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Direito Internacional Privado

No âmbito de uma ação de separação judicial de pessoas e bens discute se o destino e a


titularidade da casa de morada de família dos cônjuges situada em são Petersburgo. Samira e
Abdul, ambos de nacionalidade iraquiana, com RH, desde que casaram em são Petersburgo,
sendo eu Samira regressou a Portugal depois da separação de facto.

A ação foi proposta nos tribunais portugueses onde está pendente

Considere que,

a) O OJ russo considera competente, quanto à titularidade da casa de morada de


família, a lei da RH comum e pratica RM
b) O OJ iraquiano considera competente da lei do lugar da situação da casa de morada
de família e pratica devolução simples

Artigo 55º e 52º

Nacionalidade comum iraquiana

Reenvio por transmissão de competências, 17º nº1, o 17ºnº2 não está verificado

Resposta: OJ russo

António e Berta, ambos com 14 anos, nacionais do lesoto, casaram civilmente no congo, há cerca
de um ano, onde residiam. Depois do casamento decidiram imigrar para Portugal, onde agora
residem e querem ver reconhecido o seu casamento. Admita que, tanto no lesoto como no congo
o casamento é valido e eficaz.

Quid iuris?

Resposta: a primeira coisa a fazer é saber se estamos perante um caso de direito internacional ou
privado porque teremos de decidir que direito aplicar.
Temos uma relação jurídica com carater privado? Sim, casamento. Internacional ou não? Relação
jurídica transfronteiriça.
Elementos da relação jurídica:
- Sujeitos A e B
- Nacionalidade – ordenamento jurídico do lesoto
- Residência habitual – ordenamento jurídico do congo
Neste caso concreto a residência habitual é o congo, mas a residência atual é Portugal.
Facto, casamento, ordenamento jurídico do congo.
Estes elementos dizem-nos que estamos perante o âmbito do direito internacional porque temos
vários ordenamentos.
É o lugar onde a questão foi submetida, Portugal, tem contacto com os elementos da relação jurídica.
Se eles não vivessem cá seria uma questão absolutamente internacional, como vivem cá em Portugal
tem contacto com a relação jurídica logo não é absolutamente internacional.
Se nós somos a lex fori, ou seja, somos o ordenamento onde a questão está a ser verificada será
utilizado as nossas normas de conflito. O CC tem o sistema de DIP no artigo 14º. Normas de conflito,
artigo 25º.
Temos de analisar a questão da idade, temos de saber qual é o direito material utilizado se é valido
ou não, temos de ver se a idade, 14 anos, é valido ou não, se têm capacidade para casar.
Temos de ir para as normas de conflitos, para o direito da família e verificar se existe uma norma de
conflito que se adequa, neste caso o artigo 49º.

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Direito Internacional Privado
Nos termos deste artigo a lei mais adequada é a lei pessoal, 25º e 31º nº1, a lei da nacionalidade, se
tivessem nacionalidades diferentes teriam de fazer uma para cada um.
Quem vai dizer qual a lei competente, que é a lei da nacionalidade, é o ordenamento jurídico do
lesoto. Isto significa que é o direito do lesoto que vai resolver a questão, ou seja, estamos a perguntar
ao lesoto se o casamento é valido ou não, ou o lesoto dizer qual a lei competente para verificar se
este casamento é valido ou não.
A regra em Portugal é artigo 16º cc. Portugal está a fazer referências materiais, não deixa que o
ordenamento jurídico estrangeiro use o seu ordenamento jurídico. Significa que temos várias
soluções mediante o ordenamento jurídico utilizado.
Nesta situação o casamento não é válido, 22º pois é uma violação do princípio da proteção da
infância a que Portugal está vinculado. Nesta situação Portugal aplicaria a lei internacional do lesoto.
mas há situações que em que a aplicação do direito internacional estrangeiro é violada.

Aula dia 12/10/2022

Alberta, portuguesa, casou em paris com sancho, espanhol, sob o regime de comunhão de
adquiridos. Anos mais tarde mudou-se para Bruxelas e aí sancho comete adultério.Alberta,
tendo conhecimento da traição, deixa o marido e regressa a Portugal onde propõe contra
sancho ação de divorcio. Admita que o ordenamento jurídico francês e espanhol consideram
competente para regular esta matéria a lei da nacionalidade do cônjuge que alega a violação
dos deveres e, por sua vez, o ordenamento jurídico belga considera competente a lei da
residência humana no momento da celebração do casamento. Quid iuris?
Resposta: estamos perante direito privado, temos uma ação de divorcio. Ato que vai cessar os
efeitos jurídicos de um contrato anterior. Negócio jurídico de carater pessoal – sujeitos.
Alberta e sancho, conexões nacionalidade alberta portuguesa com residência habitual em frança
com ordenamento jurídico francês e depois mudaram-se para a bélgica e onde vive atualmente.
Sancho é espanhol com residência habitual em frança e depois mudou-se para a bélgica.
O facto está presente no ordenamento jurídico francês em que o dever conjugal foi violado na
bélgica. Temos uma relação jurídica privada internacional em que os elementos estão dispersos
em mais que um ordenamento jurídico em que um dos ordenamentos jurídicos é Portugal, ou
seja, a relação jurídica é internacional. Portugal é L1 porque Portugal é lex fori.
Se a ação está pendente dos tribunais português temos de saber qual a lei competente para
regular o divorcio internacional. Temos de ir ao cc, artigo 55º com remissão para o artigo 52º em
que se aplica a lei nacional comum dos cônjuges em que não temos porque sancho é espanhol.
Assim é aplicável a lei da residência habitual comum que neste caso, necessário saber na conexão
movel, a residência, temos de saber qual a conexão mais próxima daquilo que vamos apreciar.
Neste caso temos de considerar a conexão mais próxima ao facto controvertido neste caso o
divórcio em que ela vive em Portugal e ele na bélgica não sendo possível escolher uma ou outra.
Neste caso, a violação do dever de lealdade, esta violação é feita na bélgica que é comum em
ambos os cônjuges e assim passa a ser a residência comum dos cônjuges.
Consideramos competentes nos termos do artigo 55º e 52º o ordenamento jurídico belga. Não
sabemos qual a lei aplicar porque a lei que Portugal aplica é a do artigo 16º. Portugal quando
considera competente o ordenamento jurídico estrangeiro vai aplica a lei material dessa lei L2.
Vamos simular o que os outros estados fariam nesta situação. Se a ação tivesse pendente no
ordenamento jurídico da bélgica, a bélgica consideraria competente a lei da residência habitual no
momento da celebração do casamento em que considerariam competente o ordenamento

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jurídico francês. Se a ação tivesse pendente os tribunais franceses estes consideravam competente
a L1, a lei portuguesa.
Portugal precisa de saber se se aplica L1 ou outra lei. No caso concreto não sabemos qual a lei que
Portugal aplicaria. Quando estamos a analisar as posições dos estados não basta saber a lei de
conexão dos estados. Porque os estados elegem normas de conflitos dos seus ordenamentos
jurídicos, mas podem não considerar que sejam competentes para julgar a norma de conflitos.
Estado antidevolucionista – só admite para resolver a questão o direito interno da lei. Só resolve a
questão do direito material desse país. Adotar esta posição significa que quando elege direito
estrangeiro só o considera competente o direito material deste ordenamento jurídico. La acha
competente a Lb, Lb dará a solução material. Só vai buscar as normas relativas aquela matéria.
Estado devolucionista – faz as denominadas referências globais, considera competente
globalmente todo o ordenamento jurídico. Podem adotar 2 teorias: devolução simples, faz
referência global a Lb. se Lb considerar competente a Lc. La vai fazer uma referência material para
a Lc. La já não deixa que Lc considere ou não competente, só deixa aplicar o seu direito interno. La
vai aplicar a Lc. Ou a devolução dupla, faz uma referência global para a Lb. La vai aplicar a lei que
Lb escolher.
Aqui conseguimos fazer um esquema de reenvio em que temos diferentes normas de conflitos a
vigorar em ordenamento jurídicos diferentes. Existe porque os estados têm conexões diferentes
para regular a mesma questão, mas essas conexões, não significa que seja a lei que eles aplicarão
ao caso concreto. Então, neste caso pratico não tem solução. Sabemos as condições das ordens
jurídicas de cada ordenamento. A lei que eles aplicam é que vai depender.

Nota: se a ação tiver pendente em frança e não for apresentado no caso a norma de conflito vai
ser aplicado um regulamento.

(mais tarde aplica-se neste caso o regulamento roma ll)

A e B, casados, são senegaleses em Milão. Durante umas férias em Atenas A é atropelada numa
passageira e teve um traumatismo craniano que levou à sua morte um mês depois. C, condutor,
português e com RH em Helsínquia, estava visivelmente embriagado e fugiu do local do acidente,
acabando por ser localizado mais tarde. B propõe nos tribunais portugueses, uma ação de
responsabilidade civil contra C peticionando uma indemnização pelo dano morte, no valor de
500.000.00€.

Resposta: relação jurídica de direito privado, responsabilidade civil extracontratual, internacional. Em


que temos o lesante que é o C que tem nacionalidade portuguesa com ordenamento jurídico
português e residência habitual na Finlândia. Lesado A que é senegalês com residência habitual em
milão e ordenamento jurídico italiano. O facto ocorreu em Atenas, na Grécia. Temos 4 ordenamentos
jurídicos, português, italiano, finlandês e o grego.
O dano ocorreu no ordenamento jurídico grego. Em que neste caso há terceiros que é o cônjuge que
é B que tem nacionalidade senegalesa e a sua residência habitual é Itália, ou seja, ordenamento
jurídico italiano. Temos assim de determinar a lex fori que é Portugal. Temos de verificar as normas
de conflito que é o artigo 45º responsabilidade civil extracontratual.
O elemento de conexão, 45º nº1, a conexão é a lei do estado onde ocorreu o facto que deu origem ao
principal dano que neste caso é a morte que se deu na Grécia. 45º nº3 – aplica-se a conexão pessoal
comum aos sujeitos. Neste caso não se manifesta a maior relação individual e mantemos o princípio
da maior proximidade do nº1. E assim aplicamos o ordenamento jurídico grego.

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Direito Internacional Privado

Continuação do CP
a) O ordenamento jurídico grego considera competente a lei da nacionalidade da lesada e
pratica devolução dupla;
b) O ordenamento jurídico senegalês considera competente a lei da residência habitual da
lesada a pratica devolução simples;
c) O ordenamento jurídico finlandês considera competente a lei da residência do lesante e
pratica a devolução dupla;
d) O ordenamento jurídico italiano, por sua vez, é anti-devolucionista e considera
competente a lei da residência habitual do lesante;
L1 lex fori Portugal
L2 Grécia
L3 senegal
L4 Itália
L5 Finlândia

493º e 45º CC

Neste caso temos reenvio, harmonia jurídica internacional, e o 3º requisito também está cumprido
que é o do reenvio por parte de Portugal, 16º, e permite a aplicabilidade de uma das suas exceções.
Portugal admite não aplicar ao artigo 16º e junta-se à harmonia jurídica internacional e temos de
sabe se aplicamos o 17º ou 18º. No artigo 17º estão a ser chamadas leis novas. No artigo 18º os
estados estão de acordo a aplicar a mesma lei. Temos um reenvio de transmissão de competências
do artigo 17º.
Requisitos do 17ºnº2 não estão verificados.
O artigo 17º aplica-se se ambas as alíneas tiverem aplicação no caso concreto. 17º nº1 se L2
considerar competente L3 e L3 se achar competente, Portugal aplica L3, se o DIP da L2 remeter para
outra lei é L3 e esta se considerar competente é o direito interno desta que Portugal vai aplicar e
assim Portugal aplica l5 porque o artigo 17º. O legislador aceita mudar a sua posição devolucionista
para se juntar à harmonia internacional. O que Portugal quer fazer para não estragar a atitude
devolucionista é juntar-se à harmonia internacional. O objetivo foi que toda a gente acha-se que
uma única lei fosse competente. Tínhamos de fazer um reenvio que está no 17º nº1. Se L2 remeter
para outra a lei que remete para outra e que uma considera, Portugal aplicaria o direito interno de
L5.
Se aplicamos o nº1 temos de ir ao 17º nº2 e se não tiverem de acordo porque Portugal adere à
harmonia, mas não adota nenhum princípio que é essencial ao nº2 – temos um conflito entre o
princípio e a harmonia – o legislador preferiu o princípio à harmonia internacional. Se L2 for a lei da
nacionalidade 1º requisito e o interessado vive em Portugal 2º requisito, ou caso não viva e o país
onde vive ache competente a L2 então aplica-se a lei material de L2. Esta questão era resolvida pelo
ordenamento jurídico finlandês – L5
L4- Itália seria o ordenamento jurídico para resolver a questão
Dúvida aqui?

