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Tipicidade Subjectiva
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O presente documento apresenta meras propostas de resolução dos casos práticos, e não dispensa a frequência
às aulas teóricas e a consulta dos manuais de referência.
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do dolo do tipo, ficando contudo ressalvada a punibilidade a título negligente (artigo 16.º,
número 3 CP).
No entanto, nos termos dos artigos 13.º e 15.º do Código Penal, a negligência só será
punível quando haja expressa previsão, o que não ocorre no caso do furto.
Poder-se-ia ainda equacionar a relevância de uma acção livre na causa (artigo 20.º,
número 4 do código Penal), traduzida pela circunstância de o agente se ter voluntariamente
colocado na situação de embriaguez para não conseguir distinguir os carros e, desse modo,
praticar o furto. Todavia, não dispondo de quaisquer dados que sustentem essa conclusão,
impõe-se afastar este cenário. Assim, o agente não seria punido.
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para o tornar passível de furto. Dito de outro modo, B julga estar a levar o computador de C,
que seria um objecto típico do furto, por não lhe pertencer. Por esse motivo, nada obsta à
afirmação de um dolo directo de furto, já que o agente representa e quer subtrair uma coisa
móvel que encara como alheia. O erro-suposição segue, em princípio, o regime da tentativa
impossível. Com efeito, a acção do agente dirige-se a um objecto inexistente para efeitos do
preenchimento do tipo de crime em causa: um bem próprio não é susceptível de furto pelo
proprietário
Isto dito, importa verificar se a tentativa é punível no tipo de crime em causa, devendo,
nos termos do artigo 23.º, número 1 do CP, ao crime consumado corresponder uma pena
superior a 3 anos – o que não acontece (artigo 203.º, número 1 do CP: “até três anos”). Há
ainda que verificar se existe previsão especial de punibilidade por tentativa, o que se observa
no artigo 203.º, número 2 do Código Penal. Consequentemente, esta disposição diz-nos que,
em regra, as tentativas de furto simples são puníveis. Contudo, estamos perante uma tentativa
impossível, pelo que importará aferir da respectiva punibilidade, ao abrigo do disposto no
artigo 23.º, número 3 do Código Penal. Pelos dados da hipótese, nada nos leva a crer que seja
manifesta a inexistência do objecto. Em consequência, esta tentativa será punível.
3) D pretende matar o ruidoso cão do seu vizinho E e, assim que anoitece, coloca-se à
janela com a arma apontada, à espera que o cão saia de casa. No momento em que vê
um vulto baixinho sair, dispara. No entanto, não se tratava do cão, mas do próprio E,
que andava de gatas à procura de um botão de punho que perdera nessa tarde e que
vem a ter morte imediata. Quid juris?
O caso descrito suscita a discussão da eventual punibilidade de dois crimes diferentes:
homicídio (artigo 131.º do Código Penal) – a morte do vizinho; e dano (artigo 212.º do
Código Penal) – a desejada morte do cão.
No que respeita ao homicídio de E, D praticou uma acção penalmente relevante, por se
tratar de um comportamento humano voluntário. Para além disso, criou um risco, sendo esse
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risco proibido e tendo conhecido concretização no resultado. Como vimos, E acabou por
morrer na sequência do tiro disparado por D.
No que respeita à tipicidade subjectiva, o agente ignora um elemento essencial do tipo,
que é a qualidade de “pessoa” do objecto da sua acção. Como sabemos, o homicídio só pode
ter por objecto uma pessoa. Deste modo, D encontra-se numa situação de erro sobre a pessoa,
que será relevante pelo facto de se tratar de um requisito essencial para a observância do tipo
de homicídio. Consequentemente, tal erro-ignorância permitirá excluir o dolo do tipo nos
termos do artigo 16.º, número 1 do Código Penal. Todavia, importa não esquecer a previsão
do artigo 16.º, número 3 do Código Penal, que ressalva a punibilidade a título negligente. Por
este motivo, impunha-se verificar, in casu, se D tinha actuado de forma negligente.
Concluindo-se em sentido afirmativo, D responderia a título de homicídio negligente (artigo
137.º do CP). Caso contrário, afastar-se-ia a punibilidade quanto a este crime.
