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Caso 14

Num primeiro momento, devemos começar por referir que estamos perante uma situação
plurilocalizada na medida em que esta se conexiona com várias ordens jurídicas: a portuguesa
(nacionalidade e residência habitual de António) e a francesa (nacionalidade e residência
habitual de Bento).

Tendo em conta que, no caso concreto, foi intentada uma ação de condenação ao
reconhecimento de um direito de propriedade, podemos dizer que estamos no âmbito dos
direitos reais. Assim, e recorrendo agora às normas de conflitos presentes no CC, teremos de
atentar naquelas que regulem os conflitos relativos a direitos reais. Posto isto, a norma
aplicável ao caso será, então, a constante do 46º/1 CC, que determina que no que diga respeito
à propriedade, posse, e demais direitos reais, é aplicável a lei do Estado em cujo território as
coisas se encontrem. Posto isto, o elemento de conexão aqui presente é o da situação das
coisas.

A interpretação e aplicação deste elemento de conexão deve dividir-se em duas operações: a


interpretação e a concretização do mesmo.

Em relação à interpretação, tendo em conta que este se apresenta como um elemento de


conexão fáctico, não existe grande dificuldade na mesma. No caso, a questão que se coloca
prende-se com o segundo momento, que será o da concretização.

Em relação a este segundo momento facilmente identificamos um problema de elemento de


conexão incerto, ou seja, não se consegue apurar em que local se encontra a coisa sobre a qual
incide o direito de propriedade em causa. De modo a resolver esta questão, o Prof. Lima
Pinheiro,, entende que, caso seja não possível determinar o lugar da situação da coisa, deverá
aplicar-se a lei do Estado ao qual esse lugar pertence; caso não seja possível, terá de atender-se
ao critério geral constante do 23º/2, 2ª parte CC, que determina que na impossibilidade de se
determinar os elementos de facto de que dependa a designação da lei aplicável, recorrer-se-á à
lei subsidiariamente competente. Como não existe aqui qualquer conexão subsidiária, será de
aplicar analogicamente o 348º/3 CC, determinando a aplicação do Direito Material do foro.
Ou seja, a lei aplicável ao caso será a lei portuguesa.

Porque fizeste assim? Não se consegue concretizar o elemento de conexão, O artigo 23/2,
que consagra um critério geral, manda aplicar a lei que for subsidiariamente aplicável, “
quando não for possível determinar os elementos de facto”, como no caso, que não sabemos
onde se encontra o bem. O artigo 46 aponta um elemento de conexão simples, não manda
aplicar nenhuma lei subsidiariamente. Então estamos perante uma lacuna, e nos termos do ar
10/2 do CC pode ser preenchida quando as razões justificativas assim o permitam. E então
neste sentido poderíamos aplicar o 348/3

Quando é que a norma de conflitos remete para o ordenamento jurídico


complexo no seu conjunto?

A primeira questão que se coloca é a de saber quando é que a norma de


conflitos remete para a ordem jurídica complexa no seu conjunto e
quando é que remete diretamente para um dos sistemas que nela
coexistem.

Como proceder quando o elemento de conexão seja a residência


habitual, o domicilio, o lugar de celebração, o lugar do efeito lesivo, o
lugar da situação das coisas?
- Ferrer Correia entende que quando o elemento de conexão aponta
diretamente para determinado lugar no espaço será competente o sistema
em vigor neste lugar.

- Isabel de Magalhãe Collaço defende que a remissão da norma de


conflitos é feita, em principio, para o ordenamento do estado soberano.
O professor LP, prefere esta segunda posição, pois considera que o DIP
compete determinar o Direito aplicável, quando a situação está em
contacto com mais de um estado soberano, e não resolve conflitos
internos. Quando remete para o Direito estadual, fá-lo para o direito de
um estado soberano.