16/10/2023

Charles e John, norte americano e residente no estado do Nevada, compraram em Portugal um


automóvel a bendito, com 17 anos argentino e com RH em viana do castelo. O automóvel

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encontra se em Espanha e, aquando do registo do mesmo, o conservador apercebeu se que
Benedito é menor de 18 anos e, portanto, incapaz para celebrar o negócio.
Admita que os pais de benedito propõem nos tribunais portugueses uma ação para anular o
negócio e que,
a) No ordenamento jurídico argentino a capacidade geral de exercício se adquire com
16 anos e que, neste ordenamento, em matéria de DIP é eleita como conexão a lei o
lugar onde o bem se situa no momento do negócio e pratica devolução simples;
b) O ordenamento Jurídico espanhol considera competente a lei do lugar onde o
negócio foi celebrado e é anti-devolucionista;
c) A mesma solução apresenta o ordenamento norte-americano

Resposta: questão controvertida: capacidade de exercício


Sujeitos:
Charles e John: nacionalidade; rh: norte americano
Benedito: nacionalidade argentina; rh: Portugal
Objeto: Espanha
Facto: Portugal (onde foi celebrado)
Norma de conflitos: Artigo 25º, é a lei pessoal que está no artigo 31, que é a lei da
nacionalidade, ou seja, o ordenamento jurídico argentino (L2 argentina)
Portugal considera competente uma lei que não se considera competente
L3 Espanha
L2 para L3 devolução simples, L3 referencia material
L2 considera competente L3 mas aplicaria L1, os estados devolucionistas podem chegar a estas
conclusões
L3 aplicaria L1
Artigo 18º
Aceitamos ou não o reenvio?
Na interpretação extensiva do 18 n1 aceitamos o reenvio a não ser o 18 n2 que traz requisitos
Em matéria de estatuto pessoal só há reenvio se o 18ºn2 se encaixar
Portugal aceita o reenvio e aplica o seu próprio direito material

Se acabamos de admitir que há reenvio temos de ir ao 19 porque este artigo afasta a aplicabilidade
das exceções que contem 2 princípios. No segundo, 19n2, é imperativo este princípio. O princípio
que prevalece é o favor negotis. 19 n1, acaba o reenvio (e se sim voltamos ao artigo 16)
Portugal consideraria este negócio invalido mas se Portugal aplicasse l2 e não aceitasse o reenvio
para l2 o negocio era válido
Se eles dizem acaba o reenvio, Portugal não aceita o reenvio o que significa que vai ao artigo 16.
Portanto o esquema muda e fica l1 para l2 e l1 aplica l2, a lei argentina, a lei argentina tem de
passar em dois critérios também. Caso julgado em Portugal com o direito material argentino
-
a) O OJ angolano considera competente a lei do lugar do casamento e faz DS
b) O OJ francês considera competente a lei da RH no momento do casamento e faz RM.

Capacidade nupcial, contrato de casamento, matéria de estatuto pessoal


Carlos e Bento:
Carlos nacionalidade português com rh em faro
Bento nacionalidade francês com rh Portugal em faro
Oj: francês
L1 lei do foro Portugal
Situação jurídica:

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Direito Internacional Privado
Artigo 40 e 31 n1 do nubente

Temos reenvio, l2 não se considera competente, temos harmonia, o reenvio sera meio necessário
para atingir harmonia
Artigo 18n1 requisitos
Não há limite ao reenvio e aplica se ao caso concreto

Não padece de nenhuma invalidade, nada neste caso impede que se aceita o reenvio

Não se aplica o 19

Fraude a lei: elemento objetivo: tem de haver uma norma instrumento norma de conflitos artigo
49º, vai alterar o ordenamento jurídico, altera a nacionalidade, elemento de conexão da norma de
conflitos

Norma defraudada, depois da manora aplica se l1

Se não fosse mudada a nacionalidade:

Portugal 49 e 31 n1

Naciondalide do nubento angolano

O oj angolona faz devoluçao simples e o francês referencia material

L2 aplica l1, e l3 faz referencia material a Portugal ou seja aplica l1

Falta nos um requisito

Ou seja plica se l1

Aula dia 20/10/2022

Hans e Franz, de nacionalidade alemã residentes em Atenas, venderam ao seu filho Gustav,
também de nacionalidade alemã, uma quinta de que são proprietários em Vieira do Minho,
Portugal.
Danielle, outra filha do casal, também alemã pretende anular a venda com fundamento no
preceituado no artigo 877º cc português e para o efeito propõe a ação respetiva nos tribunais
portugueses.
Considere que,
a) O DIP alemão manda aplicar às relações entre pais e filhos da residência habitual
comum dos pais e não aceita o retorno;
b) O DIP grego é anti-devolucionista e, para a mesma matéria, considera competente a lei
nacional comum dos progenitores;
c) O ordenamento jurídico alemão existe um preceito similar ao artigo 877º mas o
mesmo não acontece com o grego.
Quid iuris?
Resposta: temos uma relação jurídica privada, compra e venda, que é internacional em que temos
os sujeitos que são hans e franz que tem nacionalidade alemã com ordenamento jurídico alemão e
residência habitual na Grécia, ordenamento jurídico grego, gustav segue o ordenamento jurídico
alemão em que o facto é praticado em Portugal e por isso o ordenamento jurídico aqui aplicado é o
português, lex fori. Danielle, 877º, tem de prestar consentimento, não é parte da relação jurídica,
mas sim é terceira em relação à relação jurídica, em que a nacionalidade é a alemã e tem o
ordenamento jurídico alemão. Em que tem legitimidade ativa.

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Direito Internacional Privado
Temos de procurar a norma de conflito, artigo 57º cc. O problema desta venda é a relação que
existe entre pais e filhos e os efeitos que existem desta relação. Esta questão que se visa resolver é
uma questão de natureza pessoal. Temos um problema da validade da compra e venda e nas
relações do direito da família. As relações entre pais e filhos é regulada pela lei nacional comum dos
pais em que estes têm nacionalidade alemã.
A L1 é a lex fori, lei portuguesa, a L2 é a lei da nacionalidade que é a alemã, a L3 é a lei da residência
habitual, lei grega. O ordenamento jurídico alemão considera competente L3 e L3 considera
competente L2 em que temos reenvio e não temos harmonia jurídica internacional e Portugal não
aceita reenvio e aplicamos o artigo 16º e considera competente L2. L1 faz referência material para
L2 e L2 faz referência material para L3*.

Se a lei da nacionalidade fizesse devolução simples?


Faz referência global para L3 e referência material para L2. Aqui não passamos para o artigo 17º em
que há reenvio, há reenvio, mas o reenvio não é meio necessário para haver harmonia e assim
aplicamos o artigo 16º ou seja, L2.

Se L3 faz referência simples para L2?


Faz referência global para L2 e referencia material para L3, temos reenvio, há harmonia e o reenvio
é necessário e passamos para o artigo 17º nº1, nos termos deste artigo Portugal considera
competente L3 em que aceitamos o reenvio a não ser que o 17º nº2 venha impedir esse facto e
para isso L2 tem de ser a lei nacionalidade de todos os interessados. ou as pessoas vivem em
Portugal o que não é o caso ou então vivem num país onde o ordenamento jurídico considere
competente português, e assim não estão verificados os termos do artigo 17 º nº2 e aceitamos o
reenvio através do artigo 17º nº1.
Se L2 considerar o negócio valido, mas L3 não, consideramos L2 e esquecemos L3. Neste caso não
se põe em causa o princípio do favor laboratoris pois L2 não considera o negócio valido, mas o L3
considera não aplicamos o artigo 18º, mas sim o artigo 17º

Discute-se nos tribunais portugueses a sucessão de Richard, inglês, com residência habitual em
Portimão e que deixou, como único bem da herança a sua casa em Paris.
Richard, faleceu intestado em Espanha, e tem duas filhas a concorrer à herança, inglesas, e com
residência habitual em frança, e a mulher, Diana, portuguesa e residente com o de cujus, com que
era casado em segundas núpcias.
O ordenamento jurídico inglês considera competente para regular a sucessão a lei do lugar do
falecimento e faz devolução simples.
O ordenamento jurídico francês considera competente a lei lugar da situação do bem imóvel
quando, em matéria sucessória, se incluem aqueles bens e faz uma devolução dupla.
O OJ Espanhol considera competente a lei da nacionalidade dos descendentes quando estes
concorram à sucessão e faz uma devolução simples.
Resposta: temos uma relação jurídica privada em que temos um problema de sucessão legal, em
temos os falecido, Richard que é o ordenamento jurídico inglês com residência habitual em
Portugal, ordenamento jurídico português. Temos as filhas que tem nacionalidade inglesa,
ordenamento jurídico inglês e residência habitual em frança, ordenamento jurídico francês. A
mulher é portuguesa e tem residência em Portugal, ordenamento jurídico português. Facto é
assente no ordenamento jurídico espanhol. O ordenamento jurídico do imóvel é o francês.
L1 lex fori é Portugal, 62º. Nos termos deste artigo a lei da nacionalidade do de cujus e o
ordenamento jurídico inglês, L2 inglês, o ordenamento jurídico inglês considera competente para

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Direito Internacional Privado
julgar a lei do lugar o falecimento, ou seja, Espanha, L3. L4 é a lei francesa em que se considera
competente.
L2 faz referência material para L3 e referencia global para L4. L3 faz referência material para L4 e L4
considera-se competente, temos reenvio, é o meio necessário e atinge a harmonia internacional,
17º nº1. Portugal nos termos deste artigo considera competente L4, mantemos a aplicabilidade de
L4 exceto se 17ºnº1 nos mandar aplicar L2. 17º nº2 lei da nacionalidade do de cujus está verificado,
de cujus vive em Portugal, estão verificados os requisitos do 17 ºn2, já não aplicamos o 17º nº1 e
sim o 16º e aplicamos a lei da nacionalidade, a não ser que o 17º nº3 nos volte a aceitar o reenvio
em que a nossa matéria esta lá, sucessão por morte, a lei da nacionalidade tem de devolver para a
lei do lugar dos bens imoveis, só o será se admitimos uma interpretação extensiva o que não
acontece no 17º nº3, não sendo o caso não estão verificados os requisitos do 17º nº2 e aplicamos a
lei da nacionalidade por força do artigo 16º, L2

Aula dia 21/10/2022


Discute-se nos tribunais portugueses os termos de um contrato de transporte internacional,
celebrado entre Gastão, espanhol, e Pepe, venezuelano, de mercadoria proveniente de China e
com destino a Portugal, e que, em trânsito passaria por vários portos marítimos.
No âmbito do contrato, as partes fixaram, para regular a sua relação jurídica o ordenamento
jurídico venezuelano, mas, de acordo com a cláusula, pode concluir-se que as partes quiseram
integrar as normas de conflitos.
O OJ venezuelano, em matéria contratual considera competente a lei do porto de embarque e faz
dupla devolução; imagine que este ordenamento jurídico é plurilegislativo (para além do direito
nacional, há um sistema legal interno em matéria de contratos ao qual se aplicam juízos de
equidade, de acordo, com a praxis em matéria de transportes internacionais) e não tem direito
interlocal, nem DIP, que permita resolver o conflito interno de leis.
O OJ chinês, na mesma matéria, considera competente, o OJ do comprador (Gastão, neste caso) e
faz devolução simples.
O OJ Espanhol considera competente, quando se trata de transporte de mercadorias, a lei do
lugar de destino dos bens e faz devolução dupla.
Quid juris.

Resposta: Estamos perante direito privado que é internacional no que diz respeito aos sujeitos,
Gastão tem o ordenamento jurídico espanhol, quanto a pepe é o ordenamento jurídico
venezuelano, quanto à questão do contrato de transporte que é o local de embarque que é do
ordenamento jurídico chines, o desembarque é o ordenamento jurídico do porto. A autonomia da
vontade que é do ordenamento jurídico venezuelano.
L1, lex fori, Portugal, usaríamos o CC.
A norma de conflitos seria a do artigo 41º que considera competente a lei da autonomia da
vontade, ou seja, L2 será a lei venezuelana. Aqui teríamos de ter em atenção o artigo 19º nº2 em
que não admitimos o reenvio nos casos que há autonomia da vontade a funcionar, só aplicamos o
19º nº2 a não ser que as partes afastem este artigo. No caso concreto conseguimos concluir que as
partes quiserem ou admitiram que houvesse reenvio e não aplicamos o 19º nº2 e há reenvio. Assim
a L3 é o ordenamento jurídico chines, L4 seria o ordenamento jurídico espanhol.
L2 faz devolução dupla a L3 ou uma referência global para L3 que considera competente a lei que L3
aplica, o L3 faz devolução simples para L4 e o L4 faz devolução dupla para L1, ou seja, aplica a
mesma solução que L1 aplicar.
Neste caso temos harmonia jurídica internacional, temos reenvio e o reenvio é o meio
necessário para haver harmonia internacional. Aceitamos um retorno indireto. Mas quem nos

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Direito Internacional Privado
devolve tem de nos fazer uma referência global. Assim estamos perante o artigo 18º nº1 que aceita
qualquer interpretação extensiva relativa ao retorno. Mas aplicamos a regra do artigo 16º, L1 aplica
o direito material de L2. Neste caso aplicamos o ordenamento jurídico venezuelano.