No que se refere ao crime de dano, parece-nos que a descrição da hipótese sugere que
o cão nunca terá estado em perigo, porque não teria saído de casa. Equivale isto a considerar
que a vontade de D, quanto ao cão, não terá tido expressão em quaisquer actos de execução,
susceptíveis de colocar o animal em perigo. Desse modo, não haveria fundamento para punir
D apenas pelas suas intenções relativamente ao cão.
4) F quer furtar o gato de G, mas engana-se e subtrai o gato de H, que é muito parecido.
Quid juris?
No cenário descrito, importará analisar a responsabilidade penal de F, pela
circunstância de ter subtraído o gato de H, à luz do crime de furto (artigo 203.º do Código
Penal).
Observa-se, inequivocamente, um comportamento humano voluntário, permitindo
afirmar a existência de uma acção penalmente relevante. Paralelamente, diremos que o agente
criou um risco, sendo tal risco proibido, e tendo conhecido concretização no resultado
produzido.
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5) I pretende partir o vidro da janela de J. Atira uma pedra, mas, por falta de pontaria,
acerta em L que está na varanda do lado direito e que nem sequer tinha visto. Quid
juris?
Atendendo à descrição enunciada, importa explicitar que teremos que analisar a
responsabilidade penal de I, relativamente a dois possíveis crimes: dano (artigo 212.º, n.º 1
do Código Penal), no que respeita à sua pretensão de partir o vidro da janela, e ofensa à
integridade física (artigo 143.º do Código Penal), no que concerne ao facto de a pedra ter
acertado em L.
Quanto ao crime de dano, afirma-se, inequivocamente, a existência de comportamento
humano voluntário e, nesse sentido, de uma acção penalmente relevante. Importa, por isso,
proceder à análise da tipicidade.
Em termos objectivos, o agente criou um risco proibido para o bem jurídico. Porém, o
risco concretizado no resultado não corresponde ao perigo típico criado pelo agente. Numa
formulação alternativa: o risco que produziu o resultado típico é oriundo da conduta do
agente mas, de acordo com a representação e vontade de D, o risco típico criado seria o risco
de dano e não de ofensa à integridade física.
Perante estas constatações, diremos que o caso descrito parece corresponder às
chamadas situações de erro na execução, em que o agente não provoca o risco que
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inicialmente tinha previsto, acabando por desencadear um processo que conduz a uma lesão
diferente da que pretendia causar. Trata-se de um contexto comummente designado como
aberratio ictus vel impetus, caracterizado pela ocorrência de um erro na execução que produz
um resultado distinto do projectado pelo agente. Neste concreto cenário, não se verifica uma
identidade típica de objectos: sugere-se a lesão típica de dois crimes distintos. De facto, na
nossa hipótese, estaremos a olhar para uma ofensa à integridade física (em relação a L) e um
dano – relativamente à janela.
No que concerne ao dano, teremos, no máximo, uma tentativa. Existe desvalor da acção
– observou-se um perigo concreto de atingir a janela, e sua actuação revela dolo directo
(artigo 14.º, número 1 do Código Penal). No entanto, por falta de pontaria, não logrou
produzir o resultado correspondente ao perigo criado. Releva, por isso, averiguar da
respectiva previsão de punibilidade, já que a pena consagrada para o crime consumado não é
superior a três anos (artigos 23.º, número 1 e 212.º, número 1 do Código Penal). No entanto,
o artigo 212.º, número 2 do Código Penal prevê a punibilidade da tentativa de dano, o que
viabiliza a responsabilidade penal do agente a este título.
Relativamente à ofensa da integridade física, constata-se uma acção penalmente
relevante que, como vimos, adveio da criação de um risco proibido que se concretizou no
resultado. Todavia, I nem teria visto L, quando atirou a pedra para atingir a janela. Isto dito,
em termos de imputação subjectiva, concluiríamos que o agente não chegou a representar a
possibilidade de realização do facto típico, actuando com negligência inconsciente (artigo
15.º, alínea b), do Código Penal). Consequentemente, e uma vez que o artigo 148.º do Código
Penal prevê o crime de ofensa à integridade física negligente, I poderia ser punido por este
crime.
E quid juris se I acertar no canário que está na varanda do lado esquerdo e que nem
sequer tinha visto?
