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NOÇÕES GERAIS
ILICITUDE: contrariedade à ordem jurídica tomada no seu todo ou antinormatividade.
® A ilicitude penal tem sempre uma dicotomia: desvalor da ação + desvalor do resultado.
o Os comportamentos ilícitos, para serem ilícitos têm que comportar o desvalor da ação (ideia de que as condutas praticadas têm que se desvaliosas,
temos que ter ou uma ação proibida ou uma omissão da ação imposta ou devida).
o Para além do desvalor da ação, temos também o desvalor do resultado (é desvaliosa tanto a ação de matar como a morte - desvalor do resultado).
As causas de exclusão intervêm como uma redefinição do valor de um facto inicialmente desvalioso. O objetivo destas é tornar o facto lícito/permitido, o que significa
que uma causa de justificação do facto não é uma mera delimitação negativo do desvalor da ação e do desvalor do resultado, mas em princípio uma compensação ou
neutralização da lesão do bem jurídico protegido pela norma, através da realização de um outro bem ou interesse que suscita uma razão específica para não proibir uma
conduta típica.
• Pressupostos:
o Perigo atual;
o Perigo que ameace interesses juridicamente protegidos do agente ou de terceiro;
o Modo de criação do perigo - não pode ser criado pelo agente - al. a), a menos que seja para proteger os interesses de terceiro.
• Requisitos:
o Adequação do meio;
o Superioridade do interesse (al. b));
o Sacrifício razoável - cláusula de razoabilidade (al. c));
DIREITO DE o Conhecimento da situação perigosa: é necessário que o agente conheça os pressupostos da causa de justificação e tenha
NECESSIDADE consciência;
o Não exige animus salvandi.
• Relativamente, em concreto, às alíneas do art. 34º.
o Na al. c) seria a suportabilidade da agressão por parte do lesado;
§ MFP discorda desta interpretação;
o Na al. b) a sensível superioridade dos interesses não implica uma comparação em abstrato e que esteja fixada através de critérios
padrão (não se trata de uma verificação/comparação quantitativa). Entende que a ponderação é feita caso a caso e com os
contornos do mesmo. Podemos estar perante dois bens jurídicos iguais e um ser superior no caso concreto;
§ Exemplo do salário mínimo vs. óculos caros. Não é um juízo objetivo mas subjetivo;
o Na al. c), temos uma cláusula de limitação pela dignidade humana. O núcleo duro da dignidade humana (vida, integridade física na
aceção mais grave e certas esferas de liberdade fazem parte deste núcleo duro) nunca pode ser posto em causa, sob pena de
estarmos a instrumentalizar a pessoa.
• O conflito só é autêntico quando colidem distintos deveres de ação, dos quais só um pode ser cumprido.
• Exemplo: Um pai vê dois filhos em risco de se afogarem e apenas pode salvar um deles.
• Requisitos específicos do conflito de deveres
o O valor do dever cumprido deve ser pelo menos igual ao valor do dever sacrificado.
o O agente tem de ter cumprido um dos deveres.
o O agente deve ter ponderado corretamente qual o interesse mais relevante.
o Ponderação em caso de gravidade: exemplo, prevalece o dever relativamente à pessoa que está em maior perigo de vida.
o Ponderação, igualmente, dos deveres de garante: prevalece o dever que implica o cumprimento de um dever de garante (caso
CONFLITO DE
DEVERES de socorrer o filho e socorrer alguém desconhecido).
• Conflitos meramente aparentes
o Ficam de fora os casos em que o conflito se dá entre um dever de ação e um dever de omissão. Não se aplica o 36º/1/1ªp, mas sim
o 34º, porque na verdade é uma colisão de interesses.
§ O agulheiro da estação vê que um comboio segue descontrolado numa das vias em que estão várias pessoas. Na outra
via só está um trabalhador da estação. O agulheiro tem um conflito entre um dever de ação (salvar vários) e um dever de
omissão (matar um).
o Nestas situações, o agente não pode transferir o perigo daqueles que já estão sujeitos ao perigo para alguém que não está em perigo.
Os deveres de omissão sobrepõem-se aos valores de ação, mesmo quando os bens sejam idênticos.