Sub-hipótese: imagine que o ordenamento jurídico é plurilegislativo? Quid iuris?


Aqui vamos ao artigo 20º, mas só o podemos aplicar por analogia que apresenta 3 soluções, é o
direito interlocal do estado que vai escolher qual a aplicar, neste caso não temos direito interlocal.
Podemos usar o DIP venezuelano que manda aplicar o ordenamento jurídico do porto de embarque
que não nos ajuda a resolver esta questão, não podemos aplicar. Para escolher o que está aqui
temos de encontrar de acordo com a interpretação analógica do artigo 20º para aplicar no caso
concreto. Se neste caso a matéria é de estatuto obrigacional não podemos utilizar a solução de
maior proximidade. Se a nossa matéria é de estatuto obrigacional o princípio que o legislador
escolheria era o princípio da maior proximidade relativamente ao estatuto obrigacional. Em matéria
que direitos de obrigações o legislador escolheu a autonomia da vontade. A lei interna que iriamos
escolher seria a da residência habitual, na falta desta seria o lugar da celebração do negócio. As
conexões associadas ao princípio estão nas próprias normas de conflitos. Dentro do ordenamento
jurídico interno, as partes tinham escolhido o que aplica os juízos de equidade. Em princípio as
partes queriam aplicar esse artigo, 20º.

António, português, residente em Paris, casou com Berta, turca e residente em Paris. Celebraram
uma convenção antenupcial e os nubentes acordaram o regime de separação de bens.
Um ano após o casamento os cônjuges mudaram-se para o Porto, para uma casa que António
havia herdado dos pais. Mais tarde, António decide vender a sua casa a Pepe, peruano, residente
em Istambul.
Antes da venda António naturaliza-se francês, uma vez que o ordenamento jurídico francês, em
matéria de relações pessoais, não prevê qualquer necessidade de consentimento do cônjuge para
venda de bens de um dos cônjuges.
Berta decide impugnar a compra e venda nos termos do nº2 do artigo 1682º CC, uma vez que não
deu o seu consentimento para a referida venda.
a) Em matéria de relações pessoais entre os cônjuges, o ordenamento jurídico turco
considera competente a lei da nacionalidade comum, ou na falta dela, do cônjuge
marido no momento da propositura da ação e faz referência material
b) O ordenamento jurídico peruano manda aplicar a lei da residência habitual dos
cônjuges e faz referência material
c) O ordenamento jurídico francês manda aplicar a lei da nacionalidade comum, ou na
falta desta, do cônjuge mulher no momento da propositura da ação e faz devolução
simples
Quid iuris?
Resposta: temos uma relação jurídica de carater privado de carater internacional que temos os
sujeitos que são António que é o ordenamento jurídico português devido à sua nacionalidade e
francês pois é a residência habitual, Berta é o ordenamento jurídico turco devido á sua
nacionalidade, o francês e o português devido à residência habitual.
Temos aqui um contrato de compra e venda temos António e Pepe que é de nacionalidade peruana
e residência habitual Istambul. Quanto ao objeto, a casa situa-se no porto por isso seria o
ordenamento jurídico português.
L1, lex fori, Portugal. Temos de saber se é necessário de consentimento do cônjuge para a venda de
casa da morada de família, que é um problema de relações pessoais, em que a questão que se
coloca é um efeito de relações pessoais conjugais. Aqui estamos perante o artigo 52º em que

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Direito Internacional Privado
aplicamos a lei da residência habitual comum, que seria Portugal porque é a lei mais próxima do
facto que se está a apreciar, ou seja, ele vai vender a casa depois de ter morado nela em Portugal. A
relevância da alteração da nacionalidade não é nenhuma, apenas o quis fazer para ser aplicado o
ordenamento jurídico francês. É um problema que temos para determinar uma fraude à lei que está
previsto. Artigo 21º, verificados todos estes requisitos vai-se fazer o caso todo como se não
houvesse alteração da nacionalidade, tem de alterar o elemento de conexão e aplicar uma lei tendo
em conta que não haveria essa alteração. De facto, tentou dar origem à fraude à lei, mas que não
conseguiu fazer e continua-se a aplicar L1, ou seja, a lei de Portugal quando ele queria que fosse
aplicado a lei de frança. Neste caso concreto independente das alterações não sendo comum, a
residência habitual seria a mais próxima da relação controvertida.

Aula dia 21/10/2022


Siliah e Abdul são marroquinos e residem em Istambul. Casaram em Marrocos em 1975 e
Siliah é a 2º mulher de Abdul que era já casado com Vil aquando das segundas núpcias. Abdul
morreu em Portugal, onde se encontra a fazer um tratamento numa instituição de saúde.
Foi aberta a sucessão de Abdul e discute-se nos tribunais portugueses a sucessão do de cujus,
uma vez que Vil alega – nos termos do ordenamento jurídico marroquino – que, ainda que ela e
Siliah tenham direito à herança do marido, num valor correspondente a 25%, mas os seus filhos –
todos homens – têm direito a metade da herança do pai, e a filha se Siliah só tem direito a 10%
por ser uma mulher.
Resposta: temos uma relação jurídica de direito privado internacional em que temos os autos da
sucessão que é Abdul que tem o ordenamento jurídico marroquino devido à sua nacionalidade e
Turquia devido à sua residência. Quanto a Siliah que reside na Turquia e é o ordenamento jurídico
turco e nacionalidade marroquina em que vigora o ordenamento jurídico marroquino. Quanto a Vil
não sabemos qual o ordenamento jurídico.
Neste caso concreto colocar-se-ia o problema de saber se o 2º casamento era valido ou não, em que
nenhum quer a produção dos efeitos do casamento, mas isso era revelante para saber se era
herdeira ou não. Aqui a questão é relativamente aos filhos.
Temos aqui o facto de morte que ocorreu em Portugal e assim somos a lex fori porque vigora o
ordenamento jurídico português em que a norma de conflitos era o artigo 62º que considera
competente o ordenamento jurídico marroquino. Nos termos do artigo 16º aplicávamos L2 pois
aqui não havia a aplicação de reenvio.
Chegados aqui temos de fazer o processo de qualificação que está descrito no artigo 15º CC. O que
acontece aqui é quando dizemos que consideramos competente o ordenamento jurídico
marroquino é que vamos tentar procurar solução neste ordenamento e não é encontrar uma norma
que nos dê uma solução. O 15º dá uma chancela ao ordenamento jurídico português para este
resolver o problema dentro do seu próprio ordenamento para dar resposta à questão controvertida.
Chegamos a este ordenamento jurídico porque esta relação jurídica de direito privado é uma
questão de sucessão que é de estatuto pessoal e a lei que está mais apta para resolver este
problema é a da nacionalidade do de cujus. O processo deste artigo 15º não é saber como se divide
a herança, é saber se o legislador estrangeiro trata a matéria como nós tratamos. Quando olhamos
para isto vemos qual o objetivo e o fim da norma, queremos fechar o ciclo, queremos que o
legislador diga que esta questão para ser tratada, o legislador teve que ter o mesmo fim e o mesmo
princípio para resolver a questão. Se o processo valorativo estrangeiro for diferente não
legitimamos a sua aplicabilidade.

10
Direito Internacional Privado
Aqui é uma solução mortis causa de sucessão, o ordenamento marroquino também trata desta
questão como se fosse hereditária. Para nós é problema de repartição de património de direitos
que noa devem de ser deixados e o ordenamento jurídico marroquino também aplica o que nós
aplicamos sendo uma norma de sucessão ou seja, trata desta matéria como uma sucessão e por
isso estaria resolvido. Se não fosse assim teríamos, ou seja, se não tivéssemos a mesma solução
teríamos de começar a resolver o caso de novo.
Legitimamos a aplicação do ordenamento jurídico marroquino. A solução que vem de lá é que os
filhos homens têm direito a 50% da herança repartida entre eles e a filha tem direito a 10% da
herança, dividimos a herança desta maneira? O facto da solução ser diferente do nosso
ordenamento não é relevante. Mas há limites à aplicação do direito material estrangeiro que está
assente no artigo 22º CC que significa que não há problema em aplicar o direito material
estrangeiro, seja ele qual for, o nosso eventual problema da resolução da questão controvertida
violar a ordem publica pois esta consiste nos direitos essências dentro da ordem jurídica portuguesa
quer estejamos ao nível da norma internacional quer a nível da norma infra internacional. O que
tem de acontecer em relação à solução do direito estrangeiro não é ela ser diferente, é ela não
violar os nossos direitos, mas aqui viola diretamente o nosso ordenamento, ou seja, uma solução
desta ofende os nossos princípios. Viola a nossa ordem pública nos termos do artigo 22º.
Há um efeito em que não desconsideramos o direito internacional estrangeiro, vamos ver se se
aplica nos termos do artigo 23º.
Íamos aplicar o direito material português para a sucessão legal, que ia para os cônjuges e
descendentes, a questão aqui é saber quem é que faz parte da classe, relativa ao cônjuge pois
Abdul tem 2 mulheres. Integrará esta classe a Vil porque era casada com ele. Temos de ver se silliah
era cônjuge de Abdul.
Assim temos aqui a validade do casamento entre Abdul e silliah, porque noa sabemos como vamos
fazer a repartição da herança da classe de sucessíveis, a isto chama-se a questão previa. Tem um
impacto de natureza de direito subjetivo e processual. Estamos a tratar de uma questão jurídica de
direito privado. Os tribunais só podem decidir dentro do limite do pedido. A questão porque é
previa vai escapar a regra do princípio do pedido porque é a que é necessariamente prejudicial para
a questão controvertida. Esta relação jurídica privada internacional que é a validade do casamento
noa tem autonomia, tem uma questão de prejudicialidade, assim o tribunal não consegue decidir
de uma questão sem resolver a outra. Essa outra questão é designada de questão previa ainda que
noa faça parte do âmbito do processo. Temos assim duas relações jurídicas privadas que temos de
resolver neste processo. Assim temos a validade do casamento porque é prejudicial à validade do
outro casamento com Vil.
L1 é a lex fori, que é Portugal, temos uma questão jurídica privada internacional que não é a
questão principal, mas sim a questão previa, que tem de ser decidida para podermos resolver a
questão principal.
A norma de conflitos, temos de interpretação ao conceito-quadro. A norma de conflitos é o artigo
49º. O nosso objetivo é não olhar para a letra da lei do conceito quadro.
Quando legislador tem o conceito quadro que diz a validade formal, quando trata de questões de
validade formal visa prosseguir a finalidade da segurança jurídica, o interesse público, significa que
quando o legislador quer tratar destes aspetos está a tratar de requisitos exteriores à vontade das
partes. O legislador quer garantir que os requisitos das pessoas que aceitam as declarações de
casamentos. No nosso conceito quadro integramos os requisitos formais e as condições que são
exteriores à vontade das partes para poderem celebrar o casamento. Isto no artigo 50º
No artigo 49º temos uma questão de capacidade para casamento, temos a suscetibilidade de
alguém que quer e entende os efeitos jurídicos do negócio, o legislador quer garantir as condições
pessoais de cada declarante que as pessoas podem ou não ter para prosseguir com a declaração.

11
Direito Internacional Privado
Neste caso está em causa é o facto que Abdul está casado com outra pessoa que não lhe permite
que a sua vontade extraia os efeitos jurídicos do contrato de casa um, está ligado à vontade
intrínseca do Abdul, assim está mais próximo do artigo 49º. Requisitos relativos a Abdul. Assim
estamos perante o artigo 49º que diz que é competente a lei da nacionalidade de Abdul que é o
ordenamento jurídico marroquino. E assim aplicamos L2.
Aqui coloca-se o problema do artigo 22º, que é o princípio da ordem publica internacional.
A família enquanto estrutura matrimonial é a base da sociedade, implica um contrato exclusivo
entre duas pessoas, ou seja, isto viola o nosso ordenamento jurídico. Assim aplicamos L1 e o
contrato é nulo para o ordenamento jurídico português.
3 requisitos para
Relação jurídica constituída no estrangeiro
Direitos a salvaguardar com a lei do foro
Assim a silliah tem direito a herdar 25% da herança, nesse caso vamos admitir que se aplique o
direito marroquino para considerar este contrato de casamento valido, para garantir os direitos
sucessórios.