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A este respeito, cumpre sublinhar que, em casos de aberratio ictus com identidade
típica de objecto, se discute se o agente deverá ser punido em concurso (tentativa de crime
projectado e crime consumado negligente) ou se, pelo contrário, se deverá equiparar esta
situação ao caso do erro sobre a identidade do objecto, e punir o agente por um único crime
doloso.
Neste contexto, afirma-se que a solução do concurso (teoria da concretização) poderá
redundar, muitas vezes, na não punibilidade do agente. Pense-se nas situações em que a
tentativa não esteja prevista, ou não seja punível por outra qualquer razão.
A doutrina dominante tem entendido, ainda assim, que a punição em concurso será a
mais adequada, já que nas hipóteses de aberratio ictus se observa, tipicamente, a criação de
dois perigos autónomos que merecem tutela penal. Deste modo, importaria demonstrar, para
sustentar este entendimento, que teria havido criação de perigo de dano quanto à janela,
paralelamente ao risco criado para o canário, que conheceu concretização no resultado
proibido.
6) M quer afastar de uma competição hípica o seu rival desportivo N. Assim, dispara
para atingir N ou o cavalo deste. Quid juris se atingir o cavaleiro?
A hipótese obriga à análise da actuação de M à luz do crime de homicídio (artigo 131.º
do Código Penal) e dano (artigo 212.º do Código Penal).
Quanto à actuação dirigida ao cavaleiro, do ponto de vista da acção e da tipicidade
objectiva, não se observam problemas de maior. Existe comportamento humano voluntário e
comprova-se a criação de um risco proibido, materializado no resultado.
Subjectivamente, a situação descrita configura um caso de dolo alternativo, já que o
agente representa e deseja lesar ou o cavalo ou o cavaleiro, sendo indiferente atingir um ou
o outro resultado. Neste sentido, diremos que o agente revela dolo directo de homicídio,
representando e querendo atingir o cavaleiro. Por esse motivo, seria possível punir o agente
pela prática de um crime de homicídio doloso consumado (artigo 131.º, n.º 1 do Código
Penal).
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Se tal solução parece adequada à primeira vista, importa não negligenciar a doutrina
típica nesses casos. Conforme vimos, admite apenas, nesta sede, a punição por um único
crime doloso. Na verdade, o perigo só teria sido concretizado num dos resultados típicos (a
morte do cavalo).
Finalmente, cumpre referir a solução que defende a punição por tentativa do crime mais
grave, quando não sendo esse o consumado. Segundo este critério, diríamos que M
responderia por uma tentativa de homicídio dolosa (artigos 131.º e 23.º, n.º 1 do Código
Penal), mesmo tendo atingido o cavalo.
7) O lança P de uma ponte sobre o Tejo para que este morra afogado. Todavia, P cai
sobre um barco que vinha a passar e morre com o embate. Quid juris?
Atendendo ao referido supra, impõe-se enquadrar a actuação de O à luz do crime de
homicídio (artigo 131.º do Código Penal). Em termos de comportamento penalmente
relevante, não se identificam quaisquer problemas.
No que se refere à tipicidade, dúvidas não restam de que o agente criou um risco
proibido. No entanto, o enunciado sugere uma situação de erro sobre o processo causal, em
que o agente consegue atingir o seu objectivo (no caso, matar P),de uma forma diferente da
inicialmente concebida. É exactamente neste ponto que o erro sobre o processo causal se
distingue da aberratio ictus: nesta, o agente não consegue produzir o resultado almejado.
Conforme se verificará, este cenário assume relevância tanto de um ponto de vista de
tipicidade objectiva como subjectiva
Releva, assim, abordar a problemática relativa à extensão o dolo. Sinteticamente,
cumpre saber se o dolo deverá abarcar o concreto processo causal que desembocará na
produção do resultado típico. A doutrina tradicional responde afirmativamente a esta questão,
sugerindo que a técnica estaria em saber se o resultado traduziria a ocorrência de um desvio
essencial. Nestes termos, entendia-se que se o concreto desvio fosse previsível, integraria o
respectivo dolo e o agente seria punido por crime doloso consumado; ao invés, tratando-se
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8) Q envenena R, pensando tê-lo morto. Para que o seu crime não seja descoberto,
resolve então simular um acidente de automóvel: coloca R num carro e atira-o
ribanceira abaixo. R morre na explosão. Quid juris?