Como determinar, de entre os sistemas que vigoram no ordenamento


jurídico complexo, o aplicável?
Os princípios que orientam a determinação do sistema aplicável, dentro
do ordenamento complexo, são dois:

- Pertente ao ordenamento jurídico complexo resolver os conflitos de leis


internos e, por isso, determinar qual o sistema interno aplicável;
O n-1 do artigo 20, determina que pertence ao ordenamento complexo
fixar o sistema interno aplicável. É o que se verifica quando a ordem
jurídica complexa dispuser de um sistema unitário de Direito Interlocal ou
quando todos os ordenamentos locais estejam de acordo sobre o
ordenamento aplicável. Não sendo possível resolver a questão com nase
no Direito Interlocal vigente na ordem jurídica complexa, o art 20/2
prescreve o recurso ao Direito Internacional Privado

- Se, porém, o ordenamento complexo não resolver o problema, deve


aplicar-se, de entre os sistemas que vigoram no âmbito do ordenamento
complexo, o que tem uma conexão mais estreita com a situação a regular.

O arti 20, nº2, manda atender em caso de DIP unificado à lei da


residência habitual.
Para a Escola de coimbra aplica-se a lei da residência habitual mesmo que
esta se situe fora do estado da nacionalidade.

Para Isabel de Magalhães pessoa só releva a residência habitual dentro do


Estado de Nacionalidade. Segundo esta a função deste preceito é indicar o
sistema aplicável de entre os que integram o ordenamento complexo.
Como este preceito não fornece um critério para determinar o sistema
aplicável quando a residência habitual se situa fora do Estado da
nacionalidade, surge uma lacuna, que deve ser integrada com recurso ao
principio da conexão mais estreita. LP concorda, pois caso contrário
estariamo a tratar como apátrida quem tem uma nacionalidade e
estaríamos a menosprezar a primazia da nacionalidade em matéria de
estatudo pessoal.

Por conseguinte, em matéria de estatudo pessoal, quando a residência


habitual for fora do Estado da nacionalidade, devemos aplicar, de entre os
sistemas que integram o ordenamento complexo, aquele com que a
pessoa está mais ligada. Neste sentido também pode invocar-se a analogia
com o disposto no artigo 28 da Lei da nacionalidade, relativo ao concurso
de nacionalidade. Para determinar esta conexão mais estreita há que
atender a todos os laçoes objetivo e subjetivos que exprimam uma ligação
entre a pessoa em causa e um dos sistemas vigentes no ordenamento
complexo, e designadamente, ao vinculo de subnacionalidade que nos
estados federais se estabeleça com os estados federados, ao vinculo de
domicilio e, na sua falta, à ultima residência habitual ou último domicilio
dentro do estado de nacionalidade.
Num primeiro momento, devemos começar por referir que estamos
perante uma situação plurilocalizada na medida em que esta se conexiona
com várias ordens jurídicas: EUA, nacionalidade de E, e Portugal,
nacionalidade e residência habitual de T e residência habitual de E.
Recorrendo às normas de conflitos presentes no CC, releva o artigo 49 do
CC que regula a capacidade para contrair casamento. Esta prevê que a
capacidade é regulada pela respetiva lei pessoal, que de acordo com o
artigo 31 nº1 do cc corresponde a lei da nacionalidade. Daqui, desde logo
verídica-se que sendo T cidadã portuguesa, será aa lei portuguesa a
regular a sua capacidade matrimonial.
Em relação a E, sendo cidadão norte-americano, a questão é remetida
para esse ordenamento. O ordenamento Americano é um ordenamento
jurídico complexo, isto é um ondenamento plurileslarivo , pelo que surge a
duvida de saber se a remissão deve ser efetuada para o direito do estado
soberano (EUA) ou invés para o direito local ( California). A remissão para
ordenamentos jurídicos complexos, vem previsto no artigo 20 do CC.
O n-1 do artigo 20, determina que pertence ao ordenamento complexo
fixar o sistema interno aplicável, no entanto não poderíamos aplicar esta
alínea visto que o enunciado refere não existir direito interlocal. Também
não poderíamos aplicar a 1ª parte do nº2 do respetivo artigo, visto
também não existir um DIP unificado. Assim sendo, exige-se a análise da
segunda desta mesma alinea que considera como lei pessoal a lei da
residência. A interpretação desta parte do artigo tem gerado discussão na
doutrina. Para a Escola de coimbra aplica-se a lei da residência habitual
mesmo que esta se situe fora do estado da nacionalidade. Pelo que
seguindo este raciocínio, sendo a residência habitual de E, Portugal, seria a
lei portuguesa a regular a sua capacidade para contrair matrimónio.