Aula dia 2/11/2022


Abdul marroquino casou, em Marrocos, com Malala, turca, em 1999. O casal reside no Líbano
com as outras mulheres de Abdul (Malala é a sua terceira mulher).
Entretanto, Abdul e Malala, por razões profissionais daquele, viajam para Portugal para passar
um mês.
Tomando a consciência de uma nova realidade, com vontade de se tornar independente e
continuar em Portugal, sem se manter submissa ao marido, Malala decide que não pretende
continuar casada e propõe contra Abdul, nos tribunais portugueses, uma ação de divórcio.
Abdul, assim que tomou conhecimento da ação, repudiou a mulher (“Talaq, Talaq, Talaq”) e
considera-se, já, divorciado, o que invocou na sua contestação, excecionando o pedido de
divórcio.
Admita que:
Os tribunais portugueses são internacionalmente competentes;
Os ordenamentos jurídicos Marroquinos, Libanês e Turco admitem a validade do casamento
poligâmico.
O ordenamento jurídico português nos termos do art.º 1601, al. c) do CC, considera, quanto a esta
questão, a existência de um impedimento dirimente, obstando ao casamento da pessoa a quem
respeita um casamento anterior não dissolvido.
Os ordenamentos jurídicos Libanês e Turco não reconhecem irregularidade ativa à cônjuge
mulher para a dissolução do vínculo matrimonial constituindo um direito exclusivo dos homens e,
os ordenamentos jurídicos Libanês e Marroquino admitem o repúdio verbal da mulher, pelo
cônjuge marido, como forma de divórcio.
Em Portugal vigora o princípio da igualdade entre os cônjuges (v.g. art.º1765 CC) e o repúdio não
é admissível como forma de dissolução do vinculo conjugal.
Os ordenamentos jurídicos Turco e Libanês consideram, para o divórcio, competente a lei do lugar
onde se realizou o casamento.
O ordenamento jurídico marroquino considera competente a lei da residência habitual dos
cônjuges.
Os ordenamentos jurídicos Turco e Libanês são avessos ao reenvio.
O ordenamento jurídico marroquino pratica a devolução simples.
Quid Iuris?

12
Direito Internacional Privado
Resposta: temos uma relação jurídica privada que é o divorcio, extinção do contrato de
casamento que é internacional em que temos a Malala que é turca e tem residência habitual no
Líbano, o Abdul tem residência habitual no Líbano e é marroquino, o facto ocorreu em Marrocos, e
o repudio ocorreu em Portugal.
A lex fori é Portugal, L1 Portugal. Em que a norma de conflito está presente no artigo 55º com
remissão para o 51º e 52º que transite competência para a lei da residencial habitual dos cônjuges,
ou seja, a L2 é o Líbano, o ordenamento jurídico do Líbano considera competente Marrocos, L3,
Marrocos considera competente a lei da residência habitual. O ordenamento jurídico marroquino
faz devolução simples.
Quanto ao reenvio o Líbano é anti devolucionista, faz uma RM e Marrocos pratica uma devolução
simples, portanto, L2 considera competente L3 e L3 considera-se indiretamente competente, visto
que, faz uma referência global para L2 e uma referência material para a conexão que L2 eleger.
Assim: temos reenvio, temos harmonia jurídica internacional e o reenvio foi meio necessário. Posto
isto, estão verificados os pressupostos para Portugal adotar uma posição devolucionista.
Estão preenchidos os 3 requisitos do reenvio, estamos assim perante o artigo 17º nº1 e que
fazemos uma interpretação extensiva e Portugal considera competente L3. Não aplicamos o 17º nº2
e mantemos o nº1 e assim mantemos o reenvio por transmissão de competências em cadeia com
retorno. O artigo 15º está preenchido.
O ordenamento jurídico marroquino diz que de facto estas pessoas não têm casamento em vigor.
Pode haver uma limitação dos limites de aplicação da lei estrangeira nos termos do artigo 22º. O
artigo 22º tem a reserva da ordem publica internacional do foro.
Temos um contrato que significa que a forma de fazer cessar os efeitos do contrato é por acordo de
vontades que faz cessar ou então o reconhecimento de um determinado direito, mas que como não
há acordos de vontades implica que há um terceiro para tratar da situação. O divórcio é efeito por
repudio de alguém através da expressão que alguém repudia alguma coisa. É o instituto jurídico que
só é reconhecido aos homens para fazer cessar o casamento. Temos aqui uma violação á ordem
publica internacional que nos permitir aplicar o 22º que adota a solução de aplicar o direito
internacional estrangeiro, através do artigo 22º nº2. A primeira coisa a fazer é aplicar o direito
material estrangeiro interpretando esta solução de forma que não ofenda a ordem pública.
Aqui aplicamos o direito material português a não ser que se verifique no caso em concreto um
efeito acumulado excecional da ordem publica internacional. Ainda que essa norma viole o direito
internacional português nós voltamos a aplicar o direito internacional estrageiro se esta for
praticada no estrangeiro, não há conexão á ordem publica portuguesa e há direito adquiridos a
salvaguardar. Assim aplicamos L1.

Aula dia 10/11/2022


Em 2007, Luís, brasileiro residente habitualmente no Porto adquiriu a uma empresa de leilões,
com sede em Londres e uma loja aberta naquela cidade, a “Public Sale”, um chapéu que havia
pertencido ao Príncipe Consorte Alberto.
Luís registou-se no leilão on-line, no respetivo site com domínio inglês, e fez a oferta mais
elevada.
Tendo sido o licitador escolhido, Luís celebrou com a “Public Sale” o respetivo contrato de compra
e venda do chapéu.
Acontece que o tutor de Luís não ficou satisfeito com a aquisição e propõe nos tribunais
portugueses uma ação para anular o negócio fundamentando a sua pretensão na falta de
capacidade de exercício de Luís de acordo com o direito português, embora os ordenamentos
jurídicos inglês e brasileiro considerem Luís plenamente capaz.

13
Direito Internacional Privado
O direito internacional privado brasileiro considera competente, para regular a capacidade, a lei
da residência habitual, praticando o sistema da referência material.
Idêntica solução é adotada pelo DIP inglês, mas praticando o sistema da devolução dupla.
Quis iuris?
Resposta: Temos aqui uma questão que é da compra e venda à distância, aqui consideramos que
foi celebrado no ordenamento jurídico português.
Temos aqui uma relação jurídica privada em que temos aqui uma questão de capacidade em que
temos o luís que tem nacionalidade brasileira e reside no porto, a empresa de leiloes tem o
ordenamento jurídico inglês. A ação é feita no ordenamento jurídico português e por isso somos a
lex fori, L1.
A norma de conflitos está prevista no artigo 25º que é a regra geral do estatuto pessoal com a
referência do artigo 31º nº1. Assim L2 seria a lei da nacionalidade, ou seja, ordenamento jurídico
brasileiro que considera competente l1 e L2 faz referência material a L1 em que aplica L1 e temos
reenvio e harmonia jurídica internacional, e o reenvio é o meio necessário para atingir a harmonia,
artigo 18º, nós aceitaremos o retorno se L1 for a residência habitual, significa que a lei aplicada aqui
é a brasileira porque apesar de o reenvio cumprir todos os requisitos não é valido porque é inválido
no que tange à capacidade, por isso nos termos do artigo 19º nº1 vamos fazer cessar o negocio,
mas se aplicássemos L2 o contrato era valido, assim esquecemos o reenvio e aplicamos o 19º nº1
que aplicamos o 16º em que L1 aplica L2 e faz referencia material e assim a lei competente é a L2 e
passa a ser valido.
Sub-hipotese: mesmo caso pratico, mas consideramos o contrato valido quanto ao nosso
ordenamento jurídico e inválido face ao ordenamento jurídico brasileiro.
Aqui não há reenvio e aplicamos L2 mas L2 não considera o contrato valido e L1 considera o
contrato valido. Há outro afloramento que é a proteção do comercio jurídico local que está previsto
no artigo 28º que se refere à matéria de capacidade para celebrar negócios jurídicos, só trata desta
questão. o comercio jurídico local é o lugar onde o facto foi celebrado, ou seja, Portugal. Portanto o
artigo 28º está preparado para proteger o comercio jurídico local português exclusivamente para
problemas de capacidade. Este artigo 28º, nesta situação continuamos a aplicar L2, quando o
negócio jurídico foi celebrado em Portugal de acordo com o direito português, a pessoa é capaz
para celebrar este negócio jurídico, 2º esta pessoa é de acordo com a lei da nacionalidade incapaz
para elaborar este negócio jurídico, requisitos que tem de estar verificados cumulativamente. Não
podem estar verificados os artigos 28º nº2, não pode ser de natureza pessoal ou a contraparte com
quem esta pessoa celebrou o negócio noa sabe que ele é incapaz face à li da sua nacionalidade.
Assim se isto tiver cumprido aplicamos L2, o legislador recorre ao artigo 28º para aplicar a técnica
de manter a aplicabilidade da lei brasileira, mas o tribunal não pode conhecer da incapacidade, ou
seja o tribunal noa pode anular tendo em consideração a incapacidade, temos assim uma exceção
perentória. Como ele não pode conhecer oficiosamente nem de forma provocada, apesar de este
contrato ser invalido continua a produzir todos os efeitos. No nº3 é uma solução diferente relativa
ao nº1 e 2, nos termos do nº3 o lugar da prática do facto não é Portugal, é qualquer outro
ordenamento jurídico.

Aula dia 16/11/2022

Mohamed e Said são cidadãos iraquianos e vivem atualmente em Portugal. Celebraram


matrimónio no Irão- país onde viviam os pais de ambos- em 1991, por procuração outorgada a
cada um dos seus progenitores masculinos nos termos da lei iraquiana, prevê que “(…) cada
nubente se pode fazer representar por terceiro na celebração do casamento (…)” sendo que, não

14
Direito Internacional Privado
obstante, este ordenamento qualifica esta matéria como uma questão de validade substancial do
casamento.

A mesma solução jurídica é apresentada pelo ordenamento jurídico iraniano. Em Portugal


pretende, agora, proceder ao registo civil deste matrimonio tendo-se colocado a questão da
respetiva validade atendendo a que ambos os nubentes se casaram por procuração.
Admita que a lei iraquiana considera competente para aferir da validade deste casamento, em
qualquer caso, a lei da nacionalidade comum e faz uma referencia material, enquanto o
ordenamento jurídico iraquiano, para aferir da validade deste casamento, em qualquer caso,
considera competente a lei do lugar da celebração do matrimonio e faz uma referencia material, o
ordenamento iraniano considera competente a lei da nacionalidade dos nubentes e é anti-
devolucionista.
Diga qual a solução material a aplicar ao caso em apreço.
Resposta:
Relação internacional privada
Mohammed- iraquiana- residência habitual Portugal
Procuradores - iranianos
Facto- iraniano
Questão pendente numa qualquer conservatória do registo civil, o conservador vai decidir se
aceia ou não este regime:
Dois procuradores para o mesmo casamento, não pode, consequências: os requisitos não foram
preenchidos, validade informal.
Norma de conflitos: artigo 50º é competente o ordenamento jurídico iraniano.
L1 (PT) – L2 (Irão)- L3 (Iraque) que devolve ao (Irão) L2
L2 e L3 são anti-devolucionista
Não temos harmonia por isso não temos reenvio e Portugal aplica a lei do Irão pelo artigo 16º
com referência material por falta de harmonia.
Não chega;
15º - interpretar o conceito quadro do artigo 50º, parte do conceito da norma e vamos tentar
perceber a finalidade do legislador para aquele hábito e os interesses a salvaguardar.
Conceito quadro do artigo 50º - forma do casamento para que este seja valido, não vigora o
princípio da liberdade de forma do artigo 219º, é necessário seguir determinados requisitos.
O legislador com este artigo pretende o cumprimento de finalidades de interesse publico, os
interesses são públicos apesar de ser um contrato pois é um contrato de natureza pessoal com
interesses intrínsecos
2º momento- interpretação do quid - normas que permitem resolver a norma controvertida,
pelo artigo 15º sabemos que não vem todo o ordenamento jurídico iraniano, apenas as normas
para resolver a questão.
Estamos a falar de validade substancial que diz respeito as partes. Ambos os ordenamentos
acham que existe um problema de validade
Impõem-se qeu para nos não há mais forma nenhuma de alterar a questão, o que diríamos é
que se temos de interpretar a norma da lex fori, para nos se esta questão é de invalidade formal
temos artigo 50º, agora, temos de entender se nos outros ordenamentos existe outra norma de
conflitos para resolver a questão.
Se o irão fosse a lex fori qual a norma de conflitos? Seria o artigo 49º porque o irão trata desta
questão como uma questão de validade substancial. O artigo 49º trata desta questão.
Artigo 49º diz competente a lei do ordenamento jurídico iraniano, este por sua vez considera o
ordenamento jurídico iraquiano e este considera competente o irão.

