

Caso 27

Estamos perante uma situação plurilocalizada, nessa onde há intervenção de mais de um OJ e


a matéria a que se trata é de situação privada, pelo que estamos no âmbito de aplicação do
DIPrivado.

Olhando o caso, a matéria que aqui temos presente é relativa a um contrato de prestação de
serviços, pelo que se trata de matéria obrigacional. Atendendo ao primado (8º/4 CRP), temos
que verificar se o Reg. Roma I é aplicável ao caso:

 Âmbito material: 1º/1 está preenchido, pelo que não estamos perante nenhuma
exceção do nr2;
 Âmbito territorial: temos que saber se o direito aplicável se trata de um Estado-
membro pelo artigo 2º, pelo que é positiva a resposta já que é em PT;
 Âmbito espacial: 1º/1 parte final implica um conflito de leis;
 Âmbito temporal – art.28º relações contratuais depois de 17 dez. 2009, pelo que está
preenchido já que o caso foi em 2015.

Visto que as partes escolheram uma lei a aplicar ao caso sendo ela a francesa, pelo art.3º/1 o
contrato irá, então reger-se por essa lei. Contudo, verifica-se que a lei francesa admite que
uma cláusula de exclusão de responsabilidade é admitida pela lei francesa, pelo que se
regêssemos o caso por essa lei, Joaquim não veria os seus danos ressarcidos.

Analisando a pretensão de Joaquim, temos, então que ver se o mesmo terá direito à
indemnização ou não por a clausula ser inválida:

 No OJ PT, a clausula pela LCCG 23º/1 + 21º/1 d) a norma imperativa PT iria proibir a
respetiva clausula;
 Contudo, no caso não poderemos aplicar o disposto já que não há uma conexão
estreita com o OJ PT;
 Temos que analisar a aplicabilidade de normas internacionalmente imperativas de um
outro estado, neste caso Suíça:
- Teríamos que analisar o artigo 23º/2 LCCG que refere as mesmas normas se: o
contrato apresentar uma conexão estreita com o território de outro EM da
Comunidade Europeia (suiça não faz parte da UE, pelo que não se aplica), etc.
- Como aplicamos o regulamento, temos que determinar outra disposição que atribua
força à norma internacionalmente imperativa (pela opinião de LP): o 3º/1 + 9º/3 Roma
I – tem de se tratar de normas internacionalmente imperativas do país onde as
obrigações decorrentes do contrato devam ser ou tenham sido executadas (pelo que
se verifica já que o imóvel se situa na suiça); segundo essas normas imperativas, a
execução do contrato seja ilegal (pelo que o caso nos indica que no OJ da Suiça a
clausula é considerada inválida); devem ser tidos em conta a sua natureza e o seu
objeto, bem como as consequências da sua aplicação ou não aplicação (a NI da Suíça
prevê proteger a parte mais fraca e lesada, de modo a não ficar suprimida de meios de
proteção, pelo que se aplicarmos ao caso esse objetivo será garantido).
- QUANDO SE TRATA DE ESTADO TERCEIRO: nada se opõe ao reconhecimento de
eficácia de regras imperativas estrangeiras, antes, em virtude da coerência interna,
deve-se admitir esse reconhecimento, mesmo que não existam disposições que
regulem em termos gerais à atribuição de efeitos às normas internacionalmente
imperativas de Estados terceiros, hipótese em que é necessário procurar nos princípios
de DIP a resposta para a situação – tutela da confiança e harmonia internacional de
julgados: de acordo com o princípio da harmonia internacional de julgados,
independentemente do sítio onde a situação esteja a ser discutida, em princípio as leis
aplicáveis devem ser a mesma. Se se apenas conferir relevância às normas
internacionalmente imperativas do Estado do foro levará a uma situação de fórum
shopping¸ pelo que se deverá dar relevância as normas imperativas de Estados
terceiros que apresentem uma conexão significativa com a situação internacional
(DMV).
Em qualquer caso, ao aplicar as regras estrangeiras imperativas, o juiz PT tem sempre
que ponderar a sua natureza e objeto, bem como consequências de aplicação ou não.
a) Em qualquer caso, ao aplicar as regras estrangeiras imperativas, o juiz PT tem
sempre que ponderar a sua natureza e objeto, bem como consequências de
aplicação ou não:
- deve atender ao objeto e fins da NI;
- deve verificar se existe uma conexão estreita entre a situação a regular e a OJ a
que essa norma pertence;
- deve verificar se existe uma conformidade de atribuição de efeitos entre a norma
estrangeira e os valores e interesses do DIP.
- para alem disso, as exigências que as finalidades sejam tidas por legítimas à luz
do direito do Estado do foro.

