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EXCLUDENTES DA ILICITUDE

Material produzido pelo Prof. Davi Dunck

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ILICITUDE (ANTIJURICIDADE)

1. Estado de necessidade: O estado de necessidade é uma causa excludente


da ilicitude que se verifica em uma situação de perigo, no qual existe um conflito
entre bens jurídicos, situação pela qual o ordenamento autoriza o sacrifício de
um deles para a preservação do outro.

1.1. Espécies de estado de necessidade:

- Justificante: o bem sacrificado é de valor igual ou inferior ao bem


preservado (exclui a ilicitude).

- Exculpante: o bem sacrificado é de valor superior ao bem preservado


(a ilicitude é mantida, mas, no caso em concreto, pode afastar a
culpabilidade em razão da inexigibilidade de conduta diversa).

- Agressivo: o agente sacrifica bem jurídico pertencente a terceiro


inocente (ou seja, pessoa que não provocou a situação de perigo).

- Defensivo: o agente sacrifica bem jurídico pertencente ao próprio


sujeito provocou o perigo.

1.2. Requisitos do estado de necessidade:

1º - Perigo atual

2º - Perigo não provocado voluntariamente pelo agente

3º - Ameaça a direito próprio ou alheio

4º - Ausência de dever legal de enfrentar o perigo

5º - Inevitabilidade do perigo por outro modo

6º - Proporcionalidade (razoabilidade)

7º - Conhecimento da situação justificante

- Atenção: É perfeitamente admissível o “estado de necessidade recíproco”,


isto é, quando duas ou mais pessoas estejam, simultaneamente, em estado de
necessidade, umas contra as outras (ex: o barco está afundando, e “A” e “B” –
que não sabiam nadar – começam a se agredir para disputar único colete de
salva-vidas).

2. Legítima defesa: A legítima defesa é uma causa excludente da ilicitude


que se verifica quando alguém, repele injusta agressão (atual ou iminente), a
direito seu ou de outrem, usando moderadamente dos meios necessários (25,
CP).

2.1. Requisitos da legítima defesa:

1º - Agressão injusta

2º - Agressão atual ou iminente:

3º - Agressão a direito próprio ou alheio

4º - Uso moderado dos meios necessários

5º - Conhecimento da situação justificante

2.2. Legitima defesa especial: O pacote anticrime acrescentou no parágrafo


único do art. 25 uma modalidade especial da legítima defesa, que se verifica
quando:

1º - “observados os requisitos previstos no caput deste artigo”, ou seja, o


agente deve agir em obediência aos requisitos já inerentes a própria legítima
defesa;

2º - “se há vítima mantida refém durante a prática de crimes”, ou seja, o


agente de segurança pública, não só pode, mas deve repelir agressão ou risco
de agressão (atuando dentro dos limites legais).

2.3. Espécies de legítima defesa:

- Real: se verifica quando estão presentes todos os requisitos previstos


no art. 25 do CP.
- Putativa: se verifica quando não existe a situação de legítima defesa,
mas ela é imaginada por erro do agente.

- Subjetiva (excessiva): se verifica quando o agente acaba se


excedendo nos limites da legítima defesa, por erro de tipo escusável
(excesso acidental).

- Sucessiva: se verifica quando alguém reage contra o excesso da


legítima defesa (como o excesso representa uma agressão injusta, a
reação do agredido se torna legítima).

- Atenção: Não é cabível a legítima defesa real contra legítima defesa real
(legítima defesa recíproca), pois só existe a legítima defesa quando a agressão
é injusta.

3. Estritro cumprimento do dever legal: O estrito cumprimento de dever legal


é uma causa excludente da ilicitude que se verifica quando alguém pratica um
fato típico, em razão de cumprir uma obrigação imposta por lei, ou seja, um dever
legal (ex: policial que prende em flagrante).

4. Exercício regular de direito: O exercício regular de direito é uma causa


excludente da ilicitude que se verifica quando alguém pratica um fato típico,
em razão do exercício de um direito (ex: violência esportiva).