15
Direito Internacional Privado
Não há harmonia.
Conceito quadro do artigo 49º: qualquer coisa que ponha em causa é um problema de validade
substancial
Interpretação do quid artigo 23. Se o quid trata desta questão como validade substancial temos
subsunção artigo 15º logo está verificado o artigo 15º aplicamos o direito material iraniano.

Aula dia 17/11/2022


Em 13 de julho de 2020 Marie, Francesa, com residência habitual em Madrid, desloca-se a
Portugal para passar uns dias de férias. Ainda no aeroporto Charles de Gaule, e enquanto
aguardava pelas malas, Marie ficou muito incomodada quando outra passageira, Tessa, cidadã
Holandesa e com residência habitual em Barcelona, se tentava aproximar para acomodar a sua
mala. Marie, achando que não estava a ser cumprido o distanciamento social, dirigiu-se a Tessa
pedindo-lhe que não se aproximasse.
Assim que Tessa se aproximou, Marie descontrolou-se e começou a gritar apontando para Tessa e
vociferando, entre outros impropérios, “És sempre a mesma cabr@ ladra”, “Essa mala não é tua,
estás a roubá-la”, “Chamem a polícia que esta tipa está a roubar uma mala”. Gerou-se uma
enorme confusão no aeroporto tendo sido a polícia chamada ao local – tal era a forma como
Marie afirmava os factos – para verificar se, de facto, a mala era de Tessa.
Imagine que, perante o sucedido, Tessa quer ser indemnizada por Marie uma vez que considera
que esta afirmou factos, que sabia serem falsos, com intenção de prejudicar o seu bom nome e
reputação, difamando-a publicamente.
Considere que os tribunais portugueses são competentes para decidir da pretensão de Tessa, diga
qual a lei aplicável ao caso concreto, admitindo que,
• O direito internacional privado Espanhol considera competente, a lei do lugar onde o facto
ilícito se verificou, praticando o sistema da referência material.
• O direito internacional privado Francês, bem como o Holandês, consideram competente, a lei
da residência habitual da lesada, praticando devolução simples.
• Todos os ordenamentos jurídicos têm, quanto à questão em análise, solução material
idêntica à Portuguesa, com exceção do ordenamento jurídico francês que considera que a
violação de direitos absolutos deve integrar-se na responsabilidade contratual.
Quis iuris?
Resposta: temos aqui uma situação de responsabilidade civil contratual internacional em que temos
marie com passaporte dourado de frança e residência habitual em Espanha. Tessa é holandês e tem
residência habitual em Espanha. O facto ocorreu em frança. O dano ocorreu no ordenamento
jurídico francês. A questão está pendente nos tribunais portugueses.
A norma de conflitos está presente no artigo 45º em que Portugal é a lex fori, L1 e tem conexão
para L2 – frança por ser o princípio da maior proximidade, 45º nº3. No caso concreto há uma
ligação com o ordenamento jurídico da prática do facto, 45º n1 e 3.
O ordenamento jurídico francês considera competente para esta matéria a lei espanhola – L3 e o
ordenamento jurídico espanhol considera competente a lei francesa e faz referência material e o
ordenamento jurídico francês faz devolução simples. O ordenamento jurídico francês considera-se
competente a ele próprio. Temos reenvio, temos harmonia, mas não é meio necessário e aplicamos
o artigo 16º e aplicamos o ordenamento jurídico francês. Artigo 15º imputação do conceito quadro
do artigo 45º, em que temos a responsabilidade extracontratual. Temos de interpretar este conceito
quadro para encontrar as finalidades do DIP para resolver esta solução. Interpretação do QUID nos
termos do artigo 23º porque é direito estrangeiro. Vamos ao direito material francês e tiramos as
normas aptas para resolver esta questão em que o direito francês trata desta questão como se fosse
de responsabilidade extracontratual. O legislador trata desta matéria como se tratasse de um

16
Direito Internacional Privado
incumprimento de relações jurídicas. Momento de subsunção, o ordenamento jurídico francês não
se subsume ao ordenamento jurídico português. Como não se subsume temos de fazer a
interpretação da relação jurídica com a configuração da relação jurídica.
Temos o artigo 41º e 42º da responsabilidade contratual. Se fossemos juristas franceses e a questão
tivesse num tribunal francês aplicávamos o artigo 42º e conseguimos escolher uma conexão que
será a residência habitual que seria o ordenamento jurídico espanhol que considera competente o
ordenamento jurídico francês que considera a residência habitual da lesada. O espanhol considera
competente o português e o francês considera competente a lei francesa L3, francês faz devolução
simples, L2 faz referência material. Temos reenvio, é meio necessário e há harmonia, 17º nº1,
interpretação extensiva admitimos a aplicabilidade de L3 em que admitimos o reenvio por força do
artigo 17º nº3. 15º aplicamos o ordenamento jurídico francês, interpretamos o conceito quadro do
artigo 41º que temos as obrigações provenientes do negócio jurídico. Interpretação do Quid francês
do artigo 23º, responsabilidade contratual, questões emergentes do negócio jurídico. O Quid
integra este conceito quadro porque há subsunção e aplicamos o direito material francês aplicando
o artigo 41º.

Aula dia 07/12/2022


Jean Marc, francês, residente em Lisboa, propôs nos tribunais portugueses, uma ação
condenatória contra Carl, russo, residente na Costa do Marfim. A ação tem como
fundamento um alegado incumprimento de um contrato de compra e venda de diamantes,
outorgado entre ambos, no Congo, em 2019. No âmbito daquele contrato, Jean Marc
adquiriu três diamantes a Carl – provenientes de uma mina da Costa do Marfim – cada um
com certificação de avaliação dos 4 C’s pela “Gemological Institute of America”. Acontece
que, quando os diamantes foram entregues a Jean Marc, o joalheiro que este havia
contratado para fazer avaliação dos mesmos, concluiu que um dos diamantes não
apresentava o grau de pureza (“clarity”) que constatava do certificado de avaliação.
Carl contesta a ação alegando que o contrato celebrado é nulo, uma vez que, a lei da Costa
do Marfim proíbe a exploração de minas e venda de diamantes por quaisquer não
expressamente autorizadas para o efeito – sob pena de nulidade – já que as minas e os
diamantes são considerados propriedade do Estado e os negócios com pedras preciosas são
regulados para evitar especulação de preços, sendo o preço fixado de acordo com cotação de
mercado.
Na resposta à exceção Jean Marc invoca a cláusula 9º do contrato, onde se prevê que as
partes fixaram não só o tribunal internacionalmente competente como escolheram a lei
portuguesa para reger o contrato exatamente para evitar qualquer vício negocial decorrente
com a proibição legal da Costa do Marfim.
Admita que os tribunais portugueses são internacionalmente competentes, qual a solução
aplicável?
Temos aqui uma relação jurídica de direito privado internacional em que o jean marc é francês
e tem residência habitual em Portugal e o karl é russo e reside na costa do marfim. O negócio
foi celebrado no congo. A lex fori é a lei portuguesa. Em que temos de ir ao regulamento de
roma I, aplicável no âmbito material a não ser nos termos do artigo 1º nº2 em que neste caso
não está previsto. Assim o primeiro âmbito está preenchido, o âmbito temporal é o artigo 28º e
o âmbito espacial também está verificado.
Aqui veríamos se era contrato em especial, regra geral do artigo 3º que era a autonomia da
vontade em que as partes escolheram a lei portuguesa. Aplica-se a lei portuguesa…

17
Direito Internacional Privado
Resposta: Primeiramente, temos de verificar se a relação jurídica tem um caráter privado.
Verificamos este pressuposto, dado que, estamos a tratar de um contrato de compra e venda
entre dois entes privados.
Seguidamente, temos de verificar se a relação privada tem caráter internacional. Assim:
• Quanto aos sujeitos:
Jean Marc: nacionalidade francesa; residência habitual em Lisboa.
Carl: nacionalidade russa; residência habitual na Costa do Marfim.
• Quanto ao lugar do negócio: ordenamento jurídico do Congo.
• Quanto ao objeto do negócio jurídico: vieram da Costa do Marfim.
Aqui é relevante adicionar como conexão a autonomia da vontade, porque estamos a falar
de relações jurídicas contratuais/ negociais, a lei escolhida foi a lei portuguesa (OJ Português).
Portanto, temos aqui uma situação de autonomia da vontade como conexão relevante. Deste
modo, temos uma relação jurídica relativamente internacional.
A ação está proposta em Portugal e, como tal, somos a lei do foro. Qual o elemento de conexão
que vamos eleger?! Qual o ordenamento jurídico que vamos eleger?!
Aqui colocou-se a questão de irmos ao CC e aplicarmos o art.º 41. Contudo, não é por aqui que
se resolve o caso prático, teríamos de ir ao Regulamento de Roma I. Não o podemos excluir
sem que, pelo menos, se analise previamente a questão no regulamento, visto que, os
negócios jurídicos contratuais quanto aos seus efeitos e consequências estão previstos neste
Regulamento. Nós só vamos ao CC quando temos uma situação de uma conexão concorrente
entre um regulamento comunitário e o código civil, este regulamento como está adotado pelo
ordenamento jurídico português e, como tal, prevalece sobre a lei doméstica. Temos então de
ir ao Regulamento de Roma I e só se não conseguirmos aplicar este regulamento é que vamos
aplicar as normas do CC. Como é que verificamos se se aplica o Regulamento de Roma I?
Primeiro, temos de verificar o âmbito de aplicação material: estes âmbitos são de matéria civil
e comercial, excluindo todas as questões relativas a matéria administrativa, fiscal e aduaneira,
sendo que, apesar de ser matéria civil ou comercial ela pode estar excluída do âmbito material
nos termos do art.º 1, nº2 (nas diversas alíneas). Como não se verifica nenhuma das exceções
presentes nas alíneas, quanto ao âmbito material não há nenhum problema em aplicar o Roma
I.
(Aqui o grande problema, poderia ser, a questão relativa a uma exceção que foi invocada que é
a validade do próprio contrato, ou seja, aquilo que o réu contesta nesta ação é que o contrato é
nulo porque, de acordo com a lei da Costa do Marfim, este negócio jurídico está subtraído às
relações jurídicas privadas. Agora, esta questão é para ser discutida no âmbito do próprio
contrato, não é uma questão precedente, quer isto dizer que é preciso escolher a lei para
depois saber se é possível ou não aplicar uma lei que invalide ou não este negócio). Neste caso
concreto, não há nenhum entrave para que, a nível material, não se possa aplicar o
regulamento e, portanto, é possível pelo âmbito material aplicar este regulamento.
Seguidamente, quanto ao âmbito temporal: este contrato foi celebrado em 2019 e este
regulamento já estava em vigor, dado que, o regulamento está em vigor desde 17 de dezembro
de 2009. Assim, nos termos do art.º 28 podemos aplicar a nível temporal este regulamento.
Por fim, falta-nos o âmbito espacial (art.º 2): Portugal aplica, porque é um Estado parte do
Regulamento de Roma I, e ainda que a lei que tivesse sido escolhida não seja a lei de um EM,
não obstante, temos um âmbito universal para a aplicação do regulamento. Deste modo, não
há nenhum tipo de constrangimento em relação à lei que possa ser designada pelo
Regulamento de Roma I.
Verificados estes três âmbitos, significa que, podemos aplicar o Regulamento de Roma I ao
caso concreto.