Âmbito de aplicação necessária e âmbito de aplicação possível:


MARQUES DOS SANTOS aplica o 21º/d) independentemente de outras disposições por ser
norma de aplicação imediata, automática, é processo de regulação autónomo.
O âmbito de aplicação possível decorre do art.3º/1 da NC comum; o âmbito de aplicação
necessária é o que se coloca na norma especial.
Enquanto MS considera estar-se perante uma regulação autónoma, o prof entende estarmos
sempre no âmbito de aplicação necessária.
A regra de conexão da norma de conflitos com a de aplicação imediata tem que existir – para o
prof MS isso não se considera já que ele não analisa as normas de conflitos, já que a NAI
autolimita-se. Apenas se aplica nos termos e na medida que resultar da norma de conflitos que
a acompanha. É esta NC que permite que a NM seja autodelimitada, pois a norma está ao
serviço de fins do estado e etc.
DMV + LP – não é característica a autolimitação, já que não faz sentido pois não entendem que
há ligação aos fins do estado. A NAI tanto se pode aplicar através do âmbito de aplicação
possível, aferido pela NC, como de âmbito de aplicação necessária estabelecido pela NC ad hoc
expressa.
Estamos no âmbito do método conflitual. Temos que ver se através da NC especial se aplica, se
não temos que ver pela NC geral – se esta considerar que o artigo é competente, aplica-se.
Para DMV e LP a norma de aplicação imediata aplica-se pelo 3º Roma I.

RESOLUÇÃO CASO 26:


LP 53º CRP – encontrar solução a partir de outra fonte de direito. Tem que haver uma ligação
do caso à teleologia a uma expressão que possa ser NC ad hoc.
A posição de LP e DMV é mais complexa: temos uma NC geral que se aplica e estamos a criar
uma que não existe para derrogar uma que existe: o prof diz que do ponto de vista
metodológico não se pode fazer.
Por norma aqui íamos ao 52º nacionalidade, OJ complexos, a única maneira de aplicação da lei
PT era considerar NAI, que extravasasse o âmbito do 52º. Não temos uma norma de conflitos
unilateral especial que permita a obrigação da aplicação das NAI que afaste a NC geral. A
forma é através da doutrina ou dogmática:
1682º-A:
 MS entende que só pode ser NAI se houver uma NC ad hoc implícita já que não há
expressa. Este artigo o consentimento de ambos os cônjuges e a casa tem que ser em
PT.
O prof entende que enquanto processo autónomo não dependente do processo
conflitual, temos uma NAI porque temos uma norma ad hoc especial implícita. Esta é
descoberta pela via dos fins da própria norma de aplicação imediata. Pela
característica da especial intensidade valorativa. Descobre por via interpretativa
através dos fins da norma. Temos que perceber se a norma prossegue os fins do
Estado – no caso era estabilidade patrimonial da família. Sempre que haja conexão
estreita do caso à norma onde a casa de morada de família seja em PT e haja a ideia de
estabilidade entre conjuges, aplica-se esta norma por ser de aplicação imediata.
Não olhávamos para o 52º, olhávamos logo a norma material e víamos a ideia dos fins
do estado.
 LP + DMV o critério de aplicação material de MS não faz sentido. Não identificam as
NAI pelos fins dos estados e não consideram ser um processo autónomo. É método
conflitual, temos sempre que atender a norma de conflitos geral.
LP só há três maneiras de identificar normas de aplicação imediata que o legislador
não identificou através de NC:
- ou temos uma norma no OJ que nos diga que o interprete a partir do objeto e
espirito da norma, pode identificar a norma como NAI – em PT não existe;
- considerar que vigora uma NC unilateral especial ad hoc implícita, não num sentido
tao amplo, mas num sentido mais restrito – existência de uma norma de aplicação
imediata por existir uma norma ad hoc implícita de outra fonte de direito, que pode
ser constitucional, do costume, etc. temos aqui essa norma implícita por considerar
estar noutra fonte de direito. Ex 53º CRP
- seguir as regras metodológicas gerais no CC – para descobrir a norma de conflitos
implícita:
a. So existia pois o interprete cria para colmatar uma lacuna, criando ainda uma lacuna
b. aplicação analógica, ou seja NC que viria da aplicação de outra regra de conflitos
aplicada analogicamente, tendo aqui ainda que ter uma lacuna.
c. deixar de aplicar a NC que está na lei – para deixarmos de aplicar a NC, de acordo
com a metodologia ver se a norma, apesar de existir, tem ou não aplicação. A única
forma que permite afastar a NC é adotar uma interpretação restritiva da norma ou
uma redução teleológica (falar do sentido literal da NC). SÓ FAZEMOS ISTO SE
ESTIVERMOS SEGUROS QUE A NC NÃO SE PODE APLICAR AO CASO POR FALTA DE
ADEQUAÇÃO.
Aqui cria-se a lacuna e temos que aplicar analogicamente ou criar uma NC especial.
17/11/2022
RESOLUÇAO DO CASO 27
ROMA I aplicava-se; 3º/1 + 9º/3 conseguir aplicação da lei PT -> 23º CCG, temos que analisar o
Roma I, pelo que não vai haver aplicação do 21º d) LCCG. Temos que ver a aplicação da lei
Suiça -> não era nem lei do foro, nem era a escolhida, é um Estado Terceiro. Que relevância
podemos dar a estas normas?
 Teoria que recusa a relevância destas normas, a menos que fossem efetivamente as
normas da lex causae. Enquadram-se no estatuto da lei nacional? No caso, não iriam
reconhecer relevância.
 Teoria que dá relevância desde que haja conexão especial com a ordem jurídica a que
pertence a NAI. No caso havia conexão, por um lado o contrato, e por outro o lugar do
imóvel. Temos que ver se a própria norma se quer aplicar. Esta doutrina foi acolhida
posteriormente em diversas lei, designadamente 7º/1 Convenção de Roma. No caso
não se podia aplicar:
- ou tínhamos uma NAI de forma ampla e genérica que atribui relevância as normas
estrangeiras, as de reconhecimento (MARQUES DOS SANTOS), reconhecem eficácia
dessas mesmas normas. Existem para determinadas matérias normas de
reconhecimentos gerais. – ex: 23º/2 é efetivamente atribuída relevância normas de
aplicação imediata estrangeiras de terceiros estados, desde que exista conexão
estreita com as mesmas. Mas só de Estados membros. Se não se aplica, vamos ao 9º/3
ROMA I é norma de reconhecimento NÃO É NORMA DE CONFLITOS. Reconhecimento
de NAI de terceiros estados. A diferenca do 9º/2 e 9º/3 o 2 aplica-se para normas de
aplicação do foro, o 3 é para NAI estrangeiras, e dentro dessas NAI de terceiros
estados que não a lex causae.
NO NOSSO CASO: 9º/3 -> pode ser dada prevalência, não é uma obrigação, é
possibilidade do juiz. Primeiro temos que ter considerado uma NAI estrangeira; tem
que se tratar de norma do estado do lugar da execução do contrato (não é bem