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punibilidade por crime doloso consumado. Caso contrário, restaria apenas articular uma
tentativa e um crime doloso consumado.
Efectivamente, a alternativa de punibilidade será então recorrer ao concurso efectivo e
catalogar a primeira actuação aqui descrita como tentativa de homicídio, e a segunda como
homicídio negligente. Como vimos, a acção que contém o dolo do tipo não determina o
resultado típico, produzindo-se tal resultado através daquela actuação subsequente que não é
tipicamente dolosa.
Seja como for, alguma doutrina pronuncia-se no sentido da desconsideração da figura
do dolus generalis. Em rigor, afirmá-la implica sempre uma ficção de dolo relativa ao
segundo momento. Havendo duas acções, o dolo não poderá ser único e geral, a não ser em
casos muito pontuais.
Retomando a hipótese em análise, diríamos que de acordo com Maria Fernanda Palma,
não poderíamos concluir por um dolo que abrangesse as duas actuações, já que apenas após
o primeiro crime decidiu o agente encobrir o “homicídio”. No mesmo sentido nos parece
apontar o critério sugerido por Figueiredo Dias, visto que o risco concretizado no resultado
não se inclui no quadro de riscos criados pela primeira actuação. Deste modo, apenas restaria
a punibilidade do agente por uma tentativa de homicídio (artigo 23.º, n.º 1 e 131.º do Código
Penal) e um crime de homicídio negligente (artigo 137.º do Código Penal).
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ofensa à integridade física, sendo que o risco que se concretizou no resultado foi um risco de
morte.
Estaríamos, em tese – e analisando cada um dos eventos separadamente –, perante uma
hipótese de concurso efectivo entre os crimes de homicídio (artigo 131.º do Código Penal) e
ofensa à integridade física (artigo 143.º do Código Penal). Por esse motivo, refere-se
tipicamente que a previsão do artigo 18.º do Código Penal constitui uma excepção ao regime
do concurso.
A figura da agravação pelo resultado parte do versare in re ilícita que, por seu turno,
se traduz na convicção de que quem actua ilicitamente assume todas as consequências do
acto que pratica. Impõe-se, contudo, uma limitação em nome do princípio da culpa, exigindo-
se não só uma clara relação de imputação objectiva, como também de imputação subjectiva.
Equivale isto a afirmar, por um lado, que o resultado morte só poderá ser imputado ao
agente se houver uma certa conexão de risco entre as duas situações, sendo previsível o
segundo resultado na sequência da primeira actuação. No fundo, exige-se que no conjunto de
riscos inicialmente criados pelo agente ainda se encontre alguma conexão com o risco mais
grave ulteriormente verificado. Aqui, parece previsível que uma agressão à beira da escada
possa vir a resultar na morte da vítima. Assim, diremos que o requisito objectivo se encontra
assegurado.
É no que toca ao requisito subjectivo que se afigura necessário atender à previsão da
parte final do artigo 18.º do Código Penal. Se bem virmos, do artigo 147.º do Código Penal
parece resultar que deverá haver dolo em relação ao primeiro resultado e negligência em
relação ao segundo. Todavia, esta exigência não se revela essencial. Em rigor, fala-nos o
artigo 18.º do Código Penal em “pelo menos, negligência”, admitindo a existência de dolo
em relação ao segundo resultado.
Esta ressalva encontra-se expressamente prevista para os cenários em que o segundo
resultado não configura um tipo de crime autónomo e, como tal, poderia passar incólume.
Para evitar tal hipótese, redigiu-se o artigo 18.º do Código Penal nestes precisos termos.
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Assim, no nosso caso importaria recorrer aos artigos 147.º e 18.º do Código Penal, para
sustentar que a ofensa à integridade física de V seria agravada pelo resultado morte, havendo,
quanto a nós, apenas negligência em relação ao segundo desfecho.
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negligência. Haveria imputação subjectiva a título de dolo eventual e como tal, o agente seria
punido por homicídio simples doloso consumado (artigo 131.º do Código Penal).
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