18
Direito Internacional Privado

Passando agora para aplicação. O que é que fazemos em relação á aplicabilidade das normas
do Regulamento de Roma I?
(Temos que ter em conta que o regulamento está divido em alguns tipos contratuais em
especial e os contratos em geral).
Em 1º lugar temos de ver se estamos perante algum dos contratos em especial e concluímos
que não estamos, dado que, neste caso, não estamos a tratar de contratos de transporte, de
consumo, seguro nem trabalho. Deste modo, estamos no âmbito dos contratos em geral e
temos o art.º 3 que nos diz que a conexão é a lei escolhida pelas partes, portanto, a autonomia
da vontade e no nosso caso em concreto foi escolhido o ordenamento jurídico português que,
enfim, regulará esta situação.
Há reenvio? Vamos ver o que é que o ordenamento jurídico Português faria! (ATENÇÃO: Nunca
seria o caso, visto que, o ordenamento jurídico português é a lei do foro e, como tal, considera-
se competente e nunca chegaríamos a uma questão de reenvio, mas se escolhesse uma outra
lei, haveria alguma situação de reenvio no regulamento de Roma I? Não, dado que, este
regulamento só faz referências materiais (art.º 20). Portanto, nesta situação em concreto,
aplicaríamos o direito material Português.
Todavia, haverá alguma questão que aqui se pudesse suscitar? Por exemplo, aqui teriam de se
verificar as normas imperativas do ordenamento jurídico da Costa do Marfim?! Ou há uma
situação em que a autonomia da vontade, no âmbito do Regulamento de Roma I, que não está
limitado pelo princípio da não transatividade admite escolha de uma lei, mas que ela não pode
pôr em causa as normas imperativas de outra?! Isto aplicar-se-á ao caso concreto ou não?
Há uma situação no regulamento que diz que as partes até podem escolher uma lei que não
tenha contacto nenhum com a relação jurídica, desde que, isso não coloque em causa normas
imperativas – art.º 3, nº3. Este artigo aplica-se ao caso concreto? Não se aplica! Porque o art.º
3, nº3 é utilizado para situações puramente internas, mas que de acordo com o Regulamento
de Roma I e ao contrário da solução do CC, o Regulamento admite que numa relação jurídica
puramente interna, a autonomia da vontade seja uma conexão suficiente para internacionalizar
a relação jurídica.
E a ordem pública? E as normas de aplicação imediata?! Poder-se-ão aplicar? O regulamento
prevê no art.º 21 a ordem pública e o art.º 9 também tem as normas de aplicação imediata.
Podiam-se aplicar, de modo, a proteger o direito da Costa do Marfim? Não, quer a ordem
pública, quer normas de aplicação imediata são normas que protegem do Estado do Foro; as
normas de direito material português ofendem a ordem jurídica do Foro (que é Portugal)?
Claro que não. E nós também não protegemos ordens jurídicas nem normas de aplicação
imediata de ordenamentos jurídicos estrangeiros. Deste modo, não aplicamos nem o art.º 21
nem o art.º 9.
Sobra-nos, no entanto, uma questão que não está definida no Regulamento de Roma I: o caso
prático diz-nos que nos termos da cláusula 9º do contrato as partes escolheram tanto o
tribunal como a lei portuguesa, exatamente, para evitar a aplicação da Lei da Costa do Marfim,
isto poderia suscitar um problema de fraude à lei e o Regulamento de Roma I, em lado algum
fala na fraude à lei. A questão que se coloca é. Será possível aplicar o regime da fraude à lei
neste caso, ou não? O regulamento, de facto, não abrange a fraude á lei, ou seja, estaria fora
do âmbito do Regulamento e teríamos de ir ao CC, mas será que é possível aplicar este regime
de Fraude à lei? Vamos, então, ver os requisitos da fraude à lei:
• Requisitos subjetivos. Atuação com dolo e isso verifica-se, dado que, escolheram aplicar a
lei portuguesa, de modo, a evitar a aplicação da lei da Costa do Marfim.
• Requisitos objetivos:

19
Direito Internacional Privado
Manipulação do elemento de conexão: a conexão no caso concreto é a autonomia da vontade.
E, como é óbvio, não se consegue manipular a autonomia da vontade.
No Regulamento de Roma I, tal qual o temos, dificilmente conseguimos aplicar qualquer
exercício de fraude à lei, porque a conexão no caso concreto é as partes poderem escolher a lei
que quiserem, o regulamento não lhes coloca limites alguns.
Neste caso concreto, aplicamos a conexão do art.º 3, qual é o eventual limite colocado ao
âmbito da autonomia da vontade neste artigo? A única situação que o legislador limita o
âmbito dessa autonomia da vontade é no art.º 3, nº 3 que, como já vimos, não se aplica ao
caso concreto.
No nosso caso não há qualquer limitação à escolha de lei para regular o negócio jurídico.
Independentemente do motivo, pelo qual, decidiram aplicar a lei portuguesa, em prejuízo da
lei da Costa do Marfim a verdade é que não há nada que os limite quanto à escolha de lei e,
claramente não há aqui nenhum entrave à aplicação da lei portuguesa. Assim, se a própria lei
portuguesa não colocar nenhum entrave a negócios jurídicos relativamente a diamantes,
aplica-se a lei portuguesa, independentemente, das limitações da Costa do Marfim.
Para concluir, o caso concreto fica resolvido aplicando-se a lei portuguesa nos termos do art.º
3, nº1 do regulamento de Roma I.

NOTA: Portugal, de facto, tem algumas limitações no que toca a negócios relativos a diamantes,
no entanto, isso não era o relevante na questão prática.

Aula dia 14/12/2022


Carlos, português, reside habitualmente em Lisboa, e Bernard, português e suíço [com dupla
nacionalidade], reside habitualmente na Suíça, ainda que passe cerca de 4 meses durante o
ano em Portugal por motivos laborais, celebraram em Portugal, em 2019, um contrato de
arrendamento de um imóvel situado em Genebra. Carlos deu de arrendamento Bernard, que
aceitou, um apartamento de que é proprietário em Genebra tendo-se fixado um termo de 3
anos, renovável automaticamente por períodos de um ano caso não seja denunciado, e o
valor de 650,00 CHF de renda mensal a pagar no primeiro dia do mês anterior àquele a que
disser respeito.
Considerando o período de crise pandémica, Bernard – que já passou a quarentena em
Portugal – decidiu não regressar à Suíça durante o ano de 2020 e quer promover, de acordo
com o Direito material Suíço a suspensão do contrato de arrendamento pelo período de 12
meses a contar da data da notificação para esse efeito. De acordo com este instituto o
arrendatário pode, pelo período até 12 meses, suspender sem necessidade de apresentar
qualquer motivo que o justifique, todos os efeitos do contrato – incluindo prazo de vigência –
e findo o período o negócio volta a produzir os seus efeitos típicos. Carlos não se conforma
alegando que, nos termos do Direito material português não existe qualquer situação similar,
mormente por vontade unilateral do arrendatário e para a qual não tem que apresentar
motivação que justificasse alteração aos termos do contrato.
Explique, de forma fundamentada se Bernard obter a suspensão do contrato de
arrendamento de acordo com o direito material suíço?
Resposta: RJ PRIVADA – NJ arrendamento
Internacional: sujeitos:
Carlos – N – Portugal; RH – Portugal
Bernardo – N – PT e Suíça; RH – Suíça
Objeto – OJ Suíça.
Facto – OJ Portugal.

20
Direito Internacional Privado
Lex fori – Portugal.
Se bernardo pode ou não promover a suspensão deste contrato de arrendamento?
Regulamento Roma I – 3 âmbitos:
- âmbito material – 1º. Sim, esta matéria faz parte do regulamento.
- âmbito temporal– 28º. Foi depois de 2009. Logo está verificado.
- âmbito – espacial – 2º, é universal.

Os 3 âmbitos estão verificados e resolvemos a questao com o regulamento Roma I.

Contrato de arrendamento que não é um dos contratos especialmente regulados pelo regulamento.
Isto é, aplicamos a regra geral – artigo 3º. Conexão regra é a lei escolhida pelas partes. Não há
nenhuma conexão à autonomia da vontade, não escolheram a lei. Vamos às supletivas – artigo 4º.
Ver nº a nº, para encontrar a conexão.

4 nº1 – contrato previsto na alínea c). contrato que versa no arrendamento de um imóvel – conexão
manifestamente mais estreita.

Artigo 20º - reenvio proibido. Fazemos apenas uma referência material.

Aplicamos o direito material suíço.

Suíça é plurilegislativo. Artigo 22º, regulamento de roma I, cada uma das unidades territoriais
internas é considerado como um estado autonomo. Se houver duvidas no direito a aplicar, vemos o
local do imóvel – Genebra. A lei aplicável em genebra seria aquela que era aplicável no caso
concreto.

Aula dia 15/12/2022

Albert suíço, com RH nos EUA – Austin, texas – faleceu em Portugal quando se deslocou ao país
para visitar a filha que reside em Lisboa (…).

Resposta: temos uma relação jurídica internacional de direito privado em que temos uma
relação mortis causa, em que albert tem a nacionalidade suíça e reside nos EUA, temos uma
herdeira que reside em Portugal, quanto ao facto, vigora o ordenamento jurídico português, e
quanto ao objeto temos o imóvel que pertence ao ordenamento jurídico português e a conta
na suíça que pertence ao ordenamento jurídico da suíça.
Portugal é a lex fori, temos de ir ao regulamento das sucessões, em que temos os âmbitos
materiais do artigo 1º, que pertence às sucessões por morte excluindo a matéria aduaneira, o
âmbito de aplicação está verificado e depois vemos a competência internacional dos tribunais.
Artigo 20º, este regulamento aplica-se a todo o espaço, âmbito espacial. O âmbito temporal,
84º está verificado a respetiva entrada em vigor, sito significa que aplicamos o regulamento das
sucessões e aplica-se o 22º da autonomia da vontade. Como no nosso caso não existe a
conexão da autonomia da vontade não aplicamos o 22º mas sim o 21º nº1 da residência
habitual que é os EUA, L2, a não ser que no caso concreto exista uma lei que seja
manifestamente mais estreita. Não sabemos se aplicamos L2 porque nos termos do artigo 34º
existe o reenvio, começamos pelo 34º nº2 em que não há reenvio se tivermos perante uma
destas exceções. 34º nº1 Poderá haver reenvio quando L2 pode ser estado terceiro em que não
se considera competente e considera competente para os bens imoveis a frança, L3, que é um
estado membro. Para os bens imoveis aplicados o ordenamento jurídico da frança.

21
Direito Internacional Privado
Quanto aos bens moveis, os EUA consideram competente o ordenamento jurídico a suíça que
não é estado membro e considera-se competente. L2 tem que ser um estado terceiro, L3 tem
de ser um estado terceiro que se considere competente e assim L1 aplica L3 para tratar dos
bens moveis.

Admitam que não havia reenvio e acabávamos nos EUA que são ordenamento jurídico
plurilegislativo.
Resposta: nestes ordenamentos jurídicos plurilegislativos, em matéria de estatuto pessoal
aplicamos a lei dos estados soberanos, se aplicássemos a lei dos EUA seria essa lei que
escolheria qual a lei a aplicar, e quando o estado noa tem uma solução para nos dar então
temos o nº2, se aplicássemos a aliena a, aplicávamos a lei do texas, se fosse aplicada a lei da
nacionalidade aplicávamos a lei que fosse mais estreita ao falecido.

DIP REPOSIÇÃO 20.12.22

Frequência fevereiro 2021.

António, natural de Lima, no Perú, com residência habitual em Brasília, celebrou há


mais de 10 anos, nesta cidade, um contrato de compra e venda de um imóvel situado
em Paris. António adquiriu o imóvel a Bento, com dupla nacionalidade, portuguesa e
alemã, com residência habitual em Viana do Castelo. O contrato foi formalizado num
documento particular (não autenticado) e o preço foi pago no momento da respetiva
assinatura.

Em virtude da pandemia, António resolveu mudar-se definitivamente para França em


abril de 2020 – onde já passava grandes temporadas de férias – e passou a habitar o
imóvel. Meses mais tarde foi surpreendido por Carla, portuguesa, com residência
habitual em Austin, Texas, EUA, filha de Bento – entretanto falecido – que alegou que a
compra e venda era nula por falta de cumprimento dos requisitos de forma e que o
imóvel era seu, na qualidade de única herdeira do seu pai.

Discute-se agora nos tribunais portugueses a propriedade daquele imóvel, invocando


António que, independentemente de se encontrar inscrita no registo a propriedade do
imóvel a favor de Carla, ele é o proprietário – peticionando o reconhecimento e a
declaração de ser ele o único legítimo possuidor e proprietário – alegando para o efeito
que,

a) “Desde 8 de janeiro de 2009 está na posse do referido prédio, a qual se manteve


ininterruptamente até à presente data, de forma pública, pacífica e de boa-fé,
nunca tal posse sido contestada até setembro de 2020, pelo que adquiriu a
propriedade do referido prédio por usucapião”.
Considerando que os tribunais portugueses são internacionalmente competentes,
admita que,

a) Em todos os ordenamentos jurídicos a compra e venda de bens imóveis só é


formalmente válida se for outorgada por escritura pública ou documento autenticado.

b) Em todos os ordenamentos jurídicos a posse do direito de propriedade, mantida por


certo lapso de tempo, faculta ao possuidor, a aquisição do direito, e a usucapião é uma

22
Direito Internacional Privado
forma de aquisição originária de direitos reais, num regime idêntico ao previsto no
Código Civil Português.

c) No ordenamento jurídico francês a usucapião de bens imóveis pode dar-se ao fim de


10 anos, independentemente da posse ser de boa ou má fé, e haver ou não registo;
solução idêntica é perfilhada no ordenamento jurídico norte-americano, incluindo no
regime legal do Estado do Texas.

d) O ordenamento jurídico brasileiro e do Perú têm uma solução material idêntica à


portuguesa.

e) O ordenamento jurídico francês, quanto à questão sub judice, considera competente


a lei da nacionalidade daquele que invoca a usucapião e faz dupla devolução. Idêntica
solução é adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, mas pratica devolução simples.

f) O ordenamento jurídico do Perú considera competente a lei da residência habitual da


titular do direito real que se encontra inscrita no registo predial e é anti-devolucionista.

g) O ordenamento jurídico norte-americano considera competente da residência


habitual – no momento do termo inicial da posse – daquele que invoca a usucapião e
pratica devolução dupla. Este ordenamento jurídico é complexo e não tem normas de
direito interlocal para resolver situações conflituais internas.