conexão especial, porque a teoria da conexão especial exigiria apenas que a norma
fizesse parte ou pertencesse a um estado com o qual existe conexão especial), exige-se
mais que a conexão especial, individualiza em concreto a conexão especial, ao
considerar que é o lugar da execução do contrato. A execução do contrato é ilegal ->
próprio conteudo do contrato tem que ser ilegal. Tem se considerado que é suficiente
para aplicar o 9º/3 mesmo que não seja ilegal, mas nula.
APLICAÇÃO DO DIREITO ESTRANGEIRO
23º CC – se tivermos a aplicar direito estrangeiro, independentemente do estado do foro,
temos que aplicar a OJ ao qual a situação pertence.
EX: À luz da lei francesa determinada situação é inconstitucional – 9º/1 + 348º CC estatuto é de
direito ou de facto? De direito. Se fosse analisado como facto, quem estiver interessado a
aplicar determinada norma, tem que alegar o seu conteúdo e ainda fazer prova do facto. Se for
tratado como direito, não é necessária a prova, nem de alegar a norma do direito estrangeiro.
É DE CONHECIMENTO OFICIOSO.
E se não for de todo possível obter tais informações? Nesse caso, manda o art 23º, nº 2 CC que
se aplique a lei subsidiária. Note-se que se pressupõe, para aplicação deste preceito, a total
impossibilidade de averiguação do conteúdo da lei estrangeira. No entanto, nem sempre há
uma conexão subsidiária nesta matéria, razão pela qual se determina que, em última análise,
se aplica o Direito português – art 348º, nº3 CC.
Como é que podemos fixar o conteúdo da lei estrangeira aplicável? A principal preocupação
deve ser a da harmonia dos julgados – deve a causa ser decidida como se fosse o Tribunal
estrangeiro a decidir. Tal significa que se deve atender ao sistema de fontes de Direito dessa
ordem jurídica (p.e. se determinado ordenamento considera o costume uma fonte de Direito,
então ele deverá valer como tal neste âmbito), respeitando a sua hierarquia. Não colhe, por
isso, a aplicação das regras gerais dos arts 9º e 10º CC, mas antes a aplicação das regras
homólogas do Direito estrangeiro.
COISA DIFERENTE É SE APLICAÇÃO DO DIREITO ESTRANGEIRO FOR INCONSTITUCIONAL DE
ACORDO COM A NOSSA LEI -> aqui a única possibilidade é reserva de ordem pública.
21/11/2022
Caso 31
1º ver se o regulamento 650/2012 das sucessões é aplicável:
• Âmbito material – 1º/1: aplica-se às sucessões por morte, não sendo aplicável em
matérias fiscais, aduaneiras ou administrativas. Não cabe aqui qualquer uma das exceções
previstas no nº2. Conceito de sucessão definido no 3º/1, al a)
• Âmbito de aplicação temporal – 83º/1: aplicável às sucessões das pessoas falecidas em
17 de Agosto de 2015 ou em data posterior.
• Âmbito espacial – aplicável em todos os EM, com exceção da Dinamarca e Irlanda.
• Âmbito territorial – universal
O âmbito temporal do regulamento não estava preenchido, pelo que teremos de analisar as
normas de conflito internas.
Trata-se de matéria reguladora das sucessões, aplicando-se o artigo 64º c) -> lei pessoal
(25º+31º/1, nacionalidade, PT). EUA é OJ complexo 20º/2 parte final que indica ser a lei
pessoal a da sua residência habitual
Remissão -> L1 – L2 – L2
No que toca à lei pessoal, não podemos obstar à verificação do 31º/2 pelos seus requisitos:
• Lugar da celebração do negócio jurídico – exige-se que o negócio tenha sido celebrado
no local da residência habitual. Ora, aqui, o testamento foi celebrado no Texas, que era de
facto o local do domicílio
• Lei de acordo com a qual o negócio deve ter sido celebrado – entende-se que o
negócio tem de ter sido celebrado de acordo com a lei da residência habitual do declarante, o
que também aconteceu;
• Vontade de aplicação da lei em questão – exige-se que essa lei se considere
competente de acordo com as suas próprias regras de conflitos. Ora, o próprio enunciado diz-
nos que o Direito do Estado se considera competente.
Através desta norma consideramos o testamento válido.
Sub-hipótese 1 31º/2 falhava num dos requisitos, pelo que se aplicaria o 31º/1 que remetia
para lei da nacionalidade? Testamento era inválido pela lei PT.
Sub-hipótese 2 31º/2 tinha pressupostos preenchidos pelo que o testamento se considerava
válido.
Caso 32
Estamos perante um conflito plurilocalizado, na medida em que Alberto é português e a
empresa tem sede (estatutária e de administração) na África do Sul. Em causa está saber, se a
empresa pode, ou não, anular o presente contrato, com o fundamento de que a lei da sua
sede administrativa só vincula a sociedade mediante a assinatura de dois administradores, e o
contrato apenas está assinado por um de três (como exige a lei portuguesa). No fundo, temos
que averiguar por que lei se rege o funcionamento da pessoa coletiva em questão.
Roma I não se aplica por o âmbito material falhar (1º/2 g)).
Aplicamos o âmbito interno de PT: 3º/1 CSC + 33º/1 a lei pessoal das pessoas coletivas é a lei
do estado onde se encontra situada a sede principal e efetiva da sua administração, que no
caso é Africa do Sul.
Sub-hipótese 1 art 3º, nº 1, 2ª parte CSC que a sociedade que tenha sede estatutária em