Para Isabel de Magalhães Collaço só releva a residência habitual dentro do


Estado de Nacionalidade. Segundo esta, a função deste preceito é indicar o
sistema aplicável de entre os que integram o ordenamento complexo.
Como este preceito não fornece um critério para determinar o sistema
aplicável, quando a residência habitual se situa fora do Estado da
nacionalidade, surge uma lacuna, que deve ser integrada com recurso ao
principio da conexão mais estreita. LP concorda, pois caso contrário
estariamos a tratar como apátrida quem tem uma nacionalidade e
estaríamos a menosprezar a primazia da nacionalidade em matéria de
estatudo pessoal. O caso é paralelo ao previsto na parte final do art 28 da
Lei da nacionalidade: neste artigo, havendo um conflito entre duas ou
mais nacionalidade estrangeiras e não residindo o plurinacional no
território de qualquer das nacionalidade, relevará, na ordem jurídica
portuguesa,aquela nacionalidade com a qual apresenta uma vinculação
mais estreita. Identico raciocionio deve então, por analogia, aplicar-se ao
caso do nacional de ordenamento plurilegislativo residente noutro pais:
havendo várias ordens jurídicas locais potencialmente aplicáveis e não
residindo o interessado em qualquer delas deverá aplicar-se aquela com a
qual mantenha uma vinculação mais estreita.
Desta forma, uma vez que E terá vidido em Los Angels (califórnia),
depreende-se que a sua conexão mais estreita é com o ordenamento
jurídico de Califórnia. Será, portanto, esta a lei a reger a sua capacidade
para contrair matrimónio.

Num primeiro momento, devemos começar por referir que estamos


perante uma situação plurilocalizada na medida em que esta se conexiona
com várias ordens jurídicas: EUA, nacionalidade,residência habitual de B,
e localização de do Imóvel de a A, e Portugal, nacionalidade e residência
habitual de A. A servidão de passagem corresponde a um Direito real e
Recorrendo às normas de conflitos presentes no CC, releva para o caso o
artigo 46 do CC respeitante aos direitos reais. O artigo 46 preve que a lei
que deve regular os direitos reais é definido pela lei do estado em cujo
território a coisa se encontre situada. Uma vez que o terreno está situado
no TEXAS, EUA, é para a lei americana que o art 46 remete. O
ordenamento juridico americano é um ordenamento complexo ou
prurilegislativo, pelo que surge a duvida de saber se a remissão deve ser
efetuada para o direito do estado soberano (EUA) ou invés para local
( direito do texas).
O artigo 20 do CC regula a remissão para ordenamento plurilegislativos
efetuada em razão da nacionalidade. Pelo que surge saber se o mesmo
pode ou não aplicar-se analogicamente aos demais casos em que as
normas de conflitos remetam para ordenamentos deste tipo. Ferrer
Correia entende que quando o elemento de conexão aponta diretamente
para determinado lugar no espaço será competente o sistema em vigor
neste lugar. Daqui decorria que seria competente para regular o litigio o
direito de texas. Isabel de Magalhãe Collaço e o professor Lima pinheiro,
entende que as normas de conflitos devem referir-se sempre a Estados
soberanos, pelo que será por conseguinte necessário dispor de uma
norma de alcance geral equivalente à do artigo 20, daí a necessidade de
fazer apelo à sua aplicação analógica. Ora, recorrendo ao artigo 20, O n-1 ,
determina que pertence ao ordenamento complexo fixar o sistema interno
aplicável, no entanto não poderíamos aplicar esta alínea visto que o
enunciado refere não existir direito interlocar. Também não poderíamos
aplicar a 1ª parte do nº2 do respetivo artigo, visto também não existir um
DIP unificado. Assim sendo, exige-se a análise da segunda parte do artigo
que considera como lei pessoal a lei da residência, e uma vez que BOB
reside habitualmente no texas será o direito do texas a ser aplicado.

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