RJ PRIVADA INTERNACIONAL

Conexões:

António – N - Perú; RH – Brasil

Bento – N PT e Alemanha; RH – PT

Carla – N PT; RH – EUA

Objeto – OJ Francês.

Facto – Negócio jurídico, OJ brasileiro.

António residia no brasil, mas em 2020 mudou para outro local – OJ – francês.

Lex fori – Portugal

Internacional – ação pendente num tribunal português.

Norma de conflitos: código civil. Está a ser pedido que ele seja proprietário através da
usucapião. A questao controvertida é um problema de declaração da inexistência ou não
da usucapião. Nenhuma destas questões consta de nenhum regulamento. O que requer é
a declaração de posse à cerca de X anos e deseja usucapir. Temos de ir ao código civil,
artigo 46. “regime da posse e os respetivos efeitos”, assim, a lei aplicável é a lex rei sitae.

Causa constitutiva do direito de propriedade, da existência ou não de posse. Causa de


pedir é o fundamento onde baseia o pedido, que é a declaração que é o proprietário.

L1 PORTUGAL

L2 FRANÇA (considera competente a lei da nacionalidade de quem faz a usucapião– faz


dd).

23
Direito Internacional Privado
L3 PERÚ (considera competente a lei RH da titular do direito real no registo predial – faz
RM).

L4 EUA (RH da que invoca a usucapião quando se tornou possuidor – faz dd)

L5 BRASIL (considera competente a lei da nacionalidade de quem faz usucapião –


considera competente frança – faz ds).

L1

L2 -> L4

L3 -> L4

L4 -> (L5)

L5 -> L4 -> L2 que aplica L4.

L4 considera-se indiretamente competente. Há reenvio, HJI, e é meio necessário para


obter a harmonia jurídica internacional. Exceção do artigo 17 nº1 – por este artigo, pela
harmonia, aplicamos a lei que todos os outros estados estejam de acordo a aplicar desde
que seja em prol da HJI.

APLICABILIDADE DE L4 – A NÃO SER QUE APLIQUEMOS O 17 Nº2. L2 teria de ser a lei da


nacionalidade, que não o é. Não estamos no 17 nº2. Consideramos competente L4,
ordenamento jurídico norte americano.

EUA – plurilegislativo. Tem por base a necessidade do interessado. Neste caso temos uma
matéria de estatuto real e temos de aplicar o artigo 20 analogicamente. Este artigo, 20
nº1 e 2 e não o nº3, que tem por base pessoal.

Aplicando analogicamente, iriamos aplicar o d.i local que escolherá o direito aplicável.
Não existe, temos de aplicar o DIP de forma analógica. Não aplicamos, não conseguimos
usar. Teremos, assim, a RH (20 nº2) porque o OJ plurilegislativo é indicado através da lei
da nacionalidade. Através daí escolhe a lei do estado onde a pessoa tem a sua RH.

Plurilegislativo através da natureza da conexão – RH dos interessados da relação


controvertida, da CARLA. Significa que a matéria mesmo sendo de estatuto real, dada a
admissibilidade do reenvio, temos uma conexão de natureza pessoal. Isto é, sendo assim,
em termos analógicos, nada nos impede de usar a conexão da RH. A RH está lá para
matéria de estatuto pessoal. Conexões N e RH. Não conseguimos aplicar diretamente
porque é matéria de estatuto real. Mas a conexão que estamos a usar é de estatuto
pessoal – isto é, podemos usar a conexão RH para determinar dentro dos EUA qual a lei
aplicável neste caso concreto.

CARLA vive no estado da cidade de Austin. Assim, aplicaremos L4, com as normas da
cidade de Austin, do estado do Texas.

Matéria de estatuto pessoal – mas neste caso é matéria real. Aplicamos este princípio
porque EUA foi considerado competente dada a qualidade pessoal.

Processo de qualificação – direito norte americano, em vigor no estado do Texas.

Nos termos do artigo 15º - qualificação da constituição doutrinário de Ferrer Correia.

24
Direito Internacional Privado
Interpretação do conceito quadro – 46. Regime da posse, propriedade e outros direitos
reais menores. Todos os ordenamentos jurídicos têm uma solução idêntica aos CC
português.

Quid – se tem um regime idêntico, é o que está no CC PT. Aquele que mantem a posse
ininterrupta durante um tempo, pode adquirir o direito de propriedade.

Subsunção – a posse enquanto aquisição inclui-se no conceito quadro do artigo 46? SIM.
Passou no processo de qualificação, será o direito interno do estado do Texas que vai
decidir esta questão.

Se a solução for dos EUA – há alguma limitação? Não suscita nenhum problema de ordem
pública, do artigo 19 nem da fraude à lei.

II

AA, Lda., sociedade comercial de Direito Português, com sede no Porto, intentou ação
declarativa de condenação, contra BB, S.L., sociedade de Direito Espanhol, com sede em
Madrid alegando, em resumo, que “[...] ajustou com a mesma um contrato de compra e
venda de uma grua, e formação para a utilização da mesma, e pagou o respetivo preço
global (€ 125.000,00), não tendo, porém, a Ré, ao arrepio do que acordara com a
Autora, dado formação ao pessoal desta e não tendo os técnicos que a primeira
disponibilizou para a montagem demonstrado conhecer o funcionamento da máquina.
Ao invés do que fora incutido pela Ré, a grua, ao ser colocada em funcionamento,
evidenciou vários problemas e não trazia consigo o respetivo manual – o que foi
comunicado à Ré –, [...]. Nessa sequência, a Autora veio a perder o interesse na
manutenção do negócio e a comunicar àqueloutra a intenção de o resolver, solicitando
a devolução do preço pago e o levantamento da máquina, o que até agora não
sucedeu”.

A grua foi adquirida por contrato celebrado em Madrid e tendo a Ré obrigação de a


entregar na sede da Autora e após esta entrega, a Autora procedeu ao pagamento
integral do preço acordado através de transferência bancária. A formação seria dada na
sede da Autora nos 15 dias seguintes à entrega da grua, o que nunca se verificou.

A Ré contestou, alegando, em resumo, que, “[...] face ao disposto no artigo 1484.º do


Código Civil Espanhol, aqui aplicável, não está obrigada a indemnizar a Autora [...] uma
vez que os direitos exercidos pela Autora já haviam caducado à data da apresentação da
petição inicial [...]”.

Considerando que os tribunais portugueses são internacionalmente competentes,


admita que,

a) A posição assumida pela Ré na contestação está de acordo com a solução material


prevista no Código Civil Espanhol.

b) Em Portugal os alegados direitos da Autora ainda não teriam caducado, uma vez que
no ordenamento jurídico Espanhol o prazo de caducidade é manifestamente mais curto.

RJ PRIVADA (questão é a responsabilidade contratual). Internacional:

Temos pessoas coletivas, onde funciona a sede da empresa

25
Direito Internacional Privado
AA – OJ Português; BB – OJ espanhol.

Facto – OJ espanhol

Efeito obrigacionais – entrega e formação no ornamento jurídico portugues. AA com o


pagamento do preço no OJ PT.

Lex fori Portugal.

Lei aplicável – regulamento Roma I

AMBITO MATERIAL – 1º. Não tem natureza fiscal, aduaneira e administrativa. 1 nº2 –
exclusões. Neste caso não se integra. Âmbito verificado.

AMBITO ESPACIAL – 2º aplicação universal.

AMBITO TEMPORAL – 28º - 27/12/2009. Caso é de 2010, logo é depois da entrada em


vigor. Está verificado.

Regras gerais do artigo 3º e 4º - aplicamos a lei que as partes escolheram. Não escolheram
nenhuma lei, aplicamos o regime supletivo do artigo 4º. Vemos a lista do nº1 - é um
contrato misto, atípico porque é misturado com vários tipos contratuais – CV com
prestação de serviços. No nº1 não tem nada quanto a isto.

4 nº2 - esses contratos são regulados pela lei do país em que o contraente que deve
efetuar a prestação característica do contrato tem a sua residência habitual. – Prestação
característica do contrato é a contraprestação da prestação pecuniária. Será a RH daquele
que tem de EFETUAR O PAGAMENTO. Portugal.

A aplicar só será L2 a não ser que haja uma conexão manifestamente mais estreita (nº3
17) – não há nada que demonstre que há prevalência sobre o outro. Aplicamos o direito
material espanhol ao caso concreto.

Não há limitações inerentes.

Aula dia 4/01/2022

Exame de 2021 2º caso penso que seja exame de recurso disse que ia por no moolde
Moustafa Sali, grego, residente na Suíça, faleceu em 4 de fevereiro de 2008 na Turquia,
vítima de doença súbita. Deixa, como herdeiros, a sua mulher, Molla Sali, grega e residente
com o marido, e o pai, Bulut, com dupla nacionalidade, grega e portuguesa, residente em
Viana do Castelo. Admita que, logo após o falecimento, e em virtude de conflitos familiares,
está a ser apreciada em Portugal a sucessão de Moustafa, e considere que,
a) O pai do de cujus argumenta que é aplicável a Lei da Sharia uma vez que o seu filho era
muçulmano, de nacionalidade grega tendo nascido na Trácia e, nos termos do artigo 14.º, n.º
1 do Tratado de Sèvres de 1920 e artigos 42.º e 45.º do Tratado de Lausanne (ambos
ratificados em 1923) o ordenamento jurídico grego admite a aplicabilidade da aludida lei
religiosa aos seus cidadãos, em matéria matrimonial e sucessória, desde que sejam
muçulmanos e tenham nascido na Trácia.

26
Direito Internacional Privado
b) A mulher entende que é aplicável a lei grega uma vez que, apesar de verificados os
requisitos nem ela nem o marido alguma vez tiveram, qualquer ligação com a comunidade
muçulmana ao nível religioso, aliás não eram praticantes de qualquer culto religioso, e não
conheciam a Lei da Sharia.
c) Para todos os ordenamentos jurídicos, a questão em apreço refere-se à sucessão mortis
causa, num regime idêntico ao português, com exceção da Lei da Sharia que, em matéria
sucessória, prevê que, quando na herança concorram herdeiros do sexo masculino estes têm
direito, para além da sua quota-parte, ao usufruto vitalício sobre todos os bens da herança
(solução não aplicável às herdeiras do sexo feminino).
d) Em matéria conflitual, o ordenamento jurídico grego elege como lei aplicável a lei do
lugar em que o autor da sucessão faleceu e pratica devolução simples e o ordenamento
jurídico turco considera competente a lei do lugar em que o herdeiro mais velho (o pai do de
cujus) tem a sua residência habitual e pratica referência material. Esta é a mesma solução
perfilhada pelo ordenamento jurídico suíço. Quis juris?
Resposta: temos uma relação jurídica privada, sucessão mortis causa sem testamento, que
é internacional em que o autor da sucessão é moustafa que tem nacionalidade grega e reside
na suíça, como herdeiros temos a Mola que é grega e reside na suíça, Bulut que é grego e
português e reside em Portugal. Quanto ao local do óbito é na Turquia.
A questão está a ser apreciada no ordenamento jurídico português em que este é a lex fori
que temos de ir ao regulamento das sucessões. Estamos no âmbito material, em que não há
nenhum problema quanto a este elemento, quanto ao âmbito espacial está verificado, quanto
ao âmbito temporal em que não se aplica o regulamento das sucessões. Nos termos do CC
aplica-se à sucessão por morte sem testamento o artigo 62º a lei pessoal, artigo 25º, matéria
de estatuto pessoal e nos termos do artigo 31º nº1 é o ordenamento jurídico grego, sendo
assim L2 a Grécia. A Grécia considera competente a Turquia, L3, a Turquia considera
competente Portugal. O ordenamento pratica ds, o ordenamento jurídico turco faz referência
material. Assim L2 e L3 aplicam L1. Temos reenvio, harmonia e o reenvio é o meio necessário
para atingir a harmonia em que temos um reenvio por retorno à lei portuguesa, 18º, temos de
fazer uma interpretação extensiva do 18º nº1 aceitamos o reenvio mas por ser ateria de
estatuto pessoal temos de ir ao 17º nº2, só aceitamos o reenvio o interessado vive em Portugal
ou então a lei RH considera competente a lei do regulamento interno, como é a suíça, lei
satélite, que nesta matéria tem a mesma solução que o ordenamento jurídico turco e assim
aplica a lei portuguesa. Assim admitimos a verificação do requisito, assim Portugal considera-se
competente para decidir sobre esta matéria.
Nos termos do artigo 15º, primeiro temos a interpretação do conceito quadro, 62º sucessão
mortis causa sem testamento, interpretação do QUID que é o instituto do direito das sucessões
do sistema jurídico sem testamento, a subsunção do QUID ao conceito quadro e temos assim o
processo e qualificação feito e aplica-se o direito português.

