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Causas de exclusão da ilicitude

Legitima defesa- Como postula o artigo 32, uma situação de legitima


defesa supõe a existência de uma agressão atual e ilícita de interesses
juridicamente protegidos do agente ou de terceiro; devendo a acção de
legitima defesa constituir o meio necessário para repelir a agressão

Agressão- O conceito de agressão deve compreender-se como ameaça


derivada de um comportamento humano a um bem juridicamente
protegido. Ficam por isso excluídas da legitima defesa as actuações de
animais, bem como os perigos para bens jurídicos decorrentes de coisas
inanimadas. Naturalmente, não significa isto que cesse o direito à defesa
contra ameaças deles provenientes, sempre podendo a resposta ser
justificada pelo direito de necessidade (34). A legitima defesa não deverá,
porem, ser negada quando exercida contra animais que estejam a ser
usados por alguém como instrumento de agressão, Já que nestes casos
não deixa de se estar perante uma agressão humana, apenas com a
particularidade de um animal ser utilizado como arma.

Deve, por outro lado exigir-se que a conduta humana seja voluntária, não
havendo lugar a uma situação de legitima defesa quando a resposta seja
exercida contra uma agressão cometida em estado de inconsciência ou em
que a vontade esteja completamente ausente.

Como agressão deve considerar-se tanto o comportamento ativo como o


comportamento omissivo referido à violação de um dever jurídico. Mas
omissões impuras e puras? Quanto às omissões impuras, aceita-se sem
grande controvérsida poderem estar justificadas por legitima defesa ( é
licito as ameaças ou agressões sobre a mãe que se recusa a alimentar o
seu filho recém-nascido para que esta alimente a criança; Em relação ás
puras FD ao contrário do que defende parte da doutrina que restringe o
conceito de agressão e a consequente legitimidade da da defesa às
omissões impuras ( com base na ideia de que nas omissões puras não há
colocação em perigo de bens jurídicos individuais, ou de que a omissão
pura não é punível como lesão desses bens jurídicos), considera que da
omissão resulta um perigo para bens jurídicos individuais e supra-
individuais, e relarivamente ao qual, portanto, deve ser afirmada a
possibilidade de legitima defesa.

Interesses juridicamente protegidos do agente ou de terceiro- O bem


ameaçado deve ser juridicamente- não necessariamente jurídico-
pemalmente- protegido. A grande questão, cada vez mais actual, reside
em saber se abenas bens individuais ou também bens supra-individuasi
podem constituir objeto da agressão. O artigo 32 pode sugerir que a
agressão deve pôr em causa bens pessoais, ao referir “interesses do
agente ou de terceiro” e não também do estado ou da comunidade” e não
também do estado ou da comunidade ( se bem que de um ponto de vista
formar, sempre pudesse retorquir.se que o Estado ( e mesmo a
comunidade) surge como “terceiro” relativamente ao agressor. Segundo o
professor FD os bens jurídicos supra-individuasis, coletivos ou universais
são autênticos bens jurídicos, merecedores de tutela penal ao mesmo
nível, pelo menos, dos bens jurídicos individuais ( a questão atual do
terrorismo é um exemplo paradigmático)), não existindo, por isso, razão de
principio para os excluir do catálogo dos interesses juridicamente
protegidos para efeito da legitima defesa. ( O que sucede é apenas que a
mais acentuada “funcionalização” destes bens jurídicos pode conduzir a
restringir a necessidade ( que inclui a adequação dos meios de defesa ou
mesmo eventualmente, em casos excepcionais, a eliminar a necessidade
da defesa.

Atualidade da agressão: Só é admissível legítima defesa contra agressões


atuais. A agressão será atual quando é iminente, já se iniciou ou ainda
persiste.

A agressão é iminente quando o bem jurídico se encontra já


imediatamente ameaçado
Discutidas têm sido as situações em que, não obstante a agressão não ser
ainda sequer iminente, já se sabe antecipadamente, com certeza com um
elevado grau de segurança, que ela vai ter lugar. Para permitir a exclusão
da ilicitude por legitima defesa neste tipo de casos alguns autores
defendem a chamada teoria da defesa mais eficaz, segundo o qual a
agressão seria já actual no momento em que se soubesse que ela viria a
ter lugar se o adiamento da reação para o momento em que ela fosse
iminente tornasse a resposta impossível ou se ela só fosse possível
mediante um grave endurecimento dos meios. Trata-se porém, segundo
FD de uma proposta que não deve ser acolhida: por um lado, em termos
godmáticos, alarga em demasia o conceito de actualidade: por outro lado,
em termos politico-criminais, pode ter consequências extremamente
nefastas, legitimando formas privadas de defesa em substituição da
atuação das autoridades policiais competentes, a quem pertence em
principio intervir nestas situações. A legitima defesa deve, assim, ser
negada nestes casos por não estarmos em presença de agressões atuais.

A defesa pode ter lugar até ao último momento em que a agressão ainda
persiste. Também aqui nem sempre pode fazer-se coincidir esse momento
com o da consumação, uma vez que são numerosos os crimes em que a
agressão e o estado de antijuridicidade perduram para além da
consumação típica ou “formal”. Relevante para este efeito é o momento
até ao qual a defesa é suscetivel de pôr fim à agressão. Até esse último
momento a agressão deve ser considerada como actual.

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