Portugal não poderá opor a terceiros a sua sujeição a lei diferente da lei portuguesa. Aqui, o
legislador pretende tutelar a confiança depositada por terceiros na competência da lei
portuguesa a título de sede estatutária. Permitir essa possibilidade era, no fundo, aceitar a
“formação de uma pessoa colectiva pseudo-estrangeira”. Desta feita, aplica-se a lei
portuguesa.
Sub-hipótese 2 Estamos, neste caso, perante uma pessoa colectiva estrangeira, cuja sede
estatutária nada tem que ver com a sede administrativa. Quando há uma divergência entre as
duas sedes, a jurisprudência tem entendido que aplicamos a lei do lugar onde as decisões
fundamentais são efectivadas.
A segunda parte do 3º/1 CSC só confere relevância à sede estatutária em PT. Questiona-se se a
mesma for no estrangeiro: bilateralização da segunda parte do 3º/1:
 MARQUES DOS SANTOS – entende que não é uma norma bilateralizável;
 FERRER CORREIA admite a bilateralização.
LP: Sendo o fundamento da solução a tutela da confiança de terceiros, não há obstáculos à
bilateralização. Por via desta bilateralização, o direito da sede da administração só é aplicável
às relações externas nos casos em que, tendo sido demonstrado que a sede da administração
está situada fora do estado da sede estatutária, os terceiros em causa devam contar com a
competência do direito da sede da administração.
Resolução caso 31
31º/2 a tutela da confiança é salvaguardar a validade dos negócios jurídicos quando houve
uma legitima expectativa da sua validade; é um desvio porque à luz da nacionalidade em
matéria de estatuto pessoal o elemento de conexão é nacionalidade; no 31º/2 aplicamos a
residência habitual porque à luz deste elemento de conexão o NJ irá ser válido.
“é reconhecido” remete para o NJ ser celebrado no estrangeiro. Pressupostos do 31º/2. OJ
complexo temos que ver o 20º.
FERRER CORREIA dá relevância ao principio dos bens adquiridos: interpretação extensiva,
nomeadamente em situação que decorre num terceiro pais.
DMV – através de interpretação extensiva, mesmo que lugar de celebração de NJ não seja da
residência habitual, se a situação tiver sido constituída e valido à luz da residência habitual,
admite-se o primeiro critério do 32º/5. Não é sempre necessário que o NJ seja celebrado no
estado de residência habitual. Se o estado soberano da RH considerar o NJ válido aplica-se; se
este considerar invalido, naquele estado soberano ia-se chamar um estado onde considerasse
válido?
RH considerar-se competente – considerarmos automaticamente ou temos que ir as NC? Se
olharmos para o DIP, considerarmos que é competente, ainda que por via de um elemento de
conexão que não a residência habitual, considera-se …..
A lei da RH considere valido aquele negocio – mesmo que seja aplicável, através, não
diretamente, do seu sistema de reenvio e NC. Interpretação extensiva – ou automaticamente
competente, ou através das suas NC e reenvio se considerar competente.
Subhipotese: ratio da norma é tutelar a confiança do demandado. LP refere aplicação
analógica do 31º/2 CC. Aqui olhamos o direito de conflitos da residência habitual que remete
para outro estado que considera o testamento válido.
24/11/2022
Subhipote 2 31: LP principio favor negotti – olhando o 31º/2 ainda podemos fazer aplicação
analógica nos casos em que o NJ é celebrado no pais da residência habitual, mas nos termos da
lei do outro pais, e este pais considera-se competente, e ai aplicamos o DC da residência
habitual; ou então o NJ celebra-se num Estado terceiro, que não da RH, mas nos termos do
estado da RH e o NJ é valido, pois o texas remetia para o chile.
LP não considera aplicação do 31º/2 se o estado terceiro a remeter não se considerar
competente. FERRER CORREIA considera aplicado pela ratio da norma.
DMV faz interpretação restritiva dos pressupsotos; LP aplica as duas situações: ou o NJ é
celebrado no pais da RH e depois vai aplicar o direito de outro estado e esse é competente, e
considera-se competente aplicando a lei de conflitos da RH; ou então vamos para um pais
terceiro, utilizamos a lei do pais da RH?

RESOLUÇÃO 32
33º E 3º CSC têm teorias consagradas:
 Teoria de aplicação da lei estatutária - É mais fácil saber sede estatutária do que
efetiva
 Teoria da sede real – sede principal efetiva é onde a administração toma as decisões, é
o centro de decisão.
 Teoria da corporação
Bilateralizar 3º/1 segunda parte: DMV mesma so pode ocorrer se a lei do outro pais se aplicar
a si própria porque não faria sentido remetermos para uma lei que remete-se para outro
estado. Podemos bilateralizar a norma, mas a remissão para o estrangeiro é condicionada ao
facto do pais estrangeiro ter uma norma parecida à nossa.
3º/1 segunda parte pretende a tutela da confiança, já que é mais fácil conhecer a sede
estatutária.
MARQUES DOS SANTOS não é bilateralizavel por uma razão de se pretender na norma
estender a aplicação do direito nacional por se considerar haver um fim de proteção do estado
que tem que salvaguardar a aplicação do direito nacional.
FERRER CORREIA entende que há bilateralização desde que esteja garantida a proteção de
terceiros.
28/11/2022

Você também pode gostar