Aula dia 4/01/2022


Exame 2021 1º caso pratico da aula do mesmo dia
A Companhia de Seguros AA, S.A. intentou contra BB, SA ação declarativa, pedindo a
condenação desta a pagar-lhe a quantia de € 37.989,00, acrescida de juros de mora, à taxa
legal, desde 1.2.2010, até integral pagamento. A autora alegou, em resumo, que no dia
14.12.2009, ocorreu, no Ohio, nos EUA, um acidente de viação, em que foram intervenientes
o veículo XU, segurado na Autora, e o veículo BDK, segurado na Companhia de Seguros BB
Holding, com sede em Nova York e da qual a Ré é a legal representante em Portugal; alega
que o acidente foi causado pelo segurado da Ré – John, de nacionalidade Canadiana e

27
Direito Internacional Privado
residente no Ohio – que embateu no XU, por ter saído da sua mão de trânsito e que em
resultado do acidente, houve uma perda total do veículo segurado na Autora – propriedade
de Anabela, de nacionalidade portuguesa e residente em Lisboa – que liquidou à sua
segurada, em 1.2.2010, a quantia de € 37.989,00, como indemnização pela totalidade dos
danos causados. A Autora solicitou extrajudicialmente à Ré o reembolso do valor
despendido, a primeira vez em 14-09-2010, outra em 18-01-2011 e, de novo, em 28-11-2011.
A Ré contestou, defendendo-se por exceção e por impugnação. Em matéria de exceção a Ré
alega a existência de prescrição alegando, neste aspeto que, tendo o acidente ocorrido nos
EUA é aplicável a lei norte americana em vigor no Ohio que prevê o prazo prescritivo de um
ano a contar do conhecimento do ato lesivo pelo lesado. Considerando que os tribunais
portugueses são internacionalmente competentes para dirimir esta questão, admita que,
a) O ordenamento jurídico norte americano, considera competente, para a matéria em
apreço, a lei da nacionalidade do condutor lesante e pratica devolução simples.
b) O ordenamento jurídico Canadiano, quanto à matéria em apreço, considera
competente a lei da residência habitual da condutora lesada e é antidevolucionista.
c) Tanto o Canadá como os EUA são ordenamentos jurídicos complexos, não tendo
normas internas de conflitos de leis que determinem a unidade territorial cujas normas
jurídicas são aplicáveis.
d) Todos os ordenamentos jurídicos em contacto com a relação jurídica têm uma solução
material idêntica à portuguesa, com exceção unicamente do prazo prescricional referido
supra. Quis juris?
Resposta: temos uma relação jurídica de direito privado que versa sobre responsabilidade
extracontratual, que é uma relação internacional.
Temos AA que tem sede em Portugal e a BB tem sede em Ohio, EUA, em que temos o Jonh
que é canadiano e é residente nos EUA, a Anabela que é portuguesa e reside em Portugal.
Quanto ao facto que ocorreu nos EUA, o dano ocorreu nos EUA.
Portugal é a lex fori, em que vamos aplicar o Roma II, em que temos de ver o âmbito
material se está verificado, pois não tem natureza fiscal e não está excluída do nº2, o âmbito
espacial está verificado, 3º, e o âmbito temporal, artigo 31º em que o acidente ocorreu em
2009 e por isso está verificado. Temos aqui as regras supletivas a aplicar do artigo 4º que é o
país onde ocorre o dano que é nos EUA, ou seja, L2 é EUA, que considera competente o Canada
em que o reenvio é proibido nos termos do artigo 24º e assim aplicamos L2. Temos aqui um
problema visto que é plurilegislativo, 25º, em que a lei aplicável é a do Ohio.

Remissão Artigo 28º CC para o 13º do regulamento de roma I

Aula dia 5/01/2021


Caso pratico
António, sul coreano, e chinês, reside habitualmente desde os últimos 10 anos de vida na
nova Zelândia tendo vindo a falecer em paris durante uma viagem de ferias ao continente
europeu.
Admita que, a filha de António, Berta, chinesa, com residência habitual em Barcelona é a
única herdeira de seu pai que faleceu sem testamento e deixou os seguintes bens, um imóvel
em hong kong e outro em paris.
Admita que a sucessão foi aberta em Espanha, e que:
a- De acordo com o ordenamento jurídico sul coreano e chines, a sucessão é regulada
pela lei do lugar do falecimento do autor da sucessão e pratica devolução simples;

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Direito Internacional Privado
b- O ordenamento jurídico neozelandês, em matéria sucessória, considera competente
para os imoveis a lei do lugar onde os mesmos se situam e para os restantes bens a lei
do lugar da nacionalidade do cabeça de casal e é devolucionista.
Quid iuris?
Resposta: temos aqui uma relação jurídica de natureza privada que temos uma sucessão
mortis causa sem testamento de natureza internacional em que temos António que é chines e
sul coreano, e que reside na nova Zelândia, temos a Berta que é chinesa e reside em Barcelona,
Espanha. Quanto ao facto é no ordenamento jurídico francês. Os bens estão sitos no
ordenamento jurídico chines e o francês.
L1 é a lex fori, Espanha.
Temos de ir ao regulamento das sucessões que é morte sem testamento artigo 1º âmbito
material, quanto ao âmbito espacial 20º e o âmbito temporal é o artigo 84º, está assim
verificado todos estes requisitos. Assim no caso concreto aplicamos o ordenamento jurídico de
Espanha, a lei espanhola. Nos termos deste regulamento a conexão regra é a autonomia da
vontade do artigo 21º, em que o autor pode determinar a lei em função da sua nacionalidade.
Ele não escolheu e então temos de ir para o artigo 22º, critério supletivo, que é competente a
lei da RH, ou seja, o ordenamento jurídico neozelandês a não ser que exista uma conexão
manifestamente mais estreita que não é aplicado neste caso e aplicamos o artigo 22º nº1 do
regulamento das sucessões. Asism L2 é a nova Zelândia.
O reenvio está previsto no artigo 34º em que analisamos a partir do nº2, a conexão que
elegeu o ordenamento jurídico neozelandês não está no 34º nº2 e assim aplicamos o 34º nº1.
Temos requisitos em que L2 tem de ser um estado terceiro, fora da UE, em que L2 considera
competente a lei do lugar onde se encontram os bens imoveis, para os bens imoveis considera
competente o L3 que é a china, e a china considera competente a lei do lugar do falecimento
que é a frança, no limite a frança aceita o reenvio. Agora temos a opção da alínea B, quando L2
considera competente outro estado terceiro e a china tem que se considerar competente, o
que não acontece e assim não há o reenvio e assim é aplicável o ordenamento jurídico
neozelandês, L2. Quanto ao outro imóvel o ordenamento jurídico neozelandês considera
competente a frança e temos de ir ao requisito da alínea A, é cumprido o 1º requisito e o 2º
requisito aceitamos o reenvio visto que a frança é o estado-membro e aplicamos o
ordenamento jurídico francês, 34º nº1 A.

Aula dia 5/01/2023


Exame de junho de 2021 caso pratico II
Erik e paloma, casados entre si no regime de separação de bens, ele de nacionalidade
norte americana e ela com nacionalidade brasileira, respetivamente, com residência
habitual, desde que se casaram, em nova Iorque. O casal tem dois filhos, Paul e Justinee,
ambos com nacionalidade norte americana, ele residente em Atenas e ela em viana do
castelo, respetivamente.
Em 2020, paloma, sem que os filhos e o marido soubessem, vendeu a Charles, espanhol
com residência habitual em Las Vegas, um valioso quadro por cerca de um terço do seu valor
real. O negócio foi celebrado em Portugal durante uma viagem de ferias para visitar Justinee.
O marido e os filhos de paloma não se conformam com a venda e atribuem a decisão de
paloma a episódios pontuais de demência que já iam acontecendo – tendo, entretanto, em
2021, Paloma sido judicialmente declarada incapaz para a celebração de qualquer negócio
jurídico – e por isso, querem anular a venda nos termos do artigo 257º CC.
Para o efeito propuseram a respetiva ação nos tribunais portugueses.
Considere que,

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Direito Internacional Privado
a- Os tribunais portugueses são intencionalmente competentes;
b- Os ordenamentos jurídicos grego e espanhol têm solução material e conflitual
idêntica à portuguesa;
c- O ordenamento jurídico brasileiro tem uma solução material idêntica à portuguesa e,
quanto à matéria em apreço, considera competente a lei da RH da vendedora e
pratica dd
d- O ordenamento jurídico norte americano bem como todos os seus estados não prevê
causas de incapacidade acidental como fundamento para anular negócios jurídicos;
e- O ordenamento jurídico norte americano e de todos os outros estados quanto à
matéria em apreço considera competente a lei da RH da vendedora e é anti-
devolucionista
f- O ordenamento jurídico norte americano é plurilegislativo e não tem regras internas
de conflitos de leis.
Quid Iuris?
Resposta: temos uma relação jurídica internacional privada em que temos um contrato de
compra e venda e temos de verificar a validade da compra. Paloma é brasileira e vive nos EUA,
Charles é espanhol e reside nos EUA. O facto jurídico é em Portugal.
Portugal é a lex fori, L1. Temos de ir ao Roma I em que temos de verificar o âmbito material,
artigo 1º nº2 a, em que temos de aferir se alguém tem incapacidade ou não está fora de Roma
I, com exceção da aplicabilidade do artigo 13º. Se voltarmos ao artigo 13º, temos de ver
novamente os âmbitos.
Não se aplica este regulamento e temos de ir às normas do cc.
Norma de conflito do artigo 25º com o artigo 31º nº1 – lei pessoal é a lei da nacionalidade.
L2 é a lei do brasil RH da vendedora e faz dd. L3 é EUA RH da vendedora, considera-se
competente.
Temos reenvio, todos querem aplicar L3, há harmonia jurídica internacional e o reenvio é
meio necessário para atingir essa harmonia. 17º nº1 reenvio por transmissão de competências.
17º nº2 – L2 é a lei da nacionalidade. Vive nos estados unidos e os EUA não consideram
competente o direito brasileiro
17º nº1 está aplicado, aplicamos L3.
EUA é plurilegislativo e não sabemos qual o quid, artigo 20º.
O artigo 20º só esta pensado para o ordenamento plurilegislativo em razão da
nacionalidade, é aplicado analogicamente. Temos de ver se o direito interno desse estado
resolve o conflito de leis que neste caso não existe não havendo assim direito interlocal. Se não
há temos e tentar aplicar analogicamente o direito internacional privado para ver se se
consegue resolver internamente. 20º nº2 recorre-se ao DIP desse mesmo estado
analogicamente, o DIP dos EUA considera competente a lei de Nova Iorque. Nos termos do
artigo 20 ºnº2 analogicamente a lei a ser aplicada é a que está em vigor em nova Iorque.
Artigo 15º processo de qualificação Ferrer Correia
Temos de fazer a interpretação do conceito quadro do artigo 25º que é feito de uma forma
que não permita que institutos jurídicos não façam processos de qualificação porque são
distintos e noa estão no ordenamento jurídico português, quer-se encontrar a essência do
conceito- quadro. Neste caso temos matéria de estatuto pessoal com o princípio da maior
proximidade. Interessa-nos a capacidade das pessoas.
Interpretação do QUID que se faz nos termos do artigo 23º, e o ordenamento jurídico trata
desta matéria ao nível da capacidade.
Qualificação em sentido estrito, momento da subsunção, a interpretação que temos no quid
em que este é a premissa maior e o conceito quadro é a norma jurídica e os factos é o conceito

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Direito Internacional Privado
quadro. O Quid de direito material estrangeiro integra o seu conteúdo no nosso conceito
quadro e portanto a integração está feitia estando assim legitimada a aplicação do direito
material estrangeiro na nossa matéria e assim o negocio não se coloca problema relativos ao
aproveitamento do negocio jurídico.

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