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DE
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
VI. Reenvio
Caso*
Estamos perante um caso de reenvio para a lei PT, uma vez que o imóvel se
encontra em PT e é para a lei do Estado do imóvel que o sistema EUA remete.
Tendo a OJ EUA um sistema de DD, o mesmo coloca-se na posição do sistema
português, julgando o caso como este julgaria. Assim – L2 remete para L1, mas L1
aplica L2.
Visto que a L2 remete para a lei PT e já que aplicamos o regulamento, temos que
analisar o artigo 34º do regulamento para a questão de reenvio. Não parece que o
34º/1 a) regulamento esteja preenchido já que a lei dos EUA não faz uma
verdadeira remissão para a lei portuguesa, já que se considera competente a si
mesmo.
A situação aqui seria resolvida pela lei inglesa, não sendo admitido o reenvio.
Neste caso, L2 coloca-se na posição da L3 e julga como esta julgaria. A L3, por
sua vez, considera-se competente para julgar do caso. Se se considera o
regulamento aplicável, analisamos o 34º para a questão do reenvio. O 34º/1 b)
já parece estar preenchido já que o Estado terceiro (EUA) remete para outro
estado terceiro (Panamá) e esse considera-se competente, pelo que o reenvio
era admitido e aplicávamos a lei do panamá.
Caso *
A sociedade imobiliária X, com sede efetiva em Lisboa, vendeu, por contrato
celebrado em Loures, a António, português, residente habitualmente no Texas (E.U.A.),
um imóvel situado no Estado do Texas.
Sabendo que nos E.U.A. não existe Direito interlocal ou DIP unificado, determine
qual a lei competente para regular o regime dos direitos reais sobre o imóvel.
Estamos perante um problema plurilocalizado, na medida em que a sociedade X tem
sede em Lisboa, e pretende celebrar um contrato com A, português residente nos
EUA, de um imóvel sito no Texas. A situação tem contacto com mais de uma OJ
sendo objeto de DIP.
Esta matéria encontra-se regulada no artigo 46º CC (não fazemos qualificação pois no
caso não temos indicação de normas materiais dos diferentes estados para
identificarmos o conceito-quadro), que no nr1 define que o regime é definido pela lei
do Estado em cujo território as coisas se encontrem situadas – no caso, o imóvel está
situado no Texas, EUA, sendo esta a L2. Sendo os EUA um OJ complexo ou
plurilegislativo, temos de analisar o artigo 20ºCC.
O art 20º, nº 1 determina que, se em razão da nacionalidade, for competente a lei de
um Estado em que existem diferentes sistemas legislativos locais (como aqui
acontece, pois que a lei portuguesa remete a questão para a lei americana), então é o
direito interno desse Estado que fixa, em cada caso, o sistema aplicável. No fundo,
manda o art 20º, nº 1 que se determine se o Estado em questão apresenta, ou não,
direito interlocal unificado. É-nos dito que não.
Segue-se então a análise do art 20º, nº 2 – a primeira parte manda olhar para o direito
internacional privado do mesmo Estado. É-nos também dito que o mesmo não existe,
pelo que a questão é remetida para o art 20º, nº 2, 2ª parte. Aí, considera-se como lei
pessoal do interessado a lei da sua referência habitual. A é quem quer constituir o
direito real, pelo que o mesmo é português com residência nos EUA – a norma manda
aplicar a lei dos EUA.