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1) Artur, Benedito e Célia, designers gráficos que trabalham juntos no Outsite Cowork

Café, são proprietários de três computadores portáteis exteriormente idênticos. No


final de mais um dia, com a pressa de sair e sem disso se aperceber, Artur arruma o
computador de Benedito na sua mochila, e Benedito o portátil de Artur na sua pasta.
Célia, notando o rebuliço, coloca um computador que julga de ser o de Artur na sua
mala, já que este continha uma actualização do software que usavam para trabalhar.
Todavia, tratava-se do computador de Célia. Quid juris?

Dividi aqui o caso em 2 situações: a situação do artur e do benedito, que


arrumam o computador errado por lapso. E a situação da célia que arruma
o seu computador julgando estar a arrumar o computador de Artur.
O problema descrito nas hipóteses sugere a prática de um crime de furto,
previsto no artigo 203.º do Código Penal. Especificamente, as situações enunciada
suscitam a questão da vinculação psicológica do agente com o resultado, traduzida pelo dolo.
São elementos do dolo o elemento cognitivo( isto é para que o dolo do tipo se afirme é
necessário que o agente conheça/saiba/represente corretamente (ou tenha consciência
psicológica ou intencional) das circunstâncias do facto que preenche um tipo de ilícito
objetivo) e o elemento volitivo( exigindo-se também que a prática do facto seja presidida por
uma vontade dirigida á sua realização.

Na primeira situação artur e benedito estão em erro sobre o objeto porque não existe a
representação do carácter alheio da coisa ( como estabelece o artigo 203). O erro em causa é
um erro ignorância, que vem previsto no artigo 16,1 do CP. No erro-ignorância não existe
representação de um elemento essencial á prática do tipo objetivo, efetivamente para se
afirmar que o agente quer furtar o um computador é indispensável que represente que esse
objeto não lhe pertence. Posto isto o artigo 16 determina a exlusão do dolo do tipo, ficando
contudo ressalvada a punibilidade a titulo negligente ( artigo 16,3 cp). No entanto, nos termos
do artigo 13 do cp, a negligencia só é ponivel quando haja expressa precisão, o que não ocorre
no caso de furto.

No caso da célia, esta também se encotra em erro uma vez que atribui uma qualidade ao
objecto que ele não tem, e que é elemento essencial do facto típico.- para se verificar um furto
é necessário que o objeto da acção corresponda a uma coisa movel alheia (203). Assim, o erro
de célia é um erro suposição. Nos erros-suposição há motivação para a prática do crime,
porem o agente encontra-se em erro sobre um elemento do tipo que o impede materialmente
de praticar o crime. O erro-suposição segue, em principio, o regime da tentativa impossível.
Com efeito, a acção de Célia dirige-se a um objeto inexistente para efeitos do preenchimento
do tipo de crime em causa: Um bem próprio não é suscetivel de furto pelo proprietário.
Importa, portanto verificar se a tentativa é punível no tipo de crime em causa, devendo nos
termos do artigo 23, numero 1 do CP, ao crime consumado corresponder uma pena superior a
3 anos- o que não acontece. O crime de furto é punível até 3 anos ( artigo 203/1. Portanto
considerei que esta tentantiva impossível não era punível.

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