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DIREITO PENAL I

DENIS FERNANDO RADUN


Elementos subjetivos do tipo: dolo e culpa

Identificar os elementos subjetivos do tipo;


Distinguir dolo e culpa.
DOLO
- Trata-se do elemento subjetivo geral do tipo (Bitencourt)

Dolo é a vontade de realizar o tipo objetivo, orientada pelo conhecimento de


suas elementares no caso concreto (Bitencourt)

Vontade (elemento volitivo) consciente (elemento cognitivo ou intelectual)


de realizar a conduta típica > dolo típico > dolo geral
DOLO
Elemento volitivo e cognitivo ou intelectual do dolo

Vontade (elemento volitivo) consciente (elemento cognitivo ou intelectual) de


realizar a conduta típica

a) Elemento cognitivo ou intelectual: a consciência da ilicitude deve ser atual, no


momento da prática da ação típica. Pressupõe o conhecimento atual das
elementares do tipo: elementos descritivos e normativos, do nexo causal e do
resultado, da lesão ao bem jurídico, dos elementos da autoria e da participação,
dos elementos objetivos das circunstâncias agravantes e atenuantes que supõem
uma maior ou menor gravidade do injusto (tipo qualificado ou privilegiado) etc.
DOLO
b) Elemento volitivo: A vontade, incondicionada, deve abranger a ação ou omissão
(conduta), o resultado e o nexo causal. A vontade pressupõe a previsão, isto é, a
representação, na medida em que é impossível querer algo conscientemente senão
aquilo que se previu ou representou na nossa mente, pelo menos, parcialmente.

A vontade de realização do tipo objetivo pressupõe a possibilidade de influir no curso


causal. Não basta estar na esfera de imaginação, o agente deve ter sido capaz de
realizar a ação de modo significativo a interferir no nexo de causalidade entre a
conduta e o resultado. Não se pune o dolo puramente psicológico.
DOLO
Dolo geral e dolo específico

Vontade consciente de realizar a conduta típica > dolo típico > dolo geral

Dolo específico [pouco adotado pela doutrina atual]: Discussão sobre a necessidade de se
verificar, na conduta praticada pelo agente, que houve o enquadramento no específico fim
de agir previsto pelo tipo.
DOLO
Tese preponderante: Existe o dolo geral. Todavia, há a necessidade de identificação do elemento
subjetivo do tipo específico em todos os casos identificáveis explícita ou implicitamente.
Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem
econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

> Elemento subjetivo explícito do dolo


Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

> Elemento subjetivo implícito do dolo [deve haver o objetivo de macular a reputação]
DOLO
Teoria do dolo adotada no Brasil: Teoria da vontade ou do consentimento.
CP, art. 18, I: O crime é considerado doloso “quando o agente quis o resultado [dolo
direto] ou assumiu o risco de produzi-lo” [dolo eventual]

Espécies de dolo
A teoria penal moderna distingue três espécies de dolo (Cirino dos Santos):
a) o dolus directus de 1º grau: compreende o que o autor quer realizar;
b) o dolus directus de 2º grau [ou dolo de consequências necessárias pelo meio
escolhido (Bittencourt)]: compreende as consequências típicas representadas
como certas ou necessárias pelo autor;
DOLO
Espécies de dolo

c) o dolus eventualis: compreende as consequências típicas representadas como


possíveis [ou prováveis] pelo autor, que consente antecipadamente (e concorda)
com a sua produção. O autor consente previamente com o resultado de sua ação.
[Apenas mera possibilidade do resultado típico não representa um querer, deve ser tratado no
âmbito da culpa.]

“se o agente diz a si próprio: seja como for, dê no que der, em qualquer caso, não deixo de
agir, é responsável a título de dolo eventual” (Frank apud Bitencourt)
DOLO
Exemplo de conduta com dolo direto de primeiro grau: Sujeito A pretende tem a intenção de matar o sujeito
B com o uso de uma arma de fogo e, para tanto, desfere tiros contra ele > identifica-se que o dolo está
ligado ao que o sujeito quer realizar [A matar B].

Exemplo de conduta com dolo direto de segundo grau: Sujeito A pretende tem a intenção de matar o
sujeito B com o uso de uma arma de fogo e, para tanto, introduz um dispositivo explosivo em um barco
tripulado por outras pessoas programando-o para explodir quando estiver em alto mar > identifica-se que o
dolo está ligado às consequências certas ligadas à ação que o sujeito quer realizar [matar os tripulantes no
contexto da ação de matar B].

Exemplo de condutas com dolo eventual: Sujeito A, após cometer um assalto, foge das forças policiais em
via pública e movimentada e desfere tiros contra a viatura de polícia e os disparos atingem uma mulher idosa
> identifica-se que o dolo está ligado a uma consequência possível da ação. Todos sabem que atirar
aleatoriamente, pode ferir pessoas [morte da idosa].
DOLO
Crime preterdoloso
Quando o agente atua com dolo na conduta e culpa com relação ao resultado (ex.: art. 129,
§ 3º, do CP)

Lesão corporal

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Lesão corporal seguida de morte

§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.


CULPA
Culpa é a inobservância do dever objetivo de cuidado manifestada numa conduta
produtora de um resultado não querido, mas objetivamente previsível. (Bitencourt)
O fim da conduta pode ser lícito, diferente do dolo que é ilícito, mas a forma como ela é
realizada não é diligente.

Art. 18 - Diz-se o crime: [...] Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
CULPA
Exemplos:
Homicídio culposo

§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)

Pena - detenção, de um a três anos.

Lesão corporal culposa

§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)

Pena - detenção, de dois meses a um ano.


CULPA
Culpa inconsciente e Culpa consciente

Culpa inconsciente: é a culpa por excelência, não há previsão do resultado pelo


agente.

Culpa consciente: ocorre quando o agente prevê que sua conduta pode levar a
um certo resultado lesivo, embora acredite, firmemente, que tal evento não se
realizará, confiando na sua atuação (vontade) para impedir o resultado (Nucci).
[No dolo eventual, o agente refletiu e assume, consente com a possibilidade do o resultado lesivo,
embora não o deseje diretamente]
CULPA
Espécies de culpa (art. 18, II, CP)

Imprudência: forma ativa de culpa, significando um comportamento sem cautela,


realizado com precipitação ou com insensatez;

Negligência: forma passiva de culpa, ou seja, assumir uma atitude passiva, inerte
material e psiquicamente, por descuido ou desatenção, justamente quando o dever de
cuidado objetivo determina de modo contrário;

Imperícia: incapacidade, inaptidão, insuficiência ou falta de conhecimento necessário


para o exercício de uma determinada arte, ofício ou profissão.
Fontes

NUCCI, Guilherme de Souza.


BITENCOURT, Cézar Roberto.

PLANALTO. Código Penal. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm

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