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IMPUTAÇÃO SUBJETIVA

Dolo do tipo (breves definições)


A doutrina dominante conceitualiza dolo, na sua formulação mais geral, como
conhecimento e vontade de realização do tipo objetivo de ilícito.

Nos elementos do dolo encontramos o elemento intelectual e o elemento


volitivo.

Elemento intelectual do dolo


Prende-se com o conhecimento. Representação dos elementos normativos do
tipo e dos elementos do facto que preenchem um tipo de ilícito objetivo. Porque
é que se exige este conhecimento? Pretende-se que o agente, ao atuar, conheça
tudo quanto é necessário a uma correta orientação da sua consciência ética para
o desvalor jurídica que concretamente se liga à ação intentada, para o seu
carácter ilícito, pois que tudo isso é indispensável para se poder afirmar que o
agente detém o conhecimento necessário para que a sua consciência ética ou
dos valores ponha e resolva corretamente o problema da ilicitude do
comportamento.

Princípio da congruência entre o tipo objetivo e tipo subjetivo de ilícito doloso.

Conhecimento das circunstâncias de facto: a afirmação do dolo exige o


conhecimento da totalidade dos elementos constitutivos do tipo de ilícito e da
factualidade típica.

 Representação dos elementos normativos (normativos e descritivos)


 Atualidade da consciência intencional da ação (co consciência imanente
à ação)
 Erro sobre a factualidade típica

Previsão do decurso do acontecimento: é necessário a representação pelo


agente da conexão entre a ação e o resultado?

 Erro sobre o processo causal (divergência entre o risco conscientemente


criado pelo agente e aquele do qual deriva efetivamente o resultado)
o Erro sobre o processo causal relevante
o Erro sobre o processo causal irrelevante
 Dolus generallis (agente erra sobre qual dos diversos atos de uma
conexão de ação produzirá o resultado visado  crime consumado ou
tentativa? DD)
 Aberratio ictus vel impetus (por erro na execução vem a ser atingido
objeto diferente daquele que estava no propósito do agente. Teoria da
concretização. Punição por tentativa ou por concurso com crime
negligente).
 Error in persona vel objecto (é um erro na formação da vontade. O
agente encontra-se em erro quanto à identidade do objeto ou da pessoa a
atingir. Erro sobre as qualidades tipicamente relevantes ou objeto
atingido é tipicamente idêntico ao projetado).

Conhecimento da proibição legal: em certos casos, não se poderá afirmar o


dolo sem este conhecimento, pois que o desconhecimento desta proibição
impede o conhecimento total do substrato da valoração e determina uma
insuficiente orientação da consciência ética do agente para o problema da
ilicitude.

Elemento volitivo do dolo


Ao dolo do tipo não pode bastar a representação das circunstâncias de facto,
exige-se ainda que a prática do facto seja presidida por uma vontade dirigida à
sua realização. É este elemento que constitui o momento volitivo do dolo do
tipo e que pode assumir matizes diversos, permitindo assim a formação de
diferentes classes de dolo. Artigo 14º

 Dolo direto intencional (nº1): a realização do tipo objetivo de ilícito


surge como o verdadeiro fim da conduta
 Dolo direto necessário (nº2): realização do facto surge não como
pressuposto ou degrau intermédio para alcançar a finalidade da conduta,
mas como sua consequência necessária no preciso sentido de
consequência inevitável
 Dolo direto eventual (nº3): a realização do tipo objetivo de ilícito ser
representada pelo agente apenas como “consequência possível da
conduta”.
Dolo eventual ≠ negligência consciente – teoria da conformação

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