5. Excesso: Segundo o parágrafo único do art. 23, o excesso (doloso ou


culposo), pode ocorrer em qualquer uma das excludentes da ilicitude estudadas
acima, se verificando quando o agente desrespeita os limites legais dolosa ou
culposamente.

- Atenção: O excesso exculpante é aquele que resulta da profunda alteração


de ânimo do agente, ou seja, do medo ou do susto provocado pela situação em
que se encontra. Há entendimentos no sentido de que esse excesso pode
funcionar como uma causa supralegal de exclusão da culpabilidade em razão
da inexigibilidade de conduta diversa.
01. Quem, usando moderadamente
dos meios necessários, repele
injusta agressão, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem, age em:

a) legítima defesa.
b) estrito cumprimento de dever
legal.
c) exercício regular de direito.
d) estado de necessidade.
e) obediência hierárquica.
02. Quanto ao estado de necessidade, é
CORRETO afirmar:

a) Há estado de necessidade, quando a pessoa


atua diante de um perigo a que deu causa
propositalmente.

b) Em situação que não extrapole os limites


legais do exercício de sua profissão, pode o
bombeiro militar deixar de socorrer uma pessoa
em perigo alegando estado de necessidade.

c) Pode-se reconhecer o estado de necessidade


se havia outro modo de evitar o perigo.

d) Caracteriza-se o estado de necessidade


mesmo diante de situação de perigo que não
seja atual ou iminente.

e) Um dos pressupostos do estado de


necessidade é a demonstração da
inevitabilidade do comportamento, ou seja, a
demonstração de que não havia outra forma de
atuar diante da situação de perigo.
03. Em relação a exclusão da ilicitude é
CORRETO afirmar:

a) Entende-se em estado de necessidade


quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual
ou iminente, somente a direito seu.

b) Considera-se em estado de necessidade


quem pratica o fato para salvar de perigo
futuro.

c) Pode alegar estado de necessidade


quem tinha o dever legal de enfrentar o
perigo.

d) Não há crime quando o agente pratica o


fato em estado de necessidade.
04. Ângelo Asdrúbal, reconhecido mundialmente
como notável lutador de boxe, já tendo sido campeão
brasileiro e vice-campeão mundial na categoria de
pesos médios ligeiros, em uma luta com Custódio na
busca pela indicação para disputa do cinturão de
campeão, obedecendo rigorosamente às regras do
esporte lhe desfere diversos socos, os quais vêm a
causar lesões gravíssimas em seu adversário
(Custódio), ocasionando a morte. Analisando o caso
proposto, pode-se afirmar que Ângelo:

a) praticou lesões corporais culposas


(culpa inconsciente).

b) não será responsabilizado por ter agido em estrito


cumprimento do dever legal.

c) não será responsabilizado por ter agido


em exercício regular de direito.

d) praticou lesões corporais dolosas (dolo eventual).

e) praticou lesões corporais de natureza grave,


em razão dos ferimentos.
05. Determinado policial, ao cumprir um
mandado de prisão, teve de usar a força
física para conter o acusado. Após a
concretização do ato, o policial continuou a
ser fisicamente agressivo, mesmo não
havendo a necessidade. Nessa situação
hipotética, o policial:

a) excedeu o estrito cumprimento do dever


legal.

b) abusou do exercício regular de direito.

c) prevaleceu-se de condição excludente de


ilicitude.

d) agiu sob o estado de necessidade.

e) manifestou conduta típica de legítima


defesa.
06. Durante o cumprimento de um mandado
de prisão a determinado indivíduo, este
atirou em um investigador policial, o qual,
revidando, atingiu fatalmente o agressor.
Nessa situação hipotética, a conduta do
investigador configura:

a) legítima defesa própria.

b) exercício regular de direito.

c) estrito cumprimento do dever legal.

d) homicídio doloso.

e) homicídio culposo.

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